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Diante dos resultados encontrados observa-se que, a partir de uma perspectiva de entendimento do constructo, o contexto (por exemplo, social, econômico, político e

demográfico) em combinação com as condições de vida cotidiana e a forma como essas pessoas se posicionam frente a esse contexto, é a chave para compreender a sua vulnerabilidade

(Hufschmidt, 2011).

Ao longo dos anos, além da condição de pobreza e perda de ativos (Moser, 1998) houve avanços por meio de estudos que foram considerando novos fatores de risco como

potencializadores da condição de estar vulnerável assim como pontos e dimensões comuns ao constructo. Contudo, as variações de contexto e perfil das pessoas, grupos e populações, muito típicas dos estudos sobre VS, precisam ser analisadas com cuidado para que os indicadores e medidas também contemplem as especificidades inerentes a essas coletividades (Combes, 2004).

Neste sentido, Morais, Raffaelli, et al. (2012) afirmam que no decorrer da vida há interações de vários fatores de riscos diferentes, provocando um continuum de VS, o que promove possibilidades no que diz respeito a resultados de desenvolvimento individual e prevenção.

A vulnerabilidade social (VS) é um conceito que, apesar de pouco estudado na área da psicologia, tem sido investigado por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, entre as quais as ciências da saúde, as ciências ambientais, as ciências sociais, a economia, a gestão pública e a administração.

Observa-se que VS é pouco estudada em psicologia e estão, em fase incipiente, os

estudos sobre instrumentos de medida no nível do indivíduo. Ainda não há esforço de elaboração de um modelo teórico de investigação capaz de propor dimensões comuns do conceito de VS que poderiam servir de base para a construção de instrumentos válidos e comparáveis, mesmo

quando variam os contextos e os perfis dos participantes. Ainda, são necessários delineamentos de pesquisas mais complexos, que possibilitem estabelecer relações de causalidade entre fatores de risco e VS. A análise da produção de conhecimentos corrobora a afirmação de Hufschmidt (2011) de que não há teoria ou instrumento universal de vulnerabilidade, dificultando o avanço das pesquisas e das intervenções para enfrentamento e superação da VS.

Há predomínio de estudos sobre populações acometidas por algum tipo de fator de risco (social, psicológico, biológico, físico) em uma ampla variedade de contextos, porém há

relativamente poucos estudos investigando a forma como as pessoas reagem a essas situações de risco, impacto desfavorável ou prejuízos.

No que concerne a perfis específicos dos grupos ou pessoas estudados, há um predomínio de estudos envolvendo jovens ou idosos, fato este que pode ser facilmente justificado pelas peculiaridades desses grupos. No entanto, é importante que sejam realizados mais estudos que: avaliem em profundidade a forma como as pessoas pertencentes aos grupos de idosos e jovens se percebem diante de fatores de riscos inerentes aos respectivos contextos ou condições, analisem o relacionamento entre essas percepções com outras variáveis como a aprendizagem em

situações de mudança, instabilidade financeira, profissional e emocional, para que, a partir dos resultados dessas pesquisas seja possível construir planos de ação para prevenção e redução de danos.

Por fim, ressalta-se a importância de produção científica aplicada à busca de soluções para redução de danos, e a melhoria das condições de vida e do bem-estar de pessoas em situação de VS. A principal contribuição deste estudo foi identificar pontos comuns no uso do conceito de vulnerabilidade, os quais possibilitam a elaboração de uma definição constitutiva para o

constructo de vulnerabilidade das pessoas diante de riscos a que estão expostas em diferentes contextos e situações da vida. As dimensões comuns possibilitam a construção de instrumentos para medir as percepções de VS e psicológica de pessoas em situações de risco ou sob o impacto de mudanças bruscas, prejuízos, danos, catástrofes e situações de enfrentamento de situações adversas. São três as dimensões que compõem o constructo: (1) percepção desses indivíduos sobre fatores de riscos presentes nos contextos em que se inserem (condições, restrições, mudanças); (2) percepções sobre as próprias capacidades, sentimentos e habilidades de enfrentamento de situações adversas, adaptação e superação diante de perdas ou mudanças relevantes em suas vidas e (3) percepções sobre a capacidade e os recursos disponíveis no grupo, comunidade, governo para o enfrentamento do problema, redução de danos, superação do

sofrimento e retomada do bem-estar e da qualidade de vida. O instrumento de medida poderia ser desenvolvido a partir da definição desses componentes e validado em amostras de pessoas (jovens e idosos) em situação de risco ou que estejam sob o impacto de situações adversas e catástrofes. Esse tipo de instrumento possibilitaria diagnosticar as fragilidades e as

potencialidades de grupos vulneráveis, o que possibilitaria a construção de teoria sobre

percepções de vulnerabilidade e o planejamento de ações efetivas para apoiar indivíduos, grupos e comunidades no enfrentamento e na busca de caminhos de superação de situações de risco, sofrimento ou perda.

