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A proposta para a discussão dos dados registrado no decorrer de nossa pesquisa será apresentada observando o referencial teórico e os discurso dos dançarinos dentro das categorias estabelecidas e das subcategorias identificados nas resposta obtidas, segundo

Bardin (1977)

6.1 - Categoria: Encontro com a Dança:

Nesta categoria buscamos identificar, quais os motivos que levaram os dançarinos com deficiência física motora a procurarem pela dança e como foram as experiências deste primeiro contato com a dança.

a)- Aspiração Pessoal/ Desejo de ser Bailarina:

As dançarinas, 1, 2 e 6 procuraram a dança por vontade própria, pelo desejo de dançar e ser bailarina. Contudo as dançarinas 1 e 2 , ambas procuraram a dança por vontade própria, na adolescência e na fase adulta, que diferem da dançarina 6, que iniciou o trabalho na infância:

Dançarina 1:

Eu estava lendo o jornal Gente Ciente

Vi uma reportagem sobre uma professora que dava aula para pessoas de cadeira de rodas Eu sempre quis dançar,

Então liguei para ela

Dançarina 2:

Eu queria dançar a minha valsa dos meus quinze anos.

Encontrei aulas de dança no centro de reabilitação e foi lá que eu comecei. Realizei o sonho de dançar a valsa no meu aniversário.

Observa-se que a dançarina 1 já há algum tempo queria fazer esta atividade, mas foi à procura da dança apenas quando encontrou uma reportagem sobre dança em cadeira de rodas em um jornal específico destinado aos leitores com deficiência. Enquanto a dançarina 2, queria dançar a valsa de seus quinze anos, desejo compreensível e normal em muitas jovens desta idade que tem a oportunidade de vivenciar a experiência da comemoração do aniversário de quinze anos.

Ambas encontraram a dança em locais próprios de atendimento á pessoa com deficiência. Sendo eles um centro de reabilitação e uma organização não governamental para este fim.

A dançarina 1 relata a experiência da primeira aula com ênfase na liberdade de expressão:

Dançarina 1:

Logo na primeira aula eu me senti livre, leve e solta. È como seu eu tivesse nascido para fazer isto.

De acordo com Meireles & Eizirik (2003) a dança contemporânea estimula a produção e não reprodução de um gesto á partir da esfera sensível de cada dançarino ou de uma adesão profunda ao ponto de partida do dançarino, promovendo uma autenticidade corporal.

Isto é compreensível na dança em cadeira de rodas, pois foi proporcionado à dançarina 1 um espaço de expressão, uma construção particular de seus movimentos, uma escuta de seu próprio corpo, que possibilitou uma identificação com a dança.

A dançarina 2 relata a experiência de interação com o parceiro em outra condição de deficiência, como corpos que se entrelaçam e se complementam. Relata ainda a descoberta sobre seu corpo, suas possibilidades de movimento e o corpo de seus parceiros, a cada combinação de pares e a cada coreografia.

Dançarina 2:

Dancei também muito tempo com uma amiga que é cega. Era como seu eu fosse os olhos dela

E ela fosse as minhas pernas

Fizemos muitas apresentações em congressos, teatros Foi e ainda é uma experiência de descoberta

Eu descubro a cada dia a cada coreografia a cada parceiro uma novidade Sobre o meu corpo,

Sobre as minhas possibilidades de movimento Sobre a minha pessoa

Nesta perspectiva Meireles & Eizirik (2003), reforçam o fato de que um corpo é sempre modificado na experiência com a arte, o corpo atingido por uma informação nova, neste caso uma relação corporal com o outro com diferentes possibilidades, é capaz de deformar, assumir, transformar, adaptar-se tornado esta nova informação como parte integrante dele.

Assim nasce uma comunicação silenciosa entre corpos com diferentes experiências emocionais, motoras e sensoriais, uma identidade na dança construída através do sentir e interagir com a diferença de outro dançarino desenvolvendo a cumplicidade e complementação dos gestos e movimentos elaborados em parcerias.

A dançarina 6 solicitou aos seis anos de idade uma professora que lhe ensinasse a dançar, pois queria usar as roupas de balé como outras meninas da sua idade e se encantava com a possibilidade de ser bailarina de viver este momento vestida a caráter.

