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Na Educação de Jovens e Adultos a aprendizagem se apresenta como uma necessidade e como condição para o integral exercício da cidadania. Sendo assim, a EJA, se inscreve como concepção de educação emancipadora e permanente (BRASIL, 2000), que chega a assumir uma relevante função para a formação da pessoa jovem e adulta, chegando a superar o tradicional caráter compensatório que historicamente a EJA assumiu no Brasil. Dessa forma, a aprendizagem para a EJA se coloca como uma questão no campo dos direitos pessoais e sociais. Direito esse assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no Art. 22, ao estabelecer que a educação “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.

As Diretrizes Curriculares Nacionais, em seu artigo 3º, define que as propostas de currículo para a primeira etapa de Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos seguirão as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. A Resolução n° 7, de 14 de dezembro de 2010, do Conselho Nacional de Educação, fixa as Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental de 09 (nove) anos.

Essa diretriz exige a contextualização e a transposição didática e metodológica das diretrizes curriculares nacionais do Ensino Fundamental para a especificidade da EJA. A base nacional comum dos componentes curriculares e a sua parte diversificada deverá compor os cursos da EJA, integrando dessa forma, a mesma intencionalidade da Educação Fundamental, o exercício da cidadania às Áreas de Conhecimento (BRASIL, 2000).

No Art. 5° do Parecer (CNE/CEB 11/2000) assegura que os componentes curriculares e o modelo pedagógico próprios da Educação de Jovens e Adultos deverão obedecer aos princípios, aos objetivos e às Diretrizes Curriculares.

Atendendo às exigências previstas nas Diretrizes e pensando, especificamente, na sala de aula da EJA, torna-se necessário os diferentes conhecimentos que se estabelecem como direito de Educação de Jovens e Adultos em algumas áreas. É importante ressaltar que para um currículo de natureza democrática, que venha respeitar as especificidades e a pluralidade do aluno da EJA, é imprescindível a definição de alguns conhecimentos e habilidades básicas a serem apropriados por todos os alunos.

Foi a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental para a EJA que descrevemos alguns direitos de aprendizagem do aluno da EJA, através dos PCNs e da Proposta Curricular para o 1° segmento do Ensino Fundamental em EJA. A indicação desses direitos poderá orientar a ação pedagógica docente para as áreas do conhecimento Linguagem, Matemática, Ciências da Sociedade e da Natureza.

Dentro desse contexto é importante apresentar um currículo para o ensino da EJA, a partir de documentos oficiais, alguns direitos de aprendizagem do jovem e do adulto na EJA. A finalidade não é definir um currículo, é mais do que qualquer coisa, pensar acerca que deve constituir um direito de aprendizagem para o aluno da EJA.

Muitos são os desafios que se colocam em sala de aula para o professor da EJA. As palavras de uma educadora do estado do Sergipe demonstram essa realidade:

O grande desafio dos professores que atuam nessa modalidade de ensino é manter esses alunos em sala de aula. Por isso, é importante

trabalhar com atividades contextualizadas de modo a adequar os conteúdos curriculares aproximando-os à realidade do aluno e dessa forma estimulá-los a permanecer em sala de aula (NASCIMENTO, 2012, p. 94).

Relacionando a questão da permanência do aluno em sala com os processos pedagógicos, a docente tem uma visão atilada sobre os desafios do ensino e aprendizagem na EJA. A apreciação dessa professora indica o desafio, “manter esses alunos em sala de aula”, e ainda propõe uma forma de enfrentamento desse desafio: “é importante trabalhar com atividades contextualizadas”.

Podemos considerar que um bom currículo se alicerça em um bom planejamento de ensino pode ajudar na tarefa de lecionar. Dentro dessa tarefa, atividades apoiadas em uma abordagem dialógica, crítica e reflexiva para que dessa forma possa estimular a expressão da subjetividade do aluno e trazer a tona o material mais precioso no qual devemos debruçar para assim desenvolver o trabalho de ensino a vida do aluno com todas as suas intricadas relações.

É importante destacar a necessidade de elaboração de um currículo escolar com a participação dos alunos jovens e adultos e dessa forma, preconiza-se a garantia do direito de aprender na escola.

4 O PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO: DESAFIOS DA FORMAÇÃO DO (A) EDUCADOR (A)

A proposta de que a escola debata e vivencie questões sociais a coloca dentro da perspectiva cidadã evidenciando a questão da formação de educadores. Ao desenvolver prática educativa os professores precisam também se apoderar de seus direitos e deveres, sentir-se valorizados, participantes do processo de construção, isto é, precisam poder situar-se como educadores e como cidadãos, sujeitos críticos da realidade em que estão.

A questão é que o grande entrave na formação dos educadores está na ausência de disciplinas funcionais voltadas diretamente para a formação política, o que contraria as tendências predominantemente voltadas para o trabalho educativo, neutralizando o conhecimento. Isto é, a escola para um professor possibilita construção na relação de autonomia e participante na relação com a instituição, recriação do seu próprio trabalho, reconhecimento de si, referência com os alunos, seus familiares, comunidade e Estado.

