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3.2 Formação humana e construção de conhecimento

3.2.1 Dimensões do “ser” humano

Com o intuito de refletir, em linhas gerais, aspectos relacionados às dimensões do “ser” humano, escolhemos abordar, a priori, um dos exemplos utilizados por Maturana e Varela (2001) no contexto da relação/interrelação ser humano/meio que repercutem em seu comportamneto. Este diz respeito a um experimento realizado com um cordeirinho recém- nascido.

Os autores revelam que sendo um cordeirinho recém-nascido separado de sua mãe, por algum tempo e, devolvido em seguida ao convívio materno, ele tende a desenvolver um comportamento diferente de outros carneirinhos que não são privados dos primeiros contatos com a mãe embora, aparentemente, isso não seja observável. Assim, eles descrevem:

Ele cresce, caminha, segue a mãe e não revela nada de diferente, até que observamos suas interações com outros filhotes de carneiro. Esses animais gostam de brincar correndo e dando marradas uns nos outros. Já o cordeirinho que separamos da mãe por algumas horas não procede assim. Não aprende a brincar; permanece afastado e solitário. O que aconteceu? Não podemos dar uma resposta detalhada, mas sabemos – por tudo o que vimos até agora neste livro – que a dinâmica dos estados do sistema nervoso depende de sua estrutura. Portanto, também sabemos que o fato desse animal se comportar de maneira diferente revela que seu sistema nervoso é diferente do dos outros, como resultado da privação materna provisória. Com efeito, durante as primeiras horas após o nascimento dos cordeirinhos, as mães os lambem continuamente, passando a língua por todo o seu corpo. Ao separar um deles de sua mãe, impedimos essa interação e tudo o que ela implica em termos de estimulação tátil, visual e, provavelmente, contatos químicos de vários tipos. Essas interações se revelam no experimento como decisivas para uma transformação estrutural do sistema nervoso, que tem consequências aparentemente muito além do simples lamber, como é o caso do brincar (p.142).

Este experimento demonstra a existência de uma dimensão afetiva no desenvolvimento do ser, no caso o cordeirinho. Esta dimensão, provavelmente, foi atingida de forma negativa na constituição geral do carneirinho na medida em que ele foi privado das lambidas da mãe. Desse modo, a sua própria constituição sofreu interferência do meio, no caso, a ausência do primeiro contato da mãe.

Segundo os pesquisadores, embora aparentemente o cordeirinho tivesse um desenvolvimento normal, na oportunidade do experimento, o seu comportamento acabou sendo afetado negativamente na interação com os demais cordeirinhos. A carência gerada pela ausência do toque da mãe nos primeiros momentos de vida do carneirinho, certamente impactou à sua estrutura interna impedindo articular-se de modo fluente com o meio externo, no caso, a convivência com os outros carneirinhos.

Em se tratando do ser humano podemos fazer uma correlação. A ausência desse componente afetivo na sua constituição tende a gerar um impacto, muitas vezes destrutivo, no

seu modo de ser, bem como no processo de conhecer. Quantas vezes nos damos conta de pessoas, ao nosso redor, que apresentam significativas dificuldades em suas relações interpessoais e consigo mesma? E, consequentemente, no seu desenvolvimento integral em consequência dessa dificuldade nas interações necessárias ao seu viver/conviver, ser e aprender.

No âmbito da reflexão em torno dos aspectos constituintes das dimensões do ser humano encontramos referência à afetividade. Rolando Toro, por exemplo, aponta cinco potenciais genéticos interdependentes que integram a identidade biológica do ser humano: afetividade, criatividade, sexualidade, vitalidade e transcendência (TORO, 2008, apud SOARES, 2012, p.24).

A respeito da primeira dimensão, a afetiva, esta pesquisadora se reporta a perspectiva walloniana, segundo a qual “afetividade é mais do que uma dimensão da pessoa é uma fase do desenvolvimento”. E, destaca:

A afetividade tem sua expressão no fortalecimento da identidade, na aceitação à diversidade e à diferença, no amor fraternal; sua ausência provoca discriminação, ações destrutivas em relação ao outro e a si próprio, injustiça, preconceito (SOARES, 2012, p.25).

A importância da afetividade como podemos perceber abrange as relações do homem consigo, com o outro e com a humanidade haja vista potencializar a expansão da consciência. Pelo que demonstra o experimento descrito acima, é provável que a ausência do primeiro contato materno tenha provocado de certa forma uma lacuna o potencial afetivo do animal interferindo negativamente na sua interação com os demais.

No que diz respeito ao segundo potencial genético, a criatividade, Soares (2012) explica que esta “se manifesta como impulso de inovação frente à realidade [...] é uma extensão do processo de viver” (p.27). Para ela, trata-se de um processo de “auto- organização” correspondente ao que Maturana e Varela (2001), denominam “autopoiese”, ou seja, a auto-organização dos seres vivos.

