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Dimensão Econômica enquanto Eficiência da Gestão Escolar

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ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO

3.1 Análise dos Projetos de Gestão Escolar e o Paradigma Multidimensional da Administração da Educação

3.1.4 Dimensão Econômica enquanto Eficiência da Gestão Escolar

Esta dimensão trata dos recursos humanos, financeiros, materiais, tecnológicos, midiáticos, estruturais e administrativos que envolvem o desenvolvimento da gestão escolar. Nesse sentido, a eficiência para o desenvolvimento da gestão deve levar em consideração os fenômenos organizacionais, assim como as questões de ordem administrativa. Há uma relação entre a racionalidade instrumental e a produtividade operacional (SANDER, 2007). Nos seis Projetos de Gestão, a análise realizada observou as seguintes características, enquanto dimensão econômica, assim como ilustra o quadro 9:

QUADRO 9

Características da Dimensão Econômica nos Projetos de Gestão Analisados

Unidade Escolar Características

Gênesis Melhoria das relações interpessoais. Participação coletiva. Diálogo entre os segmentos escolares. Conscientização de todos para cuidarem, preservarem e melhorarem o patrimônio público da escola. Gerenciamento criterioso dos recursos financeiros. Modernização da gestão. Aquisição de novos meios tecnológicos e midiáticos.

Êxodo Administração dos processos que envolvem as pessoas. Contribuição da comunidade para a preservação do patrimônio escolar. Transparência e idoneidade em relação às questões de ordem financeira. Melhoria no planejamento e administração dos recursos materiais e didáticos.

Levítico Gestão de pessoas voltada para o profissionalismo e ética. Os recursos financeiros serão gerenciados pelo diretor escolar e representantes dos demais segmentos da escola. Aquisição de materiais didáticos.

Números Entende que as relações humanas no trabalho devem ser tranquilas e saudáveis. Propõe que a comunidade escolar seja mobilizada para a conservação do patrimônio escolar. As verbas serão geridas pelo Conselho Escolar.

Deuteronômio Mobilização dos profissionais da escola para desempenharem as suas funções com responsabilidade e compromisso com a comunidade escolar. Promoção de palestras a toda comunidade escolar para que zelem e conservem o patrimônio escolar. Ações coletivas no gerenciamento dos recursos financeiros. Aquisição de novos instrumentos tecnológicos para dinamização do processo educativo.

Josué Gestão focada nos recursos humanos da escola para que os objetivos sejam alcançados. Recursos financeiros administrados pela direção escolar e seu conselho específico. Conservação e manutenção do patrimônio escolar. Gerenciamento dos recursos materiais e didáticos.

Fonte: Análise de conteúdo por ARRUDA, 2012.

A dimensão econômica é para a administração escolar a busca pela eficiência no que diz respeito às questões que envolvem os recursos da escola. Questões como economicidade, produção, desenvolvimento e racionalidade permeiam a essência dessa dimensão. No entanto, a função da gestão escolar não é apenas gerenciar os recursos. O próprio Projeto Político Pedagógico da escola aborda que as questões que zelam pelos recursos devem estar voltadas para as multidimensões em prol do alcance do objetivo central da escola, que é a aprendizagem do aluno.

Nos projetos analisados, o tratamento dos recursos foi realizado de forma circular, ou seja, mesmo com descrição de itens, os recursos (humanos, físicos, financeiros e didáticos) foram tratados interdisciplinarizando um recurso ao outro, ou seja, para que os recursos

humanos atendessem às expectativas do que foi lançado nos projetos, o patrimônio físico, material e financeiro deveria empreender e se desenvolver na busca do desenvolvimento institucional.

Apenas a Unidade Escolar Números não tratou especificamente sobre os recursos didáticos (tecnológicos e midiáticos), mas na parte dos recursos financeiros apontou que seriam passadas listas de materiais ao Conselho Escolar para que fossem priorizados de acordo com a sua necessidade.

