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4.1 I NVENTÁRIO DE COMBINAÇÕES FAVORÁVEIS E OBSTÁCULOS À PROMOÇÃO DO

4.1.2 Dimensão socioeconômica e técnica

A atividade agrícola pode ser considerada a mais importante na região da AMAVI. Cerca de 49% da população depende economicamente desse setor produtivo existindo cerca de 43 mil produtores rurais (AMAVI, 2004b). Uma parte da produção é destinada à subsistência, e a renda decorrente dessa atividade é inferior a 50% da renda dos estabelecimentos da indústria de transformação (AMAVI, 2000). Nesse contexto, destacam-se o sistema de Crédito Solidário (CRESOL) e a Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (CRAVIL). Ambas auxiliam produtores agropecuários. A CRAVIL desde 1970 contribui para o cooperativismo. Todavia, sua ênfase na produção e na distribuição de insumos químicos e agrotóxicos contribui para acentuar a problemática socioambiental na região. O Alto Vale do Itajaí conta também com Empreendimentos de Economia Solidária (EES), 18 no total44. Em 10 EES a atuação é rural, em duas a atuação é urbana e em seis a atuação é rural e urbana. Os EES, no total, empregam aproximadamente 900 pessoas (SIES, 2006).

A vocação agropecuária do Alto Vale do Itajaí conjuga-se com o crescimento de outras atividades econômicas. O município de Rio do Sul é considerado um município

43 Pertencem à microrregião de Canoinhas os municípios: Bela Vista do Toldo, Canoinhas, Ireneópolis,

Itaiópolis, Mafra, Major Vieira, Monte Castelo, Papanduva, Porto União, Santa Teresinha, Timbó Grande, Três Barras.

44 Os EES estão assim distribuídos: 1 em Atalanta, 1 em Aurora, 3 em Braço do Trombudo, 1 em Dona Emma, 1

pequeno, se comparado à média brasileira, mas possui grande influência como centro sub- regional, é irradiador do crescimento econômico de setores diferenciados. No que se refere aos sistemas produtivos, é possível identificar três frentes de atuação: i) no setor primário o associativismo agropecuário; ii) no setor secundário a aglomeração industrial do segmento de confecções, a atuação do setor metal-mecânico, a agroindústria e moveleiro (MENEZES et al, 2006); iii) e no setor terciário crescem os esforços regionais para dinamização do turismo (INÁCIO, 2007).

A aglomeração industrial do segmento de confecções tem adquirido muita visibilidade. Esse setor é responsável pela geração de aproximadamente 6.805 empregos diretos, contemplados nas 469 empresas (a maioria micro e pequena empresa), todavia, convém avaliar o impacto socioambiental das empresas. O trabalho em curso de Menezes (2006) pretende constatar se essa aglomeração industrial está realmente contribuindo para que o território como um todo se desenvolva e seja promotor de dinâmicas de desenvolvimento territorial sustentável para a região.

A atividade turística, por sua vez, alia-se à experiência com a agricultura orgânica de Aurora e outros municípios e com o projeto Acolhida na colônia. Paralelo e complementar ao turismo rural desenvolve-se também o ecoturismo. Os municípios de Ibirama, Presidente Getúlio e Rio do Sul são considerados pólo de ecoturismo pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR). O que se percebe, a partir do estudo de Inácio (2007), é que o padrão de ecoturismo desenvolvido no pólo de Rio do Sul configura-se como uma atividade travestida de “ecológica”, mas que reforça o processo de modernização conservadora e que pouco tem contribuído para a constituição de territórios sustentáveis em Santa Catarina.

No que tange à saúde, a região da AMAVI conta com 18 hospitais e aproximadamente 950 leitos (AMAVI, 2004b). Segundo Magalhães (2004), há disponibilidade razoável de leitos, porém, estão mal distribuídos. Mas a população já conta com serviços de atendimento de alta complexidade (cirurgia cardíaca e neurocirurgias). Nos últimos cinco anos, foram implantadas 66 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) (AMAVI, 2004b).

No campo educacional, o Alto Vale destaca-se no cenário estadual, com um índice de atendimento na educação básica superior à média estadual. São 13 mil crianças na educação infantil, 39 mil no ensino fundamental e 11 mil no ensino médio (AMAVI, 2004b). A taxa de alfabetização é de 93% (IBGE, 2003). A região dispõe de uma universidade e duas faculdades. A Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI), que tem sede em Rio do Sul e vários campi em Taió, Ituporanga, Presidente Getúlio e Pouso Redondo. Atende a cinco mil alunos em 18 cursos. Segundo relatório do Instituto Euvaldo

Lodi (2001), a UNIDAVI realiza pouca atividade de pesquisa na região. A Faculdade Metropolitana de Rio do Sul (FAMESUL) iniciou suas atividades em 2006 e, no município de Ibirama, a Faculdade Hansa Hamônia conta com seis cursos e possuí 553 alunos. A região oferece ainda vários cursos profissionalizantes, mantidos pelo SENAI e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), além de uma Escola Agrotécnica Federal (AMAVI, 2004b).

No quesito Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), observa-se que 16 municípios da região da AMAVI apresentam índice médio de Desenvolvimento Humano e 12 municípios podem ser classificados como de alto nível de desenvolvimento humano. Não há município com classificação abaixo de 0,5, ou seja, com baixo desenvolvimento humano. No período de 1991 a 2000, percebe-se um aumento do IDH de todos os municípios que integram a região da AMAVI (ver Tabela 3).

Tabela 3 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Alto Vale do Itajaí - 1991/2000

Município Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, 1991 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, 2000 Agrolândia 0,711 0,775 Agronômica 0,715 0,811 Atalanta 0,715 0,810 Aurora 0,732 0,812 Braço do Trombudo 0,706 0,799 Chapadão do Lageado 0,714 0,774 Dona Emma 0,692 0,794 Ibirama 0,748 0,826 Imbuia 0,702 0,777 Ituporanga 0,757 0,825 José Boiteux 0,688 0,771 Laurentino 0,737 0,825 Lontras 0,721 0,777 Mirim Doce 0,709 0,790 Petrolândia 0,706 0,783 Pouso Redondo 0,701 0,786 Presidente Getúlio 0,742 0,810 Presidente Nereu 0,692 0,774 Rio d’Oeste 0,728 0,799 Rio do Campo 0,720 0,797 Rio do Sul 0,760 0,827 Salete 0,718 0,800 Santa Terezinha 0,653 0,738 Taió 0,723 0,809 Trombudo Central 0,743 0,818 Vidal Ramos 0,683 0,766 Vitor Meireles 0,694 0,770 Witmarsum 0,710 0,807 Fonte: PNUD (2003).

Já o cálculo da exclusão social envolve diferentes componentes analíticos: os índices variam de zero a um, as piores condições de vida ficam perto de zero e as melhores condições de vida se aproximam de um. Neste sentido, as cidades com Índice de Exclusão Social entre 0,6 e 1,0 estariam com melhor situação social e estão representadas por Rio do Sul e Agronômica. A seguir, vêm as cidades com Índice de Exclusão Social entre 0,5 a 0,6, intervalo que contempla a realidade de grande parte dos municípios da região. As de 0,4 a 0,5 representam as cidades de Vitor Meireles, Santa Terezinha, Rio do Campo, Presidente Nereu e José Boiteux. Por fim, inexistem na região cidades cujos índices oscilam entre 0,0 a 0,4 (POCHMANN; AMORIN, 2003).

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