Assim, a ausência de oportunidade para o desenvolvimento desta dimensão do ser humano desde a infância ou mesmo na idade adulta possibilita que as pessoas “se tornem insensíveis, rotineiras, vazias de sentido na vida, histéricas” (p.27). Ou, na direção contrária, se a expressão da criatividade for efetivada propicia desenvolver “a assertiva, a percepção seletiva, a liberdade para induzir mudanças, a fluidez, que são características próprias do ato criador, são também atributos dos seres vivos” (TORO, 2008, p. 39, apud SOUSA, 2012, p. 28).

Já a sexualidade, terceiro potencial genético está ligada ao prazer de viver, revelando um modo de ser. Com base em Toro, a pesquisadora declara que “a sexualidade não é apenas uma expressão das glândulas endócrinas e da genitalidade. Também não está limitada à função reprodutora ou ao orgasmo. A sexualidade abarca a totalidade do ser” (p. 29).

Nesse sentido, analisando os impactos do desenvolvimento do potencial sexualidade apresentados por Toro, declara:“

A maior aprendizagem está em aprender a desfrutar de todos os prazeres da vida e considerar o corpo como uma fonte de prazer de diferentes tipos. Sendo assim, o desejo sexual é apenas uma parte do todo que forma o potencial da sexualidade (p.30).

Para Sousa, a atenção para este potencial possibilita ao ser humano no percurso do seu desenvolvimento “perceber os pequenos e grandes prazeres que a vida oferece”. Esses prazeres envolvem desde o sentir, profundamente, as sensações provocadas pelo atendimento às necessidades biológicas como: respirar, alimentar-se, saciar a sede, etc, que possibilitam bem estar, assim como as sensações agradáveis no âmbito do relacionamento familiar e social. Isso abrange, muitas vezes, apenas um sorriso, um abraço, uma escuta atenta, entre outras.

O potencial “vitalidade”, explica a pesquisadora, “significa ter fortes motivações para viver e possuir energia para a ação (ímpeto vital)”. Portanto, “sentimentos de alegria interior, entusiasmo, plenitude existencial, são características deste potencial; estão intrinsecamente relacionados à saúde e a harmonia orgânica” e envolvem múltiplos aspectos do existir (p. 30). Quanto ao quinto e último potencial genético, “Transcendência”, Sousa (2012) o define como:

uma vinculação natural do ser humano com todos os seres existentes, ou seja, com a totalidade cósmica, ao mesmo tempo que indica superar um limite. Desta forma, vinculação e superação são palavras que definem esse potencial (p. 31).

Esse potencial genético do desenvolvimento do ser humano abrange a percepção do contexto como um todo, desde o seu interior envolvendo a organização micro, o eu interior, até a organização macro, ou seja, a organização planetária e a interligação existente. Sousa (2012) esclarece que a transcendência tem a ver com a força do Ego de superar-se a si mesma e ultrapassar a autopercepção, “para identificar-se com a unidade da natureza e com a essência das pessoas” (p. 32).

Transcender, nesta perspectiva, implica sair de si mesmo e saber colocar-se no lugar do outro. Esse outro abrange tanto os seres humanos como os outros animais, os vegetais e minerais enquanto partes de uma unicidade que é o planeta. Isso, na abordagem da

pesquisadora, envolve o desenvolvimento de uma “consciência superior”, capaz de gerenciar hábitos mentais e emocionais, sem deixar-se levar por eles naturalmente.

Estes aspectos, ao que tudo indica, propiciam aumentar a autoestima e a consciência mais expandida da realidade, envolvendo o conhecimento de si, do outro e da totalidade, ou, a compreensão de que fazemos parte de uma mesma “organização planetária”. A pesquisadora explica, que o todo significa mais do que a simples soma das partes, corresponde à interação entre elas. E, acrescenta:

A transcendência bem como a afetividade provoca uma mudança de percepção no indivíduo que se entrega a essa experiência. Ocorre um aumento da sensibilidade e da percepção do outro e das coisas à sua volta. Em pessoas com o ego exarcebado ocorre um bloqueio do aspecto afetivo e, portanto, são pessoas incapazes de alcançar essa percepção (SOUSA, 2012, p.32).

Como constatamos, no valor destacado acima para a afetividade e a transcendência, tratam-se de potenciais que, no contexto da relação do indivíduo consigo mesmo, com o outro e o mundo circundante tendem a favorecer uma convivência harmoniosa. Evita a adoção de postura egoísta, pois percebe o outro como legítimo outro, na relação e interação cotidiana.