Dançarina 6:

Eu queria ser bailarina,

Eu queria colocar colant, meia, sapatilha, coquinho, A roupa bem de bailarina mesmo.

O início da atividade se deu por um processo experimental entre aluna e professora. A professora era bailarina profissional, porém não tinha experiência no ensino da dança em cadeira de rodas. A relação corporal e afetiva entre professora/ aluna foi sendo construída aos poucos durante as aulas, como podemos observar no discurso da dançarina:

Dançarina 6:

E aí um dia a gente se encontrou e começou, Mas começou completamente no escuro.

E aí a gente começou assim, pegamos uma historinha e a gente interpretava Ou ela fazia alguma coisa e eu copiava

E aí quando a gente viu a gente estava dançando.

b)- Busca Profissional:

O dançarino 5 buscou a dança como um meio de aperfeiçoar sua expressão corporal para complementar sua profissão de ator, pois encontrava dificuldade em realizar plenamente as aulas de expressão corporal, devido a falta de experiência dos profissionais do teatro no ano de 19.

Dançarino 5:

..as aulas de expressão corporal no teatro ficaram um pouco comprometidas

Os professores da época, eles não tinham muita noção de como lidar com o corpo diferente, o corpo com deficiência

Seu encontro com a dança se deu através de um espetáculo que ele no papel de espectador, apreciou, sentiu- se emocionado e projetou-se na identidade dos dançarinos em cena.

Dançarino 5:

Primeiro eu vi a Tiana, eu amei!! Depois quando eu vi a Bianca eu me vi dançando e quando eu vi a Robertinha eu me debulhei em lágrimas.

Ao iniciar o trabalho relata as sensações das primeiras aulas como o sentir-se num só corpo, uma fusão com sua professora.

Dançarino5:

E o que eu me lembro das sensações das primeiras aulas era de um troço muito louco, Que se eu tivesse tomado um litro de chá de cogumelo, eu não ia sentir aquilo que eu senti. A gente teve uma interação que eu não sabia onde acabava o meu corpo e onde começava o dela,

Era uma sensação de unidade em um único corpo.

Venâncio & Costa (2005) explicam que o corpo e o outro na dança traduz uma nova modalidade de amizade com base na sensibilidade, que revela uma possibilidade de constituir uma comunidade dançante em que se reconheça a pluralidade e se vivenciem relações livres e não institucionalizadas, ou seja, relações construídas independente de sexo, raça, classe social, crença, entre outros.

Em perspectiva similar Embassaí (2006, p. 56) diz que:

...o despertar da sensibilidade e a tomada de consciência das conexões entre os segmentos permitem apreender a estrutura corporal como um todo, uma unidade funcionalmente integrada cuja projeção ocupa espaço. A partir desta percepção individual é possível perceber que outras estruturas, outros corpos, outras pessoas também se movem e, mais que isto inter- relacionam –se. A observação deste fenômeno intercambial favorece a tomada de consciência do (s) outro (s), incluindo – os num corpo de limites invisíveis a ser compartilhado por todos: O corpo social. A resultante é a integração entre os universos individual e coletivo, o que favorece a conscientização corporal uma dimensão mais ampla no trabalho com o corpo.

c)- Início da Atividade como complemento no Processo de Reabilitação:

As dançarinas 4, 7 e 9 iniciaram o contato com a dança em cadeira de rodas durante o processo de reabilitação. As dançarinas 4 e 7 faziam as sessões de fisioterapia, enquanto a dançarina 9 freqüentava uma instituição para fazer a reabilitação motora e outras atividades complementares:

Dançarino 4:

Eu estava fazendo minha fisioterapia

Um dia minha mãe conheceu uma pessoa que dava aulas de dança em cadeira de rodas. Minha mãe a chamou para dar aulas na minha casa.

No começo achei difícil

Depois comecei a me soltar mais.

Hoje eu faço aulas em casa e também no grupo. Os estilos de dança e música são diferentes Eu gosto de fazer aula com as duas professoras.

Dançarino 7:

Eu tinha uma fisioterapeuta que fazia minha terapia

Ela teve que se ausentar e Aí eu fui para a Rô que começou a fazer a minha fisioterapia Ela me convidou para fazer parte do grupo de dança dela

Meu sonho era dançar Eu pensei, vou ficar famosa Vou me soltar

E eu aceitei.

