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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados apresentados demonstram que não há relações significativas entre as variáveis dependentes e independentes, uma vez que os coeficientes de R² ficaram abaixo de

2,13. Este resultado foi obtido com o modelo envolvendo todas variáveis não colineares e dummies, e considerando a variável dependente CAR.

A predominância de melhores resultados41 quando utilizada a variável dependente

CAR comprova que os efeitos gerados pela publicação de informações contábeis são melhor

identificados quando considerada uma janela de evento.

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Os modelos utilizando como variável dependente a variável CAR obtiveram, quando comparados aos resultados obtidos com a variável AR, melhores resultados em todos as análises.

Naquilo que tange os objetivos deste trabalho, os resultados não permitem rejeitar a hipótese nula HA0. Neste sentido, as regressões efetuadas com as variáveis de lucratividade, cujos resultados são apresentados nas tabelas 1, 2, 6 e 7 das seções anteriores, não foram capazes de gerar um Coeficiente de Determinação que significativamente explique o comportamento dos preços das ações da amostra. Desta forma podemos afirmar que o impacto provocado pela publicação de informações relativas à lucratividade das empresas da amostra, não pode ser considerado explicativo dos retornos anormais observados.

Com relação à segunda hipótese testada, os resultados obtidos não permitem rejeitar a hipótese nula HB0, uma vez que as regressões efetuadas com as variáveis de investimentos, cujos resultados podem ser observados nas tabelas 1, 3, 6 e 8 das seções anteriores, não foram capazes de gerar um Coeficiente de Determinação que significativamente explique o comportamento dos preços das ações da amostra. Assim sendo, não é possível afirmar que as confirmações da realização de investimentos possam ser consideradas explicativa dos retornos anormais observados.

Os resultados também não nos permitem rejeitar a hipótese nula HC 0, ou seja, mesmo a ocorrência de lucros (prejuízos) inesperados não nos possibilita afirmar que tais surpresas podem ser consideradas explicativas dos retornos anormais observados.

Com relação aos objetivos propostos para este trabalho, podemos afirmar que:

- Tendo analisado a relação entre a publicação de indicadores de lucro (índices de lucratividade) por parte das empresas e o retorno observado no valor das ações da amostra estudada, a ocorrência de retornos anormais pode ser relacionada à publicação destes indicadores, contudo, esta relação não ocorre de forma significativa;

- As evidências encontradas indicam que as variações relativa s dos lucros, medidas a partir da análise entre os valores dos índices de lucratividade válidos, publicados no dia do evento, e os valores destes índices observados no trimestre imediatamente anterior ao do evento (trimestre t-1), assim como a média dos valores registrados ao longo dos quatro trimestres anteriores ao

trimestre do evento (média dos trimestres t-1, t-2, t-3 e t-4), não tem relação significativa com os preços das ações da amostra ao longo período do estudo;

- Analisando os resultados obtidos através do método de Regressão Linear Múltipla, o fator lucratividade (representado pelas variáveis independentes de lucratividade do modelo) é comparativamente mais explicativo da ocorrência de retornos anormais do que o fator realização de investimentos (representado pelas variáveis de investimentos).

Como demonstram os resultados descritos para a amostra e período analisados, tanto as variáveis de lucratividade quanto as variáveis de investimentos, de tamanho e dummies, não podem ser consideradas explicativas dos Retornos Anormais identificados. Dentre as variáveis dummy analisadas destacam-se as representativas do setor de Informática (TI) e Autopeças (AU) quando utilizada a variável dependente AR; quando utilizada a variável dependente CAR, destacam-se as variáveis dummy setor Indústria Mecânica (IM), setor de Informática (TI), setor Madeireiro (MD), setor de Transporte Aéreo (TA), setor de Comércio

5.

CONCLUSÕES

Comparativamente analisando os resultados encontrados por Antunes (2000), fica evidente que, embora haja certas divergências, relacionadas sobre tudo ao nível de significância dos resultados encontrados, os autores são unânimes em concluir que há relação entre a publicação de informações contábeis (tais como variações no Ativo Permanente e índices de lucratividade).

