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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Discussão e Conclusão

De acordo com o que foi abordado no Capítulo 1 acerca da aquisição da escrita argumentati- va, a maioria dos estudos desenvolvidos nessa área, tem se concentrado na questão do desem- penho dos escritores de diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade, focalizando predo- minantemente alunos de escolas particulares. Entretanto, nada temos sobre estudos que inves- tiguem o desempenho de alunos de escola pública quanto habilidade da escrita argumentativa.

Diante de tal constatação, esse estudo vem trazer importantes contribuições, pois revela resul- tados satisfatórios principalmente em relação aos alunos da 4.ª EF quanto à habilidade da es- crita argumentativa, uma vez que os resultados apresentados no Relatório Estadual do SAEPE (2000), constatou-se que alunos da 8.ª EF e da 3.ª EM da rede pública, ao serem avaliados nos tópicos de argumentação, apresentaram um desempenho inferior à média.

Sendo assim, ao ter apresentado em seções anteriores os resultados do desempenho dos parti- cipantes em cada etapa desse estudo, faz-se necessário, a partir deste momento, refletirmos a sua pertinência perante as Matrizes de Referência do Estado de Pernambuco. Para isso, discu- tiremos as especificidades encontradas em cada série, de acordo com os objetivos propostos em cada tarefa.

Para os participantes da 4.ª EF, foi possível observar a presença da habilidade em identificar alguns elementos básicos da argumentação em detrimento de outro. À primeira vista, foi fácil detectar a habilidade desses participantes em identificar e produzir pontos de vista, uma vez que todos participantes desempenharam bem a questão referida a esse objetivo_ identificar a tese de um texto. De acordo com as Matrizes de Referência, essa habilidade só é avaliada na 3.ª EM. Como se trabalhou com três textos diferentes, foi também possível observar que esses

participantes tiveram os melhores desempenhos no texto 01 (esmolas) e no texto 02 (clones), apresentando dificuldades no texto 03 (menores). Em relação aos desempenhos dos partici- pantes da 8ª EF e da 3.ª EM, não apresentaram quaisquer dificuldade nas duas tarefas (identi- ficação e produção), apresentando um bom desempenho nos três textos.

Ao passarmos ao segundo elemento básico do esquema argumentativo _ justificativa_ tratado na questão 02 da tarefa de identificação, temos as seguintes considerações: esse elemento es- teve presente em todas as produções analisadas, os participantes de cada série apresentaram um bom desempenho nos três textos. Contudo, houve uma pequena variação de desempenho por parte dos alunos da 4.ª EF no texto 01(esmolas) e no texto 03 (menores), não comprome- tendo, contudo, os resultados da tarefa em geral (conferir a tabela 04 da página 68).

É interessante salientar, nesse momento, que a maioria dos elementos da estrutura argumenta- tiva encontrada nas produções dos alunos da 4.ª EF consistem na presença desses dois ele- mentos básicos _ pontos de vista e justificativas.

A questão 03 trata de identificar o elemento de oposição (contra-argumento) utilizado pelos autores para antecipar as objeções. Essa questão foi considerada problemática, não alcançan- do o objetivo proposto à questão. Contudo, um fato surpreendente nessa questão foi que a maioria dos alunos, mesmo não conseguindo identificar os elementos de oposição apresenta- dos pelos autores, eles produzem contra-argumentos no lugar de identificá-los. E, ao compa- rarmos com a tarefa de produção, encontramos um baixo índice desse elemento nos textos produzidos. Podemos tirar daí, como conclusão, que o escritor, ao produzir texto argumenta- tivo, em não inserindo todos os elementos que compõem a estrutura argumentativa (ponto de

vista, justificativa, contra-argumento e resposta), não significa que não saiba manejá-los. A

objetivo que se quer no momento, ao expor uma opinião. Em todas as séries, o desempenho dos participantes na identificação de elementos de oposição foi baixo nos três textos.

Em relação à tarefa de produção, a presença desse elemento foi de acordo com nível de esco- laridade, tendo apresentado um melhor desempenho pelos alunos da 3.ª série do ensino médio, depois os alunos da 8.ª EF e, por último, da 4.ª EF. Vale ressaltar que esse descritor só é refe- rido nas Matrizes de Referências do SAEPE, para os alunos da 3.ª EM, e, como foi discutido, até os alunos da 4.ª EF conseguem manejá-lo.

Por fim, temos a última questão referente à habilidade de identificar pontos de vista em dois textos de opiniões diferentes. A questão 04 é referente ao descritor D020 (Comparar opini-

ões/pontos de vista em dois textos sobre o mesmo tema.) destinado aos alunos da 8.ª EF. O

desempenho dos participantes nessa questão variou de texto para texto, principalmente para os alunos da 4ª. EF e a 3.ª EM em relação ao texto 01 (esmolas). Mas o desempenho dos partici- pantes em relação ao texto 02 (clones) foi superior à média.

Diante de todas considerações levantadas, observou-se que o principal fator que pode levar os participantes a ter um bom desempenho nas atividades de escrita argumentativa corresponde ao tipo de texto trabalhado, uma vez que dos três textos trabalhados, o texto 02 (clones) foi o que proporcionou a todos os participantes e para a maioria das questões os melhores desem- penhos, enquanto para os demais textos certas questões foram favorecidas e outras não. Conforme os resultados apresentados ao longo desse trabalho, eles nos permitem sugerir que os descritores vistos nas três séries sejam inseridos nas Matrizes de Referência a partir da 4.ª EF, e que, nas avaliações futuras, sejam utilizados textos envolvendo o maior número possível de descritores para o mesmo conteúdo, de forma que sejam caracterizadas as habilidades dos alunos referentes a esse conteúdo, como, por exemplo, em nossa pesquisa foi possível avaliar três descritores num mesmo texto, facilitando o processo de análise. Concomitantemente,

deve-se propor o uso de texto argumentativo nas salas de aulas de forma mais freqüente, com o objetivo de desenvolver não só a escrita argumentativa, como também o pensamento crítico tão importante para o desenvolvimento cognitivo.

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