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Com os avanços tecnológicos, novos métodos de fabricação e tratamento superficial estão sendo desenvolvidos para aperfeiçoar a microestrutura da liga de NiTi utilizada nos instrumentos mecanizados. Exemplos dessas modificações são as ligas M-Wire e Control-Memory Wire, proporcionando as limas maior elasticidade, resistência a fraturas, flexibilidade e capacidade de corte.

Neste estudo foi realizado teste de resistência à fadiga cíclica estático das limas: Reciproc R25 (VDW) e ProTaper NEXT X2 (Dentsply) que possuem liga M-Wire; ProDesing Logic 25/0.6 (Easy) fabricada com Control-Memory Wire; MTwo 25/0.6 (VDW) e Hero 25/0.6 (MicroMega) ambas com liga de NiTi convencional. Foram utilizados dois dispositivos que simulam canais radiculares com raio de curvatura de 6 mm ângulo de curvatura, e angulações de 30º e 45º. As limas foram testadas com cinemática de rotação contínua, e em seguida com cinemática reciprocante, tendo como grupo controle as limas Reciproc R25. Devido à utilização constante das limas Reciproc, em estudos dinâmicos e estáticos de resistência à fratura cíclica e apresentarem valores superiores nos testes, este instrumento foi selecionado como grupo controle durante esta pesquisa (De-Deus, et al, 2014; Higuera, et al, 2015; Plotino et al, 2015).

Os resultados de nosso estudo mostraram que o teste de resistência à fadiga cíclica das limas em rotação continua apresentaram valores estatisticamente diferentes, em ambos dispositivos. Apesar da falta de informações na literatura sobre o desempenho da lima Logic (Easy), nossos resultados mostraram maiores valores de resistência à fratura cíclica do que as demais, tanto na angulação de 30º como na de 45º. Não obstante, entre as limas MTwo, Hero e ProTaper NEXT não houve diferença estatística, em ambos dispositivos.

As limas do sistema Logic (Easy) são fabricadas com liga de controle de memória (Control-Memory Wire) possibilita ao instrumento se adequar a curvatura do canal radicular, diminuindo as áreas de tensão e compressão. Além de que, esta liga possui cristais de martensita e austensita, o que proporciona maior resistência fratura cíclica (Elnaghy, 2014). Podendo assim atribuir nossos resultados a características proporcionadas pela liga.

Nos testes com movimento rotatório contínuo, a lima ProTaper NEXT (Dentsply), que possui liga M-Wire, não apresentou resultados estatísticos melhores do que as lima MTwo (VDW) e Hero (MicroMega), que possuem liga de NiTi tradicional. Supões que este fato se deve a sua secção transversal retangular, que possui maior núcleo de massa, pois a literatura salienta que um dos fatores que se deve levar em consideração a resistência à fratura dos instrumentos é seu núcleo de massa, além do calibre e conicidade do instrumento (Plotino et al., 2009; Ye & Gao, 2012; Elnaghy, 2014).

Nossos resultados divergem dos de Elnaghy, 2014. O autor avaliou em teste de resistência à fratura cíclica três limas com tratamento especial na liga de NiTi: ProTaper NEXT (M-Wire) (Dentsply); HyFlex (Control Memory Wire) (Coltene); e Twisted-File (Fase-R) (SybroEndo); e a ProTaper (Dentsply) com liga de NiTi convencional. O autor concluiu que, os três tratamentos na liga de NiTi proporcionaram maior resistência à fadiga cíclica em relação a liga tradicional, sendo que a lima Twisted-File apresentou valores estatísticos maiores do que ProTaper NEXT e HyFlex.

Através da metodologia utilizada em nossa pesquisa foram verificados valores maiores para todos os sistemas de limas utilizados em cinemática reciprocante do que em rotação contínua, quando utilizado o dispositivo com ângulo de curvatura de 30°.

Trabalhos como os de Gambarini et al., 2012, que avaliaram a resistência à fratura cíclica do instrumento K3XF (SybronEndo, Orange, CA, USA) sobre cinemática reciprocante em diversos ângulos de cinemática, mostraram que todos os grupos que realizaram cinemática reciprocante mostraram resultados significantemente maiores que o grupo que realizou rotação contínua.

Os mesmos autores anteriores obtiveram melhores resultados de resistência a fratura cíclica com a lima Twisted File (Sybron Dental Specialties, Orange, CA, USA) com cinemática reciprocante quando comparado ao movimento de rotação contínua (Gambarini et al., 2012).

Os resultados da lima MTwo (VDW) em nossa pesquisa quando acionadas em cinemática reciprocante foram semelhantes aos de Vadhana et al., 2014, que também obtiveram maiores valores de duração das limas MTwo e RaCe (FKG) quando acionadas em cinemática reciprocante em comparação a cinemática de rotação contínua.

