• Nenhum resultado encontrado

6. ANÁLISE DOS DADOS

6.3 Discussão dos Resultados

Dos professores entrevistados, percebemos que alguns usam os PCN de língua estrangeira e outros não. Existem até aqueles que ainda não conhecem os PCN, conforme nos mostra o gráfico abaixo:

GRÁFICO 3 - PROFESSORES QUE CONHECEM OS PCN

SIM 80 % NÃO 20 %

Alguns usam os PCN de forma parcial, adaptando as suas orientações para os contextos locais da sala de aula. Constatamos também em nossa pesquisa, que mesmo entre aqueles professores que declararam conhecer os PCN, existe uma pequena parcela que não faz uso dos mesmos. Conforme mostra o gráfico abaixo, trinta por cento dos professores entrevistados, declararam não usar os PCN, enquanto vinte por cento declararam usá-los parcialmente. Podemos ver de acordo com o gráfico, que dos oitenta por cento dos professores que declararam

conhecer os PCN, trinta por cento não usam, ou usam parcialmente. Somente cinqüenta por cento declararam usá-los regularmente:

GRÁFICO 4 - PROFESSORES QUE USAM OS PCN

USAM 50 %

USAM PACIALMENTE 20 %

NÃO USAM 30%

Observamos também que a parte oral é muito pouco trabalhada em sala de aula. Geralmente todo o ensino de língua inglesa nas oitavas séries do ensino fundamental tem como objetivo apenas desenvolver nos alunos a capacidade de leitura e compreensão de textos, não trabalhando portanto, ou trabalhando muito pouco as competências auditivas e de produção oral.

Nas observações de aulas feitas, não detectamos em nenhum momento, tanto nas escolas públicas quanto nas escolas particulares, exercícios ou atividades que estimulassem a produção oral por parte dos alunos ou mesmo alguma atividade com som ou alguma gravação que pudesse treinar a competência auditiva de tais alunos. No entanto, quase todos os professores nos informaram que trabalham músicas em língua inglesa com seus alunos em sala de aula, e alguns até trabalham com filmes, mas de uma forma não regular, só de vez em quando, não fazendo essa atividade, portanto, associada a um contexto pedagógico.

No caso das escolas públicas a situação é ainda mais delicada. De acordo com os resultados das pesquisas que fizemos, algumas dessas escolas têm professores bem capacitados, mas muitas vezes ficam impossibilitados de trabalhar seu conteúdo programático ou de usar recursos didáticos em sala de aula, devido à falta de estrutura da própria escola que, na maioria das vezes, não dispõe nem de uma máquina reprográfica para se tirar cópia de um texto e distribuir com os alunos. Portanto, a partir dessa realidade, podemos concluir que o material extraclasse utilizado pelo professor em sala é quase nenhum, pois muitas vezes o custo é pago pelo próprio professor.

Em suma, podemos dizer que nas escolas particulares é mais freqüente o uso de material didático auxiliar para o ensino de línguas tais como: filmes, músicas, textos variados, jogos em aulas, uso de murais e atividades diversas que facilitam a compreensão da língua estrangeira. Nas escolas públicas, essas atividades são bem mais restritas, resumindo-se apenas à leitura de um texto trazido pelo professor para a sala de aula. Por conta da falta de recurso dessas escolas, os professores são obrigados a exercer mais a criatividade, dando muitas vezes aulas temáticas com um conteúdo interdisciplinar, visando chamar mais a atenção do aluno para a importância da língua inglesa no mundo atual.

Existem também aquelas escolas particulares com poucos recursos e que aqui já chamamos de escolas “semipúblicas” ou “particulares B”, que são algo de intermediário entre as escolas particulares e escolas públicas. Essas foram as escolas em que encontramos os professores menos capacitados em nossas pesquisas. Geralmente os professores dessas escolas têm apenas a graduação em Letras e não procuraram se aprimorar através de uma especialização ou mesmo um curso de extensão ou atualização. Nessas escolas, os recursos utilizados pelos professores são também mínimos. Alguns professores não têm sequer conhecimento sobre os PCN, e conseqüentemente não fazem utilização desse recurso como material didático.

Em nossa pesquisa, ficou claro que esses professores colocam toda a culpa pelas metas não atingidas sobre o aluno, que para ele não demonstra nenhum interesse em aprender uma língua estrangeira. Na verdade, isso ocorre não por causa do aluno e, sim, pela falta de preparo do profissional para encarar a situação sócio- cultural em que o aluno se encontra inserido. Esses profissionais geralmente têm turmas em excesso em mais de uma escola, pois só assim conseguem ganhar algo para sobreviver, não tendo tempo e nem recursos financeiros para pagar um curso de especialização que poderia, em muitos casos, ajudar-lhes em suas vidas profissionais.

Enquanto os professores das escolas públicas estaduais ainda podem desfrutar de um ou de outro curso de capacitação dados pelo Estado, os professores das grandes escolas particulares podem investir em um curso de especialização, porém os professores de escolas particulares pequenas não têm a chance de fazer nem uma coisa nem outra, pois as escolas exigem apenas a produção de tal professor, pouco se preocupando com a sua qualidade de ensino.

Caberia uma reflexão a esse respeito, pois a maioria dos trabalhos acadêmicos é voltada para o ensino público ou particular, se esquecendo, no entanto, desta vertente do ensino particular que qualitativamente está inserido em um contexto intermediário entre ensino público e particular, e pelo qual passam aqueles alunos que não têm dinheiro suficiente para pagar uma boa escola particular, mas que também não querem estudar em uma escola pública.