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ESQUEMA 13 – INDICADORES PARA VALORAÇÃO DOS CUSTOS DAS SOLUÇÕES

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.4. Identificar e quantificar a efetividade de cada opção

3.4.3. Dimensão ambiental

A dimensão ambiental concerne ao aproveitamento de recursos naturais, e à degradação ambiental. A dimensão está no escopo da preservação e da conservação do

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meio ambiente, considerados fundamentais ao beneficio das gerações futuras (Relatório de Brudtland, 1987).

a. Tipo de energia utilizada pela solução alternativa

As fontes de energia não renováveis (carvão, petróleo, gás natural) são encontradas em quantidades limitadas, na natureza, e perecem com a sua utilização, uma vez esgotadas, as reservas não podem ser recompostas. Ou seja, elas são fontes de energia que têm reservas finitas, sendo necessário muito tempo para repô-las, além disso, a sua distribuição geográfica não é homogênea (AGENEAL, 2017b).

Contrariamente as que são classificadas como renováveis, originam-se em decorrência do fluxo contínuo de energia oriunda da natureza e são, geralmente, consumidas no local onde são geradas, para as quais, não é possível estabelecer um fim temporal para a sua utilização e, não comprometem o meio ambiente. Um exemplo é a energia solar - renovável a cada dia, abundante e permanente, não polui e contribui para manutenção do ecossistema. Ela constitui uma fonte basilar para inúmeras outras fontes energéticas utilizadas pelo homem (AGENEAL, 2017a).

Uma vez que não se encontram disponíveis na natureza, as fontes de energia não renováveis requerem que o usuário possua recursos para obtê-las. Tal fato pode ou não ocorrer com as fontes de energia renováveis, uma vez que estão disponíveis na natureza e podem ser utilizadas a qualquer momento.

Analisar, por meio de um indicador, qual o tipo de energia utilizada pela solução alternativa de abastecimento de água, significa classificar se o tipo é de fundamental importância, pois impacta diretamente o meio ambiente, a qualidade de vida da população beneficiada e a sua disponibilidade financeira.

Neste sentido, para verificar a efetividade das soluções, propõem-se que para as soluções que utilizam energias não renováveis seja atribuído o valor 0, ou seja, baixa efetividade. Já para as soluções que utilizam fontes renováveis de energia foi atribuído o valor dez 10, indicando que a solução possui grande efetividade em sua dimensão ambiental. Estudos realizados por Raposo (2016) indicam que nas ilhas Murutucu, Paquetá e Jutuba já há disponibilidade de energia elétrica (energia renovável). Realidade também verificada, durante a visita de campo, nas comunidades Espírito Santo e Paraíso, beneficiadas com o acesso à energia elétrica por meio do Programa Federal Luz para Todos.

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Já as ilhas Maracujá, Longa, Grande e Urubuoca não há disponibilidade de energia elétrica. Por meio dos projetos disponibilizados e visitas de campo constatou-se que a solução alternativa de abastecimento ‘SODIS’ utiliza a energia solar como fonte para realizar a desinfecção da água captada e energia potencial gravitacional para o transporte da água captada; as soluções ‘Programa Cisterna’ e ‘Híbrida’ utilizam somente a energia potencial gravitacional para o transporte da água captada sendo a elas atribuído o valor 10.

Não obstante, a solução alternativa ‘Superficial com Zeólita’ necessita de energia não renovável para realizar a captação de água em meio superficial por meio de bomba abastecida a diesel, consequentemente, a ela foi atribuído o valor zero (Tabela 11).

Tabela 11 – Tipo de energia utilizada pela solução alternativa

Tipo de energia utilizada pela solução alternativa SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE ABASTECIMENTO SODIS Programa Cisterna Híbrido com Zeólita Superficial

NÃO RENOVÁVEL - - - 0

RENOVÁVEL/NENHUMA 10 10 10 -

Fonte: Elaboração própria (2017)

Atribuiu-se o peso 95 para este indicador, pois o tipo de energia utilizada pela solução alternativa de abastecimento de água tem relação direta com o meio ambiente, uma vez que a solução depende de uma reserva finita de recurso natural para manter-se. Este peso representa 48,71% dos indicadores da dimensão ambiental e 9,5% do conjunto dos indicadores propostos.

b. Risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos

A Política Nacional do Meio Ambiente no inciso III do art. 3 preceitua que a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota, as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981).

Estudos apontam que a contaminação de solos e água subterrânea por hidrocarbonetos derivados de petróleo (óleo diesel) tem sido destaque nas últimas décadas

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podendo comprometer não só o meio ambiente, mas também a saúde humana (DAL FORNO, 2006; BENTO, 2005; BERGER, 2005).

O Instituto Peabiru (2014) destaca, em seus levantamentos, que a região rural de Belém tem enfrentado inúmeras questões ambientais, entre elas a poluição das águas em decorrência dos despejos de esgoto residencial e industrial não tratado, resíduos sólidos e derramamento de óleo.

Analisar a efetividade das soluções alternativas de abastecimento de água por meio de um indicador que avalie, se estas necessitam do manejo de substâncias que possuam características físico-química, biológicas e toxicológicas, como também do manejo de produtos que apresentam potencial de contaminação ambiental, rios e solos e porventura causem danos ao meio ambiente, apresenta-se de grande relevância para a tomada de decisão e complementa o indicador anterior.

Considerou-se para a aplicação deste estudo o valor 0 para as soluções que necessitam do manejo de produtos potencialmente poluidores e/ou contaminadores e dez 10 para as que não necessitam. Nesta perspectiva, buscaram-se dados junto às organizações que conceberam as soluções e às comunidades sobre o manejo de produtos potencialmente poluidores e a sua assiduidade, que constituam risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos, obtendo-se os valores constantes na Tabela 12.

Tabela 12 – Risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos

Risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos SOLUÇÃO ALTERNATIVA DE ABASTECIMENTO SODIS Programa Cisterna Híbrido com Zeólita Superficial

SIM - - - 0

NÃO 10 10 10 -

Fonte: Elaboração própria (2017)

Observou-se que as soluções ‘SODIS’, ‘Programa Cisterna’ e ‘Híbrida’ não necessitam do manejo de produtos com risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos, sendo-lhes atribuído o valor 10. Entretanto, a solução alternativa ‘Superficial com zeólita’ necessita do manejo diário de diesel para funcionamento da bomba que realiza a captação da água, que é um derivado do petróleo com potencial risco de contaminação, sendo atribuído valor 0 a esta solução.

Foi atribuído o peso 100 ao indicador ‘Risco de poluição ambiental, contaminação de rios e solos’ uma vez que produtos que causam a contaminação de solos e água comprometem o sobremaneira o meio ambiente, tornando o solo e água inadequados.

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Este peso representa 10% do conjunto dos indicadores propostos e 51,28 % dos indicadores da dimensão ambiental.