Avaliando a resistência à fratura cíclica do instrumento Reciproc R25 (VDW) em diversas cinemáticas, Arslan et al., 2015 e Gavini et al., 2012, obtiveram maiores valores de duração em cinemática reciprocante comparado com movimento de rotação contínua. Nossa pesquisa utilizou o instrumento Reciproc R25 como grupo controle para a cinemática reciprocante. As limas Logic e MTwo não apresentaram diferença estatística em relação a Reciproc R25. Contudo, estes três sistemas de limas endodônticas foram estatisticamente mais resistente que as limas Hero e Protaper Next.

Os resultados da resistência à fratura cíclica quando utilizado o valor de 45° na angulação revelou que a lima Logic foi estatisticamente mais resistente do que as demais limas de rotação contínua, e em relação a lima Reciproc não houve diferença estatística.

Os instrumentos Hero (MicroMega) e ProTaper NEXT (Dentsply) apresentaram valores menores de resistência a fratura cíclica em movimento reciprocante com ângulo de 45°, comparado aos seus resultados em movimento de rotação contínua. Os instrumentos ProTaper NEXT possuem liga M-Wire, semelhante a lima Recirpoc R25, porém os resultados foram semelhantes aos da Hero, fabricada com NiTi convencional.

Ye & Gao, 2012, investigaram a liga M-Wire em quatro diferentes momentos de média de sobrevida da liga, através de diferentes técnicas de caracterização metalúrgica, como calorimetria de varrimento, microdureza e microscopia eletrônica de transmissão. Os autores concluíram que, a liga M-Wire apresenta maior dureza e resistência ao desgaste do que a liga convencional de NiTi, devido sua microestrutura em martensita.

Al-Hadlaq et al., 2010, avaliaram a resistência da lima GT-X (Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma, EUA), fabricada com liga M-Wire, comparada as limas GT (Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma, EUA) e ProFile (Dentsply Tulsa Dental, Oklahoma, EUA), ambas com liga de NiTi tradicional. Os três sistemas de limas utilizados pelos autores possuíam mesmo calibre de ponta, conicidade e secção transversal. Os autores concluíram que a lima com M-Wire (GT-X) apresentou valores estatisticamente maiores de resistência à fadiga do que as demais.

A hipótese do desempenho da lima ProTaper NEXT ter sido semelhante ao da Hero em cinemática reciprocante, pode ser por características de fabricação, como diversos ângulos helicoidais e secção com maior núcleo de massa, tornando o instrumento mais apropriado para cinemática de rotação contínua. Logo, mais estudos devem ser realizados para melhor compreensão deste instrumento em movimento reciprocante.

Observou-se diferença estatística nos resultados das limas entre as duas angulações utilizadas na metodologia. Quanto maior o ângulo de curvatura menor é o valor de resistência à fadiga cíclica, portanto, deve-se ter maior cautela durante o preparo mecânico de canais radiculares curvos, pois os instrumentos estão mais sujeitos a deformações, consequentemente, a fratura.

A literatura mostra que quanto maior o ângulo de curvatura e menor o raio, menor será a sobrevida dos instrumentos, seja em teste de in vitro ou clínico (Plotino et al., 2009; Peters, 2004; Parashos et al., 2004; Grande et al., 2006). Portanto, os dados obtidos em nossa pesquisa condizem com os achados na literatura, que quanto maior o ângulo de curvatura menor a resistência dos instrumentos, utilizando ambas cinemáticas.

Através das imagens realizadas com microscopia eletrônica foi possível verificar padrões de fraturas nos instrumentos, mesmo com cinemáticas e ângulos de curvaturas diferentes. Os instrumentos Hero, Reciproc R25 e ProTaper NEXT apresentaram formações de covas profundas e estrias. Já os instrumentos MTwo e Logic apresentaram covas mais rasas, visualizando poucas estrias na lima MTwo.

As covas profundas são típicas de fratura dúctil, na qual há uma irregularidade da superfície, devido a lenta propagação das trincas (Shen et al., 2011). As estrias tem origem tipicamente nas arestas cortantes dos instrumentos, representando o desgaste dos instrumentos (Elnaghy, 2014).

Mesmo a literatura apresentando pesquisas que mostram que, o movimento reciprocante proporciona às limas endodônticas melhores resultados de resistência à fratura cíclica em relação ao movimento rotatório contínuo, algumas limas são fabricadas para desempenhar melhor em cinemática rotatória contínua.

Devido o aprimoramento da liga de NiTi, os instrumentos apresentam maior resistência a deformações reduzindo os índices de fraturas. Novas pesquisam devem ser realizadas associando os tipos de liga de NiTi e secção transversal com a cinemática reciprocante, a fim de compreender melhor os efeitos mecânicos que ocorrem nos instrumentos durante a utilização deste movimento, e como isso pode repercutir no preparo biomecânico na prática clínica.

Fatores como a amplitude do ângulo de curvatura e raio são diretamente proporcionais a resistência à fratura cíclica das limas endodônticas. Devendo novos estudos com limas fabricadas para rotação contínua serem realizados quando utilizadas em cinemática reciprocante, engrandecendo os conhecimentos sobre as propriedades mecânicas dos instrumentos, e seus efeitos no preparo biomecânico, como quantidade de debris produzido, conformação e deslocamento da trajetória do canal radicular.

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