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Diretrizes urbanísticas sugeridas

2.4 Conclusão

5.3.3 Diretrizes urbanísticas sugeridas

Levando em consideração os estudos feitos até aqui, foram adaptadas diretrizes urbanísticas do Plano Diretor de Estância (2010), para cada zona proposta por este estudo, conforme Quadro 2.

Quadro 2 – Diretrizes Urbanísticas sugeridas para a Praia do Abaís.

ZONAS DIRETRIZES URBANÍSTICAS

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANETE (APP)

diretriz: devem ser preservadas as faixas estipuladas pelas legislações ambientais cabíveis, a fim de melhorar a macrodrenagem urbana, garantir a manutenção da dinâmica costeira evitando processos erosivos por supressão de dunas e assoreamento pela retirada das matas ciliares. A área urbana pré-existente sobre APP e devidamente regularizada poderá ser mantida sob adequações ambientais e impossibilidade de ampliação.

ZONAS DE OCUPAÇÃO RAREFEITA (ZOR)

1. diretriz: devem ser conservadas as paisagens que contribuem significativamente para a dinâmica costeira, de modo a compatibilizar os usos e as ocupações com as reais vocações do território e consolidar os aspectos paisagísticos e turísticos da localidade, através do estímulo a ocupações de baixa densidade e tratamento paisagístico.

2. Taxa de ocupação máxima: 15%; 3. Taxa mínima de solo natural: 80%; 4. Recuo mínimo frontal: 5m (para vias

arteriais); 3m (para vias locais e coletoras); 5. Recuo mínimo de fundo: 1,5m;

6. Recuo mínimo lateral: 1,5m;

7. Coeficiente máximo de aproveitamento: 0,4;

8. Nº máximo de pavimentos: Térreo; 9. Área mínima de lote: 300m²; 10. Frente mínima do lote: 15m*.

ZONA DE CONSOLIDAÇÃO URBANA (ZCU)

1. diretriz: devem ser consolidadas as áreas com ocupações já existentes de modo a aproveitar a infraestrutura e evitar o adensamento disperso sobre áreas de fragilidade ambiental. Esta zona deve ainda, receber melhorias de infraestrutura, viária, de drenagem, de abastecimento de água e de esgotos, capaz de suportar o adensamento previsto.

2. Taxa de ocupação máxima: 60%; 3. Taxa mínima de solo natural: 30%; 4. Recuo mínimo frontal: 5m (para vias

arteriais); 3m (para vias locais e coletoras); 5. Recuo mínimo de fundo: 1,5m quando

houver aberturas;

6. Recuo mínimo lateral: 1,5m quando houver aberturas;

7. Coeficiente máximo de aproveitamento: 2; 8. Nº máximo de pavimentos: Térreo + 1

pavimento;

9. Área mínima de lote: 200m²; 10. Frente mínima do lote: 8m*.

Microzona Urbana de Interesse Turístico (MZUIT)

1. diretriz: Inserida da ZCU. Devem ser consolidados espaços públicos de lazer, como praças e parques arborizados, que atendam as demandas de turismo e veraneio

2. Taxa de ocupação máxima: 70%; 3. Taxa mínima de solo natural: 20%; 4. Recuo mínimo frontal: 5m, incluindo

estacionamentos frontais obrigatórios. 5. Recuo mínimo de fundo: 1,5m quando

houver aberturas;

6. Recuo mínimo lateral: 1,5m quando houver aberturas;

7. Coeficiente máximo de aproveitamento: 2; 8. Nº máximo de pavimentos: Térreo + 1

pavimento;

9. Área mínima de lote: 300m²; 10. Frente mínima do lote: 12m*.

Microzona de Comércios e Serviços (MZCS)

1. diretriz: Inserida na ZCU. Devem ser consolidados comércios e serviços públicos fundamentais, como escolas, postos de saúde e de segurança, para atender as demandas de turismo e veraneio.

