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4.2.2 Dimensão: Condições de Trabalho

4.2.6 Dimensão: Equilíbrio entre trabalho, família e lazer

Para o estudo desta dimensão, foram elencadas duas variáveis: o trabalho, a família e o lazer e, a jornada de trabalho. Pretende-se com esta dimensão apurar se o empreendedor consegue o equilíbrio entre trabalho e família, distribuindo o tempo que ele julgue necessário para o convívio harmônico com os seus familiares.

Esperou-se perceber se o empreendedor consegue administrar bem essas necessidades e se após o ingresso dos recursos financeiros do programa, talvez pela necessidade de maior investimento no trabalho, se houve dificuldade para harmonizar essa relação.

A relevância da família na vida do homem foi estudada sob os mais diversos aspectos e dentro dos mais variados temas. No que diz respeito ao trabalho e a vida privada, o desenvolvimento do indivíduo e o crescimento na carreira não deve interferir na relação familiar, no descanso nem na vida particular do trabalhador (LIMONGI-FRANÇA ET AL., 2002, p. 298).

Neste estudo, perguntou-se se as famílias dos entrevistados conhecem o seu trabalho, se sabem o que eles fazem e onde trabalham. Todos responderam que sim, que a família sabe, conhecem e que alguns até são do mesmo ramo.

Seguindo a pergunta anterior, se indagou se os familiares deles demonstram que gostam do trabalho que eles fazem. Nesta pergunta, percebeu-se uma particularidade: a complementação de algumas respostas parece ensejar dúvida quanto ao sentimento dos familiares.

Uma pessoa respondeu que “minha família não está muito satisfeita com o meu trabalho”, os demais todos responderam que a família gosta, mas três deles com adendos; um

complementou com a frase: “não reclamam”; dois dos respondentes foram enfáticos em dizer que “a família gosta, mas reclama da ausência, reclamam porque eu trabalho demais”.

Aprofundou-se nesta dimensão perguntando se o empreendedor e a família fazem passeios juntos. Dez dos entrevistados responderam prontamente que sim, costumam fazer passeios com a família. Os 16 (dezesseis) responderam que” poucas vezes passeio, não tenho tempo, fazia mais passeios quando os filhos eram menores, dificilmente passeio, fico muito preso com o trabalho, faço passeios de ano em ano”, enfim, percebeu-se que o lazer não está presente na rotina da maioria do grupo entrevistado.

Ainda no sentido de aprofundar a relação entre trabalho, família e lazer, com a inserção no programa, indagou-se que tipo de passeios ele faz com os seus familiares. Nesta pergunta foi possível confirmar que esses passeios realmente não são costumeiros para esses empreendedores. Todos citaram locais de passeios, como shoppings, praia, cinema, restaurantes, piscina, viagens, parque, etc, mas percebeu-se que eles citaram o que gostam de fazer, não efetivamente o que fazem. Pareceu-nos que passeios não são muito importantes para a maior parte do público desta amostra.

Concluindo esta dimensão, perguntou-se ao empreendedor se ele acredita que o tempo dedicado à família para o lazer é satisfatório para o convívio harmônico entre eles e as necessidades da família. As respostas parecem confirmar o que se deduziu nas perguntas anteriores, no que diz respeito a pouca valorização dada aos momentos de lazer, ou pelo menos ao pouco tempo dedicado ao lazer.

Treze pessoas respondem que sim, que o tempo dedicado ao lazer com a família é “Quando passeio, vou à praia. Não gosto muito de passeio, gosto mais de trabalhar.” (Beneficiário nº 21, entrevistado em 18/09/2013).

Pelo que se viu no complemento da resposta, a satisfação não fica muito evidente. As outras treze pessoas dizem taxativamente que não, acham pouco, precisavam de mais tempo. O tempo dedicado ao trabalho aparece sempre como empecilho aos momentos de lazer.

Com estes resultados, permitiu-se deduzir que esta dimensão apresenta a maior parte das variáveis com prejuízo à qualidade de vida no trabalho dos beneficiários do microcrédito.

Assim, recorreu-se aos estudos anteriores onde se entende que a satisfação no trabalho não pode ser vista isolada da vida do indivíduo como um todo. A qualidade de vida vista dentro e passeios aos sábados porque o movimento do comércio é maior.” (Beneficiário nº 7, entrevistado em 28/08/2013).

“É. Não é aquelas coisas todas, mas. Sim, estou 80% satisfeito. É pouco tempo. Poderia ser melhor. O trabalho não interrompe. O tempo é curto. Gostaria de ter mais tempo, só tenho o sábado e o domingo.” (Beneficiário nº 12, entrevistado em 29/08/2013).

“No momento é satisfatório. Acho que é. No momento tá sendo porque temos uma criança pequena e o trabalho toma muito o tempo.” (Beneficiário nº 18, entrevistado em 17/09/2013).

“Não é satisfatório para mim. Falta organizar melhor o tempo, porque trabalho de domingo a domingo.” (Beneficiário nº 8, entrevistado em 28/08/2013).

“Não. O tempo é pouquíssimo. A gente trabalha de domingo a domingo. A gente deixa de sair para poder trabalhar. Todo feriado a gente abre a loja porque a gente vende.” (Beneficiário nº 13, entrevistado em 16/09/2013).

“Não, devido o tempo. Poderia melhorar mais. Era mais fácil antes do CrediAmigo, mas não tinha recursos. O trabalho ocupa o tempo.” (Beneficiário nº 15, entrevistada em 16/09/2013).

fora do trabalho traz a QVT influenciando ou sendo influenciada por vários aspectos da vida do trabalhador fora da empresa. Por conta disso é importante analisar essa interligação da vida do indivíduo dentro e fora do seu ambiente organizacional (RODRIGUES, 2011, p.93).

Por conta disso, surgem as questões de cunho político e ideológico que levam à preocupação com a sociedade e o ambiente natural onde o indivíduo não distingue mais a fronteira entre si, o trabalho, a família e a sociedade (DOURADO, 2007, p. 85).

Dessa forma, os trabalhadores que apresentam uma vida familiar insatisfatória identificam o trabalho como sendo a única ou maior fonte para conseguir satisfazer suas necessidades, notadamente as sociais. Os indivíduos com essa postura tornam-se menos exigentes com a satisfação. O trabalho assume grande importância para o indivíduo, assumindo proporções enormes na sua vida (SAYLES E STRAUSS, 1969; HANDY, 1978, APUD RODRIGUES, 2011,p. 93).

Destacou-se no caso da amostra pesquisada que os empreendedores demonstram uma vida familiar harmoniosa e observou-se que eles estão muito satisfeitos com o trabalho que realizam e que não separam trabalho, família e sociedade.

Diante destes pressupostos, pode-se inferir que estes beneficiários do CrediAmigo apresentaram um comportamento, no que diz respeito ao equilíbrio entre a família, o trabalho e o lazer que não pode ser considerado satisfatório e pode afetar negativamente a QVT desses empreendedores. O comprometimento de tempo foi prejudicado por conta do trabalho, mas, segundo dados coletados, não tem relação com o ingresso desses trabalhadores no CrediAmigo.

Na próxima seção buscou-se responder a pergunta chave do roteiro de entrevista que direcionou a pesquisa realizada com os empreendedores e será apresentada e tratada juntamente com as dimensões ora estudadas, no sentido de responder também aos objetivos gerais e a

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