• Nenhum resultado encontrado

3. CONVENÇÃO DO MÉXICO

3.4. DIREITO APLICÁVEL À VALIDADE FORMAL

Para determinar se o contrato internacional é válido quanto à forma, a

Convenção do México, em seu art. 13, prevê meios que visam salvaguardar o contrato

de uma invalidade formal

308

. Este artigo determinou que a validade formal do contrato

pode ser verificada pela lex contractus (a lei segundo esta Convenção), pela locus regit

actum (a lei do local de celebração) ou ainda pela lex loci executionis (lei do local da

execução). Importante mencionar que o contrato será formalmente válido se, por

qualquer um desses direitos for assegurada

309

. Ainda que o direito eleito pelas partes

considere o contrato inválido, sua validade formal pode ser comprovada pelo direito do

local onde foi celebrado ou pelo direito do local de sua execução

310

.

regulamento a aplicação das normas jurídicas em vigor nesse país, com exclusão das suas normas de direito internacional privado, salvo disposição em contrário no presente regulamento”.

307 JAERGER, Guilherme Pederneiras. Lei Aplicável aos Contratos Internacionais, O Regime Jurídico

Brasileiro e a Convenção do México, Curitiba Juruá Editora, 2006, p. 136

308 Art. 13 da Convenção do México “Um contrato celebrado entre partes que se encontrem no mesmo

Estado será válido, quanto à forma, se atender aos requisitos estabelecidos no direito que rege tal contrato, segundo esta Convenção, ou aos estabelecidos no direito do Estado em que for celebrado ou

no direito do lugar de sua execução. Se, no momento da sua celebração, as partes se encontrarem em

diferentes Estados, o contrato será válido quanto à forma, se atender aos requisitos estabelecidos no direito que o rege, segundo esta Convenção, ou aos estabelecidos no direito de um dos Estados em que for celebrado, ou no direito do lugar de sua execução”.

309 JAERGER, Guilherme Pederneiras. Lei Aplicável aos Contratos Internacionais, O Regime Jurídico

Brasileiro e a Convenção do México, Curitiba Juruá Editora, 2006, p.134 ; TAQUELA, María Blanca Noodt, in Diego P. Fernández. Arroyo (coordinator) Derecho Internacional Privado de los Estados del Mercosur, Zavalia Editor, 2003, p. 1005 “La forma del contrato si rige por la ley aplicable a la validez sustancial del mismo, o por la ley de cualquiera de los lugares donde se celebra, o por la ley del lugar de ejecución del contrato (art.13)”.

310 JAERGER, Guilherme Pederneiras. Lei Aplicável aos Contratos Internacionais, O Regime Jurídico

82

A bem da verdade, trata-se de uma norma alternativa que permite aplicar o

direito mais favorável à validade do ato, como tradicionalmente ocorre em matéria de

formas

311

.

Necessário se faz mencionar que se as partes do contrato se encontrarem em

Estados diferentes, a validade formal poderá ser confirmada não só pelo direito do

contrato ou do local da execução, mas também pelo direito do Estado de qualquer uma

das partes, tal como se o local da celebração fosse o da residência de ambas partes

312

.

Em suma, quando as partes estão em Estados diferentes, podem demandar,

alternativamente, quatro direitos aplicáveis à forma do contrato, devendo sempre

priorizar o que for mais favorável à validade do ato

313

.

Interessante destacar que quando o contrato se celebra por meio de um

representante, reputa-se lugar de celebração o local onde este se encontra. Esta solução

é admitida pacificamente, ainda que não esteja mencionada de forma expressa na

Convenção do México

314

.

O texto adotado pela Convenção do México é mais arrojado do que o texto do

anteprojeto do Professor Siqueiros, eis que este último não admitia a possibilidade de

comprovar a validade pela lei local da execução. No entanto, a Convenção do México,

em sua redação final, incorporou a lei do local de execução como mais uma opção para

a satisfação da validade formal

315

.

311TAQUELA, María Blanca Noodt, in Diego P. Fernández. Arroyo (coordinator) Derecho Internacional

Privado de los Estados del Mercosur, Zavalia Editor, 2003, p.1005 “Se trata de una norma alternativa que permite aplicar el derecho que resulte más favorable a la validez del acto, como es tradicional en materia de formas”.

312 JAERGER, Guilherme Pederneiras. Lei Aplicável aos Contratos Internacionais, O Regime Jurídico

Brasileiro e a Convenção do México, Curitiba Juruá Editora, 2006, p.135; TAQUELA, María Blanca Noodt, in Diego P. Fernández. Arroyo (coordinator) Derecho Internacional Privado de los Estados del Mercosur, Zavalia Editor, 2003, p.1005 “Cuando las partes se hallan en distintos Estados, la forma se rige por la ley de cualquiera de los Estados donde se encuentran las partes al momento de la celebración (Ciuro Caldani)”.

