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5.5 Subsistema Deliberativo

5.5.3 Dinˆ amica do Motor BDI

Em problemas caracterizados por um grande volume de cren¸cas, a ava- lia¸c˜ao constante de todas as cren¸cas poder´a colocar em risco a capacidade de resposta em tempo real do agente. Esta avalia¸c˜ao permanente pode n˜ao ser necess´aria, por motivos v´arios como a grande abrangˆencia de informa¸c˜ao proveniente de uma perce¸c˜ao insignificante para o problema, ou o baixo di- namismo dos elementos que comp˜oem o problema. Este problema agrava-se pela utiliza¸c˜ao de regras de inferˆencia no processo deliberativo, onde cada inferˆencia tem por base outras inferˆencias e/ou cren¸cas sobre o mundo. Se durante o processo deliberativo uma inferˆencia tiver de ser avaliada mais do que uma vez, s˜ao desperdi¸cados recursos computacionais caso se tenha de avaliar sempre todas as condi¸c˜oes dessa regra.

A mesma linha de racioc´ınio se aplica aos restantes componentes do mo- delo BDI, por exemplo: um plano para ser considerado operacional necessita que as a¸c˜oes do seu corpo estejam todas operacionais. Uma a¸c˜ao ´e consi- derada operacional se as pr´e-condi¸c˜oes para a utiliza¸c˜ao dessa a¸c˜ao forem verdadeiras e a a¸c˜ao j´a n˜ao se encontrar em uso. Numa perspetiva de econo- mia de recursos computacionais, se mais do que um plano utilizar a mesma a¸c˜ao, n˜ao faz sentido estar constantemente a avaliar essa a¸c˜ao e respetivas pr´e-condi¸c˜oes.

A solu¸c˜ao deste problema parte da caracteriza¸c˜ao da dinˆamica dos com- ponentes BDI (pr´e-condi¸c˜ao, a¸c˜ao, plano, desejo e inten¸c˜ao) e da avalia¸c˜ao das dinˆamicas de transi¸c˜ao de estado atrav´es de altera¸c˜oes, e.g. uma a¸c˜ao a1 para ser considerada operacional, tem de ver verificadas determinadas

pr´e-condi¸c˜oes como verdadeiras e, suponha-se que em determinado instante, apenas parte destas ´e que o s˜ao, pelo que a a¸c˜ao se encontra no estado “N˜ao Operacional”. Na itera¸c˜ao seguinte, as pr´e-condi¸c˜oes que restavam como fal- sas passaram a ser verdadeiras e o motor BDI, no momento de avalia¸c˜ao da a¸c˜ao a1 ir´a apenas verificar que as pr´e-condi¸c˜oes que eram falsas passaram a

verdadeiras, transitando a a¸c˜ao a1 para o estado “Livre”.

Apenas os componentes BDI que nunca foram alvo de avalia¸c˜ao ´e que ter˜ao de ser avaliados pelo conte´udo completo da base de informa¸c˜ao.

68 Cap´ıtulo 5. Arquitetura de Agente Proposta

A movimenta¸c˜ao do agente pelos diversos grupos da organiza¸c˜ao podendo, inclusive, assumir qualquer papel, exige por parte do motor BDI a capacidade de dinamicamente alterar os seus planos e a¸c˜oes. A capacidade do motor BDI receber e delegar objetivos tamb´em tem de ser considerada, bem como a rece¸c˜ao de cren¸cas e capacidades provenientes da estrutura organizacional.

Assim sendo, foi definida a dinˆamica do motor BDI que se encontra re- sumida na figura 5.10.

Figura 5.10: Resumo da dinˆamica do motor BDI.

O processo de atualiza¸c˜ao do modelo interno inicia-se pela atualiza¸c˜ao de planos e a¸c˜oes (caso haja altera¸c˜ao do papel na organiza¸c˜ao), segue pela rece¸c˜ao das altera¸c˜oes de capacidades dos seus subordinados, pela rece¸c˜ao dos objetivos delegados e termina com a atualiza¸c˜ao das cren¸cas e respetiva verifica¸c˜ao de quais ´e que foram alteradas.

