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Dimensão Urbana: A Rua

No documento Intervenções em contexto histórico (páginas 76-84)

6. Proposta de Requalificação

6.3. Análise

6.3.5. Dimensão Urbana: A Rua

Arruamentos, travessas e um conjunto de frentes urbanas bem definidas formam esta estrutura urbana correspondente à Judiaria. Observando a área, podemos identificar rápidamente dois eixos principais: a Rua das Flores e a Rua do Ginásio. Foram ainda estudados outros dois eixos de carácter mais secundário, mas igualmente importantes à área: a Rua da Alegria e uma pequena transversal entre os dois primeiros eixos.

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A Rua das Flores é um dos eixos principais desta área. Trata-se de uma via estreita de sentido nascente-poente, com cerca de 50 metros de comprimento e vence um desnível de aproximadamente 4m. A passagem de carros não é possível pois só a extremidade a nascente possui largura suficiente para dar passagem a um veículo.

Figura 16: Cruzamento da Rua da Alegria com o extremo nascente da Rua das Flores

A iluminação é realizada por candeeiros de desenho tradicional, preservando o carácter histórico da zona. No entanto, as fachadas encontram-se cobertas por fios elétricos, o que prejudica essa mesma qualidade histórica e pode provocar eventuais problemas.

A sua linha de fachadas virada a Norte foi considerada de maior interesse para o projeto, não só devido à boa preservação da fachada com a janela quinhentista, como também pelo seu relacionamento com o Largo 5 de Outubro, cujo acesso é realizado por uma pequena e claustrofóbica transversal.

As fachadas desta linha aparentam, também, um bom estado de conservação, estando alguns edifícios ainda habitados.

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Figura 17: Levantamento das fachadas Norte da Rua das Flores. Ver Anexo 9.

Figura 18: Montagem fotográfica das fachadas Norte da Rua das Flores.

Já a linha de fachadas virada a Sul, aparenta ser a mais degradada e mais alterada. Grande parte das habitações desta linha aparenta estar completamente ao abandono e, as que dão sinais de vida, não parecem possuir as condições ideais. A exceção à regra é uma caricata e colorida habitação de três pisos, habitada por um casal de idosos.

Existe, também, uma pensão abandonada no cruzamento com a Rua da Alegria. Analisando algumas janelas, este edifício parece ter sido coberto com um sistema de isolamento, escondendo a fachada em pedra tradicional.

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Figura 19: Janela da Pensão na Rua das Flores onde é possível observar como o novo material de isolamento reveste a fachada de pedra.

A nível de interesse arquitetónico, é de referir, mais uma vez, as fachadas em pedra com as janelas quinhentistas do plano Norte. Já no plano Sul, a mesma qualidade não se aplica, existindo só a tal habitação do casal idoso.

Um outro eixo analisado foi a transversal com cerca de 15m, perpendicular à Rua do Ginásio e Rua das Flores. Apesar de se tratar de um troço pequeno e claustrofóbico, a ligação que faz entre os cruzamentos da Rua do Ginásio e a Rua das Flores, e o Largo 5 de Outubro, torna-o numa via importante. E, tendo em conta a proximidade do Largo com o Pelourinho, ponto de paragem principal de transportes públicos e de estacionamento (graças à garagem subterrânea), este é o ponto de acesso principal da zona e de onde poderá idealmente fluir um maior volume de pessoas. Dá diretamente para o Ginásio Clube da Covilhã, vencendo um pequeno desnível de aproximadamente 1,90m. É delimitada por um edifício que se encontra em reabilitação e por algumas habitações abandonadas e degradadas da Rua das Flores. A passagem de viaturas também é impossibilitada devido à sua largura.

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Figura 20: Levantamento das fachadas poente da transversal Rua do Ginásio-Rua das Flores. Ver Anexo 9.

Figura 21: Vista da Transversal para o Ginásio Clube

Passando a outro eixo, tal como a Rua das Flores, a Rua do Ginásio é uma via estreita de sentido nascente-poente, com cerca de 90 metros de comprimento e vence um desnível de aproximadamente 5m. Uma janela quinhentista adorna uma das suas fachadas no plano virado

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a Sul, que aparenta ter sido coberta com reboco, roubando-lhe parte do seu carácter histórico.

Figura 22: Levantamento parcial das fachadas Sul da Rua do Ginásio. Ver Anexo 10.

Um vazio, entre o edifício do ginásio e outro de tipologia mista, destaca-se do conjunto. Trata-se de uma pequena área em forma de trapézio, virada a Norte, com um banco público. Observando a diferença de cotas considerável entre esta área e a Rua dos Combatentes da Grande Guerra, paralela à Rua do Ginásio, e a vista privilegiada para a montanha, quase que podíamos afirmar que se trata de um miradouro, mas, se o fosse, não tem condições para tal.

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Já a linha de fachadas virada a Norte é a mais degradada do conjunto, com uma confusão de fios elétricos, fachadas esburacadas e casas abandonadas ou sem quaisquer condições.

Figura 24: Degradação das fachadas da Rua do Ginásio

Com um troço paralela à transversal da Rua do Ginásio-Rua das Flores, a Rua da Alegria é uma via serpenteante, direção Norte-Sul, com cerca de 130m de comprimento. É possível a passagem de carros através da Rua dos Combatentes da Grande Guerra e do Largo da Alegria, porém as condições não são as ideais e algumas viaturas poderão mesmo não conseguir passar pelas partes mais estreitas.

Figura 25: Levantamento parcial das fachadas Poente da Rua da Alegria. Ver Anexo 10.

Por este percurso podemos encontrar edificações em variados estados de conservação, desde devolutas a totalmente reabilitadas. De todas, parece ser a rua mais bem preservada e aparenta, também, ser a mais habitada, tendo sido aqui observado muito mais movimento e vida durante visitas ao terreno.

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Figura 26: Rua da Alegria

Entre os cruzamentos com a Rua das Flores e a Rua do Ginásio, escondido por um muro em pedra e com acesso por um quintal, encontramos as ruínas de um antigo forno comunitário. Infelizmente, devido à passagem do tempo e negligência, as ruínas encontram-se num estado extremamente degradado, estando essa memória histórica praticamente apagada. Após consulta no website da câmara, constatou-se que está a ser ponderado para este local um Centro Judaico.

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