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Atualmente é mundialmente reconhecido que o uso de ATM melhoradores de desempenho vem sendo banido da produção animal devido à sua possível relação com a ocorrência de resistência cruzada entre bactérias altamente patogênicas e de importância na saúde humana com aquelas de origem na produção animal (HUGHES; HERITAGE, 2004). No entanto, a pressão para a substituição destes melhoradores de desempenho é imensa, uma vez que a retirada destes medicamentos na pecuária leva a prejuízos consideráveis ao produtor. De fato, uma busca na literatura mostra que o número de artigos com novos pré e probióticos, e ainda uso de ácidos orgânicos, enzimas e ervas na avicultura, só tem aumentado (SETHIYA, 2016).

Como dito anteriormente, várias são as hipóteses de como os ATM melhoradores de desempenho administrados em baixas concentrações atuam, sendo uma das possíveis formas, a modulação negativa sobre a resposta inflamatória do TGI, o que, além de facilitar a absorção de nutrientes, diminui gastos energéticos com a elicitação e desenvolvimento de uma resposta imunomediada. Assim, seria o uso de AINE benéfico à produção animal?

O uso de AINE na avicultura com objetivo terapêutico de processos dolorosos, inflamatórios ou antitérmicos é muito raro; no entanto, alguns estudos tem evidenciado que o emprego destes medicamentos em aves comerciais, sejam elas de corte, sejam aquelas produtoras de ovos, tem promovido alguns resultados animadores para a avicultura; porém, nem sempre replicáveis ou eficientes para todos os parâmetros zootécnicos, como por exemplo, o uso do AAS para a melhora da qualidade da casca do ovo (BALOG; HESTER, 1991), no entanto, sem melhorar a produção e a eficiência alimentar de galinhas poedeiras (MCDANIEL et al., 1993). Ainda, em um estudo com o AAS realizado por Stilborn e colaboradores (1988) foi sugerido que o uso deste AINE não promoveu melhora no desempenho de frangos de corte durante o estresse térmico, o que não foi observado por Mohammed (2010), o qual verificou que o uso deste fármaco durante períodos de estresse térmico, poderia melhorar o conforto termal e a produção de poedeiras. Porém, parcos são os estudos utilizando AINE como substituto dos AAZMD. Dentre os AINE a serem utilizados, imaginou-se que aquele a ser empregado neste

estudo deveria ser de baixo custo, e apto farmacotecnicamente a ser incorporado na ração dos animais, sem que este sofresse alterações do meio, como ocorre com o AAS, que ao ser incorporado na água de bebida dos animais ou mantido em ambiente com forte conteúdo úmido, como a ração, sofre hidrólise e consequentemente resulta em menor biodisponibilidade (MITCHELL et al.,1993; POŹNIAK et al., 2013). E ainda, que já houvesse estudos de farmacocinética e toxicidade (RODER et al.,1996; BAERT; DE BACKER, 2003; BAERT; SCHELKENS; DE BACKER, 2004) que não demonstrassem os efeitos deletérios que esta classe de medicamento possui, como o efeito colateral sobre o TGI, levando à ocorrência de gastrite e ulcerações gástricas (XAVIER; MARUO; SPINOSA, 2008) que poderiam diminuir o CR e, consequentemente, o menor desempenho dos animais, tendo sido os eleitos para este estudo o IBF, o SS e o MLX.

De fato, com os resultados aqui obtidos, pudemos depreender que, apesar de alterações pontuais, quanto ao ora aumento e ora diminuição no consumo de alimentos em alguns períodos experimentais daquelas aves tratadas com IBF, não foram observadas alterações estatisticamente significantes no CR total, bem como no peso, CA e no GP total destas aves, tanto aos 21 quanto aos 42 dias vida, evidenciando assim que as doses aqui empregadas, apesar de não terem conferido às aves melhor desempenho no que diz respeito à eficiência alimentar, uma vez que estas se mostraram semelhantes àquelas do grupo controle, não promoveram alterações gástricas características do uso contínuo de AINE.

