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Diplomas legais de âmbito nacional

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CAPÍTULO 3 – CALDAS NOVAS E OS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E A POLUIÇÃO AMBIENTAL

3.1.2. Diplomas legais de âmbito nacional

Em 1973, o Brasil criou a Secretaria do Meio Ambiente-SEMA, sendo transformada em Ministério do Meio Ambiente por força do artigo 21 da Lei n.º 8.490/92.

Em 1981 é promulgada a Lei n.º 6.938 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 as normas de proteção ambiental são elevadas à categoria de normas constitucionais, dedicando um capítulo especialmente à proteção do meio ambiente, tema que permeia todo o texto constitucional, sendo a primeira Carta Política do Brasil a inserir normas de proteção ambiental. As disposições constitucionais sobre o meio ambiente estão inseridas no Título VIII (da ordem social), Capítulo VI, da Constituição da República de 1988, mais especificamente no seu artigo 225,

caput, parágrafos e incisos.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

O artigo 225, § 1º, inciso V, traz a figura da gestão do risco, preceituando que compete ao Poder Público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Assim o constituinte estabeleceu os fundamentos para a gestão dos riscos em matéria ambiental. Helini Sivini Ferreira30 ensina que “nesse sentido, toda e qualquer atividade que possa vir a comprometer a integridade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado deve ser devidamente avaliada pelo Poder Público, com o propósito de afastar ou minorar os riscos que dela possam decorrer”.

Portanto, cabe ao Estado, exercendo seu poder de polícia, fiscalizar e orientar quanto aos limites em usufruir o meio ambiente, visando colocar termo às atividades nocivas.

Cumpre observar ainda o art. 225, § 3º da CF/88. Esse dispositivo trata da tríplice responsabilização, quando diz que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente podem sujeitar os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, simultaneamente, a sanções penais, administrativas e cíveis.

No âmbito infraconstitucional, mas de abrangência nacional, os principais diplomas legais pertinentes aos resíduos sólidos são a Lei n.º 11.445/2007, que trata da Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) e a Lei n.º 12.305/2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Essas leis estão intrinsecamente ligadas entre si e constituem um marco regulatório no país. Não se pode olvidar ainda da Lei n.º 11.107/2005 que dispõe sobre a contratação de consórcios públicos, sendo o sustentáculo para a realização da PNRS e PNSB.

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais

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problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: Dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pré-consumo e pós-consumo. Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal, além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Em relação à Política Nacional de Saneamento Básico, destacam-se os seguintes aspectos: Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços; prevê a criação de uma entidade reguladora dotada de independência decisória, autonomia administrativa, orçamentária e financeira; estabelece a publicidade e a disponibilização de informações pelos prestadores dos serviços públicos, tanto à entidade reguladora quanto aos usuários e ao público geral; estabelece objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para a universalização dos serviços de saneamento básico; a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal têm obrigação de elaborarem seus planos de saneamento básico. Sem esse documento, os estados, municípios e Distrito Federal não poderão receber recursos federais para projetos de saneamento básico, definidos na lei como o conjunto de serviços, infraestruturas, e instalações operacionais relativos aos processos de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo das águas pluviais urbanas; sempre que possível, assegurar a sustentabilidade econômico-financeira dos serviços públicos de saneamento básico, mediante cobrança de taxas, tarifas ou outros preços públicos; institui o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico – SINISA, que tem por objetivo coletar e sistematizar dados, disponibilizar estatísticas e permitir o monitoramento e avaliação dos serviços de saneamento básico.

Recentemente foi publicada a Lei n.º 13.089, de 12 de janeiro de 2015, que institui o Estatuto da Metrópole, estabelecendo diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e a

execução das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados, normas gerais sobre o plano de desenvolvimento urbano integrado e outros instrumentos de governança interfederativa, e critérios para o apoio da União a ações que envolvam governança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano. No que pese esta lei não aplicada diretamente ao município de Caldas Novas, pode orientar os gestores públicos, em conjunto com o Estatuto da Cidade, na melhor gestão da atividade de disposição de resíduos sólidos urbanos, pois está intrinsecamente adstrita a todos os municípios.

Em consonância, os diplomas legais apresentados orientam e direcionam as alternativas de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos a serem avaliados durante a elaboração do plano estadual, já que vinculam a priorização de recursos federais aos municípios ou estados que optarem por iniciativas apontadas nessas leis.

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