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Capítulo 3 Aplicação dos Princípios Gerais de Prevenção

3.1. Diretiva Quadro nº 89/391/CEE, Princípios Gerais da Prevenção

Como referido anteriormente no enquadramento teórico, em 1989 foi publicado pela comissão europeia a Diretiva Quadro 89/391/CEE, de 12 de Junho, com o objetivo a execução de medidas destinadas a promover no espaço europeu, a melhoria de segurança e saúde dos trabalhadores. Esta Diretiva foi transposta para o direito interno português através do Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro e veio estabelecer para o estados da União Europeia uma plataforma comum e inovadora da prevenção de riscos profissionais, reportando um conjunto de princípios fundamentais (os princípios gerais de prevenção, quadro n.º 7).

Quadro n.º 7 – Os Princípios Gerais de Prevenção segundo a Diretiva Quadro 89/391/CEE de 12 de

Junho de 1989

Princípio Descrição

1º Evitar Riscos/ eliminação do risco

2º Avaliar os riscos que não podem ser evitados 3º Combater os riscos na origem

4º Adaptar o trabalho ao homem

5º Ter em conta o estádio da evolução da técnica

6º Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso

7º Planificar a prevenção

8º Dar prioridade às medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual

9º Dar instruções adequadas aos trabalhadores

Fonte: Portal da UE

3.1.1. Evitar risco/ Eliminação de risco

No âmbito da prevenção, evitar ou eliminar riscos constitui umas das primeiras atitudes a ser assumida. Este princípio traduz-se fundamentalmente de acordo com (Cabral & Roxo, 1996) nas seguintes ações: ao nível do projeto (previsão do risco e sua supressão

definitiva através de adequadas soluções de conceção); ao nível da segurança intrínseca (seleção dos produtos, equipamento e materiais de que esteja excluindo o risco); ao nível dos métodos e processos de trabalho (organização do trabalho que resulte a ausência de risco).

3.1.2. Avaliar os riscos que não podem ser evitados

Uma vez identificados, os riscos que não puderam ser evitados nos termos do primeiro PGP, deverão ser avaliados. A avaliação consiste num processo de análise que nos levará a caracterizar o fenómeno em presença quanto a sua origem, natureza e consequências nocivas na segurança na segurança do trabalho e na saúde do trabalhador. E de acordo com (Cabral, Roxo, 1996) se o risco for elevado, devem procurar-se novas opções arquitetónicas ou técnicas. Se for moderado devem-se identificar e adotar as medidas preventivas mais adequadas para evitar sinistros ou reduzir os efeitos resultantes da ocorrência.

3.1.3. Combater os riscos na origem

Este princípio resulta do critério geral de eficácia que deve orientar a prevenção. Com efeito, a eficácia da prevenção é tanto maior quanto mais se dirigir a intervenção para a fonte do risco. Eliminando-se deste modo a propagação do risco (ou reduzindo-se sua escala), evitar-se-á ainda a proteção de outros riscos, além de que se reduzirá a necessidade de recurso a processo complementares de controlo (Cabral, Roxo, 1996, p.9). Ter em conta no combate ao risco todas as situações que possam provocar riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, decorrentes de agentes físicos, químicos ou biológicos e sobretudo deficiência a nível ergonómico no trabalho.

3.1.4. Adaptar o trabalho ao homem

Existe uma real necessidade de intervir relativamente ao nível das componentes materiais do trabalho, nomeadamente ferramentas, equipamentos, métodos, processos e espaço de trabalho, tendo em vista a adaptação do trabalho ao homem, na humanização do trabalho, com respeito pelas capacidades e características do homem (Cabral, Roxo, 1996).

Tudo isso com objetivo de evitar o trabalho monótono e o trabalho isolado, como definição do tempo de trabalho, por forma a atender a crono biologia dos ritmos de vida

e de trabalho e respeitar as capacidades físicas e mentais dos trabalhadores, em especial dos grupos mais vulneráveis (Roxo, 2004,p.116).

3.1.5. Ter em conta o estádio da evolução da técnica

“A prevenção não se pode limitar às intervenções sobre o existente, equipamento e máquinas”. Hoje em dia com o desenvolvimento das tecnologias, “caracterizado pelo contínuo e rápido desenvolvimento da técnica, novos equipamentos, materiais de trabalho, haverá que atender na prevenção, permanentemente ao estado da sua evolução”. “ Resultando num processo produtivo, a escolha de componentes isentos de perigo ou menos perigosos ou a substituição de componentes perigosos por outros isentos de perigo ou menos perigosos. Resultará ainda a escolha de equipamentos de proteção mais eficazes face ao risco, mais adequados ao trabalho e mais adaptados ao homem” (Cabral, Roxo, 1996).

