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CAPÍTULO II – A ATIVIDADE AEROPORTUÁRIA E SUAS ESPECIFICIDADES SOBRE O TERRITÓRIO

2.2. Especificidade da Atividade Aeroportuária

2.2.1. Dimensionamento e Planejamento do Uso e Ocupação do Solo Aeroportuário

Aeroportos consomem vasta quantidade de terra. O crescimento de aeroportos tem uma visível insaciabilidade por mais terra. Não apenas para pistas, terminais de passageiros, pátios de estacionamento de aeronaves, hangares, facilidades de carga aérea, comissarias, estacionamento e vias de acesso, mas também o uso e ocupação restritos de áreas sob as rotas de voo de aeronaves que a eles se destinam. Por razões de segurança, áreas de aproximação devem estar livres de edifícios comerciais, caixas d´água e chaminés. Por razões ambientais, as áreas de aproximação devem estar desimpedidas de áreas residenciais.

Para Dempsey (1999), a quantidade de terra que um aeroporto pode requerer é influenciado por:

1. Desempenho e características físicas das aeronaves que irão utilizá-lo; 2. Expectativa do volume de tráfego;

3. Condições meteorológicas, incluindo temperaturas médias e intensidade e direção dos ventos; e

4. Elevação do terreno, pois aeroportos situados em áreas de grande altitude requerem maiores pistas do que aeroportos localizados ao nível do mar.

A seleção de sítios aeroportuários requer uma profunda análise de alternativas de locação, considerando características dos sítios, as condições ambientais onde estão inseridos, os obstáculos de voo, condições atmosféricas, viabilidade de aquisição do terreno, acessibilidade, a compatibilidade com o espaço aéreo e a proximidade do sítio com a demanda aeronáutica. Cada sítio em potencial deve ser sistematicamente avaliado, excluindo-se aqueles com claras deficiências de áreas para construção, topografia, espaço aéreo, acessibilidade e impactos ambientais.

Áreas desobstruídas de obstáculos no espaço aéreo são importantes pela segurança e eficiência operacional de um aeroporto. Além disso, novos aeroportos devem ser locados de maneira a não interferir na aproximação de voo de outros aeroportos já existentes. Terrenos altos, árvores e estruturas como antenas de rádio, TV e telefone ou chaminés devem ser evitadas. Áreas de atração de aves migratórias também devem ser evitadas. Dados meteorológicos podem revelar que determinadas áreas são susceptíveis a ventos fortes, turbulências, nevoeiros ou tempestades, o que obstrui a visibilidade ou cria turbulências e que, por isso, também devem ser evitadas.

As decisões de locação de aeroportos têm duas primárias – e, algumas vezes, conflitantes - dimensões: evitar o incômodo das operações em áreas habitadas sob as rotas aéreas com níveis de ruído toleráveis, ou seja, que não gerem protestos; e encontrar áreas não habitadas adequadas a uma distância razoável do centro de negócios da localidade que possa ser convenientemente utilizado por seus habitantes. Como exemplos, em consideração à proximidade com o centro de

negócios e ao acesso ao novo aeroporto pelos passageiros que dele se utilizam para facilitação do transporte público, aeroportos como o de Gatwick, em Londres, Inglaterra, foi locado próximo a ferrovias já existentes, e o de Frankfurt, na Alemanha, próximo à interseção de duas autopistas. Ambos foram construídos em 1936 (Dempsey, 1999).

Aeroportos precisam ser locados próximos aos centros populacionais e aos acessos de transporte para que as pessoas (passageiros, transportadores de carga aérea,

empregados de empresas aéreas e do aeroporto) possam utilizá-los

convenientemente. Ainda que as pistas devam ser alinhadas, os corredores aéreos não devem atravessar áreas densamente povoadas. Isto requer compromisso entre estes dois conflitantes princípios: construir o aeroporto muito longe da área urbana prejudica o objetivo de redução do tempo de transporte porta-a-porta; e obter suficiente terreno no final das pistas ou regular o uso do solo sob as rotas de voo através de políticas de zoneamento, com o objetivo de mitigar o impacto do ruído sobre a população. É ainda muito importante obter terreno suficiente para acomodar as futuras necessidades de capacidade. Como ferramenta para garantir o atendimento dessa necessidade, uma “reserva de área” pode reduzir custos a longo

prazo minimizando futuros impactos ambientais ou necessidades de

desapropriações.

A definição da área necessária para locação de um aeroporto está fortemente associada com a infraestrutura desejada para o chamado “lado ar” de um aeródromo, que inclui todas as áreas onde a aeronave pode decolar, pousar, taxiar ou estacionar e que envolve as pistas de pouso e de taxiamento, pátios de manobras e todas as demais áreas destinadas a hangares e a serviços de rampa.

As pistas de pouso e decolagem devem ser locadas de maneira a prover a adequada separação entre as aeronaves em voo e reduzir os atrasos no pouso, taxiamento e decolagem. As pistas de taxi devem ser locadas de maneira a oferecer a menor distância possível entre o terminal de passageiros e o fim das pistas de

pouso, e serem suficientemente abundantes, de dimensões adequadas e com angulação em relação à pista de pouso que permita à aeronave pousada deixar tal pista o mais rápido possível, favorecendo novos pousos. Pátios de manobras com dimensões adequadas devem ser localizados próximos a pistas para permitir que todas as aeronaves possam aguardar em fila a autorização para decolagem, com espaço suficiente para que possam ultrapassar uma aeronave estacionada. O terminal de passageiros deve ser localizado de forma a minimizar distâncias entre as cabeceiras de decolagem e a diminuir a distância de taxiamento para aeronaves pousadas o máximo possível.

O chamado “lado terra” tem como principal elemento o terminal de passageiros, cujas principais funções incluem a provisão de áreas para operações de check in, processamento de bagagens, atividades aduaneiras e imigratórias de passageiros, segurança, embarque e desembarque de passageiros e, no caso de o aeroporto movimentar carga e mala postal, instalações apropriadas para esse processamento.

Aqui se vê que a área de um sítio aeroportuário deve atender satisfatoriamente os requisitos de planejamento dos lados ar e terra, contemplando as instalações para locação das pistas de pouso e de taxi, pátios, auxílios à navegação aérea, facilidades para processamento de carga e mala postal e terminal de passageiros. Essas áreas deverão garantir os afastamentos necessários estabelecidos na legislação aeronáutica, promovendo, desta forma, a segurança das operações de aeronaves no aeroporto.

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