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Capítulo 2 Inovação Tecnológica

2.6 Difusão Tecnológica

SMITH (1979) foi o primeiro a reconhecer a relação entre mudança tecnológica e crescimento econômico. Ele identificou duas inovações que favoreciam o crescimento da produtividade, ao observar as mudanças estruturais que ocorriam na Inglaterra no século XVIII: a divisão do trabalho e o desenvolvimento da maquinaria.

Segundo TIGRE (2006), as grandes mudanças tecnológicas são acompanhadas de transformações econômicas, sociais e institucionais, pois a tecnologia não se difunde no vácuo. A inovação necessita de regimes jurídicos, motivação econômica e condições político institucionais adequados para desenvolver-se.

A curva de difusão tecnológica demonstra o ciclo de vida da tecnologia ou do setor industrial. A curva representa a evolução ou o potencial de um produto, tecnologia

ou segmento de mercado. Os eixos representam na abscissa o esforço (ou o tempo) e na ordenada o resultado, como mostra a Figura 3.

Figura 3. Curva de difusão tecnológica (Adaptado de ROGERS, 2003)

Assim, produtos recém lançados requerem bastante esforço de marketing até começarem a conquistar mercado. Ao longo do tempo, com o mesmo esforço, obtêm-se penetração muito maior e finalmente com o surgimento de produtos melhores seus resultados saturam e começam a cair.

A curva de difusão tecnológica também é usada na análise da maturidade tecnológica, na qual a evolução temporal da quantidade de artigos científicos, patentes e, eventualmente, produtos baseados em uma dada tecnologia são representados em uma escala de tempo.

A mudança tecnológica resulta de atividades inovadoras, incluindo investimentos imateriais como P&D, e cria oportunidades para um maior investimento na capacidade produtiva (FINEP, 2004). O resultado em longo prazo obtido com as mudanças tecnológicas é a geração de empregos e renda adicionais.

Segundo MACULAN (2002), as mudanças tecnológicas seguem uma trajetória que resulta na inovação. Essas trajetórias são construídas baseadas no paradigma tecnológico dominante e contemporâneo à mudança. Considerando que a inovação é uma atividade seletiva e que possui uma finalidade precisa, a trajetória tecnológica é um mecanismo que seleciona as alternativas tecnológicas possíveis para alcançar essa finalidade.

Segundo ROGERS (2003), a difusão de uma inovação é o processo no qual uma inovação é disseminada através de certos canais, ao longo do tempo, entre os membros de um sistema social. É possível identificar quatro elementos principais através dessa definição: (i) a inovação, (ii) os canais de comunicação, (iii) o tempo e (iv) o sistema social. A própria inovação é definida como uma ideia, prática ou objeto que é adotado por outros indivíduos ou segmentos. Os canais de comunicação são os meios pelos

quais as informações são disseminadas. O tempo está relacionado ao desenvolvimento do processo de inovação, à adoção de uma inovação por um indivíduo ou grupo e a taxa de adoção. E finalmente, o sistema social formado por um grupo de indivíduos com um objetivo comum – a adoção da inovação.

As características de uma inovação que influenciam a taxa e a extensão da sua difusão são: (i) vantagem relativa, é o nível de superação que uma inovação possui em comparação ao produto a ser substituído ou com o qual compete; (ii) compatibilidade, é o nível de consistência que uma inovação possui com os valores atuais, experiências e necessidades do seu público alvo; (iii) complexidade, é o nível de dificuldade que uma inovação possui para ser compreendida e utilizada; (iv) experimentabilidade, é o nível que uma inovação pode ser testada com parâmetros pré-definidos; e (v) exposição, nível de visibilidade de uma inovação (ROGERS, 2003 e TIDD, 2006).

O processo de difusão tecnológica pode ser analisado a partir de quatro dimensões (TIGRE, 2006). A direção ou estratégia tecnológica é a primeira e envolve as decisões em diversos aspectos para a criação de uma nova tecnologia e a sua adaptação à demanda, além de afetar o futuro da inovação.

A segunda é o ritmo da difusão que é definido pela velocidade com a qual a inovação é adotada pela sociedade e pode ser representada por uma função logística de crescimento conhecida como “Lei de Pearl”. No modelo analisado por essa função, a velocidade de crescimento do número de empresas que adotam uma nova tecnologia depende do número de empresas que já assimilaram a tecnologia e do número de empresas com potencial para assimilarem, mas que ainda não o fizeram.

A terceira dimensão é formada pelos fatores condicionantes, que podem atuar tanto positivamente, de forma a estimular a adoção da inovação, quanto negativamente, de forma a desestimular a adoção. A natureza desses fatores pode ser: (i) técnica, determinada pela usabilidade; (ii) econômica, determinada pelo custo de aquisição e implantação da nova tecnologia, incluídos os riscos e expectativas de retorno do investimento; e (iii) institucional, determinada pela disponibilidade de incentivos fiscais à inovação, o clima favorável ao investimento, os acordos internacionais de comércio e investimento, o sistema de propriedade intelectual, a existência ao investimento de capital humano e instituições de apoio, a estratificação social, a cultura, a religião e o regime político.

econômicos ao afetar a estrutura industrial; destruir ou criar mercados, setores e empresas; afetar o ritmo do crescimento econômico e a competitividade entre empresas e países. Os impactos sociais gerados pela difusão da inovação consistem em alterações sobre o volume de empregos e qualificações gerados ou eliminados. E os impactos ambientais consistem na forma como a inovação afeta o meio ambiente.

HARHOFF et al. (2000) (VON HIPPEL, 2007) ressaltam os incentivos obtidos por inovações difundidas de forma gratuita: o próprio aumento na difusão da inovação comparado à difusão obtida se a inovação fosse protegida por patente ou mantida em segredo, a adoção gratuita da inovação por outras pessoas pode torná-la um padrão informal e resultar no desenvolvimento e comercialização de novas versões. Assim, a inovação revelada primeiro tem maiores chances de alcançar um alto índice de adoção, o que pode gerar uma corrida para revelar inovações com o intuito de tornar-se um padrão.

Uma organização pode desenvolver e implementar uma inovação tecnológica, ou adquiri-la junto à outra organização através do processo de difusão tecnológica. A difusão é o meio pelo qual as inovações se disseminam e atingem diferentes consumidores, países, regiões ou mercados (FINEP, 2004). O processo de difusão é extremamente importante, porque sem ele não há como uma inovação gerar um impacto econômico na sociedade.