2. Taxa de ocupação máxima: 70%; 3. Taxa mínima de solo natural: 20%; 4. Recuo mínimo frontal: 5m, incluindo

estacionamentos frontais obrigatórios. 5. Recuo mínimo de fundo: 1,5m quando

houver aberturas;

6. Recuo mínimo lateral: 1,5m quando houver aberturas;

7. Coeficiente máximo de aproveitamento: 2; 8. Nº máximo de pavimentos: Térreo + 1

pavimento;

9. Área mínima de lote: 300m²; 10. Frente mínima do lote: 12m*.

ZONA DE ADENSAMENTO BÁSICO (ZAB)

1. diretriz: devem ser ocupadas somente quando as ZCU estiverem completamente adensadas. Servindo como zonas de expansão, devem ter infraestrutura adequada previamente estudada e instalada, considerando os condicionantes ambientais particulares de cada território.

2. Taxa de ocupação máxima: 40%; 3. Taxa mínima de solo natural: 50%; 4. Recuo mínimo frontal: 5m (para vias

arteriais); 3m (para vias locais e coletoras); 5. Recuo mínimo de fundo: 1,5m quando

houver aberturas;

6. Recuo mínimo lateral: 1,5m quando houver aberturas;

7. Coeficiente máximo de aproveitamento: 1; 8. Nº máximo de pavimentos: Térreo + 1

pavimento;

9. Área mínima de lote: 300m²; 10. Frente mínima do lote: 15m*. *relação entre profundidade e frente mínima do lote não deve ser superior a 5 (cinco).

*os lotes de esquina deverão ter frente mínima com 2 metros a mais que as frentes mínimas estipuladas para os demais lotes.

5.4 Conclusão

O zoneamento urbano proposto para a Praia do Abaís neste capítulo buscou a ponderação entre o direito ao meio ambiente, o direito social e o direito ao desenvolvimento. Partindo do ponto de vista de que um direito não pode sobrepor o outro, as diretrizes sugeridas visam garantir não somente a preservação ambiental da área, mas também o direito à moradia e a prosperidade econômica, ao delimitar, por exemplo, zonas propícias a receberem futuras construções resultantes do crescimento urbano.

Diante disso, evidencia-se a necessidade da busca de soluções para as problemáticas identificadas no Abaís através de medidas flexíveis, que considerem as particularidades de uma ocupação que, mesmo sobre áreas de elevada fragilidade ambiental, já aconteceu e se consolidou diante do próprio poder público que não só proveu infraestrutura pra tal, como permitiu “às cegas” o crescimento destas áreas.

Simplesmente desconsiderar e solicitar a demolição destas construções significa ignorar o existente. Deve-se buscar instrumentos auxiliares para um reordenamento territorial, baseado na preservação das áreas de importância ambiental e na consolidação e organização da área urbana.

A urgência pelo Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do Estado de Sergipe (ZEEC/SE) e pelo Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro de Sergipe (PEGC/SE) tem se intensificado ao logo dos anos, pois os municípios ficam em verdadeiros impasses nas tomadas de decisões, já que para a elaboração dos planos municipais, exige-se que se considere o “macro” delimitado pelos estaduais, que ainda não estão prontos.

No Código Florestal de 2008 já se instituía a obrigatoriedade da elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) pelos Estados em um prazo de cinco anos. Onze anos depois, Sergipe ainda não tem seu ZEE. A vontade política é fundamental para a criação e operação de instrumentos e legislações que auxiliem na garantia dos direitos essenciais.

Ainda, ressalta-se a criação da APA do Litoral Sul em 1993 e a urgência pelo Plano de Manejo desta ainda em 2019. São 26 anos de APA inoperante devido à ausência de mecanismos eficazes de gestão.

Além disso, as legislações que tratam das Zonas Costeiras podem ser classificadas como generalistas, incompletas e desarmônicas. Já que tratam das temáticas de forma conceitual, não consideram possíveis especificidades locais e apresentam divergências entre si nas diretrizes superficiais propostas. Isto possibilita diferentes interpretações, gerando

conflitos nas tomadas de decisões, relativas ao ambiente costeiro, que envolvem interesses econômicos entre os entes governamentais e a sociedade.

