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Receita Pública Despesa Pública * Receitas oriundas de operações de crédito (empréstimos e títulos públicos) * Receitas originais (patrimoniais, financeiras, industriais, comerciais) * Receitas derivadas (tributárias) * Gastos estatais

As receitas e despesas do Estado devem necessariam ente constar dos orçam entos públicos, e, nesse sentido, cabe falar em um Direito Orçamentário, parcela do Direito Financeiro.

O Direito Tributário cuida especificamente das receitas de- rivadas do patrim ônio particular transferidas para o tesouro público mediante “obrigações tributárias” previstas em lei. A ênfase do Direito Tributário centra-se na relação jurídica e não na atividade estatal de obtenção de receitas. Não é Direito do Estado, é relação jurídica entre sujeitos de direito sob os auspícios da legalidade e da igualdade.

3.4 - A relação tributária: cerne do Direito Tributário

O objeto do Direito Tributário, portanto, é regrar relação jurídica que se estabelece entre o Estado e as pessoas física s e ju r íd i-

cas, tendo em vista o pagamento dos tributos por estas últimas e o rece- bimento dos mesmos pelas pessoas políticas ou, se se preferir, pelo Es- tado. Dito objeto é de grande abrangência, embora restrito ao tributo e à tributação (implicando direitos e deveres entre o Estado e os contribu- intes). E esta parcela da realidade social que se constitui objeto do Di- reito Tributário. Gota de água? Um grande lago?

- Nada disso; um oceano e suas margens.

3 . 5 - 0 objeto no tempo e no espaço - O papel do sujeito cognoscente

Importa, finalmente, e desde já, advertirmo-nos de um as- pecto bastante delicado quanto ao objeto do Direito Tributário. Não é possível que esse objeto seja igual no tempo e no espaço. Mediante o Direito Comparado podemos estudá-lo simultaneamente em diversos países e anotar as semelhanças e diversidades. Podemos estudá-lo no tempo fazendo a história do Direito Tributário (de grande riqueza).

Todavia, este curso é sobre Direito Tributário brasileiro e tem por objeto, aqui e agora, a relação tributária entre o Estado e o contribuinte e sua regulação pelas normas e princípios do Direito Positivo.

Ricardo Lobo Tôrres29 nos fornece um bom conceito do que seja relação jurídica tributária como objeto do Direito Tributário:

“A relação ju ríd ica tributária é complexa, pois abrange um conjunto de direitos e deveres do Fisco e do contribuin- te. A Fazenda pública tem o direito de exigir do contribuin- te o pagamento do tributo e a prática de atos necessários a sua fiscalização e determinação; mas tem o dever de prote- ger a confiança nela depositada pelo contribuinte. O sujei- to passivo, p o r seu turno, tem o dever de pagar o tributo e

de cum prir os encargos fo rm a is necessários à apuração de débito; m as tem o direito ao tratam ento igualitário p o r parte da Adm inistração e ao sigilo com relação aos atos praticados. P odem os assim representar graficam ente o

com plexo de direitos e deveres:

Relação Jurídica Tributária

não pecuniários pecuniários pecuniários não pecuniários

Relação instrumental (obrigação acessória)

Na relação jurídica tributária podem-se distinguir os seus aspectos substantivos (materiais) e administrativos (formais), o que constitui projeção da distinção, antes examinada entre o Direito Tributário Material e o Direito Tributário Formal. A relação jurídica tributária material compreende os víncu- los surgidos das leis que dispõem sobre os tributos. A relação fo rm a l abrange os vínculos decorrentes das leis sobre os de-

veres instrumentais e os procedimentos administrativos ne- cessários à exigência do tributo. ”

Fazemos questão de notar que a obrigação tributária, en-

entre pessoas. O conceito de relação jurídica utilizado pelo autor citado é mais am plo (relação fisco-contribuinte). Está certo, encontramos inú- meros institutos a ela conexiados. Eis o Direito Tributário.

3.6- O D ireito Tributário com o objeto

Cabe agora nos referirm os ao Direito Tributário, mormente o brasileiro, como objeto da Ciência do Direito Tributário.