Dançarino 9:

Um dia apareceu uma professora de dança Eu resolvi experimentar

Gostei muito

Logo com poucos ensaios eu já comecei a dançar E apresentar com ela e com o parceiro dela. Foi muito legal, emocionante

Às vezes também era muito divertido Errar acertar, eles são muito engraçados Eu quero dançar para sempre

Agora estou dançando na companhia de dança da professora fora da entidade.

Peres & Gonçalves (2002), acreditam que passada a fase aguda da reabilitação em que a fisioterapia ocorre intensamente visando ganhos imediatos, é fundamental que a pessoa opte por um tipo de exercício, atividade de sua preferência. Neste caso as dançarinas tiveram a opção de vivenciar a dança em cadeira de rodas e se identificaram com esta atividade, fazendo parte de grupos com este fim específico, realizando espetáculos e apresentações, fora do contexto de reabilitação. Nota-se que a dançarina 7 sentia o desejo de dançar, mas seu contato com a dança se deu através de convite realizado pela da fisioterapeuta. Isto ocorre normalmente, devido à falta de opções de atividades artísticas para pessoas com deficiência em locais específicos de arte, academias, espaços culturais, entre outros.

d)- Reinício da Atividade Pós – Acidente/ Redescoberta do corpo com deficiência:

A dançarina 8 já conhecia realizava a atividade da dança desde pequena, antes de ter seu corpo acometido por uma lesão motora. Passou pela técnica do balé clássico e buscava novas formas de expressão e consciência corporal através da dança:

Eu dançava desde os 9 anos de idade, Fazia balé clássico

De consciência corporal

Com este trabalho descobri a possibilidade de ser livre E da técnica não rígida do balé.,

Mas nunca fui uma bailarina profissional,

Na época do acidente eu nem estava envolvida com a dança.

Fiquei seis anos parada após o acidente

Só retomei o trabalho de reabilitação para reconhecer o corpo com deficiência, com uma lesão, Um dia eu fui para Bercklin na Califórnia e conheci o trabalho de contato e improvisação De novo veio aquela história da bailarina novinha que dançava

O trabalho de expressão corporal e movimento independente de ter uma lesão motora ou não, possibilita você expressar que você é sem ficar presa

Te liberta do aprisionamento estético.

Eu percebi com o contato e improvisação que buscava uma liberdade de movimentos Que não importava estar na cadeira de rodas com comprometimento sério

Mas eu pude perceber que a paralisia te dá a possibilidade de uma desparalisação Na busca para um caminho e para conhecer quem você é e ser feliz daquela forma A dança te traz a possibilidade de você ser feliz daquela forma.

Então em 1991 eu comecei a fazer parte do grupo Giro Começamos fazer muitas apresentações.

Neste sentido, Nunes (2003) diz que conhecer o nosso corpo requer uma disciplina interna, quando pesquisamos o nosso movimento estamos simultaneamente provocando uma reeducação de sentidos, dos sentimentos e da própria razão. Estamos re-significando o corpo como agente irradiante, primeiro e principal de todo processo educativo, de todo processo de reconstrução de experiência vivida em níveis cada vez mais refinados e inteligentes.

Observa-se que a dançarina 8 passou por um processo de desconstrução e reconstrução do corpo com deficiência, viveu a superação, na própria experiência na redescoberta de um novo corpo com as limitações impostas pela lesão motora .

Ao complementar esta perspectiva Araújo (2010, p.28) diz que a estabilização de problemas imediatos ou secundários decorrentes da condição inesperada de deficiência possibilita novas tentativas, que normalmente acontecem no campo social e no esporte, emergindo em uma busca de ampliação de participação da pessoa com deficiência na vida como um todo.

A dançarina 8, permaneceu em processo de reabilitação durante seis anos e só após este período retomou o contato com a dança.

Assim, Araújo (2010, p.28) diz que em um primeiro momento busca- se estabelecer o mundo da descoberta em situação nova, vivenciada por aquele corpo também novo dentro de um novo contexto social.

