• Nenhum resultado encontrado

3 COLABORAÇÃO PREMIADA ESTABELECIDA NA LEI N° 12.850/201

3.3 DIREITOS DO COLABORADOR

A Lei nº 12.850/13, que trata das organizações criminosas, além de estabelecer as formalidades necessárias para elaboração do acordo de colaboração premiada, também previu uma série de direitos ao colaborador.

Neste tópico abordar-se-ão os direitos do colaborador previstos no artigo 5º da Lei nº 12.850/13, segundo o qual:

Art. 5º São direitos do colaborador:

I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;

II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;

V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;

VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados. (BRASIL, 2013).

De acordo com o inciso I, é direito do colaborador “usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica”.

A propósito, a legislação a que se refere o inciso acima é a Lei nº 9.807/99, também chamada de lei de proteção às testemunhas que dispõe, também, a respeito da proteção daquele que colaborar com a investigação policial e o processo criminal. Segue preâmbulo da lei:

Estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal. (BRASIL, 1999).

Ainda, a própria lei em seu artigo 1º estabelece a respeito daqueles que serão beneficiados pela medida de proteção, por terem contribuído para as investigações criminais:

Art. 1º As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de programas especiais organizados com base nas disposições desta Lei. (BRASIL, 1999).

Outrossim, a Lei traz um rol de artigos específicos, que tratam sobre a proteção do colaborador, previstos no Capítulo II, os quais vão ao encontro com a Lei nº 12.850/13. Expõe-se o texto legal:

Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:

I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa; II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada; III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.

Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.

Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços. Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na prisão ou fora dela, medidas especiais de segurança e proteção a sua integridade física, considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva.

§ 1º Estando sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de flagrante delito, o colaborador será custodiado em dependência separada dos demais presos. § 2º Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente determinar em favor do colaborador qualquer das medidas previstas no art. 8o desta Lei.

§ 3º No caso de cumprimento da pena em regime fechado, poderá o juiz criminal determinar medidas especiais que proporcionem a segurança do colaborador em relação aos demais apenados. (BRASIL, 1999)

Ademais, o inciso V do artigo 6º da Lei nº 12.850/13 dispõe que as medidas de proteção serão constadas no termo de acordo e serão aplicadas apenas quando mostrarem-se necessárias e abrangem não somente o colaborador mas também sua família.

Além disso, conforme o artigo 15 da lei de proteção às testemunhas, as medidas serão aplicadas em favor do colaborador, esteja ele dentro ou fora da prisão, o que visa a proteger sua integridade física.

Caso o colaborador esteja preso em razão de prisões cautelares ou provisórias, será custodiado em dependência separada dos demais presos, de acordo com o §1º. Já na prisão definitiva, o magistrado poderá estabelecer medidas especiais para proporcionar a segurança do colaborador dos outros apenados, conforme §3º.

De outro lado, o inciso II do artigo 5º da Lei nº 12.850 acrescenta que é direito do colaborador “ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados”.

Nesse sentido, a Lei nº 9.807/99 – que alterou os dispositivos da Lei nº 6.015/73 - dispõe também acerca da preservação das informações pessoais, bem como a modificação de nome e prenome daquele que colaborar com a investigação criminal, sob fundada coação ou ameaça:

Art. 16. O art. 57 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte § 7o:

"§ 7º Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração."

Art. 17. O parágrafo único do art. 58 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei no 9.708, de 18 de novembro de 1998, passa a ter a seguinte redação:

"Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público." (BRASIL, 1999)

Também são direitos do colaborador, “ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes” (inciso III), “participar das audiências sem contato visual com os outros acusados” (inciso IV), “não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito” (inciso V), bem como “cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados” (inciso VI).

No que diz respeito ao inciso V, a própria lei de organizações criminosas, em seu artigo 18, prevê como delito “revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito”, sob pena de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa:

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (BRASIL, 1999)

Dessa forma, o rol de direitos do colaborador estabelecido por lei é de extrema importância, pois visam a proteção da vida do colaborador e de seus familiares, os quais devem ser pleiteado pelo interessado e protegidos pela Justiça (CACHO, 2015, p 111).

Documentos relacionados