Decerto já se pode adivinhar que no caso o objeto é o D irei- to Tributário Positivo. E preciso, no entanto, licenciar o autor, na consi- deração do D ireito-O bjeto (e portanto da sua linguagem como vertida nas leis), a fazer considerações críticas não apenas de ordem técnica, senão tam bém axiológicas. Isto se diz, já no pórtico, em razão de termos feito um a delim itação da C iência do Direito como uma ciência que tem por objeto o Direito Positivo tão-somente.

De fato assim é. Mas foi reivindicado para o jurista, igual- mente, o clam or da indignação e a necessidade de inserir no Direito- Sistem a os valores do ju s to e do igual, e isto só pode ser feito com postulados que estão no mundo dos valores. O jurista não pode se es- conder no tecnicism o positivista. Insistim os com V ilanova em dizer que “se a norm a é dever-ser, é dever-ser de algo” . Se a lei natural descreve o m undo (a água congela a zero grau), e a lei jurídica prescreve condutas (ter renda, pagar imposto de renda), ao jurista interessa, de uma vez por todas, o conteúdo mesmo do dever-ser. Buscar a ju stiç a ainda que con- tra o Direito Positivo, com o está no dístico da Faculdade de Direito da U niversidade Federal de M inas Gerais.

3 .7 - Opulência ju ríd ica do Direito Tributário brasileiro - A s prim ícias do intérprete

O Direito Positivo brasileiro é extrem am ente rico se com pa- rado com o Direito de outros povos. A nossa Constituição é a que mais contém regras e princípios tributários em todo o orbe. D em ais disso, entre os Estados Federais, o Brasil é o que mais regrou as com petências e lim itações das pessoas políticas que convivem na Federação. Elabora- mos a teoria das normas gerais mais que qualquer povo.

Em decorrência dessas características, o D ireito Tributário Positivo do Brasil, para ser descrito pelo cientista do D ireito Tributário, exigirá extrem o rigor na sistem atização das matérias.

Pensam os que se o Direito é piram idal, podem os descrevê- lo do ápice para a base ou da base para o ápice. Por isso que as norm as jurídicas extraem validez de um a norm a que lhes está im ediatam ente

acima. A norm a que está no topo é justam ente a constitucional. E la é que confere validez às dem ais norm as do sistema, até as mais ínfimas, os regulam entos e as instruções norm ativas das autoridades adm inistra- tivas. Subir ou descer a pirâm ide norm ativa, tanto faz.

3.8 - D ireito Tributário e Estado

E preciso nos determ os na consideração do Estado. Estado (poder) e D ireito (norma) se entrelaçam . Há quem veja, aqui e alhures, m orm ente os jusnaturalistas, o Direito fora do Estado. A rgumentam com os estatutos de um clube privado e regras outras não produzidos pelo Estado, até m esm o contratos inom inados, para provar a tese. Ora, qual- quer estatuto ou contrato só poderá obrigar as pessoas envolvidas por- que um a norm a de Direito terá dito: “E lícito, em tais e quais circuns- tâncias, aos particulares, celebrar convenções que devem ser obedeci- das.” De todo modo, se desobedecidas, não será sem pre um órgão do

Estado que as fará cum prir?

H art já notara, o dissem os, as regras-de-transform ação, no Direito Positivo, dando com petência às pessoas e órgãos para a produ- ção de norm as jurídicas, inovando a ordem jurídica. O Estado está como que no centro do universo jurídico. No D ireito Tributário, dominado pelo princípio da legalidade, só o Legislativo produz leis, e o Legislativo é um dos Poderes do Estado. O Direito Tributário é, necessariam ente, aplicado por atos adm inistrativos praticados por funcionários do Poder Executivo, que tam bém é um Poder do Estado. Finalm ente, o Judiciá- rio resolve as pendências tributárias, outro Poder do Estado ante o qual nenhum a relação ju ríd ica pode ser subtraída (art. 5o, XXXV da C onstituição).

Com o, então, deixar de conhecer o Estado e suas funções, ainda que de passagem ?

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