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Hevner et al. (2004) propuseram sete regras práticas para realização de pesquisas que utilizam a abordagem Design Science. Tais diretrizes descrevem as características para a condução de uma boa pesquisa, sendo que a mais importante delas é que a investigação deve produzir um artefato criado para um problema específico. Neste trabalho entende-se por artefato o método de busca de informações da execução orçamentária governamental. O artefato deve ser relevante para a solução de um problema até então sem solução. A sua utilidade, qualidade e eficácia devem ser avaliadas rigorosamente. A pesquisa deve representar uma contribuição verificável e o rigor deve ser aplicado no desenvolvimento do artefato e na sua avaliação. O desenvolvimento do artefato deve ser um processo de pesquisa que desenha a partir de teorias e conhecimentos

existentes, a solução do problema definido. Por fim a pesquisa deve ser comunicada de forma eficaz para o público interessado.

Segundo Hevner et al. (2004), é inerente às pesquisas em Design Science um processo de resolução de problemas, por isso o princípio fundamental das sete diretrizes na pesquisa é que o conhecimento e a compreensão de um design problem e a sua solução são adquiridos na construção e aplicação de um artefato. As sete diretrizes são apresentadas a seguir:

O objeto de estudo é um artefato: as pesquisas desenvolvidas com a

abordagem Design Science devem produzir artefatos viáveis, na forma de um construto, modelo, método ou instanciação.

Relevância do problema: o objetivo em Design Science é desenvolver

soluções para resolver problemas importantes e relevantes para as organizações por meio da construção de artefatos inovadores que visam alterar os fenômenos da forma como ocorrem. O problema pode ser definido como as diferenças entre o estado atual versus o desejado e a resolução dessas diferenças é um processo de busca, por meio de ações para eliminá-las. Por fim, o problema deve ser relevante para a comunidade de pesquisadores e praticantes. Para ser interessante aos pesquisadores a investigação deve abordar os problemas enfrentados e as oportunidades oferecidas pela interação com o fenômeno. Para os praticantes, interessa a eficácia do artefato em resolver o problema.

Avaliação do projeto: a utilidade, qualidade e eficácia do artefato devem ser

rigorosamente demostradas, por meio de métodos de avaliação bem executados. A avaliação é um processo crucial do processo de investigação, e os requisitos para esta avaliação são fornecidos pelo ambiente de negócios. Os artefatos podem ser avaliados em termos de funcionalidade, integridade, consistência, precisão, desempenho, confiabilidade, usabilidade, ajuste com a organização e outros atributos de qualidade relevantes. Por ser inerente ao Design Science a interatividade, a fase de avaliação fornece feedback para a fase de construção do artefato. A avaliação do artefato projetado normalmente utiliza metodologias disponíveis na base de conhecimento. Para Hevner et al. (2004) alguns do métodos de avaliação podem ser os apresentados no Quadro 5. Outra avaliação que pode ser feita é em relação ao estilo. Esta avaliação faz parte da percepção humana, e possui graus de liberdade para expressar o quão satisfatório e agradável o artefato é

para o pesquisador e para o usuário. Simon (1981) também observa a importância do estilo, a criatividade dentro dos limites e restrições satisfatórios.

Métodos de avaliação

Observação Estudo de caso: estudo profundo do artefato no ambiente da empresa Estudo de campo: monitorar o uso de artefato em múltiplos projeto

Analítica

Análise estática: exame da estrutura do artefato referente a qualidades estáticas (por exemplo: complexidade)

Análise da arquitetura: estudo do ajuste do artefato à arquitetura do SI Otimização: demonstração da otimização das propriedades do artefato Análise dinâmica: estudo das qualidades dinâmicas do artefato em uso (exemplo: desempenho)

Experimental Experimento controlado: estudo do artefato em ambiente controlado para análise das suas propriedades, como por exemplo: usabilidade Simulação: análise do artefato com dados artificiais

Testes

Teste funcional (Black Box): execução do artefato para descobrir falhas e identificar defeitos por meio de dispositivos específicos.

Teste estrutural (White Box): teste de desempenho em relação a métricas na implementação do artefato (por exemplo: teste de endereços)

Argumentação Argumentação: uso de informação com base científica para construir um argumento convincente da utilidade do artefato Cenários: construção detalhada de cenários em torno do artefato para demonstrar sua utilidade

Quadro 5 - Métodos de avaliação em Design Science Fonte: Hevner et al. (2004)

Contribuições da pesquisa: uma pesquisa em Design Science deve prover

contribuições claras e verificáveis na área específica do artefato desenvolvido para a construção do conhecimento e de metodologias. Hevner et al. (2004) enumeram três tipos de contribuições com base na novidade, generalidade e importância do artefato desenvolvido. Uma ou mais contribuições devem ser encontradas no projeto de pesquisa, sendo elas:

a. O artefato: na maioria das vezes a contribuição da pesquisa em Design Science é o próprio artefato. O artefato deve possibilitar a solução de problemas, estender o conhecimento ou aplicar o conhecimento existente de maneira inovadora.

b. Ampliação dos fundamentos: desenvolver de forma criativa e original construtos adequadamente avaliados, modelos, métodos ou instanciações que possibilitam melhorar a base de conhecimento são importantes contribuições.

c. Desenvolvimento de metodologias: desenvolver e utilizar métodos de avaliação (experimental, analítico, observacional, testes) e novas métricas de avaliação possibilitando adições à base de conhecimentos em Design Science.

Rigor da pesquisa: a pesquisa deve ser fundamentada em uma aplicação de métodos rigorosos, tanto na contrução como na avaliação do artefato. Em pesquisas comportamentais, por exemplo, o rigor é avaliado por adesão às técnicas apropriadas de coleta e analise dos dados. No que diz respeito à atividade de construção, o rigor deve ser avaliado em relação à aplicabilidade e generalização do artefato. O rigor é derivado do uso efetivo da base de conhecimento, fundamentos teóricos e metodologias de pesquisa, por isso o sucesso da pesquisa depende da seleção de técnicas adequadas para desenvolver ou construir o artefato e justificar os meios escolhidos. Quando o artefato projetado envolve uma relação artificial-homem, é necessária uma avaliação envolvendo os usuários do artefato para determinar o quão bem ele funciona.

Design como um processo de pesquisa: a busca por um artefato efetivo exige a utilização de meios que estejam disponíveis para alcançar os fins desejados, ao mesmo tempo em que satisfaçam as leis que regem o ambiente em que o problema está sendo estudado. O Artefato ou seu processo de criação é a melhor solução num dado espaço-tempo. A natureza interativa do processo de projeto permite contínuo feedback entre as fases de construção para incrementar a qualidade do objeto de estudo.

Comunicação da pesquisa: as pesquisas em Design Science devem ser

apresentadas tanto para o público mais orientado para a tecnologia quanto para aquele mais orientado para gestão. Deve-se comunicar também o processo de construção do artefato, isto possibilita a repetição do projeto e constrói a base de conhecimentos para novas pesquisas. Públicos orientados para a gestão precisam de detalhes suficientes para determinar quais recursos organizacionais devem estar comprometidos com a construção e uso do artefato dentro de seu contexto organizacional específico.