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de governo eletrônico com interface Web. O e-MAG foi criado especificamente para atender ao Decreto/lei 5.296/2004.

O Decreto 5.296/2004, que regulamenta as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000, torna obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios da administração pública para o uso das pessoas com necessi- dades especiais para garantir o pleno acesso às informações.

2.5

Diretrizes para acessibilidade na Web

A definição de diretrizes para a criação de interfaces é bastante utilizada no contexto de intera- ção humano-computador. A utilização de diretrizes consiste em enumerar um conjunto de princí- pios e de orientações para a solução de problemas conhecidos, bem como soluções de reconhecida eficácia.

Existem diversos conjuntos de guidelines, ou diretrizes, para a confecção de sítios visando a acessibilidade. Os principais documentos que definem diretrizes de acessibilidade são o Section 508(U.S. Government, 2007), do governo norte-americano, e o WCAG (W3C, 1999a), do W3C. Cada conjunto de diretrizes possui suas especificidades, mas os principais problemas de acessibi- lidade são tratados por ambos.

Nesta seção é abordada a primeira versão das Diretrizes para a Acessibilidade do Conteúdo da Web (Web Content Accessibility Guidelines, WCAG 1.0) [W3C, 1999]. No WCAG 1.0 é definido um conjunto de 14 diretrizes que tratam diversos problemas relacionados a acessibilidade de sítios. Basicamente, as diretrizes são relacionadas a dois temas principais:

• Garantir a transformação harmoniosa de páginas: páginas que garantem uma trans- formação harmoniosa permanecem acessíveis independente das restrições do usuário (por exemplo: restrições de percepção visual, auditiva ou motora) ou restrições tecnológicas (por exemplo: dispositivos com restrições de exibição ou restrição de velocidade de conexão). • Facilitar a compreensão do conteúdo e a navegação através dele: o desenvolvedor deve

utilizar uma linguagem simples e clara, e também disponibilizar mecanismos para facilitar a navegação dentro de uma página e a navegação entre as páginas que compõem o conteúdo. No WCAG 2.0 (W3C, 2007b), as diretrizes são organizadas em torno de quatro princípios, de forma que as recomendações presentes no WCAG 1.0 são também atendidas, além de terem sido acrescentadas novas recomendações. Os quatro princípios de acessibilidade definidos nessa segunda versão são os seguintes:

1. O conteúdo deve ser perceptível (Perceivable);

CAPÍTULO 2. ACESSIBILIDADE NA WEB 13 3. O conteúdo e os controles do usuário devem ser fáceis de entender (Understandable); 4. O conteúdo deve ser suficientemente robusto (Robust) para funcionar com as tecnologias

correntes e futuras.

Os quatro princípios de acessibilidade apontados pelo WCAG 2.0 já estavam de certa forma contidos nas recomendações do WCAG 1.0. Contudo, a classificação como um princípio reforça a sua importância, e redefine a forma da organização da nova versão da recomendação do W3C.

Embora a versão do WCAG 2.0 já esteja em estado avançado de desenvolvimento, diversos pontos ainda não foram concluídos pela equipe do W3C, de forma que a versão do WCAG 1.0 ainda é a versão considerada como recomendação. Dessa forma, neste material serão abordadas as recomendações de acessibilidade do WCAG 1.0. Os principais conceitos do WCAG 1.0 foram mantidos na nova versão, assim a nova versão não invalida a primeira.

Diretrizes para acessibilidade do Web Content Accessibility Guideli-

nes

1.0

O WCAG 1.0 é composto por um conjunto de 14 diretrizes de acessibilidade, e cada diretriz possui pontos de verificação (checkpoints). Esses pontos de verificação são classificados por níveis de prioridade e cada ponto de verificação demanda uma técnica para implementá-lo. A lista com- pleta com as diretrizes e pontos de verificação desta versão do WCAG está descrita no Apêndice B. A seguir são descritas em maiores detalhes as diretrizes do WCAG 1.0:

1. Fornecer alternativas para conteúdo sonoro e visual: esta diretriz indica a necessidade de disponibilizar conteúdo que ao ser apresentado ao usuário transmita, em essência, as mesmas funções e finalidade que o conteúdo sonoro ou visual. Assim, deve-se fornecer um equivalente textual a cada elemento não textual.

2. Não recorrer apenas a cor: deve-se garantir a percepção do texto e dos elementos grá- ficos do documento, mesmo quando são vistos sem cores. Assim, deve-se assegurar que todas as informações veiculadas por meio de cores estejam também disponíveis sem cor, por exemplo, a partir de informações do contexto ou de marcação apropriada.