Quando foi realizado o hemograma das aves tratadas ou não com o IBF, foi possível averiguar que o perfil hematológico ao longo do tratamento destas aves foi diferente, havendo em um primeiro momento alterações no número de eosinófilos circulantes, que aos 42 dias de vida não ocorre. Os eosinófilos são células granulocíticas, e sabe-se que a composição dos seus grânulos é semelhante à dos mamíferos. Apesar disto, ainda não se sabe exatamente qual o papel dos eosinófilos nas aves (MONTALI, 1988). Sugere-se que, à semelhança do que ocorre nos mamíferos, a eosinofilia esteja associada ao parasitismo e edema facial de aves. Já a eosinopenia está associada ao estresse severo e à utilização de corticosteroides (BOUNOUS; STEDMAN, 2000; LATIMER; BIENZLE, 2000). Estudos de Neto, Viana e Magalhães (1977)

relataram que a diminuição no número de eosinófilos pode estar relacionada a processos infecciosos agudos. Dessa forma, a diminuição verificada em nosso estudo poderia ser indicativa de processos infecciosos ou mesmo de estresse, contudo nenhum outro parâmetro mostrou alterações que corroborassem para esta assertiva, não podendo assim ser concluído neste estudo com IBF.

Ainda, quando o hemograma foi avaliado aos 42 dias de vida das aves, o número de eosinófilos apresentou-se sem alterações em relação ao CO, porém observou-se leucopenia reflexa à linfopenia e à heterofilopenia. Sabe-se que uma leucopenia pode significar infecção viral ou bacteriana em aves (DEIN, 1986; FUDGE; JOSEPH, 2000; LATIMER; BIENZLE, 2000; SCHMIDT, 2007); porém, em nenhum momento experimental foram observados sinais clínicos que corroborassem esta informação. Não houve morbidade e tão pouco mortalidade nas aves tratadas com o IBF. Assim, não restam dúvidas de que outros estudos devam ser realizados para o melhor entendimento dos efeitos do IBF sobre o leucograma de aves.

Já em relação aos estudos do perfil bioquímico das aves, foi observado aos 21 dias, uma diminuição dos níveis da enzima ALT nos grupos tratados com IBF. Sabe-se que para avaliações de função hepática em mamíferos, as enzimas ALT, AST, fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transpeptidase (GGT) podem ser elencadas para estudos de possível hepatotoxicidade, mas vale lembrar que a FA é uma enzima inespecífica, a qual pode ser liberada por atividade osteoclástica nos ossos, pelo TGI e também pelo fígado (CAMPBELL, 2004; SCHMIDT, 2007) e ainda, a GGT está mais relacionada a lesões colestáticas que aquelas exclusivamente hepáticas (CAMPBELL, 2004; SCHMIDT, 2007). Assim, as enzimas AST e ALT quando aumentadas em um indivíduo são claramente marcadoras de hepatotoxicidade. No entanto, o aumento da ALT isoladamente, não reflete em alterações hepáticas, de fato, alguns autores sugerem que em aves, tanto a AST quanto ALT podem não caracterizar dano hepatocelular devido à inespecificidade destas enzimas nestas espécies animais, sendo inclusive a ALT omitida de alguns quadros de bioquímica sérica de aves (LUMEIJ, 1997). Ainda, este mesmo parâmetro, quando avaliado aos 42 dias de vida, não se mostra mais elevado quando comparado ao do controle, porém o LDH, por sua vez, apresentou aumento no grupo de dose 5,0 mg/kg de IBF. O LDH também não é uma enzima específica

para distúrbios hepatocelulares nas aves, porém o aumento plasmático pode estar relacionado a disfunções hepáticas ou, ainda, musculares (CAMPBELL, 2004). Estudos mostram maior atividade de LDH na musculatura esquelética, miocárdio, pulmão e fígado (LEWANDOWSKI et al., 1986; FUDGE, 1997). Mais uma vez, podemos afirmar que a alteração isolada não significa em alterações nas funções do tecido. Com isso, este estudo mostrou que o IBF não é, nas doses aqui empregadas, hepatotóxico. De fato, em um estudo realizado por Ghodasara et al. (2014), apenas doses a partir de 80ppm foram capazes de promover hepatotoxicidade.

Por outro lado, também aos 21 dias, foi observado um aumento da albumina sérica, diminuição nos níveis de globulina e consequente aumento na razão albumina/globulina (ALB/GLOB) naquelas aves tratadas com 10,0 mg/kg de IBF. Uma alteração na razão ALB/GLOB com aumento deste índice, pode denotar a presença de enfermidades e infecções (KANEKO,1997); porém, mais uma vez ressaltamos que em nenhum momento foram observadas morbidade ou mortalidade decorrentes de processos infecciosos neste experimento. Assim, estudos devem ser verticalizados com o objetivo de melhor entender estes resultados, uma vez que em conjunto, estas diferenças estatísticas não refletiram nos animais significância biológica. Ainda, nota-se mais uma vez que aos 42 dias de vida, estes parâmetros se encontraram dentro da normalidade quando comparados com aqueles do grupo controle.

