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3.2 Avalição comparativa dos desempenhos

3.2.2 Dimensão Ambiental

A Figura 11 apresenta uma síntese dos indicadores ambientais. Como observado na Figura 8, Esmeraldas obteve uma menor variação que Bragança, muito em função da ausência de detalhamento no mesmo nível nas duas cidades, o que levou a padronizações de comportamento principalmente em Esmeraldas.

Figura 11– Representação gráfica da dimensão ambiental.

Fonte: Da autora.

Segundo IMAZON (2017), a maior parte do desmatamento estavaconcentrado nas Regiões de Integração (RI) localizadas no leste do Pará (Figura 12). No Oeste, o desmatamento acumulado foi menor, muito embora tenha aumentado de maneira expressiva nos últimos anos,por exemplo, nos últimos três anos, as RI do Xingu e Tapajós foram as Regiões de Integração com os maiores desmatamentos: 31% e 17% do total desmatado, respectivamente. Segundo dados do PRODES (2017) o município de Bragança, obteve até o ano de 2107 cerca de 1724.5 km² de área desflorestada (81,85% da área do município), havendo o incremento positivo de 0,8 km² (0,04% da área do município) de 2016 para 2017. Até 2017 foram contabilizados apenas 238 km² de áreas com cobertura florestal (11,30% da área do município). O CAR registrado para o município ainda é baixo (< 30%), contribuindo para a fragilidade da região.

Da mesma forma existe uma diferença entre as condições atribuídas ao Estado de Esmeraldas e ao município de Esmeraldas. Sob as condições de território e uso, observa-se quea cobertura dominante seria Floresta, com aproximadamente 52,2%, seguida das áreas agrícolas/extrativistas, com 44,8% (Figura 13). Sierra (2013) analisando a trajetória do

desmatamento de 1990 a 2008 contabilizou um desflorestamento de 24,4% para o município de Esmeraldas, que ao final do mesmo período obteve 67,6% de área de cobertura florestal.

Figura 12– Desmatamento por Regiões de Integração (RI) do Estado de Pará até 2016.

Figura 13– (a) (b)Trajetória do Desmatamento nacional total. Valores positivos indicam mais desmatamento que regeneração; valores negativos indicam mais regeneração que desmatamento. (c) Uso e cobertura da terra, ano 2010.

(a) 1990 - 2000 (b) 2000 - 2008

(c)

Variação do desmatamento no período de 1990 a 2008

(Em destaque o Estado de Esmeraldas)

Segundo PDOT (2012), na província de Esmeraldas existe uma forte pressão sobre os recursos naturais com a fragmentação e isolamento de ecossistemas; onde nos últimos 25 anos (1990 a 2014) foi registrada a perda de 363.850 hectares de vegetação natural, esta foi convertida para outros usos, com uma taxa de 15.160 ha/ano. A perda entre 2008 e 2014 foi de 12.061 ha/ano. Estes dados estão de acordo com o analisado por Sierra (2013), que demonstra para o período de 1990 a 2008 perdas significativas de cobertura vegetal, sendo os percentuais de transição maiores que os associados a agropecuária (Figura 14).

Figura 14– Evolução das áreas de floresta (F) e agropecuária (A) nos anos de: 1990 - 2000 - 2008.

(a)

(b)

Fonte: Sierra (2013).

Para complementar a análise do desmatamento foi utilizado também o indicador foco de calor. Este é geralmente usado para definir a localização de uma área que apresenta uma temperatura de superfície anormal (aumento de temperatura). A ocorrência de focos de calor não é sinônimo de “queimada”, porém constitui um alerta, que adicionado às condições climáticas e atividade humana pode produzir um incêndio(INPE,2017).

Na microrregião Bragantina composta por 13 municípios sendo que, pelos dados do INPE (2017) referentes a ocorrência de focos de calor, o município de Bragança é um dos mais atingidos. Justifica-se que nesta região existe uma economia predominantemente baseada na agricultura e pecuária, com o uso do fogo para manejar e preparar a terra (DESJARDINS et al., 2004; DENICH et al., 2005).

A Figura 15 ilustra as ocorrências para 2017, demonstrando que o período de maior incidência foi novembro - dezembro, coincidindo com o período menos chuvoso. Observa-se que a distribuição dos focos é aleatória no município, não havendo a precaução legal quanto as áreas de preservação permanente ao longo dos rios, em quanto a proximidade com o litoral, onde encontra-se a RESEX.

No Estado de Esmeraldas ao norte de país, foram registrados em 2017 cerca de 562 focos, destes 272 (48,4%) concentram-se no município de Esmeraldas (Figura 16) (INPE, 2017). Os focos encontram-se dispersos, estando alguns coincidentes com as áreas de proteção localizadas próximo ao litoral. O mesmo comportamento observado em Bragança foi verificado em Esmeraldas, onde o período de maior ocorrência de focos (outubro a dezembro), também coincide com os menos de menor volume de chuvas na região2.

O observado para Bragança e Esmeraldas, indica que o desflorestamento está concorrente com as atividades econômicas, especialmente a agropecuária, cujas consequências impactam diretamente os sistemas ecológicos e hídricos locais que comprometem tanto as bacias hidrográficas interiores quanto as áreas estuarinas (VIEIRA et

al., 2008; BRASIL et al., 2014; HAMILTON; COLLINS, 2013; TAPIA-ARMIJOS et al.,

2015).

Caviglia-Harris (2005) já afirmava que na região amazônica a mudança da produção agrícola para a pecuária, teria como fatores associados a localização das áreas e fatores econômicos (renda) e de educação das populações locais. E a associação deste processo ao controle do desmatamento dependeria, segundo Ferreira e Coelho (2015), do aumento da fiscalização, de restrições no crédito rural e de acesso a mercados aos agricultores que não estivessem em conformidade com a legislação ambiental.