3. Utilizar corretamente marcações e folhas de estilo: esta diretriz indica a necessidade de se utilizar marcação nos documentos com os elementos estruturais adequados e controlar a apresentação por meio de folhas de estilo, em vez de elementos de apresentação e atributos. 4. Indicar claramente qual o idioma utilizado: utilizar marcações que facilitem a pronúncia e a interpretação de abreviaturas ou de texto em língua estrangeira é imprescindível. Deve-se identificar claramente quaisquer mudanças de idioma no texto de um documento, bem como nos equivalentes textuais.

14 2.5. DIRETRIZES PARA ACESSIBILIDADE NA WEB 5. Criar tabelas passíveis de transformação harmoniosa: deve-se assegurar que as tabelas tenham as marcações necessárias para poderem ser transformadas de forma harmoniosa por navegadores acessíveis e outros agentes do usuário. Em tabelas de dados, é preciso identifi- car os cabeçalhos de linha e de coluna.

6. Assegurar que as páginas dotadas de novas tecnologias sejam transformadas harmo- niosamente: as páginas devem ser acessíveis mesmo quando as tecnologias mais recentes não forem suportadas ou tenham sido desativadas. Deve-se organizar os documentos de tal forma que possam ser lidos sem a necessidade de recorrer a folhas de estilo.

7. Assegurar o controle do usuário sobre as alterações temporais do conteúdo: deve-se possibilitar a interrupção momentânea ou definitiva do movimento, intermitência, transcurso ou atualização automática de objetos e páginas. Deve-se evitar páginas contendo movimento, até que os agentes utilizados pelos usuários (navegadores e similares) possibilitem a imobi- lização do conteúdo.

8. Assegurar a acessibilidade direta em interfaces integradas pelo usuário: a interface com o usuário deve obedecer a princípios de design para a acessibilidade: acesso independente de dispositivos, operacionalidade pelo teclado, possibilidade de emissão automática de voz (verbalização).

9. Projetar páginas considerando a independência de dispositivos: é imprescindível utilizar funções que permitam a ativação de elementos de página por meio de uma grande variedade de dispositivos de entrada.

10. Utilizar soluções provisórias ou de transição: deve-se utilizar soluções de acessibilidade transitórias, para que as tecnologias de apoio e os navegadores mais antigos funcionem cor- retamente.

11. Utilizar tecnologias e recomendações do W3C: deve-se utilizar tecnologias do W3C (de acordo com suas especificações) e seguir as recomendações de acessibilidade.

12. Fornecer informações de contexto e orientações: é fundamental fornecer contexto e ori- entações para ajudar os usuários a compreenderem páginas ou elementos complexos. 13. Fornecer mecanismos de navegação claros: deve-se fornecer mecanismos de navegação

coerentes e sistematizados (informações de orientação, barras de navegação, mapa do sítio) de modo a aumentar a probabilidade de uma pessoa encontrar o que procura em um dado sítio.

14. Assegurar a clareza e a simplicidade dos documentos: deve-se assegurar a produção de documentos claros e simples, para que sejam mais fáceis de compreender. Deve-se também utilizar a linguagem mais clara e simples possível, adequada ao conteúdo do sítio.

CAPÍTULO 2. ACESSIBILIDADE NA WEB 15 Conforme mencionado anteriormente, cada diretriz possui pontos de verificação. Cada ponto de verificação tem um nível de prioridade baseado no seu impacto na acessibilidade, que é associ- ado pela equipe responsável pela definição das diretrizes.

De acordo com a classificação, existem três níveis de prioridade: a) Prioridade 1 - os pontos de verificação que possuem prioridade 1 são aqueles que “devem” ser atendidos; b) Prioridade 2 - pontos de verificação que “deveriam” ser atendidos e c) Prioridade 3: pontos de verificação que “podem” ser atendidos.

O conceito de nível de conformidade varia de acordo com a satisfação das diretrizes de aces- sibilidade. O WCAG 1.0 define três níveis de conformidade, nomeados: Nível “A” (atende a todas as recomendações de Prioridade 1), Nível “AA” (atende a todas as recomendações de Prioridades 1 e 2) e Nível “AAA”(atende a todas as recomendações de Prioridades 1, 2 e 3).

Na próxima seção são apresentados conceitos sobre avaliação de acessibilidade.