Ainda discutindo as alterações dos parâmetros bioquímicos aqui avaliados, aquele que mais chama a atenção está relacionado aos níveis de ácido úrico, os quais se mostraram, tanto aos 21 dias quanto aos 42 dias de vida, aumentados de forma dose-dependente, com significância estatística nos animais tratados com as doses de 5,0 e 10,0 mg/kg de IBF. O ácido úrico é o principal produto de excreção do metabolismo do nitrogênio nas aves, e seu aumento pode sugerir disfunções renais (LUMEIJ, 1997). Sabe-se que o uso indiscriminado de AINE está associado ao comprometimento das funções renais, sendo o IBF de destaque em humanos (WHELTON; WATSON,1998; MELGAÇO, 2010). Somado a este fator, tem-se que o IBF é conhecido por causar intoxicações em animais domésticos mamíferos e por possuir baixa margem de segurança terapêutica (XAVIER; MARUO; SPINOSA, 2008). No entanto, naquele estudo realizado por Ghodasara et al. (2014), em que doses

de 80, 400 e 800 ppm de IBF foram utilizados por 21 dias, não foram encontrados sinais de lesão renal e aumento do ácido úrico. Assim, não restam dúvidas de que mais estudos devam ser realizados para o melhor entendimento deste resultado, o qual pode estar inclusive relacionado à constituição da ração e sua interação química com o IBF adicionado, interferindo assim em sua biodisponibilidade e possível ação benéfica ou tóxica aos animais.

Os resultados obtidos com o SS não mostraram diferenças estatísticas significantes em relação às avaliações de peso, GP, CR e CA, entre os grupos de animais que receberam tratamento e o CO ao longo dos 42 dias, embora no CR tenham sido observadas diferenças estatísticas pontuais. Deste modo, pode-se inferir que as doses empregadas não promoveram melhoria no desempenho dos frangos, já que os resultados dos grupos tratados se mostraram semelhantes aos do grupo controle. Na literatura, os índices de desempenho das aves suplementadas com salicilatos têm sido controversos. Poźniak et al. (2012) mostraram em seus estudos que houve diminuição do GP de ambos os grupos de aves tratados com AAS e SS de forma dose- dependente quando as doses de 200 mg/kg e 400 mg/kg foram administradas por gavage durante 14 dias. Ainda, nos estudos de Reid et al. (1964), não foi observado melhora no GP nos grupos tratados com AAS nas doses de 0,005% e 0,08% adicionadas na ração, durante 4 e 8 semanas. Por outro lado, um estudo anterior de Poźniak et al. (2010) mostrou que houve aumento no GP de aves fêmeas tratadas com SS, na dose de 100 mg/kg administrada por gavage, durante 20 dias; contudo, houve diminuição neste mesmo parâmetro em outro grupo de aves deste mesmo estudo tratado com 200 mg/kg, também por 20 dias. Ainda, no mesmo estudo, não foram observadas quaisquer diferenças significantes no GP das aves tratadas com AAS.

Com relação ao perfil hematológico dos frangos tratados com o SS aos 21 dias, não foram observadas diferenças significantes nestes parâmetros quando comparados aos do controle, com a exceção ao CHCM que se mostrou aumentado no grupo tratado com 10,0 mg/kg. Há relatos que indicam que o aumento do CHCM possa estar relacionado ao estresse térmico em frangos de corte, porém isto ocorre em associação à diminuição do VCM (FURLAN et al., 1999). Ainda, não foram observadas alterações em nenhum dos parâmetros

avaliados no hemograma aos 42 dias de vida das aves, evidenciando que o tratamento com o SS não levou a alterações estatísticas significantes no perfil hematológico. Portanto, a alteração observada no CHCM aos 21 dias foi pontual e não infere em prejuízo aos animais decorrente da administração do fármaco, ou ainda, que esta observação seja decorrente de estresse térmico, já que todos os animais estavam submetidos às mesmas condições ambientais.

