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DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

No documento Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (páginas 90-94)

Uma reflexão crítica do trabalho realizado permite, neste capítulo, apresentar uma análise relacionada com o produto final bem como com o processo de desenvolvimento profissional e posicionamento nos serviços de saúde.

O trabalho de elaboração de uma proposta de registo é impossível de se fazer, sem antes haver uma informação específica e baseada na melhor informação científica disponível, sobre os estados de saúde nos quais a profissão tem efetividade. Assim, a listagem de categorias a constar no registo da fisioterapia, propostas neste trabalho, são o resultado de uma análise crítica da evidência dos estudos de intervenção, efectuada pelos diferentes focus group e painéis de Delphi.

Neste trabalho, as categorias consideradas como influenciáveis pela Fisioterapia, correspondem aos estados de saúde dos utentes, os quais devem ser monitorizados pelos profissionais, ou seja, que devem constar no registo. No entanto, verifica-se uma longa lista, que poderá condicionar um registo rápido e consistente. Assim, consideramos que o mesmo para ser viável, requer uma prática colaborativa interprofissional, onde as categorias que não são maioritariamente dependentes da Fisioterapia, podem estar no registo de outro profissional com intervenção mais efetiva, mas acessíveis para consulta. Nas aplicações de registo mínimo, devem ser selecionadas apenas as categorias da Tabela 7, nas quais a fisioterapia apresenta efetividade comprovada.

Uma vez que as categorias representam estados de saúde em diferentes dimensões, devem ser consideradas como variáveis integrantes do exame objetivo do utente, mas também como constituintes do diagnóstico funcional do utente, ou seja, o Diagnóstico da Fisioterapia. Seguindo as

definições do prognóstico, dos objetivos de tratamento, do plano de tratamento e do estado funcional da alta, devem ser consistentes com as categorias CIF identificadas.

Relativamente à forma de avaliação e monitorização dos estados de saúde, os instrumentos e métodos propostos, devem corresponder também à melhor informação científica disponível e à análise crítica da relação com a dimensão específica. No entanto, nesta parte do trabalho, verificam-se algumas inconsistências que levantam questões para futura reflexão:

Algumas categorias não têm forma mensurável de avaliação objetiva – como verificar a sua melhoria e o impacto da Fisioterapia? Na resposta a esta questão deve ser entendido que a dimensão qualitativa da intervenção do fisioterapeuta é uma realidade que existirá sempre na prática profissional, em especial nas condições de saúde complexas.

Alguns métodos de avaliação necessitam de ser revistos em função da categoria específica que avaliam.

Algumas categorias apresentam mais do que dois instrumentos de avaliação, havendo necessidade de se verificar o que recomenda a evidência científica e proceder-se a uma seleção.

Sobre os procedimentos de intervenção, apesar de ter sido feito um levantamento dos procedimentos atualizados pela WCPT e haver, em paralelo, documentação da APFISIO que apresenta as tabelas de evidências de vários métodos em diversas áreas, considera-se ainda incompleta a sua apresentação. É necessário, na revisão deste documento, fazer uma compilação destes dois trabalhos e uma posterior validação pelos GI em função das áreas específicas de intervenção. Este trabalho será relevante para definir publicamente os modelos de atuação da Fisioterapia em diferenciação aos modelos gerais de reabilitação.

Durante o desenvolvimento deste trabalho e durante as diversas dinâmicas dos grupos de trabalho, foi possível reconhecer que para uma uniformizada e adequada utilização da CIF será necessário promover-se formação. De futuro, no caso dos registos clínicos corresponderem à estrutura CIF, a APFISIO, deverá promover formação neste contexto.

A prática da Fisioterapia é abrangente e em evolução. Os avanços científicos e tecnológicos alargam, a cada dia, as possibilidades de intervenção do fisioterapeuta. Deste modo, o trabalho de elencar toda e qualquer atividade de Fisioterapia será sempre incompleto.

No entanto, com este trabalho, acreditamos, ter sido dado um contributo decisivo para retratar de uma forma mais fiel e próxima da realidade o âmbito de intervenção da Fisioterapia nas principais áreas de prestação de cuidados.

Reconhece-se, porém, que terão de ser dados passos no sentido de permitir uma melhor caraterização e registo da intervenção dos fisioterapeutas nas populações saudáveis e nas intervenções dirigidas à promoção e proteção da saúde.

No final do primeiro passo para o estabelecimento de um recurso que consolide o Registo de Fisioterapia, o Grupo Coordenador só pode estar satisfeito pelo resultado obtido, e manifestar o seu profundo agradecimentos a todos quantos contribuíram para vencer este desafio. Bem hajam! A Fisioterapia em Portugal vem, assim, consolidar novamente, a sua imagem e a visibilidade da sua prática profissional.

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No documento Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (páginas 90-94)

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