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Na dimensão econômica selecionou-se 4 indicadores que foram agrupados em 4 descritores (Quadro 03). Os indicadores selecionados nesta dimensão foram adaptados do trabalho de Souza (2013). Os critérios utilizados para determinação dos parâmetros de avaliação construídos para a mensuração dos indicadores são explicados a partir de seus descritores. Quadro 03:Indicadores econômicos selecionados

DIMENSÃO DESCRITOR INDICADOR Parâmetros/Escala de avaliação

Econômica

Lucratividade

Lucratividade com a produção agrícola (*E)

- Insuficiente para as necessidades básicas = 0

-Suficiente para as necessidades e não permite novos investimento = 0,5 -Suficiente para as necessidades básicas e permite realizar novos investimentos = 1

Dependência

Dependência de insumos externos (*E)

-Todos os insumos necessários para a produção são externos = 0

-Pequena parte dos insumos para produção são externo= 0,5

- Não utiliza insumos externos para a produção = 1 Controle Controle administrativo e financeiro (*E)

-Não possui nenhum registro de controle dos gastos e receitas= 0

-Existe controle incompleto das despesas e receitas = 0,5

-Existe controle e acompanhamento completo das despesas e receitas = 1

Diversidade Diversidade de culturas (*E)

-Cultivo de 1 cultura= 0 -Cultivo de até 4 culturas= 0,5 -Cultivo de até 8 culturas=0,75 -Cultivo de mais de 10 culturas= 1 Adaptado de Souza (2013)

1-Descritor Lucratividade

A agricultura para que seja desenvolvida com sucesso, é imprescindível trabalho e planejamento (gestão). Os sistemas de planejamento são utilizados com finalidade de aumentar o rendimento das culturas e, consequentemente, os lucros, além de reduzir os custos de produção, posto que esta técnica é baseada na identificação e eliminação de causas de redução da produtividade (NACHILUK & OLIVEIRA, 2012).

A lucratividade adquirida com a comercialização da produção agrícola na região do açude frente ao atendimento das necessidades básicas dos agricultores e possibilidades de novos investimentos, 24% dos entrevistados julgaram que o lucro com a atividade é insuficiente para o atendimento de suas necessidades básicas, obtendo índice 0 para sustentabilidade; a maioria (57%) informaram que a atividade é suficiente para o atendimento de suas necessidades básicas, porém o lucro não permite novos investimentos, e por fim, 19% julgaram que seus lucros além de atender suas despesas básicas, permitem também investir em outras melhorias ou atividades (Figura 30).

Figura 30: Percentuais do indicador lucratividade com a produção agrícola e seus respectivos índices de sustentabilidade econômica.

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

Segundo o trabalho de Souza (2013), a lucratividade deve ser vista como consequência de algumas atitudes dos agricultores, como por exemplo, a melhoria do manejo da atividade e a realização do controle administrativo e financeiro, este último, mesmo não implicando

24% 57% 19% 0 10 20 30 40 50 60 É insuficiente para as necessidades básicas (índice:0) É suficiente para as necessidades básicas e não

permite um novo investimento em outras atividades (Índice: 0,5)

É suficiente para as necessidades básicas e permite realizar novos investimentos em outras

diretamente em um aumento da renda das famílias, é essencial para que exista um controle das entradas e saídas financeiras.

É importante ressaltar a insatisfação mencionada por agricultores em relação às vendas realizadas por meio de atravessadores, pois estes acabam explorando e obtendo maior lucro que os próprios produtores sobre sua produção. Esse descontentamento poderia ser solucionado a partir de um maior planejamento dos agricultores na etapa de escoamento de produção, evitando assim perdas de seus lucros para os atravessadores.

2-Descritor Dependência

Os sistemas de produção agrícola, envolvem tanto os processos sociais quanto os ecológicos, para Aquino e Assis (2007), a agricultura é resultado da co-evolução de sistemas naturais e sociais. Com base nesse entendimento procura-se estabelecer a base científica para uma agricultura que tenha como princípio básico a menor dependência possível de insumos externos à unidade de produção agrícola e a conservação dos recursos naturais.

A dependência dos insumos externos pode representar um grande entrave na produção e lucratividade agrícola. Em virtude disso, recomenda-se cada vez mais a utilização de sistemas integrados na produção, seja para o controle de doenças/pragas, plantas infestantes e fertilização; através de técnicas que garantam a sustentabilidade ambiental e econômica, além de favorecer autonomia para os produtores.

Durante as entrevistas adotou-se como insumos: as sementes, mudas, adubos, produtos químicos utilizados na lavroura, equipamentos de irrigação e implementos (arados, trados, enxadas, entre outros). De acordo com os entrevistados, em 14% das propriedades, os agricultores dependem de insumos externos e 76% utilizam insumos internos e externo, mostrando que ainda é grande a dependência dos insumos externos na região do açude. Em apenas duas propriedades (10%), não existem dependência de insumos externos, uma destas propriedades o agricultor desenvolve a agricultura orgânica (Figura 31).