Ainda assim, os resultados apresentados ao longo do capítulo anterior mostram-se bastante coerentes em relação a Hipóteses de Eficiência de mercado em sua forma semi- forte.

Uma vez que os testes realizados permitem de certa forma evidenciar uma reação do mercado quanto da publicação de informações contábeis, os modelos gerados são, do ponto de vista estritamente estatístico, inadequados para determinar com segurança que, tanto a confirmação de investimentos quanto à confirmação de lucros são explicativos dos Retornos Anormais identificados.

As divergências observadas, referentes ao nível de significância dos resultados encontrados, podem ser explicadas por fatores ligados ao tratamento estatístico dispensado a variáveis consideradas em ambos estudos. Dentre estes fatores é relevante observar o fato do autor ter empregado neste estudo um método para análise estatística dos dados, diverso42 daquele utilizado por Antunes (op cit).

Outro fator que pode ter relevância é o tratamento dado as variáveis em termos de segmentação. Contrário ao procedimento adotado por Antunes (op cit), optou-se por analisar um maior número de variáveis, no intuito de estabelecer a relevância destas dentro de uma modelagem mais ampla, abrangendo um maior número de possibilidades.

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Com relação às questões levantadas por Antunes (op cit), referentes a possível interferência dos lucros nos resultados por ele observados, estas se demonstraram acertadas, pois os resultados encontrados apontam os fatores diretamente relacionados com lucratividade como mais explicativos dos retornos anormais do que aqueles rela cionados com a realização de investimentos.

Contudo, convém ressaltar importância em se ter cautela com a tendência a generalizações a respeito das considerações oriundas do resultado deste trabalho, uma vez que as mesmas se referem às ações das empresas selecionadas para a amostra e ao período considerado pelo estudo.

O período considerado abrange momentos conturbados da economia nacional, com os Governos civis que se sucederam nas décadas de 80 e 90 lançando mão de diversos planos econômicos que visava m à estabilização do país. Tal fator deve ser considerado como relevante uma vez que impactos econômicos se repetiram pelo menos sete vezes em um breve espaço de tempo43, alcançando o Brasil em 1994, através do Plano Real, a derrubada da inflação e a esperada estabilização econômica.

Não obstante tais fatos, a questão que permanece refere-se até que ponto os resultados obtidos por este trabalho garantem as prerrogativas da hipótese de Eficiência de Mercado. Os resultados obtidos, embora estatisticamente não possam ser considerados significativos, dizem respeito a uma análise de fatores financeiros, área na qual os resultados aqui encontrados podem ser considerados de forma pragmática bastante significativos, especialmente se consideramos os resultados tipicamente obtidos em pesquisas nesta área.

A ocorrência de Retorno Anormal ao longo da janela do evento é um indicativo irrefutável de que, considerando os resultados aqui descritos, há a necessidade de um melhor entendimento quanto à forma pela qual o mercado reage à publicação de Informativos Contábeis.

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Fevereiro de 1986, Plano Cruzado I; novembro de 1986, Plano Cruzado II; junho de 1987, Plano Bersser; janeiro de 1989, Plano Verão; março de 1990, Plano Collor I; fevereiro de 1991, Plano Collor II e julho de 1994, Plano Real.

Thaler e Barberis (2002) e Vieru et al. (2001) argumentam que anomalias identificadas no mercado financeiro somente podem ser completamente interpretadas, utilizando-se modelos em que os agentes não são completamente racionais.

A opinião destes autores diz respeito ao leque de possibilidades que se abre, quando, ao adentrarmos o campo da psicologia, consideramos a Teoria Comportamental Financeira (Financial Behaviour) como um campo relativamente inexplorado da Teoria Financeira, especialmente no Brasil, e cujas proposições poderiam explicar melhor os resultados obtidos por esta e outras pesquisas.

Como sugestão para trabalhos futuros, indica-se a realização de estudos que considerem um maior número de variá veis, que considerem um período de economia mais estável, proporcionando resultados menos susceptíveis a fatores macroeconômicos e que levem em consideração a possibilidade de aspectos subjetivos, tais como comportamento irracional por parte dos participantes do mercado, serem causadores de anomalias não completamente explicadas.

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