O momento posterior as novas descobertas de possibilidades é o de conquistas possíveis, segurança, recuperação da auto – estima, ampliações de oportunidades, percepções de potenciais, seja no campo social ou no dos benefícios orgânicos por meio desta nova forma de agir e de viver.

Percebe-se que, no momento posterior a descoberta do novo corpo, a dançarina 8 começou a participar de apresentações, conquistando seu espaço como dançarina do grupo de dança.

6.2 - Categoria: Modificação no Auto – Conceito:

Outra categoria estabelecidas em nossa pesquisa e que nos daria um contorno da temática pesquisada foi à modificação no auto – conceito dos dançarinos após o contato com a dança em cadeira de rodas, considerando que estas modificações poderiam ser emocionais, atitudinais ou corporais sentidas e vividas pelos dançarinos com deficiência física motora no contato com a dança. Nesta categoria foram identificadas e retiradas dos indicadores do discurso duas subcategorias principais: aspectos que se referem aos aspectos emocionais e aspectos que se referem às vivências físicas motoras.

a)- Aspectos relacionados ao Estado Emocional:

Consideramos como aspectos relacionados ao estado emocional, os estados internos primitivos

do ser humano, que segundo Matos (2009) envolvem um conjunto de componentes subjetivos que variam entre sentimentos, percepções e avaliações que desencadeiam reações, comportamentos e expressões.

a.1)- Auto – Confiança:

Ao comparar as categorias desde grupo com os indicadores do discurso dos dançarinos 1, 2, 3 e 7, no que se refere às modificações ocorridas no auto–conceito dos dançarinos, após terem começado a dançar, verifica-se um aumento da autoconfiança, da valorização e percepção de si mesmos, o que pode ser facilmente detectado através das seguintes afirmações:

Dançarina1:

Adquiri mais autoconfiança.

Estou me sentindo mais confiante, mais segura do que eu quero.

Dançarina7:

Com a dança eu realmente consegui quebrar tudo isto, em ter confiança, estar me movimentando

Os indicadores retirados dos discursos reforçam o referencial teórico onde o dançarino com deficiência deixa de estar centrado no “eu deficiente” e passa a construir um autoconceito, que não mais se limita à condição de deficiência (Ferreira, 2006).

De acordo com a Ferreira (2005), as pessoas com deficiência que são expostas à dança em cadeira de rodas, estão se produzindo como sujeitos e mudando a maneira de dar significados a si mesmos, pois é através da prática artística que essas pessoas encontram maneiras de re-elaborar o seu autoconceito de valorização pessoal.

Estas afirmações são comuns nos discursos dos dançarinos, o que contribui para o aumento da auto-confiança geradora de um autoconceito positivo.

A autoconfiança adquirida pela conquista da autonomia permitiu o desenvolvimento de potencialidades latentes e independência de tomar decisões e nas atitudes que, até então estavam adormecidas nos dançarinos e que afloram á partir da experiência com a dança em cadeira de rodas e o contato com o público.

O discurso do dançarino3 menciona uma independência emocional, geradora de autoconfiança e autonomia de atitudes, que se comprova na seguinte afirmação:

Dançarino3:

A dança me modificou interiormente... na minha independência de tomar decisões.

Sobre esta independência Mattos (2005, p.118) faz uma relevante afirmação quando diz que a pessoa que possui autonomia e independência tem poder sobre a própria vida e este poder vai aumentando, conforme o indivíduo exerce o seu poder de decidir e escolher. Quanto mais poder ele possui mais sua auto-estima e auto- confiança crescem o que permite um desenvolvimento de suas potencialidades, sempre que fomentado de forma adequada.

Com base neste raciocínio, Vasconcellos (2007) aponta que à medida que se dá possibilidade de ação ao indivíduo, a resistência à mudança pode ser diminuída. Estes sujeitos podem criar uma nova identidade social a partir de experiências pré – existentes e do enfrentamento a desafios novos que exijam novas posturas e novas reações.

a.2)-Auto – Estima

O sentimento de Auto – estima é destaque no discurso do dançarino 5, conforme observamos na fala abaixo:

Dançarino 5:

A dança melhorou muito a minha auto-estima De eu olhar para minha perninha fina e dizer e dái...