3.1.6. Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso

Segundo (Cabrito,Dias,2006), desde o princípio geral de prevenção resultam implica ções, quer nas técnicas, processos produtivos e equipamentos auxiliares de trabalho, quer nos materiais e equipamentos a incorporar em obra, quer ainda nas medidas organizativas do trabalho. Tal princípio remete para se optar por equipamentos mais eficazes face ao risco, por materiais menos perigosos para a saúde e a organizar o trabalho de uma forma mais segura, isto é, adaptar melhor a prevenção ao trabalho. Se há técnicas, equipamentos ou materiais que sejam reconhecidamente perigosos para a segurança e saúde, ainda que não sejam proibidos pela legislação, é importante sempre que possível substitui-los por outros, isentos de perigo ou menos perigosos, situação idêntica se passa com as medidas organizativas.

3.1.7. Planificar a prevenção

Reside na necessidade de se associar à implementação de medidas organizativas no trabalho e a avaliação do seu impacto ao nível das condições de segurança e saúde. Com efeito, da introdução de tais medidas organizativas resultará sempre um determinado efeito, (positivo ou negativo) ao nível da prevenção dos riscos profissionais (Cabral, Roxo,1996). Assim a organização do trabalho enquanto princípio de prevenção, permitirá:

- Eliminar e/ou reduzir o tempo de exposição ao risco; - Reduzir o número de trabalhadores expostos ao risco;

- Eliminar a sobreposição de tarefas incompatíveis, quer no espaço quer no tempo; - Em geral integrar as diversas medidas de prevenção de uma forma coerente.

3.1.8. Dar prioridade às medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual

Este princípio deverá ser equacionado se - e só se - a eliminação do risco não for tecnicamente possível. A implementação da proteção coletiva consiste numa ação estabelecida preferencialmente ao nível da fonte do risco, englobando as componentes materiais do trabalho e meio envolvente. O objetivo consiste no estabelecimento da uma proteção de considerável eficácia, face a toda e qualquer pessoa que esteja exposta àquele risco. Este princípio levar-nos- á a intervenções, fundamentalmente, âmbito da escolha de materiais e equipamentos que disponham de proteção integrada e do envolvimento do risco, através de sistemas de proteção aplicadas na fonte (Cabral, Roxo, 1996).

A proteção individual por sua vez constituirá uma opção resultante de não se conseguir controlar eficazmente o risco, pelo que apenas se torna possível realizar a verdadeira prevenção no sentido de adaptar o trabalho ao homem e não de tentar adaptar o homem ao trabalho.

A proteção individual pode ainda justificar-se como medida de reforço de prevenção face a um risco residual imprevisível ou inevitável.

Contundo a boa aplicação destes princípios de prevenção está dependente da observância dos seguintes critérios fundamentais:

Quanto à proteção coletiva: - Estabilidade dos seus elementos; - Resistência dos materiais;

- Permanência no espaço e no tempo.

Quanto à proteção individual:

- Adequação do equipamento ao homem; - Adequação do equipamento ao risco; - Adequação do equipamento ao trabalho.

3.1.9. Dar instruções adequadas aos trabalhadores

A informação enquanto princípio geral de prevenção, significa um sistema permanente de alimentação e circulação de conhecimento adequado ao processo produtivo (Cabral, Roxo,1996). Apresentando-se sob a forma de diversos tipos de instrumentos, a informação deve:

- Permitir um conhecimento mais profundo dos componentes do processo produtivo, que possibilite a identificação dos riscos que lhe estão associados;

- Integrar o conhecimento de forma a prevenir esses riscos;

- Apresentar-se de forma adequada aos utilizadores, desde os diretores, quadros das empresas e aos trabalhadores, mantendo-a permanentemente acessível.

A formação consiste num processo estruturado de transmissão de conhecimento, sendo através desta que se procura criar as competências necessárias, ajustar atitudes corretas e interiorizar os comportamentos adequados. Em última análise, a formação enquanto princípio geral de prevenção visa prevenir os riscos associados à ação de cada profissional, no sentido de garantir a maior eficácia no trabalho e a correta implementação das medidas de prevenção.

3.2. Metodologia na aplicação dos princípios gerais de prevenção, à