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Estudo 2

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um treinamento profissionalizante no trabalho de jovens aprendizes em situação de vulnerabilidade social. Para isso, uma escala de

autoavaliação de impacto de treinamento no trabalho de jovens aprendizes foi construída e aplicada em uma amostra de 281 jovens aprendizes com idade variando entre 14 e 22 anos, sendo 99% residentes da RIDE-DF e 56,6% mulheres. As respostas numéricas dos participantes aos itens do questionário foram submetidas a análises fatoriais exploratórias e de consistência interna. Os resultados mostraram estrutura empírica bifatorial, sendo o fator 1, denominado Habilidades e Atitudes de Interação no Trabalho, composto por 8 itens com cargas fatoriais variando de 0,30 a 0,70 e α = 0,67 e o fator 2, Visão de Futuro e Liderança, composto por 7 itens com cargas fatoriais variando de 0,30 a 0,51 e α = 0,60. Os dois fatores explicaram juntos apenas 21,75% da variância total das respostas numéricas dos participantes aos itens, indicando

necessidade de inserção de mais itens e aprimoramento do instrumento. Os resultados mostraram uma baixa, porém significativa, correlação entre os fatores habilidades e atitudes de interação no trabalho e visão de futuro e liderança (r = 0,375, p=0,001) e para a variável gênero houve

diferença estatisticamente ignificativa, indicando que as mulheres obtiveram médias maiores em habilidade e atitude de interação no trabalho (M=3,26, DP= 0,40).do que os homens. Os

resultados mostraram que os participantes da amosta são jovens oriundos das classes econômicas C2 e DE e residiam em locais com altas taxas de homicídio e baixos IDHs, confirmando a exposição a riscos sociais e situação de vulnerabilidade desses jovens. Nenhuma variável sociodemográfica dos participantes, nem os indicadores de vulnerabilidade social estava

correlacionada com impacto de treinamento no trabalho. Em futuros estudos, sugere-se avaliar a percepção dos jovens sobre a vulnerabilidade social vivida por eles, bem como a avaliação da VS por meio de outros indicadores objetivos.

Abstract

The overall objective of this work is to evaluate the impact of professional learning training program a in the work of socially vulnerable young apprentices. Two studies were carried out to meet the proposed objectives. Study 1 presents a systematic review of national and international scientific literature on the concept of Social Vulnerability and its measuring instruments. There were 46 articles selected for analysis out of 620 found on journals in english, portuguese and spanish languages rated by peers, between the years 1994 and 2014. The results suggest that Social Vulnerability is a multidimensional construct and it is understudied in psychology and further materials are still in early stage, as well as the discussions about measuring instruments remain in the individual level. Study 2 exposes the construction and application of a self- assessment scale to evaluate the impact of the training on the work of 281 young apprentices aged between 14 and 22 years, from the brazilian Federal District area. The results showed two- factor empirical structure that explained a set of 21.75% of the total variance of the number of participants responses to the items, indicating a need for inclusion of more items and

improvement of the instrument. The results demonstrate that the economic condition prerequisite C2 and DE for participation of youth in the program, homicide rates and the Human

Development Index of the RIDE-DF indicate at least some level of social vulnerability situation in which the participants currently live, yet it was not observed correlation with the training impact variables. It is suggested that in future studies evaluate the perception of social

vulnerability experienced by young apprentices, as well as evaluating the VS by other indicators. Keywords: training impact; social vulnerability; young apprentice

2.1 Introdução

Em um levantamento bibliográfico de estudos em Psicologia com adolescentes

trabalhadores, publicados entre 2001 e 2011, realizado por Frenzel & Bardagi, 2014, observou- se que há uma polarização de opiniões a respeito dos pró e contras da entrada precoce do jovem no mercado de trabalho. De forma geral, o artigo destaca três aspectos que precisam ser

considerados quando se trata do trabalho de jovens e adolescentes: (1) o significado que o trabalho tem para o jovem trabalhador: (2) a forma como o trabalho influencia sua saúde e (3) a forma como o trabalho influencia em seus estudos (Frenzel & Bardagi, 2014).