Salientamos que abordamos neste trabalho a pesquisa desenvolvida por Sousa (2012) alicerçada em Toro (2008), por considerarmos que apresenta contribuições valiosas para o nosso estudo. Especialmente, no que diz respeito à expansão alcançada pelo desenvolvimento da transcendência como potencial genético, integrante da identidade biológica do ser humano. O desenvolvimento desse potencial leva o indivíduo à compreensão da sacralidade da vida e da essência divina. Para ele, toda forma de vida é sagrada. A sacralidade da vida se dá através da transcendência do ser humano [...] a sacralidade do ser humano é o que da à sua vida, ao seu amor, à sua sexualidade e as suas criações, a qualidade do transcendente (TORO, 2008, p.66, apud, SOUSA, 2012, p. 33).

Esses argumentos envolvendo a Transcendência como um dos potenciais genéticos do ser humano e a sacralidade da vida trazem fundamentos para reflexões no campo do ER. Ressaltamos que o termo Transcendência é abordado nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER), também nessa perspectiva, como uma capacidade inerente ao ser.

Segundo a abordagem do referido documento, a Transcendência corresponde a outro nível de relações envolvendo o potencial humano no seu processo de conhecer e intervir no meio e em si próprio, que:

possibilita-lhe integrar em seu âmbito tudo o que lhe é exterior, deparar-se com problemas e rebelar-se contra eles numa ação fundada não em seus

limites, mas nas possibilidades que percebe. Recusando-se a encarar o desconhecido como barreira definitiva, transforma-o em projeto [...]. Desse modo, a ação humana consiste em tornar a Transcendência sua companheira em todas as etapas de aventura como origem de projetos enquanto desejo e utopia. A recusa à Transcendência é trágica para o ser humano, pois o torna resignado em sua mediocridade (PCNER, 2009, p. 31-32).

Contribuindo com estas reflexões acerca do potencial humano de transcender, de “integrar em seu âmbito tudo o que lhe é exterior”, de superar a si mesmo e aos obstáculos que enfrenta, encontramos Cândido (2008). Para esta pesquisadora, em se tratando do ER, ele deve servir como “busca pelo autenticamente humano” (p.357). Defende uma prática neste componente curricular que considere “temas vitais ao tratar das religiões”. Desse modo, a pesquisadora declara como imprescindível:

Não ver o mundo de Deus mas Deus no mundo. Entender o homem como aquele que enfrenta o mal em si mesmo, aquele real que, enfrentando o mal em si mesmo torna-se „quente‟, real no mundo, comprometido, tudo isso porque deixa de ser uma abstração (CÂNDIDO, 2008, p. 361-362).

A citação acima demonstra a efetivação da transcendência do ser humano reportando a necessidade de considerar sua dimensão existencial e não tratá-lo de modo fictício como se ele não existisse realmente. Se o conteúdo do ER for limitado ao estudo de religião como um fim em si, certamente, irá se deparar com algumas religiões cuja doutrina é voltada mais para uma vida após morte. Muitas vezes, esquecendo de estabelecer uma conexão com a vida que é vivida.

Porém, uma forma de efetivar a condição humana no mundo é precisamente compreendê-lo como construtor de si próprio, conforme explica a autopoiese, teoria de Maturana e Varela (2001). Esse construir a si próprio envolve a relação com o meio físico e social. Desse modo, inclui operacionalizar ações que se caracterizem como “divinas”, ao refletir o bem para si e para os outros no enfrentamento aos problemas atuais.

Capra (2006), tratando dos problemas da atualidade que abrangem o ser humano em suas relações consigo mesmo, com o outro e as coisas do mundo circundante, afirma que “quanto mais estudamos os problemas da nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes”. Ele ainda acrescenta:

esses problemas precisam ser vistos, exatamente, como diferentes facetas de uma única crise, que é, em grande medida, uma crise de percepção. Ela deriva do fato de que a maioria de nós, e em especial nossas grandes instituições sociais, concordam com os conceitos de uma visão de mundo obsoleta, uma percepção de realidade inadequada para lidarmos com nosso mundo superpovoado e globalmente interligado” (p. 23).

Esta afirmação de Capra vem nos mostrar que, muitas vezes, a dinâmica do mundo passa desapercebida por nós que permanecemos de certa forma estagnados diante das mudanças profundas que ocorrem e que costumamos atribuir a sociedade como se estivéssemos excluídos dela.

Na verdade, a sociedade humana é constituída por pessoas e são essas pessoas que a materializa mediatizada por relações, normalmente, repleta de intencionalidades. Para o referido autor há soluções para os problemas atuais sendo que estes requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores. Afinal, não se muda por decreto, mas por atitudes e estas decorrem da dimensão de nossas percepções enquanto seres humanos.