Diante da dificuldade para a resolução dos conflitos identificados na Praia do Abaís, sugere-se que o município de Estância se utilize de instrumentos que auxiliem no controle da expansão urbana local, como a regularização fundiária da área, o licenciamento ambiental e a atualização do plano diretor.

Para a regularização fundiária, os dados levantados pelo Capítulo 2 dessa dissertação podem contribuir substancialmente e associado a estes, está a Lei nº 13.465/ 2017, que institui a Regularização Fundiária Urbana (REURB) garantindo o direito à cidade aos ocupantes, permitindo regularizações de imóveis sobre APP, sob condicionantes especiais, e auxiliando a gestão municipal na atualização da base cadastral de imóveis, gerando novas condições para a fomentação da atividade econômica.

O licenciamento ambiental26 é um instrumento que pode ser utilizado pelo município para ter mais controle das construções sobre unidades de paisagem importantes para a manutenção da dinâmica costeira no Abaís. O Capítulo 3 traz dados que podem auxiliar as tomadas de decisão nesse sentido, associadas a medidas de mitigação, compensação e recuperação ambiental que podem ser solicitadas de forma relativa a cada caso.

O Plano de Gerenciamento Costeiro e o Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro do Estado de Sergipe, que estão em fase de elaboração, precisam considerar as particularidades de cada povoado costeiro, de modo a evitar generalizações regionais incompatíveis com a realidade social, ambiental e econômica destas localidades específicas, a exemplo do Abaís.

Estando o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do município de Estância em fase de atualização, recomenda-se que esta nova lei adote as diretrizes gerais e os instrumentos de política urbana compatíveis, dispostos no Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), tenha a participação, de fato, da sociedade no processo de elaboração, considere as demandas atuais e traga medidas práticas e aplicáveis, através de mapeamentos com delimitações precisas do município, considerando suas particularidades territoriais e adotando medidas condizentes com a realidade, sem generalizações. Além isso, espera-se que esta dissertação possa contribuir com o levantamento de dados e sugestões de soluções para as problemáticas identificadas.

26

Instrumento utilizado no Brasil para obter maior controle sobre a utilização dos recursos naturais. Constitui um documento elaborado por pessoal capacitado, prevendo os possíveis impactos ambientais de uma intervenção e suas possíveis formas de mitigação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012: Novo Código Florestal. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, DF, 2012.

BRASIL. Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade:

Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Brasília/DF, 2001.

BRASIL. Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro. Brasília/ DF:1988.

BRASIL .Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979.

Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. Brasília/ DF:1979.

BRASIL, Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017. Dispõe sobre a regularização fundiária rural e

urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para

aprimorar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União. Brasília/

DF:2017.

CONAMA. Resolução nº 303, de 20 de março de 2002. Áreas e Preservação Permanente. Brasília, DF: 2002.

ESTÂNCIA. Lei Complementar nº 18, de 04 de março de 2008. Institui o Código municipal de

meio ambiente e dá outras providências. Estância/SE: 2008.

ESTÂNCIA. Lei complementar nº 31, de 02 de Fevereiro de 2010: Institui o Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano de Estância/SE, e dá outras providências. Câmara Municipal de

Estância, 2010.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE; MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Projeto Orla: fundamentos para gestão integrada. Brasília, MMA/SQA;

Brasília/DF: MP/SPU, 2006.

MMA – Ministério do Meio Ambiente. Outros tipos de zoneamento. In: MMA. Informma. Zoneamento Territorial. Brasília: MMA, 2018. Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/informma/item/8188-outros-tipos-de-zoneamento.html> Acesso em 08 jan. 2019.

NORDSTROM, K.F.Recuperação de Praias e Dunas.São Paulo/SP: Oficina de Textos, 2010. OLIVEIRA, A.C.C.A. Cenários Biofísicos e Ordenamento Territorial no Litoral Sul de

Sergipe. 2013, 229f. Tese (doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Sergipe. São