No que diz respeito ao desenvolvimento, pelo gestor escolar, dessa dimensão em contraposição às demais apresentadas anteriormente, e no que diz respeito à gestão administrativa da escola, Lück (2009, p. 106) destaca que

(...) a administração da escola, envolvendo recursos físicos, materiais, financeiros e humanos, foi o foco da ação do diretor no tempo da escola conservadora, elitista e orientada pelo paradigma Positivismo28, que via os processos educacionais fragmentados e atuava sobre eles, um de cada vez e como um valor em si mesmo, para garantir a qualidade do ensino. Segundo essa concepção paradigmática limitada, o diretor escolar dedicava a maior parte do seu tempo buscando garantir esses recursos para a escola, na expectativa de que os processos educacionais fluíssem naturalmente. Houve, porém, uma mudança paradigmática na dinâmica humana, associada a mudanças substanciais no modo de ser e fazer e nas dinâmicas sociais e de todos os empreendimentos humanos, implicando em mudanças da superação da ótica limitada da administração em si para a da gestão de caráter abrangente e interativo (LÜCK, 2007). Esta mudança paradigmática coloca a administração como uma dimensão de papel subsidiário para a ação educacional, no contexto de várias outras dimensões da gestão.

Dessa forma, a gestão administrativa, segundo ainda a autora (idem),

[...] se situa no contexto de um conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão escolar, passando a ser percebida como um substrato sobre o qual se assentam todas as outras, mas também percebido com uma ótica menos funcional e mais dinâmica. [...] A passagem de uma ótica fragmentada da educação, para uma ótica organizada pela visão de conjunto (LÜCK, 2007), tem implicações de grande repercussão sobre a gestão da escola, demandando a contínua articulação entre o modo de pensar e de fazer o trabalho educacional e a necessidade de promoção de articulações e interações, análise conjunta dos diferentes aspectos da realidade, análise do relacionamento entre os objetivos específicos de cada área de atuação, com os objetivos gerais da educação e do projeto pedagógico escolar e a associação desses objetivos com o uso educacional de espaços, bens materiais e físicos e recursos financeiros, voltados para a sua realização. Nesse sentido, há uma mudança de significado dos recursos, que passam a valer não por sua existência na escola, mas pelo uso que se faz deles no processo educacional.

28 Este paradigma citado por Lück (2009) refere-se ao paradigma tecnoburocrático da administração discutido no capítulo um desta dissertação.

Se a administração escolar passa por mudança inclusive na percepção da utilização dos recursos que lhes são confiados, significa que as outras dimensões que interagem entre si na concepção do paradigma multidimensional da administração da Educação, também indicam essa mudança, da relação gestão uno ou duo dimensional, para uma gestão multidimensional.

Conforme percebido ao longo do segundo capítulo que trata exclusivamente do paradigma multidimensional da administração da Educação, as dimensões cultural, política, pedagógica e econômica foram comprovadas nos seis Projetos de Gestão aqui analisados, descritos e contrapostos à literatura que reflete a ideia do paradigma defendido por Sander (2007).

Assim, é possível afirmar que há a presença da multidimensionalidade da administração da Educação e da possibilidade de uma formação de gestores escolares para a consecução desse paradigma, visto que mesmo com a formação dada pela SME de Aparecida de Goiânia aos gestores eleitos, seis unidades escolares foram além do solicitado oficialmente, o que indica houve, por parte dessas unidades, a busca por autonomia por meio dos fatores expostos na análise desses projetos.

Assim, pode-se inferir que os seis projetos analisados demonstraram que a gestão democrática é um instrumento propiciador e norteador das ações administrativas e pedagógicas que envolvem o pleno desenvolvimento de uma escola pública. Descreveram que a relação entre direção, professores, pais, alunos, comunidade local e governo, deva existir em uma perspectiva cultural e política, tornando viáveis, dessa forma, as ações pedagógicas por meio do planejamento sólido do Projeto Político Pedagógico, levando em consideração o currículo e a avaliação escolar, em consonância às demandas da comunidade.

Os projetos ainda indicaram a descentralização nas decisões acerca dos recursos financeiros e que as unidades escolares não acentuaram nas questões econômicas o mecanismo propulsor do processo escolar, pelo contrário, essas questões são valorizadas, porém com foco no pedagógico, no político e no cultural. Além disso, o estudo mostrou que conceberam a ideia que o processo educativo terá êxito apenas se todos os agentes envolvidos no cotidiano das unidades escolares se empenharem no seu papel de sujeito dialético que busca pela ação-reflexão-ação, a construção de uma escola pública democrática, participativa, autônoma e de qualidade em que o respeito à cultura do aluno e da comunidade sejam propiciadores da consecução da cultura organizacional da escola.

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