Corroborando com esse pensamento Miele e Possebom (2012), destacam o papel da ação humana na sociedade. Um papel que pela complexidade que abrange envolve a compreensão de que, o ser humano encontra-se em formação. Diante disso, na medida em que se forma, também forma a sociedade, pois é de seres humanos que ela se constitui na sua essência.

Com relação ao processo de formação humana estes autores fazem referência ao suprimento de necessidades existenciais inseparáveis: uma de natureza biológica, outra de natureza mental ou psíquica e uma terceira de natureza espiritual. Segundo esses autores, a concepção trina do ser humano – corpo - alma e espírito - foi mantida pelo cristianismo primitivo até Constantino e reconhecida pela maioria das religiões ditas “primitivas” e “orientais” (p. 408-409).

Miele e Possebon (2012) consideram que a compreensão do indivíduo nestas três necessidades existenciais “ajudará a compreender que a vida social é construída pelo próprio ser humano, coletivamente: sua economia, sua cultura, sua educação, seus sistemas de governo, sua política, seu conhecimento, suas religiões etc” (p. 410).

Refletindo a acerca destas “necessidades” implícitas ao ser humano os autores afirmam:

As necessidades individuais e coletivas não se excluem, elas se complementam, e estas polaridades estão sempre em busca do equilíbrio. Quando não consideradas em sua complementaridade elas geram a exclusão. Um aspecto irrefutável da existência humana é que vivemos em grupos, formamos sociedades, mas antes de tudo somos indivíduos (p. 410).

Essa afirmação demonstra a complexidade da educação escolar que para cumprir o seu papel deve transitar pelos polos enfatizados por estes autores, além dos conhecimentos das áreas especificas. Nesse sentido, os referidos autores acrescentam:

O coletivo é “construído” pelos indivíduos que compartilham valores éticos, costumes, tradições, crenças, que norteiam a política, a educação e demais aspectos da vida em sociedade. O individual antecede o coletivo, daí a importância da educação para um convívio sadio (p. 410).

Diante destas argumentações se justifica a importância de que a educação escolar e, em seu âmbito o ER, possam considerar o indivíduo em suas múltiplas dimensões. Nessa direção compreender a força do individual em sua transcendência, que constitui um mundo junto com outros que constituem outros mundos e, simultaneamente, o mundo. Portanto, a mudança no mundo está condicionada a mudanças no homem, no seu interior.

É nessa linha de raciocínio que Miele e Possebon (2012) justificam a proposição dos cursos de ciências das religiões fundamentados no pressuposto de que “a ignorância é a mãe da intolerância”. Para eles é somente através da informação e do conhecimento que se possibilita uma convivência pacífica entre as religiões, bem como as relações sociais de modo geral incluindo a relação do indivíduo consigo mesmo.

De acordo com as reflexões tecidas é reconhecível o caráter dinâmico e plural que envolve o desenvolvimento do humano desse “ser”, pois não basta nascer biologicamente do gênero humano. Enfatizando a característica ou capacidade intrínseca à natureza humana, Escarião (2013) se reporta ao pensamento freiriano que define o homem como um ser concreto que para “agir, atuar, operar, transformar a realidade de acordo com as necessidades”, é preciso, pois, ser considerado também em situações concretas. Nesse sentido, a autora esclarece:

o homem está no mundo com o mundo e essa condição o torna capaz de relacionar-se, de sair de si e de projetar-se nos outros. O homem se identifica com a sua ação, faz história e é capaz de captar o mundo e transformá-lo. (...) o homem não é um ser de adaptação e sim de transformação (p. 27). Com base nesse argumento, é possível visualizar o significado de “está no mundo com o mundo”, pois, se trata da existência do homem como parte integrante desse mundo e sua ação nele. Por esta razão, repetimos o que já abordamos anteriormente, se pretendemos um mundo melhor, automaticamente, precisamos nos tornar pessoas melhores. Falar da transformação da sociedade é falar da transformação do homem, as afirmações referentes à mudança implicam na mudança do modo de ser humano.

Além disso, admitir a essência humana enquanto passível de “trans-forma-ação”, é também admitir a dinâmica que envolve o “ser” em sua plenitude com potencial de transcender a animalidade, a sua forma animal, transformar a maneira de viver e de se relacionar com o outro e com a natureza. A pretensão de desenvolver no indivíduo a condição de adaptabilidade a determinados contextos, é negar-lhe o direito de ser, de existir, de decidir.

Enfim, afirmamos que as ideias refletidas até este ponto do capítulo correspondem aportes valiosos para as nossas reflexões. Diante da complexidade do fenômeno educativo, especialmente, no que se refere ao ER como parte integrante da Educação Básica, é imprescindível considerar o processo que caracteriza este componente como área de conhecimento, bem como as várias dimensões implícitas no processo de formação humana. Portanto, passamos ao percurso metodológico desenvolvido na pesquisa.