313 TAQUELA, María Blanca Noodt, in Diego P. Fernández. Arroyo (coordinator) Derecho

Internacional Privado de los Estados del Mercosur, Zavalia Editor, 2003, p.1005 e 1006

314 TAQUELA, María Blanca Noodt, in Diego P. Fernández. Arroyo (coordinator) Derecho

Internacional Privado de los Estados del Mercosur, Zavalia Editor, 2003, p.1005 e 1006

315 PARRA-ARANGUREN, Gonzalo. La Quinta Conferencia Especializada Interamericana Sobre

Derecho Internacional Privado (CIDIP-V, Mexico, 1994), p. 148 “La validez formal del contrato resultó favorecida después del examen del artículo décimo tercero, por cuanto se le agregó a su párrafo, en

83

Não podemos deixar de mencionar que o Regulamento Roma I, em seu artigo

11, também faz referência a questão da validade formal do contrato, assim como o

artigo 9 da Convenção de Roma

316

.

Cabe ressaltar que o Regulamento Roma I, em seu artigo 11.2 parte final,

trouxe um acréscimo ao artigo 9.2 da Convenção de Roma “...ou pela lei do país em

que se encontre qualquer das partes ou os seus representantes aquando da sua

celebração, ou pela lei do país em que qualquer das partes tenha a sua residência

habitual nessa data

317

” Assim como o número anterior, o número 3 do artigo 11 do

Regulamento, também em sua parte final, acrescentou ao artigo 9.4 da Convenção de

Roma “ou pela lei do país em que a pessoa que o praticou tenha a sua residência

habitual nessa data”

318

.

O artigo 11.4 do Regulamento equivale ao artigo 9.5 da Convenção de Roma.

Já o artigo 11.5 do Regulamento

319

corresponde ao artigo 9.6 da Convenção de Roma,

forma alternativa, la posibilidad de satisfacer las formalidades previstas por el derecho del lugar de la ejecución”.

316 PINHEIRO, Luis de Lima. O Novo Regulamento Comunitário Sobre a Lei Aplicável às Obrigações

Contratuais (Roma I)- Uma Introdução, p. 632 “O art. 11 do Regulamento regula a validade formal do contrato, em termos semelhantes aos do art. 9 da Convenção de Roma, mas com o reforço do favor

negotii através da introdução de mais elementos de conexão em algumas conexões alternativas. A

disposição distingue entre contratos entre presentes n.1 e contratos entre ausentes n.2”.

317Artigo 11.2 do Regulamento “Um contrato celebrado por pessoas ou pelos seus representantes que se

encontrem em países diferentes aquando da sua celebração é válido quanto à forma, se preencher os requisitos de forma prescritos pela lei reguladora da substância, determinada nos termos do presente regulamento, ou pela lei do país em que se encontre qualquer das partes ou os seus representantes

aquando da sua celebração, ou pela lei do país em que qualquer das partes tenha a sua residência habitual nessa data”.

318 PINHEIRO, Luis de Lima. O Novo Regulamento Comunitário Sobre a Lei Aplicável às Obrigações

Contratuais (Roma I)- Uma Introdução p. 633 “A relevância da observância da forma prescrita pela lei da residência habitual de uma das partes de um contrato entre ausentes, introduzida pelo Regulamento, é especialmente importante para os contratos celebrados através da internet em que o lugar em que cada contraente se encontra no momento da celebração do contrato é frequentemente desconhecido e desprovido de significado”; Artigo 11.3 do Regulamento “Um acto jurídico unilateral relativo a um

contrato celebrado ou a celebrar é formalmente válido, se preencher os requisitos de forma prescritos pela lei reguladora da substância do contrato, determinada nos termos do presente regulamento, ou

pela lei do país em que esse acto é praticado ou pela lei do país em que a pessoa que o praticou tenha a sua residência habitual nessa data”.

319 Artigo 11.5 do Regulamento “Sem prejuízo dos n.os 1 a 4, o contrato que tenha por objecto um

direito real sobre um bem imóvel ou o arrendamento de um bem imóvel está sujeito aos requisitos de forma da lei do país em que o bem imóvel está situado, desde que, nos termos desta lei: a) Esses requisitos sejam impostos, independentemente do país em que o contrato seja celebrado e da lei que o regular, e b) Esses requisitos não sejam derrogáveis por acordo”.

84

tendo acrescentado a alínea b que menciona “ b) Esses requisitos não sejam

derrogáveis por acordo

320

.”

Em suma, podemos observar que a Convenção do México, de forma mais

abrangente do que o Regulamento Roma I e Convenção de Roma, facilita a validade

formal do contrato. Isto porque a Convenção do México acrescentou a possibilidade de

verificação da validade formal por meio da lei de execução, o que não é admitido nem

pela Convenção de Roma nem pelo Regulamento Roma I.