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DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E

CAPÍTULO 2 – CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

2.6. DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E

As fachadas noroeste e sudoeste do Edifício Copan estão em processo de reconstrução, que conforme a definição da Carta de Burra (ICOMOS, 2013) é a ação que busca voltar o edifício a um estágio anterior conhecido, mas com o acréscimo de novos elementos. Houve a remoção total dos acabamentos decorativos (pastilhas) e foi necessária a reconstrução parcial do revestimento de argamassa, sobre o qual será colocado novo acabamento decorativo, delimitados por panos de assentamento com frisos e juntas de movimentação seladas, que não existiam originalmente. Diante desta intervenção e da necessidade em assegurar o desempenho do subsistema e vida útil dos materiais e componentes, é importante que seja elaborado um Manual de Uso, Operação e Manutenção para as referidas fachadas, com um roteiro de ações de manutenção e periodicidade bem definidos, mitigando a degradação natural e a consequente necessidade de grandes e onerosas intervenções de restauro e eventuais riscos de perda das características arquitetônicas.

A NBR14037/2014 estabelece os requisitos mínimos para a elaboração dos conteúdos a serem apresentados no Manual de Uso, Operação e Manutenção da edificação. Nele devem constar as características técnicas da edificação, os procedimentos recomendáveis e obrigatórios para preservação, uso e manutenção, assim com as condições de utilização, a fim de prevenir eventuais danos causados por usos inadequados. O manual deve ter linguagem simples e ser apresentado de forma didática organizada, com nível de detalhamento compatível com a complexidade da edificação. Deve abordar alguns pontos específicos como: memorial descritivo; relação dos fornecedores; operação e limpeza; programa de manutenção preventiva; registros de manutenção; inspeções; documentação técnica e atualização do manual quando da realização de toda e qualquer alteração.

Simonson (1990) destaca a importância da manutenção para edifícios históricos, aspecto que muitas vezes é negligenciado e que só vem à

tona quando da necessidade de restauro. A autora enfatiza a necessidade de um plano de manutenção preventiva sistematizado em ações bem definidas de inspeção, manutenção preventiva, manutenção corretiva, registros das ações realizadas e relatórios para a documentação do que foi realizado na edificação, formando um histórico das ações. O sucesso de um plano de manutenção requer informações completas sobre o edifício, seu sistema construtivo, seus subsistemas, materiais e componentes, bem como os seus processos de deterioração, permitindo a identificação do problema, estabelecendo suas causas e prescrevendo os tratamentos adequados.

As premissas postuladas pela NBR14037/2014 são similares às expostas por Simonson (1990), mas enquanto a primeira foi desenvolvida para edifícios novos, mas que serve como referência para edifícios antigos, a segunda trata o tema sob o viés do edifícios históricos, apontanto a importância da manutenção para a preservação do patrimônio arquitetônico.

A estrutura do Manual de Uso, Operação e Manutenção das fachadas sudoeste e noroeste do Edifício Copan foi desenvolvida a partir das diretrizes normativas da NBR14037/2014 e da NBR5674/2012, como também de guias desenvolvidos pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON), de Novo Hamburgo, sob a luz da problemática do patrimônio arquitetônico.

O Manual de Uso, Operação e Manutenção para as fachadas sudoeste e noroeste do Edifício Copan foi estruturado da seguinte forma:

Introdução São abordadas as orientações para a utilização do manual e os procedimentos para a realização das inspeções, das ações de manutenção e dos registros das referidas ações por meio de fichas de manutenção e inspeção, tratando de como essas devem ser arquivadas para formação de registro de fácil rastreabilidade das ações executadas, além das definições dos termos utilizados no documento.

Memorial descritivo

Uma breve descrição do edifício e suas características arquitetônicas, ilustrado com peças gráficas para facilitar a compreesão de sua geometria pelos agentes envolvidos nas ações de manutenção preventiva descritas no manual.

Caracterização do subsistema de

revestimento externo

Descrição do subsitema de revestimento externo, dos materiais e componentes originais e dos utilizados na obra de recuperação do subsistema.

Programa de manutenção preventiva

Apresenta um roteiro de ações de manutenção preventiva, com a sistematização dos procedimentos de inspeção, manutenção, a elaboração dos relatórios das ações realizadas e a documentação por meio de registro das fichas utilizadas no processo de manutenção.

Fichas Modelo das fichas de inspeção, manutenção e relatórios específicos para cada fachada.

Relação dos fornecedores e projetistas

Apresenta os contatos dos fornecedores e projetistas dos materiais e componentes especificados no projeto de revestimento de fachada.

Referências Aponta as referências normativas e bibliográficas utilizadas no documento.

Atualização e revisões do manual

Expõe a ficha de registro das atualizaçõe e revisões com a identificação dos responsáveis por tais ações.

Quadro 3 – estrutura do manual de uso, operação e manutenção fonte: elaboração da autora.

O programa de manutenção está estruturado no roteiro de ações de manutenção, que contém o desempenho e a vida útil de projeto

(VUP) requeridos em norma, com as especificações de atividades, descrevendo alguns processos de deterioração que podem ocorrer antes das ações de manutenção, ou as condições aceitáveis que devem ser mantidas. Está organizado a partir de check-list apontando a periodicidade e as atividades a serem realizadas nos elementos e componentes, a fim de assegurar o desempenho do subsistema de revestimento externo.

A manutenção preventiva tem início a partir das ações de inspeção, indicadas no roteiro de ações de manutenção, que visa avaliar as condições e identificar os problemas, sendo necessário entender a natureza dos elementos e componentes do subsistema, bem como seu processo de deterioração, para identificar as causas e, então, propor um tratamento adequado.

O relatório gerado a partir da inspeção descreve as condições físicas dos materiais a partir das verificações in loco, os métodos utilizados para o levantamento das informações, as datas e os responsáveis pelas ações, e aponta a necessidade ou não de investigação mais aprofundada das causas de alguns sintomas para a proposição de ações de manutenção corretiva. Esses relatórios servem não apenas para ações imediatas, mas funcionam como um registro do desempenho do subsistema ao longo de determinado período.

A documentação por meio das fichas e relatórios das ações de inspeção e manutenção realizadas permite identificar e mapear as atividades e os agentes envolvidos ao longo dos anos. A lista com a relação dos projetistas e fornecedores de materiais possibilita um contato ágil com os envolvidos.

Diante disso, o Manual de Uso, Operação e Manutenção se apresenta não apenas com um caráter prescritivo, apontando a periodicidade e os procedimentos, mas, também, como um banco de dados sobre o subsistema que se retroalimenta a cada ação realizada. Forma, assim, um registro técnico que poderá ser consultado para a tomada de decisões futuras.