• Nenhum resultado encontrado

Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos centralizando Gênero

A Secretaria de Direitos Humanos, a Organização dos Estados Ibero- americanos, em parceria com o Ministério da Educação, desenvolveu o caderno intitulado “Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais” com a finalidade de orientar todas os entes responsáveis pela educação com foco nos direitos humanos, de acordo com o Programa Mundial de Direitos Humanos.

As Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos foram aprovadas em 2012 pelo Ministério da Educação e está de acordo com a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional. Do ponto de vista das Diretrizes (2013, p. 11):

Direitos humanos são aqueles que o indivíduo possui simplesmente por ser uma pessoa humana, por sua importância de existir, tais como: direto à vida, à família, à alimentação, à educação, ao trabalho,

à liberdade, à religião, à orientação sexual e ao meio ambiente sadio, entre outros.

Portanto, preza por esses direitos, que são reconhecidos mundialmente e garantidos pela organização social na qual o individuo está inserido, porém, para se tê-los foi preciso muita luta pelos movimentos sociais com a intenção de retirá-lo da repressão e violência.

As Diretrizes abordam que com o acesso a Educação em Direitos humanos e a cultura, o indivíduo pode reconhecer a si mesmo e como sujeito de direito, agente ativo para mudar a realidade em que está e de seu grupo social, como expõe Arroyo (2007, p. 50),

Os educandos têm direito a conhecer essa história e a conhecer-se nessa história como pacientes da negação dos direitos humanos mais básicos e também conhecer-se como agentes, por vezes coletivos, inseridos em movimentos sociais que lutam pela garantia de seus direitos como humanos. Ver os educandos como sujeitos dessa história na diversidade de lutas por seu direito à vida, ao trabalho, à terra, à educação, à dignidade e à liberdade; a viver a infância, a adolescência e a juventude; à memória, à cultura e à identidade étnico-racial, de gênero etc.

Por isto, as instituições de ensino devem promover atividades e projetos pedagógicos que trazem os direitos humanos, porque todos devem saber sobre a existência deles, dando a mesma credibilidade que dão para os conteúdos de letramento e científicos, fazendo com que se consiga chegar à formação humana plena. Todos têm o direito de lutar pelo reconhecimento de sua existência e as dos outros, reivindicar questões que afetam-lhes de maneira negativa e defender e garantir o respeito, igualdade, justiça na diversidade humana, enfim, por melhores condições de vida.

Em relação à igualdade de gênero, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, umas das agências das Nações Unidas – ONU, as mulheres ainda têm menos acesso e controle sobre seus recursos produtivos no mundo, como na educação, em todos os níveis, e isso faz com que saiam prejudicadas em relação ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. A UNESCO8 estima que 16 milhões de meninas entre seis e onze anos nunca entrarão em uma instituição de ensino, e as regiões que mais demonstram essa desigualdade de gênero são a África Subaariana, com 9,5 milhões de meninas que não poderão pisar numa escola

8 Disponível em:

em comparação com 5 milhões de meninos, que também não poderão; Na Ásia, 80% das meninas não terão acesso à educação formal com 16% de meninos. Essa desigualdade na educação se dá por existir ainda discriminação pelo fato de serem meninas e está ligada às relações de poder. O sexismo ainda impera em muitas culturas pelo mundo.

A escolarização das mulheres, no Brasil, é maior que a dos homens, de acordo com a pesquisa "Estatísticas de gênero — Indicadores sociais das mulheres no Brasil", divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que subiu o percentual em 2016 no nível educacional na faixa dos 25 anos ou mais para 23,5% das mulheres brancas e 10,4% das mulheres negras ou pardas, enquanto dos homens brancos 20,7% e dos homens negros ou pardos 7,0%9. É preciso destacar que há diferença quando faz o recorte de raça-etnia, pois essa discrepância fica mais nítida.

O Conselho Nacional de Educação – CNE expõe que a educação é um meio para a transformação da realidade, pois contribui para se ter uma convivência social harmoniosa e tornar o ser humano mais responsável com suas ações diante do outro. E para isso se concretizar, ela deve se voltar para os Direitos Humanos, pois, conforme o CNE (BRASIL, 2012, p. 2):

(...) significa que todas as pessoas, independente do seu sexo; origem nacional, étnico-racial, de suas condições econômicas, sociais ou culturais; de suas escolhas de credo; orientação sexual; identidade de gênero, faixa etária, pessoas com deficiência, altas habilidades/superdotação, transtornos globais e do desenvolvimento, têm a possibilidade de usufruírem de uma educação não discriminatória e democrática.

Com isto, seria uma promoção às culturas de direito, centralizando a pluralidade de sujeitos existentes e a inclusão no meio e uma participação democrática ativa de todas as crianças, jovens e adultos de grupos sociais considerados excluídos, que estão no âmbito escolar. É uma forma de visar a cidadania e superar qualquer tipo de violência.

Portanto, para se ter uma formação humana plena, a educação voltada para os Direitos Humanos, segundo a Secretaria de Direitos Humanos, a Organização dos Estados Ibero-americanos e o Ministério do Educação, é um meio para mudar as políticas públicas nacionais com o objetivo de defender e

9 Disponível em:

promover a dignidade humana, o favorecimento do reconhecimento dos sujeitos de direito, da igualdade no desenvolvimento, na participação ativa de todos, da liberdade, da pluralidade humana e do respeito à vida, e, assim, eliminar qualquer tipo de discriminação a grupos considerados minorias dentro da sociedade.