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3.4 As políticas públicas em Educação a Distância no Brasil nos

3.4.4 Diplomas e certificados de cursos a distância

Conforme o artigo 6º do Decreto 5.622/05, os convênios e os acordos de cooperação celebrados para fins de oferta de cursos ou programas a distância entre instituições de ensino brasileiras, devidamente credenciadas, e suas similares estrangeiras, deverão ser previamente submetidos à análise e

homologação pelo órgão normativo do respectivo sistema de ensino, para que os diplomas e certificados emitidos tenham validade nacional.

A Resolução CES/CNE 01, de 3 de abril de 2001, relativa a cursos de Pós-graduação, dispõe, no artigo 4º, que “os diplomas de conclusão de cursos de Pós-graduação stricto sensu obtidos de instituições de ensino superior estrangeiras, para terem validade nacional, devem ser reconhecidos e registrados por universidades brasileiras que possuam cursos de Pós- graduação reconhecidos e avaliados na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior ou em área afim”.

Vale ressaltar que a Resolução CES/CNE nº 2, de 3 de abril de 2001, determina no caput do artigo 1º, que “os cursos de Pós-graduação stricto sensu oferecidos no Brasil por instituições estrangeiras, diretamente ou mediante convênio com instituições nacionais, deverão imediatamente cessar o processo de admissão de novos alunos”.

Estabelece, ainda, que essas instituições estrangeiras deverão, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de homologação da Resolução, encaminhar à Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES - a relação dos diplomados nesses cursos, bem como dos alunos matriculados, com a previsão do prazo de conclusão. Os diplomados nos referidos cursos “deverão encaminhar documentação necessária para o processo de reconhecimento por intermédio da CAPES”.

Barreto (2001) cita o caso do Consórcio UniRede (www.unirede.br) apresentado como “um canal privilegiado de capacitação do magistério” através da oferta de cursos a distância nos níveis de Graduação, Pós- graduação, extensão e educação continuada em conformidade com os Objetivos e Metas do capitulo 6 do PNE do MEC (www.mec.gov.br).

Recentemente, como já apontado, Portaria do MEC permite às instituições de Ensino Superior a oferta de disciplinas não presenciais em cursos presenciais reconhecidos, o que realimenta a discussão sobre a EAD no ensino superior. Muitos educadores estão se perguntando que tipo de resposta essa modalidade pode dar para a formação de profissionais em nível superior e

que vantagens apresentar em relação à modalidade presencial. Nesta perspectiva, o MEC, por meio de decretos e pareceres e na LDB, tem referenciado a adoção da modalidade educação a distância sem a devida reflexão sobre suas implicações no sistema atual de ensino superior.

Segundo Moran, existem algumas formas de organização25 para a oferta

de cursos a distância:

1. Instituições Isoladas – São instituições de ensino superior que, além dos cursos presenciais, oferecem cursos a distância. Podem oferecer cursos em todos os níveis de ensino.

2. Associações e Consórcios – Tratam-se de IES que unem esforços para oferta de cursos a distância em vários níveis. Esta “associação” poderá ser pontual ou temporária.

3. Instituições exclusivamente virtuais. Este tipo de organização favorece a construção de redes de educação a distância. No Brasil há exemplos interessantes, como o CEDERJ - Centro de Educação Superior do Rio de Janeiro, Instituto UVB – Universidade Virtual Brasileira, UNIREDE - Universidade Virtual Pública do Brasil, UniVirCo – Universidade Virtual do Centro Oeste e o RICESU – Rede de Instituições Católicas de Ensino Superior.

4. Instituições virtuais – São aquelas criadas exclusivamente para oferecer cursos à distância, principalmente em cursos de extensão.

De um modo geral, esse quadro de diretrizes e iniciativas impõe à sociedade civil, aos pesquisadores da área e aos agentes institucionais que compõem o corpo universitário brasileiro a tarefa de intensificar as reflexões sobre as transformações recentes e os debates desse tema na educação superior. Para tanto, vale ressaltar o que já se afirmou em outros momentos

25 Cf. A Educação superior a distância no Brasil. Disponível em

neste trabalho: que as políticas são feitas por pessoas e para pessoas e nunca sem debate, já que não estão prontas e acabadas.

Acredita-se que a Educação superior poderá constituir um sistema que contribua efetivamente com esta discussão e com a consolidação das bases teóricas para a Educação Aberta e a Distância bem como para com o arcabouço legal que a institui na educação superior.

Compreende-se que há, uma aposta cada vez mais clara nos novos materiais de ensino como substitutos da melhoria das condições de trabalho e formação de professores. Também no interior das universidades, iniciativas de duplicação/simplificação de meios de acesso à formação profissional estão em curso.

Enfim, como apontado por Shiroma (2002), uma análise das políticas sociais se obrigaria a considerar não apenas a dinâmica do movimento do capital, seus meandros e articulações, mas os antagônicos e complexos processos sociais que com ele se confrontam.