Figura 31: Percentuais do indicador dependência de insumos externos da produção agrícola e seus respectivos índices de sustentabilidade econômica.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2016.

3-Descritor Controle

Em qualquer empreendimento agrícola, seja de pequeno ou grande porte, é imprescindível que seja realizado um planejamento de suas atividades para que se obtenha sucesso. O produtor deve estar atento à maneira pela qual vem produzindo, mensurando custos e receitas realizadas com a produção. Para isso é necessário realizar registros, mesmo o agricultor possuindo ideia do quanto gasta, pois é importante relembrar para que se possa avaliar periodicamente como vem produzindo e qual o impacto das operações, implementos e insumos utilizados, para que assim possa obter o controle da produção e de seus resultados (NACHILUK & OLIVEIRA, 2012).

Dentre as famílias entrevistadas, 81% não possui qualquer tipo de registro estruturado para controle de gastos e receitas da produção. Três agricultores (14%) informaram que mantém anotado as entradas e saídas, entretanto não é um controle com muita exatidão. Apenas um agricultor (5%), uma porcentagem pequena, realiza um controle e acompanhamento das despesas e receitas com mais rigor (Figura 32). Quando foi perguntado a razão pelo qual eles não realizam esses registros rigorosamente, muitos informaram que são por questões culturais manter estas informações guardadas na mente, e outros alegaram falta de tempo. Embora parte dos agricultores não tenham precisão dos valores de suas finanças, estes informaram que sabem qual cultura plantada foi mais rentável no período.

14% 76% 10% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Todos os insumos vêm de fora (índice:0)

Apenas uma parte dos insumos vêm de fora

(índice: 0,5)

Nenhum insumos é externo (índice: 1)

Figura 32: Percentuais do indicador controle administrativo e financeiro e seus respectivos índices de sustentabilidade econômica.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2016.

4-Descritor Diversidade

A diversidade de plantas cultivadas e a sua capacidade de adaptação às condições ambientais adversas, juntamente com as necessidades humanas específicas, assegura aos agricultores a possibilidade de sobrevivência em muitas áreas suscetíveis a estresses ambientais. É o cultivo de espécies diversas que salvaguarda os agricultores, em muitas circunstâncias, de perda total da lavoura, em casos de pragas, doenças, secas prolongadas, além de proporcionar uma diversidade de fonte de renda. Nos plantios em que é predominante a monocultura, ocorre o contrário, pois as doenças e as pragas afetam a única espécie cultivada e devastam completamente a lavoura (SANTILLI, 2010).

Ainda segundo a autora, os modelos de produção possuem consequências diretas para a alimentação, a nutrição e a saúde humana, pois os cultivos de poucas espécies agrícolas contribuem para a padronização dos hábitos alimentares e desvalorização cultural das espécies nativas.

No Brasil, a lei nº 11.346/06 que trata do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), assegura o direito humano à alimentação adequada. Conforme seu art. 3º, todos tem o direito ao acesso (regular e permanente) à alimentos de qualidade, em quantidades suficiente, com bases práticas alimentares que respeitem a diversidade cultural e a saúde, além de serem sustentáveis ambientalmente, economicamente e socialmente (BRASIL, 2006).

81% 14% 5% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Não possui nenhum registro de controle das despesas e

receitas (índice:0)

Existe controle incompleto das despesas e receitas

(índice:0,5)

Existe controle e acompanhamento completo

das despesas e receitas (índice: 1)

Com base na importância que a diversidade de plantio de cultivos agrícolas possui, devido à incidentes adversos com o meio onde esta inserida a produção, ou riscos devido a variação de preços, este indicador foi selecionado para avaliar a sustentabilidade da produção, pois garante uma segurança alimentar ao ser humano ou promove estabilidade de renda durante o ano.

Durante as entrevistas e visitas no local de estudo percebeu-se a variedade de cultivos agrícolas. Em 57% das propriedades visitadas, os agricultores cultivam até 4 tipos diferentes de olerícolas/ frutíferas, 24% produzem até 8 tipos diferentes, predominando os índices 0,5 e 0,75, representando qualidade ambiental média e alta para este indicador; e 19% plantam apenas um tipo de cultivar. O aspecto negativo de plantar uma cultura apenas, é o risco de pragas e doenças acometer a cultura, além da não variedade de produtos no mercado (Figura 33).

Figura 33: Percentuais do indicador diversidade de culturas e seus respectivos índices de sustentabilidade econômica.

Fonte: Pesquisa de campo, 2016.

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