2 Em função dos órgãos oficiais do Equador não publicarem os dados da normal para cada Estado, na Figura 15b

consta o dado do WeatherSpark (https://weatherspark.com/), que sintetizou os dados de reanálise do MERRA-2 Modern-Era RetrospectiveAnalysis da NASA (https://gmao.gsfc.nasa.gov/reanalysis/MERRA-2/), compreendendo o período de 1980 a 2016.

Figura 15– Focos de calor: município de Bragança. (a) Percentual; (b) Distribuição espacial no município; (c) Normal Climatológica para o município de Bragança com base na estação de Tracuateua.

(a) (b)

(c)

Figura 16– Focos de calor. (a) Percentual no município de Esmeraldas; (b) Distribuição mensal da precipitação; (b) Distribuição espacial no Estado de Esmeraldas dos focos de calor.

(a)

(b)

(c)

Os resultados obtidos ressaltam a importância do fortalecimento da gestão ambiental municipal nas duas áreas estudadas. Nesta avaliação foram utilizados os indicadores extraídos do questionário institucional do Censo Nacional dos Órgãos Gestores Municipais de Meio Ambiente realizado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil3, que aborda questões específicas sobre a gestão ambiental de cada município.

Por outro lado, é importante mencionar que no Equador estes indicadores não são avaliadosde forma quantitativa, apenas qualitativa. Os indicadores avaliados neste tema constituem uma ferramenta fundamental para que os municípios possam exercer uma melhor gestão ambiental nos territórios, porém dependente da organização, responsabilidade e da correta aplicação das diretrizes e normas estabelecidas pelas leis de cada um dos países neste caso o Brasil e o Equador.

No caso do indicador “órgão ambiental instituído”, verificou-se que os dois municípios possuemcom um órgão de gestão ambiental; para o município de Bragança é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente,que tem a função de planejar, coordenar, executar, supervisionar e controlar as políticas estaduais do meio ambiente e recursos hídricos (SEMMA, 2017).

Para o município de Esmeraldas o órgão instituído é a“Dirección de Gestión Ambiental”, cujo objetivo é exercer em nome da Prefeitura Municipal de Esmeraldas, ações legais, técnicas ou administrativas, que contribuam para a gestão da conservação dos ecossistemas, da biodiversidade, da prevenção da poluição ambiental e do meio ambiente e o controle ambiental integral do município de Esmeraldas (GADME, 2018).

Quantoao licenciamento ambiental, verificou-se que o Município de Esmeraldas conta com a delegação de competência para exercer a atividade de licenciamento ambiental dentro do seu território.O município de Bragança consta na Portaria nº 179, de 11/02/2016. Publicado no DOE 33066 de 12/2/2016, que apresenta os municípios do estado do Pará (total de 96) que possuem capacidade para exercer a gestão ambiental local, de acordo com o art. 8º da Resolução nº 120, de 28 de outubro de 2015, do Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA.

De igual modo, observou-se que nos indicadores: fiscalização ambiental, articulações interinstitucionais, recursos para o desenvolvimento de ações ambientais e capacitação dos agentes públicos da estrutura ambiental; constam como ações dentro da gestão, porém o grau de eficiência de sua execução é variável.

3

O indicador “cadastro ambiental rural” foi o único neste tema a ser avaliado quantitativamente só para o município de Bragança. Criado pela Lei 12.651/12, o é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, formando base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais (MMA, 2018). No caso de Bragança este indicador colocou-se na posição “insustentável”, em quanto em Esmeraldas não existe este indicador. A Figura 17 ilustra os dados que constam no Cadastro Ambiental Rural4, neste são admitidos 42985,19 ha de áreas cadastradas, a maior parte destas encontram-se localizadas próximo as áreas de nascente dos cursos d´água ou na margem dos canais.

Figura 17– Áreas que constam no sistema eletrônico do CAR.

O fundo municipal de meio ambiente foi criado pelaLei n. 4.035/2009 que institui a Política Municipal de Meio Ambiente no Município em Bragança. No Capítulo V, no seu Art. 12 prevê que “o FMMA tem por objetivo financiar planos, programas, projetos, pesquisas, tecnologias e atos administrativos de interesse público que visem ao uso racional e sustentável dos recursos naturais, bem como a implementação de ações voltadas ao controle e à fiscalização, à defesa e à recuperação do meio ambiente, observadas as diretrizes das políticas Federal, Estadual e Municipal de Meio Ambiente”.

O Plano Municipal de Gestão Integral de Resíduos Sólidos (PMGIRS) ele existe masnão está sendo aplicado de forma correta no município de Bragança, segundo informações dos agentes municipais locais. No caso de Esmeraldas a avaliação destes dois últimos indicadores não foi possível pois os mesmos não existem no município.

Rodrigues e Miranda (2015),Costa ePugliesi (2018),Nascimento e Gomes (2018) e Ribeiro e Cherobim (2018)apontam como elementos necessários para o fortalecimento da gestão ambiental municipal fatores que se aplicam tanto para Esmeraldas quanto para Bragança, como exemplo citam-se: ruptura da resistência às mudanças; capacitação dos gestores; investimentos em ações como o estímulo à continuidade de estudos voltados a melhoria do sistema; proposição de metas que atuam sobre inovações tecnológicas; promoção econômica com arranjos produtivos locais articulados com normas para o zoneamento ambiental, manutenção de áreas verdes, limpeza dos rios, redução da poluição do ar e outras medidas voltadas ao direcionamento de um desenvolvimento com crescimento econômico e prudência ecológica.

3.3 A sustentabilidade ambiental nos municípios de Esmeraldas (Equador) e Bragança

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