No presente estudo, o tratamento com o SS promoveu alterações no perfil bioquímico das aves aos 21 dias, com diminuição das enzimas AST e ALT de aves tratadas com a menor e maior dose do AINE; porém, também foi observado aumento da FA e do GGT nas aves da maior dose de tratamento. Sabe-se que o aumento de AST e ALT indicam possíveis lesões hepáticas (LUMEIJ,1997). Contudo, os resultados aqui apresentados revelam diminuição de ambas as enzimas marcadoras de hepatotoxicidade, podendo ser sugerido que estas doses de SS aqui utilizadas não promoveram danos hepáticos nas aves. Em contradição aos níveis de ALT e AST, a GGT apresentou-se aumentada no grupo de maior dose. Esta enzima também está relacionada às funções hepáticas e coleréticas nas aves, porém ainda está presente em outros órgãos como rins, cérebro e intestino, não sendo seu aumento isolado, marcador específico de hepatotoxicidade (LUMEIJ, 1997; CAMPBELL, 2004). Da mesma forma, alterações na FA indicam, principalmente, resultados de atividade osteoclástica. Dessa forma, aumento das concentrações desta enzima pode significar reparo ósseo, crescimento ou neoplasias (SCHMIDT, 2007).

Quando os animais foram avaliados aos 42 dias de experimentação, alguns parâmetros que se mostraram alterados aos 21 dias, mostraram-se aos 42 dias normalizados; porém, a GGT, que estava elevada no mesmo grupo de 10,0 mg/kg apresentou-se diminuída aos 42 dias. Neste mesmo grupo de animais tratados com a maior dose, foi observado ainda diminuição significante na proteína plasmática total, assim como na globulina, e ainda, aumento na relação ALB/GLOB nos grupos de 5,0 e 10 mg/kg do SS. Algumas situações em que se pode observar alterações na proteína total, e nas concentrações de globulinas e albuminas são insuficiência hepática, distúrbios gastrointestinais e renais e deficiências nutricionais, levando à diminuição severa de proteínas (LEWANDOWSKI et al., 1986; LUMEIJ, 1997). Ainda, a diminuição da relação

ALB/GLOB pode indicar inflamações, nefropatias e peritonites (LUMEIJ, 1997; JONES, 1999); contudo, o que ocorreu em nossos estudos foi aumento desta relação, não havendo assim dados literários que pudessem justificar e auxiliar no entendimento destas alterações aqui observadas.

Não há na literatura, até o momento, estudos que descrevam alterações em índices zootécnicos de frangos de corte tratados com MLX, sendo este estudo o pioneiro neste modelo. Alguns estudos têm mostrado que o MLX é bem aceito no tratamento terapêutico de aves silvestres na dose de 0,1 mg/kg, não tendo sido relatado efeitos colaterais imediatos nas mesmas, como apatia e perda de apetite resultantes do efeito colateral gástrico clássico do uso de AINE (PAUL-MURPHY; LUDDERS, 2001; HUEZA, 2008). De fato, o presente estudo corrobora tal conclusão, uma vez que os tratamentos com as diferentes doses do MLX não promoveram alterações no CR, bem como nos parâmetros relacionados.

Os parâmetros celulares do hemograma dos frangos tratados com MLX mostraram-se alterados apenas aos 21 dias. No presente estudo, observou-se um aumento no número de heterófilos relativos circulantes naquelas aves tratadas com a maior dose do MLX, enquanto que o número de linfócitos absolutos se apresentou diminuído nas aves tratadas com a menor e a maior dose aqui utilizadas, não tendo sido observado, no entanto, uma relação dose- reposta do tratamento, uma vez que não houve qualquer alteração do grupo de aves tratadas com a dose intermediária. Os heterófilos são células granulocíticas com semelhança funcional ao dos neutrófilos de mamíferos (HARMON, 1998). É sabido que tanto em mamíferos como em aves (HARMON, 1998; MITCHELL; JOHNS, 2008), o uso de glicocorticoides, bem como o aumento de corticosteroides endógenos (cortisol ou cortisona) decorrentes de estresse ou doenças suprarrenais pode levar à ocorrência de neutrofilia e heterofilia, devido à diminuição da marginação endotelial destas células e de linfopenia decorrente da imunossupressão (HARMON, 1998; MITCHELL; JOHNS, 2008). Porém, caso houvesse algum tipo de estresse que levasse a estas alterações, elas estariam presentes em todos os grupos de animais, perdendo-se assim suas significâncias estatísticas.