Provavelmente o grande desafio enfrentado é o desconhecimento necessário de investir na formação inicial do educador, é possível afirmar um debate e fomentar programas de formação continuada como processo inerente a essa categoria. Do mesmo modo, refletir valores e princípios, buscar eficácia na formulação e implementação do projeto educativo e assim avançando na mudança e formação.

É evidente que ao falar sobre a formação de educadores, sabe-se que o campo é extremamente heterogêneo e vasto. E ao falar na formação dos educadores para a EJA fica visível que se trata de sujeitos com atuação e vivências em vários cenários da sociedade e a eles, essa formação é buscada diariamente.

Embora a nossa Constituição Federal verse no seu Capítulo III, Seção I – Da Educação, com a efetivação da Lei n° 9394/96 que estabelece as Diretrizes e Bases de Educação Nacional, em parceria com Programa Brasil Alfabetizado, o poder público e sociedade civil13, em cumprimento e eficácia

13 São exemplos de sociedade civil, como sendo: ONG’s, sindicatos, movimentos sociais, constituindo-se como espaços de diálogos entre representantes dos setores públicos, acadêmicos e professores das redes públicas e privadas, entre outros. (OLIVEIRA, 1999).

das legislações citadas visa à qualidade da educação, formação continuada do educador. Em suma, ao educador instituindo-o para a construção coletiva como um processo inerente à sociedade, intencionando a vontade de avançar, superar problemas, priorizar valores em conjunto com todos os atores especializados.

Dessa forma Carvalho e Simões (2006) enfatizam que “A formação de professores apresenta uma relação entre a teoria e a prática na ocupação de uma posição central nas reflexões e alguma questão tem surgido, como: a dicotomia entre os conteúdos específicos e pedagógicos, a ênfase ao bacharelado, o distanciamento entre os cursos e as escolas e a Prática de Ensino caracterizada como área técnica. Já em relação à Formação Continuada, há de se colocar o professor como centro do processo e da pesquisa, e a necessidade de articulação dos saberes docentes, da pesquisa da própria prática docente, da reflexão sobre a reflexão-na-ação, e da relação entre a prática de sala de aula, na escola e no contexto sócio histórico mais amplo.

O estudo sobre a história da legislação da formação de professores constata que essa formação passou a ser assunto de políticas sociais, adquirindo grande visibilidade quando a escolarização se universalizou como direito de cidadania”.

Com toda certeza, as instituições de formação consideram significativamente a heterogeneidade, diversidade de vivencias, histórias e expectativas de vida, ao elaborar cada passo proposto junto às turmas de formação do PBA. Em outras palavras, a formação ampliada, analisada e desenvolvida como um processo contínuo com a efetiva práxis no âmbito do programa.

Se bem que, ao compreender as complexas ações de formação que vão desde o pensar ao fazer, retoma uma prática sistemática em que essa formação resulta sempre no processo contínuo. Além disso, para Freitas (2002) constata que, nos estudos atuais, a avaliação tem sido identificada como estreitamente vinculada à questão da formação de professores, em virtude das políticas e da adoção do modelo de competências na definição das Diretrizes Nacionais. Conduz a uma constante avaliação, análise e reflexão crítica que a

própria formação requer frente ao processo educativo. Além disso, todo o processo de longa experiência como elementares de reflexão sobre a ação procurando adequá-la.

De certo, as instituições bem como os gestores envolvidos entendam que a formação seja um processo contínuo, posto que, a formação inicial possa vim em encontro ao conhecimento de novas concepções que subsidiam o preparo para o pleno desenvolvimento da pratica voltadas para uma gradativa melhora na qualidade da alfabetização junto ao PBA. Com isso:

O saber docente se constrói a partir do ingresso dos sujeitos no mercado de trabalho, ou seja, reafirma-se a autenticidade de uma formação que se processa em um contexto prático. Essa discussão faz explicitar a natureza transitória e provisória dos cursos de formação inicial, oferecidos pelas instituições de ensino superior, porém, não descartando sua importância na formação docente. Apenas esclarece que a formação acadêmica do professor localiza-se entre uma formação que se inicia antes mesmo de seu ingresso na universidade e outra que prossegue durante toda a sua vida profissional (DINIZ- PEREIRA, 2000, p.50-51).

Mesmo enfrentando dificuldades é preciso ter clareza do que se pretende fazer, pois sua prática, sua integração deve passar por um processo de análise e adequação para que se possam reproduzir os melhores resultados. A Prática deverá ser um ponto de equilíbrio entre o conhecimento e a vida social.

Sendo assim, Nóvoa (1997, p.25), afirma que “a formação não se constrói por acumulação de cursos, de conhecimentos ou de técnicas, mas sim através de um trabalho de flexibilidade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal”. É importante que o profissional veja que sua formação está norteada pela prática numa perspectiva de formação-ação, cujo pressuposto é a reflexão que ocorre antes, durante e após a ação.

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