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Os direitos de autor e de propriedade intelectual Por certo que entre os condicionalismos de que Sampaio falava no 1.º

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Capítulo 2. – O contexto do estudo

J. Napier (1550-1617) descobriu o conceito de logaritmo (máquina de

3. Os intervenientes no processo de informatização 1 O enquadramento institucional

3.3. As editoras e o e-publishing

3.3.1. Os direitos de autor e de propriedade intelectual Por certo que entre os condicionalismos de que Sampaio falava no 1.º

Congresso dos Editores Portugueses, encontra-se, também, sem dúvida, o dos direitos de autor e da propriedade intelectual que poderá funcionar como mais um entrave à actividade editorial electrónica.

Até ao século XVIII, as obras de criação intelectual eram da propriedade exclusiva dos impressores e editores, que as podiam reproduzir sem que daí resultasse algum privilégio ou benefício financeiro para o autor, como se pode constatar na resenha cronológica sobre os direitos de autor constante do site da Sociedade Portuguesa de Autores 19.

Os autores tiveram de travar uma luta renhida até verem consagrados os seus direitos. Entre nós, Almeida Garrett foi um dos grandes defensores dos direitos de autor como o afirma António Almeida Santos (1999):

«Antes de ser eleito deputado, Garrett distinguiu-se desde logo pela redacção de um conjunto de notáveis textos legislativos, sobre matérias tão diversas como a reforma do ensino público, ou o direito de autor. Sobre esta última questão desenvolveu, aliás uma famosa polémica com Alexandre Herculano, que tinha uma posição idealista, recusando a considerar a propriedade literária como qualquer outra. A esta posição contrapunha Garrett, que os escritores e os artistas tinham que almoçar todos os dias como toda a gente.»

Em 1839, na sua qualidade de deputado, apresentou à Câmara dos Deputados um projecto de lei sobre a propriedade literária e artística, que foi 19 http://www.spautores.pt/page.aspx?idCat=75&idMasterCat=11

aprovado em 1841, mas que, por razões várias de ordem política, só veio a converter-se em lei em 1851, quando, em 18 de Julho, foi publicada a primeira lei portuguesa sobre direitos de autor. Esta lei manteve-se em vigor até 1867, data em que os direitos de autor e da propriedade intelectual passaram a ser consagrados no Código Civil do Visconde de Seabra que, no seu artigo 579.º, elevava de 30 para 50 anos consecutivos à morte do autor, o direito dos herdeiros a publicar ou autorizar a publicação de uma obra.

De facto, a inexistência de um enquadramento legislativo para a produção de conteúdos digitais, poderá ser uma das razões para explicar o atraso em que nos encontramos no e-publishing. Esta vácuo legislativo é também apontado no Livro Verde para a Sociedade de Informação, Capítulo 7 – O mercado da Indústria da Informação, que aponta para a necessidade de um novo enquadramento legal:

«7.2 .Os direitos de autor apresentam-se como um dos aspectos mais críticos que

afecta o desenvolvimento de novos produtos e serviços para a indústria da informação. As actuais leis não favorecem a adequada protecção num mercado digital, no qual a propriedade intelectual incide sobre produtos que só existem em forma puramente digital, susceptível de serem reproduzidos em todo ou em parte por novos meios de difusão. Assim é fundamental um novo enquadramento legal para os direitos de autor e para os direitos de propriedade intelectual com vista ao desenvolvimento da indústria dos conteúdos em Portugal.» (1997:80).

Todas as orientações e medidas que o Livro Verde adianta sobre como ultrapassar os problemas que se levantam na era do digital, relativamente aos direitos de autor, podem já ser ultrapassados através da instalação de um software de criptografia, para a distribuição automática de direitos que garanta, de imediato o pagamento aos autores e editores. Desta forma, sempre que um ficheiro for copiado de um qualquer site, a percentagem dos lucros de editores e de autores é calculada imediatamente, como ainda, muito recentemente, numa passagem por Lisboa a convite do Programa Europeu Interreg, aquando da sua participação numa mesa redonda sobre Estratégias para a Sociedade do Conhecimento, Ted Nelson o afirmou, numa entrevista publicada no jornal Público, de 14 de Maio de

Capítulo 2. – O contexto do estudo

«A web é fantástica, eu passo quatro horas por dia na Web, mas a Web só permite fazer uma pequena parte das coisas que desejamos (...) não se pode abrir um texto e fazer umas notas à margem, se um texto incluir uma citação de outro não posso ir ver o documento original (só se tiver feito previamente um link à mão (...) Xanadu é o nosso sonho tornado realidade, em Xanadu tudo é possível. Cada documento desta nova Web pode ser modificado por toda a gente, mantendo todas as versões possíveis; quando se faz copy-paste de um parágrafo, de um texto para outro isso cria um link permanente para o texto-fonte; as imagens ou os vídeos têm a dimensão que queremos quando as vemos (as fotos têm um” tamanho” no papel, mas os computadores não são papel e não precisam de ter essa limitação); se se pode usar todo o material que quisermos mesmo que esteja protegido pelo copyright, porque quando usamos um pedaço de um texto com direitos, fazemos um micropagamento ao seu autor sem necessidade de negociação prévia. É a total liberdade de criação e a justa compensação aos criadores. É um mundo onde nada se perde, onde tudo está ligado a tudo, onde a citação é sempre possível e sempre atribuída e onde a colagem e a recombinação são ubíquos» 20

Uma outra medida, esta adiantada por José Afonso Furtado Afonso (1998), é o sistema de «digital watermarks» que, segundo ele, «é um meio económico e ponderado de encarar a defesa dos direitos de autor e copyright.» No mesmo artigo, ainda se pode ler, que um outro projecto lançado pela Association of American Publishers – Digital Object Identifier (DOI), pode levar ao aparecimento de um conjunto de tecnologias que possibilitem o comércio de peças editadas ou cuja informação circule em ambiente digital, de modo a garantir a protecção do copyright.