5.5. Subsistema Deliberativo 69

O processo de reconsidera¸c˜ao compreende a valida¸c˜ao dos componentes do modelo BDI: a¸c˜oes, planos, desejos e inten¸c˜oes.

A valida¸c˜ao de a¸c˜oes ´e feita pela verifica¸c˜ao da verdade das suas pr´e- -condi¸c˜oes.

A valida¸c˜ao de planos ´e feita pela verifica¸c˜ao da verdade das suas pr´e- condi¸c˜oes e contexto, e da operacionalidade das a¸c˜oes do corpo pela avalia¸c˜ao do estado das suas a¸c˜oes.

A valida¸c˜ao de desejos ´e efetuada, numa primeira fase, pela verifica¸c˜ao da existˆencia de planos que os concretizem. Na eventualidade de existirem planos que concretizem um desejo, a sua valida¸c˜ao ´e efetuada pela verifica¸c˜ao dos estados dos planos.

No final da valida¸c˜ao de desejos, se existir pelo menos um desejo no estado “Pendente” ´e necess´ario reconsiderar.

A valida¸c˜ao das inten¸c˜oes compreende as seguintes verifica¸c˜oes:

• o desejo para o qual a inten¸c˜ao foi gerada se encontra concretizado; • as a¸c˜oes atuais dos planos foram conclu´ıdas, avan¸cando-os para o passo

seguinte;

• os planos se encontram conclu´ıdos;

• a validade dos planos que comp˜oem a inten¸c˜ao, verificando se o estado do plano para o contexto ainda se mant´em operacional;

• a existˆencia de desejos com maior utilidade que os desejos das inten¸c˜oes atuais, mas para os quais existam planos que se encontrem operacionais relativamente `as suas pr´e-condi¸c˜oes, mas inoperacionais relativamente `

as suas a¸c˜oes, devido a estas se encontrarem reservadas ou em uso por estas inten¸c˜oes.

Os planos que se encontram conclu´ıdos s˜ao removidos da inten¸c˜ao e esta termina quando j´a n˜ao cont´em nenhum plano.

Quando o estado de um plano de uma inten¸c˜ao para o seu contexto ´e “N˜ao Operacional”, a inten¸c˜ao ´e terminada automaticamente.

70 Cap´ıtulo 5. Arquitetura de Agente Proposta

Na eventualidade de existirem desejos com maior utilidade, cujos planos n˜ao possam ser utilizados devido `a utiliza¸c˜ao de a¸c˜oes por parte de outras inten¸c˜oes, estas ´ultimas s˜ao terminadas, as suas a¸c˜oes libertadas e o respetivo desejo transita para o estado “Espera”, tal como apresentado na figura 5.7. Os desejos com maior utilidade transitam para o estado “Pendente”.

Em consonˆancia com o modelo BDI, o processo de delibera¸c˜ao ´e composto pelos processos de gera¸c˜ao de op¸c˜oes e sele¸c˜ao de op¸c˜oes. O processo de gera¸c˜ao de op¸c˜oes identifica todos os desejos poss´ıveis de realizar, ou seja, seleciona todos os desejos no estado “Pendente”, entregando-os ao processo de sele¸c˜ao de op¸c˜oes. O processo de sele¸c˜ao de op¸c˜oes seleciona desejos por ordem decrescente de utilidade e gera, para cada um deles, uma inten¸c˜ao. Na eventualidade de dois ou mais desejos necessitarem da mesma a¸c˜ao para serem concretizados, apenas ser´a gerada uma inten¸c˜ao para o desejo de maior utilidade, permitindo a concretiza¸c˜ao do m´aximo de desejos poss´ıveis em simultˆaneo sem que estes colidam nas necessidades de a¸c˜ao.

No final do processo de delibera¸c˜ao pode: (i) n˜ao existir nenhuma in- ten¸c˜ao; ou (ii) existir uma ou mais inten¸c˜oes compostas, cada uma, por um ou mais planos.