Já em relação à diminuição da hemoglobina nas aves tratadas com a maior dose, esta poderia estar relacionada a um quadro de anemia nas aves,

contudo, não foram observadas alterações no hematócrito e nos outros parâmetros hematimétricos e tão pouco sinais clínicos como palidez de barbela e de mucosas que pudessem confirmar tal quadro. De fato, Fudge (2000) relata que quadros anêmicos de aves vem geralmente acompanhados de diminuição na contagem total de eritrócitos, bem como diminuição do hematócrito.

Com relação à bioquímica sérica das aves tratadas com MLX, foram observadas diferentes alterações aos 21 e 42 dias. No primeiro momento, aos 21 dias, foi observado diminuição dos níveis séricos da enzima ALT em todos os grupos que receberam MLX; porém, aos 42 dias de experimentação, estes níveis se apresentaram sem alterações quando comparados a seu respectivo grupo CO. Como mencionado anteriormente, a ALT pode estar relacionada a danos ou disfunções hepáticas, contudo essas alterações são acompanhadas de mudanças conjuntas das outras enzimas, como AST e GGT. Dessa maneira, esta alteração observada, no primeiro momento, não reflete em alterações hepáticas.

Quanto à glicemia das aves aos 21 dias de tratamento, foi observada uma diminuição de seu nível no grupo de aves tratadas com a dose intermediária; porém, estes valores, apesar de mostrarem-se estatisticamente significantes, podem não denotar significâncias biológica, uma vez que uma hipoglicemia pode ser resultante de falência hepática, desnutrição, neoplasias e septicemia, não havendo nenhum relato até o momento de que o MLX , por meio de seu mecanismo de ação, promova tal efeito em mamíferos.

Interessante notar que os valores do índice glicêmico se revertem aos 42 dias de vida, mostrando-se elevados, e não apenas neste grupo de dose intermediária, como também nas aves das outras doses empregadas e de forma dose-resposta. Sabe-se que anti-inflamatórios esteroidais podem promover de forma dose e tempo-dependente, um aumento dos níveis de glicose no sangue, seja por diminuir sua captação pelas células (efeito diabetogênico) seja por sua ação hepática em promover a gliconeogênese (MELO, 2016); porém, tais efeitos não são compartilhados por AINE, cujo mecanismo de ação sobre a COX-2, principalmente, não resultam em efeitos metabólicos à semelhança dos glicocorticoides, não havendo até o momento, e com os dados aqui obtidos, subsídio para levantar qualquer hipótese para este resultado. Em adição, também aos 42 dias, foi verificado aumento no número

de proteínas totais e globulinas, nos grupos de 0,2 e 0,4 mg/kg e aumento de albumina apenas no grupo de 0,2 mg/kg de MLX.

Por fim, o aumento nos níveis de creatinina do grupo que recebeu a maior dose de MLX pode não ser indicativa de alterações renais, como sugere- se em mamíferos, quando há também aumento nos níveis de ureia. Ainda, em aves o aumento na CK está mais relacionado a miosites e necrose do que a possíveis efeitos renais (LUMEIJ et al., 1988), efeito este não observado nos animais aqui tratados.

Não restam dúvidas que o presente estudo, apesar de evidenciar que a administração dos diferentes AINE aqui utilizados não promoveram nas aves diminuição no CR, um dos principais parâmetros toxicológicos a ser considerado, e diminuição no GP, também não promoveu nestas aves dos diferentes tratamentos, melhora na CA e consequentemente melhor desempenho zootécnico, não sendo as doses aqui empregadas, nem tóxicas, quando centralizado apenas nestes parâmetros e nem melhoradoras de desempenho.

No entanto, uma avaliação criteriosa quanto aos parâmetros bioquímicos aqui estudados evidencia que é necessário se realizar em um futuro próximo, estudos que busquem não somente padronizar metodologia analítica destes parâmetros bioquímicos em aves, como principalmente validar se os “kits” de uso em mamíferos são adequados para os estudos em aves, sejam elas comerciais, sejam elas silvestres. Podemos citar como possíveis intervenientes destas análises e que podem ter promovido resultados tão aleatórios, sem relação dose-resposta ou consistência temporal, a própria presença de pigmentos carotenoides presente no soro de aves que poderia causar interferência na acurácia analítica dos kits não específicos para aves, ou ainda a lipemia característica das aves, que pode intervir nas análises por “kits” não-específicos a estes animais, como revelar falsamente o aumento de enzimas hepáticas, de FA, hemoglobina e outros parâmetros (HARR, 2006). Porém, apesar de levantarmos estas questões, por que não as prevenimos?

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