Discussão dos resultados da empresa MA

Durante a entrevista com o gerente da produção e especialista de MES (segunda etapa da pesquisa), foi identificado haver conhecimentos dos envolvidos acerca dos sistemas MES dire- tamente voltada a aplicação, em especial ao sistema da empresa. Os relatos demonstram que a empresa utiliza certas funcionalidades em maior intensidade; fato comprovado posteriormente na coleta de informações quanto a aplicação das funcionalidades (Tabela 11); porém, não foi constatada uma metodologia prática na definição das importâncias.

Aprofundando em detalhes, o sistema foi implantado pelo PCP com auxílio da TI, perma- neceu por algum tempo sem gestão direta, fato que facilita na prática o uso de certas funci- onalidades de acordo com as necessidades, em alguns casos, necessidades pessoais, as quais podem passar a integrar uma relação de controle. Todavia, na atualidade com a gestão direta de um analista MES, foi identificado maior preocupação em identificar os motivos em gerir certas funcionalidades.

A maioria dos respondentes apresentam considerável tempo de empresa, em média dezes- seis anos. Entre os maiores tempos, cita-se o gerente da produção com 29 anos e o analista de MES com 23 anos de empresa. Este considerável tempo permite auferir grande experiên- cia, principalmente prática acerca da trajetória da empresa, sua evolução ao longo dos anos, inclusive no acompanhamento quanto a implantação do sistema MES, as melhorias na gestão de informações até o estágio atual. Relacionado ao conhecimento e/ou contato com sistemas

MES, a maioria demonstra possuir contato com média geral de cinco anos. A maior partici- pação e envolvimento encontra-se nos últimos anos, representando o momento que o sistema começa a apresentar informações com maior confiabilidade. Neste período, um analista MES foi destinado a acompanhar o sistema, representando o momento de maior propagação de uso.

Na aplicação da AHP com os participantes durante a primeira rodada (terceira etapa da pesquisa), ocorreram inconsistência de CR (CR>10%) em algumas das matrizes para alguns participantes. As inconsistências foram ajustadas com a reaplicação da AHP aos julgamentos inconsistentes. Para a segunda aplicação da AHP (quarta etapa da pesquisa), o número de in- consistências foi menor. Esta redução pode ser relacionada a prática ao método e entendimento do mecanismo AHP.

Referente aos resultados finais obtidos antes da análise do grupo focal, para os valores com a aplicação da AHP o coeficiente de variação (CV) médio foi de 28,7%, posteriormente ao grupo focal, o valor foi de 28,5%; para os valores com a aplicação da escala Likert (exceto a avaliação das funcionalidades quanto a aplicação), o CV médio considerando os percentuais normalizados foi de 48,2%. Nestes resultados, algumas análises apresentaram coeficiente de variação acima de 50%. Em discussão com o grupo focal acerca destes resultados, um dos entendimentos que pode ter motivado a elevação da variação foi o julgamento pessoal em vista a seu próprio contato e/ou uso prático, ou seja, o contexto da resposta foi influenciado pelo contexto do respondente. Entretanto, os resultados finais foram considerados representativos ao contexto atual da empresa.

O grupo focal identificou a necessidade de ajustes somente aos macro-objetivos, sendo eli- minado os resultados de um participante, pois apresentava considerável divergência ao contexto atual da empresa e aos demais participantes.

Os resultados ajustados demonstram que a empresa possui maior foco ao macro-objetivo do MES “gerenciamento das operações e planejamento” (38,7%), seguida de “gerenciar o pro- cesso” (23,1%), e a prioridade de competência da manufatura “qualidade” (29,5%) seguida de “entrega” (20,7%). Estes resultados refletem as características de exigências do mercado ao qual a empresa compete, por exemplo, a necessidade de apresentar qualidade absoluta no produto e atender ao aumento do mix de produtos em menor tempo (vide Seção 4.3.1).

Considerando as priorizações modeladas e normalizadas das funcionalidades do MES, foi indicada maior importância ao pilar de “gerenciamento e sequenciamento das operações” (17,7%), seguida da “análise de desempenho das operações” (21%, obs.: contém neste pilar o dobro de funcionalidades), e posteriormente o “gerenciamento do processo” (9,8%). Em face a aná- lise da matriz de resultados (MDIMES-M) e o vetor de importâncias (MDIMES-V), o pilar de “gerenciamento e sequenciamento das operações” mantem-se como funcionalidades de maior importância. Isso reforça a relevância em que a empresa aplica em relação ao sincronismo das operações e a busca por agilidade, programar e reprogramar a produção e fornecer informações acerca dos produtos.

V são coerentes, correspondendo a algumas práticas executadas pela empresa. Por exemplo, diariamente a empresa executa reunião com gestores visando obter informações, ajustar ou sincronizar, onde necessário, a programação da produção e o desenvolvimento dos fluxos de trabalho e produto na planta.

Para os resultados relacionados à aplicação (MDIMES-A), entre 100% dos recursos MES a empresa possui disponível em seu sistema 91,6%. Destes, é aplicado 48,2%. Este resultado indica possibilidades em avançar em certas funcionalidades a serem exploradas pela empresa em seu sistema MES, principalmente funcionalidades que apresentem considerável percentual distribuído de importância, porém baixo e/ou nulo nível de utilização.

Já, os resultados relacionados a melhoria (MDIMES-Me), entre 100%, é indicado que a empresa pode chegar a 53,9% na realização de melhorias com nível médio de esforço. Este valor supera o resultado em relação a aplicação (48,3%), o que demonstra existir pelo menos uma diferença de 5,7%.

Na apresentação gráfica do MDIMES as maiores concentrações de funcionalidades estão nos quadrantes evasão e exploração. Estes quadrantes representam 66,7% e possuem 16 funcio- nalidades. O quadrante evasão corresponde a 28%; exploração 41,4%; estudar melhoria 12,2%; e estudar aplicação 18,6%.