Neste sentido o dançarino 5 se re-significa socialmente, através do movimento e da linguagem corporal, modificando os conceitos e percepções pré-estabelecidos sobre si - mesmo.

A dança age através dos movimentos despertando sensações e sensibilizações, canais onde se abrem as portas da percepção corporal.

De acordo com Bernabé (2008, p. 227), o corpo do dançarino pode construir, organizar e transformar seus limites em fronteiras. O dançarino pode, utilizando o espaço aberto pela leveza que a dança proporciona, convidar o corpo a rever mitos, refazer seus caminhos próprios, íntimos, para criar o momento apropriado ao encontro consigo mesmo, o que pode se dar ao mesmo tempo em que se retiram de cena traumas, complexos ou mitos impostos por informações imprecisas sobre o corpo. Isto é compreensível no discurso do dançarino 5 na relação com a dança em cadeira de rodas, pois ao reconhecer e aceitar suas limitações físicas, o dançarino, adquiriu uma percepção diferenciada de si - mesmo re- significando suas crenças, sua relação com seu corpo e com o social.

O sentimento de auto – estima também permeia a fala da dançarina 9:

Eu me sinto bem melhor,

Passei a ter mais alegria de viver,

Me sinto mais importante como pessoa para fazer tudo que eu faço

Para Laban (1962), a dança lida com situações que envolvem dualidades, Essas experiências levam aos dançarinos a possibilidade de conviver, representar e expressar seus sentimentos, podendo trazer estas experiências para suas vidas cotidianas.

Neste sentido a dançarina 9, ao entrar em contato com a dança, melhorou sua auto – estima, passou a sentir – se melhor consigo mesma, adquiriu mais entusiasmo pela vida e sente –se mais confiante e importante na sua identidade pessoal e também na valorização de sua identidade social.

a.3)- Socialização:

Parte do discurso da dançarina 6 mostra a dança como meio facilitador de socialização.

Dançarina6:

A dança foi um meio muito legal de eu me socializar mais...

Neste sentido, Peres & Gonçalves (2001, p. 53) apontam que a prática de atividades em grupo, possui vantagens relevantes, no sentido de promover a troca de experiências e de criatividade entre os membros e de socialização. Trata-se, portanto, de um momento de lazer coletivo em que as pessoas têm oportunidade de se relacionar, por uma linguagem não verbal, ou seja, através do corpo.

b)- Aspectos Relacionados ao Corpo em Movimento

O discurso da dançarina 1 relata não só um maior conhecimento do próprio corpo, como também a uma dificuldade instalada ao relacionar-se com este corpo com limitações impostas pela deficiência.

Dançarina1:

Adquiri mais conhecimento sobre o meu corpo que sempre foi muito difícil.

Sobre este aspecto Tavares (2006, p.86) diz que o nível funcional e a aparência influenciam em grande parte as relações do indivíduo com o mundo. A perda de uma função corporal representa uma ameaça à identidade da pessoa. Por isto para a pessoa com deficiência torna-se mais difícil adquirir um bom conhecimento sobre os limites e potencialidades do próprio corpo, visto que em muitos casos elas são privadas de vivências corporais e motoras.

b.2)- Melhoria na Independência Física e Agilidade com a Cadeira de Rodas:

Nos discursos dos dançarinos 3 e 4, identificamos como categorias a melhoria na independência física e agilidade com a cadeira de rodas, que podemos conferir nos seguintes indicadores:

Dançarina3:

A dança me modificou interiormente, na minha independência não só física...

Dançarina4:

Buscando o que a literatura aponta sobre o desenvolvimento motor na dança em cadeira de rodas, Ferreira (2003) diz que na dança em cadeira de rodas, verifica-se a descoberta de habilidades motoras específicas.

Para Tolocka (2002) a dança em cadeira de rodas, contribui para recuperar atividades reflexas melhorando a qualidade e funcionalidade dos movimentos remanescentes.

Um bom exemplo citado pela autora é de que o bailarino para fazer determinadas coreografias precisa ouvir a música, ver os objetos e pessoas presentes no ambiente, receber as informações proprioceptivas que lhes indicam a posição de seu corpo no espaço, bem como o tônus muscular necessário para realizar o movimento, reconhecer as informações recebidas, planear e executar o gesto motor.