4 EDUCAÇÃO SUPERIOR ABERTA E A DISTÂNCIA: A UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

4.1 Introdução

“A universidade do futuro está aberta a toda pessoa que pode participar do ensino com sucesso, portanto também para muitos adultos em idade média ou adiantada. Ela não impõe locais e horários de estudo compulsórios. Portanto, o estudo pode ser iniciado, interrompido e retomado, exatamente de acordo com as necessidades da vida da carreira profissional dos estudantes. O estudo é realizado tanto em tempo integral quanto em tempo parcial, podendo-se alternar as duas formas. Onde isso for possível, o ensino se orienta mais pela prática profissional e pessoal dos estudantes. O estudo básico e o.estudo de formação complementar se confundem e, em parte, estão inter-relacionados. A universidade do futuro emprega tanto componentes do ensino com presença quando do ensino a distância e desse modo consegue com vistas às formas de ensino e aprendizagem, uma flexibilidade jamais vista.Dependendo da inclinação e da necessidade, os alunos podem decidir entre os seguintes modos de estudar: seminários, aulas práticas,trabalhos com cursos de ensino a distância auto-instrutivos, estudo digital, estudo digital em todas as suas formas (por exemplo, multimídias, hipertexto e teleconferências), estudo autônomo aberto, bem como estudo fechado com pacotes de ensino rigorosamente estruturados.Também podem fazer combinações com esses modos de ensino, tanto paralela quanto seqüencialmente. É possível inclusive fazer uso das ofertas de várias instituições ao mesmo tempo.Trabalha-se com módulos de ensino. Créditos obtidos em diferentes instituições são acumulados e servem de base para graduações.Pode-se recorrer tanto a uma assessoria intensiva quanto de ensino quanto a uma assistência tutorial competente na respectiva área, especialmente como complementação do estudo autônomo aberto. Ambas as formas têm uma importância que jamais puderam ter no tradicional ensino em presença ou ensino a distância. A universidade do futuro é a escola superior flexível por excelência”. (PETERS, 2001,p.382)

O texto acima traduz de forma ampla o conceito de Educação Aberta que se quer imprimir ao projeto de Universidade Aberta. Terá que ser um sistema cujo projeto pedagógico contemple as especificidades da EAD e que seja de fato construído em parceria ou em consórcio com e entre universidades.

No Brasil, a educação superior aberta e a distância constitui ainda uma incógnita. Esta afirmação, feita em 1992 pela pesquisadora Maria Helena Teixeira, hoje em 2006, embora com alguns avanços, continua refletindo a realidade.

A falta de legitimidade da EAD pelas instituições de ensino superior no Brasil ainda constitui um entrave, além, é claro, da falta de decisões políticas claras para a continuidade efetiva dos projetos de governo, em relação principalmente ao financiamento.

Neste sentido, realizou-se um estudo acerca desta proposta que não é nova, porém se inova neste tempo e neste espaço enquanto proposta educativa que faz uso da modalidade educação a distância como principal forma de consolidação.

A pesquisa envolveu documentos do Centro de Recursos Educacionais - CERED – de 1988, bem como documentos legais do período de 1972 a 1991. A base principal foi o volume da publicação dos documentos advindos da comissão especial que, no prazo de 90 dias, discutiu e propôs alternativas sobre o tema da indicação 18/86: Ensino a Distância - Universidade Aberta, de autoria do conselheiro Arnaldo Niskier, além da pesquisa de Maria Helena Teixeira26. Também baseou-se nos atuais documentos da Universidade Aberta

do Brasil – MEC/SEED de 2005 e 200627

O projeto da Universidade Aberta é mais uma possibilidade de inserção das IES na educação a distância. Para tanto, é preciso

26 TEIXEIRA, Maria Helena Gonçalves. Educação Superior Aberta e a Distância análise das

proposiçòes para implementação de uma política educacional alternativa. Dissertação de Mestrado. UnB, 1992

compreender seus propósitos educativos antes de se deixar levar pelas possibilidades de modernização em curto prazo.

Segundo os documentos do Fórum das Estatais em 2000

”o projeto Universidade Aberta do Brasil representa a convergência de esforços das instituições participantes do Fórum das Estatais pela educação rumo à criação das bases da primeira Universidade Aberta (UAB) do país e tem se consolidado a partir de amplos e democráticos debates, particularmente da interlocução entre governo Federal, empresas estatais e a Associação Nacional dos Dirigentes das instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES”.28

Desde a década de 70 há vários registros de iniciativas no Brasil, quando se inicia a discussão da modalidade educação a distância como sendo uma alternativa para o ensino superior, aliás, sob a mesma denominação, ou seja, Universidade Aberta do Brasil, inspirada pelo modelo da Open University.

Uma análise mais global do conjunto de questões levantadas permite concluir que a EAD continua sendo um assunto de Governo. Não apenas por parte do MEC/SEED, mas de outros organismos de classe.

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