Nota-se com os resultados que um ambiente de trabalho pode gerar prejuízos ao

desenvolvimento escolar, impedimento de se realizar outras atividades extraclasse por conta de horários inflexíveis, cansaço, redução da quantidade de horas de sono e doenças (Dias, 2014; Frida Marina Fischer et al., 2003; Lachtim & Soares, 2009; Sousa, Frozzi, & Bardagi, 2013; Souza & Silveira Filho, 2007; Torres, Paula, Ferreira, & Pinheiro, 2010), ou pode tornar-se um espaço propício ao desenvolvimento de potencialidades, integração e amadurecimento pessoal e profissional para os jovens, estimulando a autonomia e aumentando a autoestima e o

compromisso (Cadoná & Góes, 2013; Sales, 2014; Sousa et al., 2013)

De acordo com o relatório do Banco Internacional do Trabalho (BIT) de 2012 (Cossio et al., 2012), as Políticas Ativas do Mercado de Trabalho (PAMT) tornaram-se estratégicas e eficientes em contextos de crises econômicas e de vulnerabilidade social (projetos da Argentina, Peru, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido), pois, por um lado, promovem o emprego, a formação e a orientação profissional do jovem desempregado, e oferecem incentivos fiscais às organizações que aderem ao programa. Contudo, nota-se que um ambiente monitorado (Frenzel

& Bardagi, 2014), que ofereça suporte (Sousa et al., 2013) tanto às atividades laborais, quanto às fases de desenvolvimento de cada jovem (Dias, 2014), talvez seja o ideal, pois, desse modo, os programas de aprendizagem poderiam reduzir eventuais efeitos nocivos do trabalho sobre o rendimento escolar e saúde do jovem trabalhador, e, ao mesmo tempo, estimular e potencializar o desenvolvimento do jovem. Além disso, a promoção de direitos e cidadania oferece a

oportunidade de desenvolvimento de habilidades aos jovens, capacitando-os a compreender, analisar e refletir sobre o mundo, e sobre a possibilidade de exercer um papel ativo na sociedade.

A aprendizagem informal é considerada uma das formas mais eficazes de preparar e qualificar o jovem para o mercado formal em países desenvolvidos (Cossio et al., 2012), diante da reduzida oferta de empregos que requeiram perfis compatíveis com as competências

possuídas pelo jovens (Belluzzo & Victorino, 2004; Lachtim & Soares, 2009). Observa-se ainda que a combinação entre conhecimento aprendido em sala de aula e no local de trabalho, aumenta o desempenho profissional de jovens em 30%, quando comparado com o desempenho de jovens que ingressam no mercado de trabalha sem um processo de profissionalização. (Cossio et al., 2012)Art. 3º do Decreto 5.598/2005) (Brasil, 2005), que estabelece um plano de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado não superior a dois anos, em que o empregador assegura e se compromete com o desenvolvimento profissional do jovem aprendiz, por meio de atribuição de tarefas que oportunizem aprendizagem no trabalho e uma formação técnico-profissional metódica, compatível com as suas peculiaridades físicas, morais e

psicológicas. Por sua vez, o jovem aprendiz estabelece o compromisso de executar suas tarefas, com assiduidade, disciplina e atenção às atividades propostas, necessárias à sua formação profissional.

Assim como vários programas de inclusão de jovens no mercado de trabalho (Capacitação Solidária, Primeiro Emprego, Bolsa Trabalho, Jovem Cidadão: Meu Primeiro Trabalho, Serviço Civil Voluntário, Aprendiz Legal, Jovem Candango), o objetivo do programa em questão é o de combater à delinquência juvenil no Brasil, promovendo a aprendizagem e gerando emprego e renda para o jovem e sua família, colaborando assim para o desenvolvimento socioeconômico do país e promovendo os direitos e cidadania dos jovens.

Dentre as várias lacunas existentes no que diz respeito a estudos acadêmicos sobre trabalho juvenil baseado na Lei da Aprendizagem (Brasil, 2000), uma delas é com relação a eficácia dos conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos pelos jovens por meio do

treinamento e sua relação com o desempenho no trabalho (impacto de treinamento). Treinamento este que, por sua vez, é pré-requisito para que uma instituição forneça programas de ensino aprendizagem (Brasil, 2000). Isso ressalta a afirmação de Mattos & Chaves (2010) segundo a qual as pesquisas no Brasil ainda tendem a desconsiderar a heterogeneidade de aspectos relacionados ao trabalho juvenil.

De acordo com Zerbini & Abbad (2010), o Impacto de Treinamento no Trabalho pode ser medido de acordo com dois níveis de abrangência: em profundidade e em amplitude. O primeiro,

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