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5 A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO ESTADO DA PARAÍBA:

5.2 DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DE DADOS DIVULGADOS PELAS

De forma a complementar os dados da FIEP, as informações foram checadas junto a home page das três empresas de médio porte e obtiveram-se os seguintes resultados:

a) a Conpel - Companhia Nordestina de Papel declara em sua home page que possui certificação ISO 9001/2000, garantindo qualidade elevada de seus produtos;

b) a Cadersil Indústria Ltda. afirma ter o certificado Forestry Stewardship Council (FSC), garantindo que os papéis provenientes de madeiras extraídas de florestas seguem os princípios de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável. A empresa também demonstra preocupação com a sustentabilidade ambiental de outras formas. Por exemplo, os resíduos gerados pela produção são fornecidos as empresas credenciadas como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para reciclagem; possui sistema de captação e armazenagem com grande capacidade de água pluvial para ser utilizado na limpeza e manutenção da empresa; e utiliza telhas transparentes que melhoram a luminosidade no interior da fábrica, para evitar o uso de iluminação artificial;

c) a Gráfica Santa Marta Ltda. também declara ter o certificado de qualidade FSC, bem como o certificado Huber Green que garante que as tintas usadas na impressão são à base de óleos vegetais, contribuindo para a redução da poluição atmosférica e do efeito estufa. Também declara possuir o certificado Verniz Ecolake, garantindo o uso de fontes renováveis de matéria-prima e, consequentemente, gerando menor impacto ambiental. A empresa também declara que possui um setor de aparas que separa as sobras de papel, tendo sido destinadas para reciclagem mais de 6,5 toneladas em 2013. Também conta com uma Estação de Tratamentos de Efluentes (ETE), que trata os resíduos líquidos gerados pelas máquinas.

Com esses dados constata-se que as empresas que possuem maior porte são as que mais investem para obter certificação e adotam medidas de prevenção à poluição. Por outro lado, há também evidências de que empresas de menor porte apresentam um movimento de busca por sistemas de qualidade também certificados e de adoção de medidas para preservar o meio ambiente. Tais empresas estão buscando, portanto, meios de evitar a degradação ambiental, por meio das certificações, com medidas que evitarão que os resíduos gerados durante a produção, por exemplo, não entrem em contato com a natureza. Pela literatura teórica e empírica mais recente, essa busca pode ser justificada pelo objetivo de se tornarem mais competitivas ou mesmo para captar investimentos.

Quanto ao resultado da aplicação do questionário, para garantir a confidencialidade das informações, as empresas serão designadas nesta seção apenas por letras do alfabeto. Ainda, algumas das respostas da única empresa respondente, como será explicado adiante, serão também omitidas com o objetivo de não individualizá-la. Assim, os resultados obtidos

com os questionários aplicados para a mesma amostra de empresas cadastradas na FIEP (Quadros 1 e 2), revelaram o seguinte cenário:

a) das oito empresas contatadas, apenas uma das empresas devolveu o questionário preenchido;

b) a empresa A retornou com a resposta de que não poderia fornecer informações, porque algumas questões eram tratadas como segredos industriais. Vale salientar que no contato com as empresas foi destacado que as informações não seriam divulgadas de forma a identificar o respondente e que a empresa poderia participar da pesquisa também de forma parcial, respondendo apenas o que fosse mais apropriado para ela;

c) a empresa B respondeu que não poderia colaborar com a pesquisa por já fornecer seus dados para funcionários temporários (estagiários), o que a deixaria impossibilitada de contribuir com pesquisas externas;

d) não se conseguiu concluir o contato com as empresas C e D;

e) as empresas E, F e G não responderam nem justificaram a não resposta; f) os dados da empresa H, a única respondente, serão discutidos a seguir.

A empresa H é uma das cinco empresas de micro ou pequeno porte. Suas respostas confirmam a informação do cadastro da FIEP de que se trata de empresa nacional, e que não é exportadora de seus produtos. A empresa declarou que os fatores de maior relevância na decisão de implantar uma unidade produtiva no estado da Paraíba são:

a) acesso a matérias primas relativamente mais baratas, na medida em que os custos de comprar nas distribuidoras do Estado são menores do que quando comparado as Fábricas, pois os pedidos mínimos de certos papéis custam altos valores;

b) o mercado principal é o estadual, o que a torna competitiva porque fornece a vantagem a seus clientes de não cobrar frete ou IPI.

Como dado de produção, a empresa H declarou que utiliza material reciclado em seu processo produtivo, como papéis de sulfite, cartão, Kraft, comprados em distribuidoras do Estado, e caixas de acetato, sendo o acetato comprado em São Paulo.

Sobre investimento inovativos, seja para a obtenção de certificados de qualidade ou em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a empresa declarou que não realiza e que o motivo de não desenvolver nenhum projeto voltado para inovação é o fato de não ter despertado para esse recurso como estratégia de negócio.

A empresa também declarou não possuir certificação ambiental, que não tem setor ou funcionário voltado a gestão ambiental.

Com base no que foi descrito, tem-se que as informações da empresa H corroboram a afirmação de Lustosa (2010) que empresas de menor porte não conseguem obter certificação de qualidade por conta, muito provavelmente, dos elevados custos envolvidos, e também por se desconhecer a importância da inovação tecnológica (de produto, processo ou organizacional) para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da empresa.

Esse fato pode gerar, ainda, uma provável diminuição da produção potencial da empresa, pois ela não maximiza o uso de seus recursos e mão de obra, e também acaba por impactar mais o meio ambiente.

Apesar da empresa utilizar na sua produção material reciclado, não se vale de investimento para evitar possíveis danos causados ao meio ambiente através da produção, o que também legitima Lustosa (2010), que diz que existem empresas que, por acharem o custo de investir em inovação alto, perdem por ter que gastar ainda mais depois para remediar o problema. Ainda, que há que se considerar a questão social porque a população, cada vez mais consciente de problemas ambientais enfrentados, tende a não responder de forma positiva a essa empresa, gerando perda de mercado.

Em termos de benefícios econômicos para o estado da Paraíba, um fator positivo é que a produção e a comercialização das embalagens da empresa H são voltadas para economia nacional e, principalmente, para a economia local, representando maior potencial de geração de renda e emprego em outros setores locais, além de benefícios para seus clientes pela diminuição do custo de suas mercadorias bem como para as distribuidoras do Estado que se beneficiam com suas compras de matéria prima.

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