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5 INVESTIGAÇÃO DE ESCHERICHIA COLI O17:H7 EM

5.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

No Brasil existem poucos estudos para caracterização de Escherichia coli O157:H7 em produtos de origem animal e em seus resultados foram detectadas baixa incidência ou ausência do patógeno (JAKABI et al., 2004; PRATA, 2009; SANDRINI et al., 2007; SILVA, A. et al., 2001; SILVEIRA, 2010). Cepas de Escherichia coli produtoras de Shiga toxina foram constatadas com maior incidência nas fezes e soro do rebanho bovino brasileiro (CERQUEIRA et al., 1999; IRINO et al., 2005; LEOMIL et al., 2003).

Os resultados desta pesquisa com amostras de carcaças suínas produzidas no Estado de Santa Catarina revelam uma baixa frequência de Escherichia coli O157:H7 nesses produtos e estão em consonância com os demais estudos desenvolvidos no Brasil, nas quais a incidência da Escherichia coli foi baixa ou nula (JAKABI et al., 2004; PRATA, 2009; SANDRINI et al., 2007; SILVA, A. et al., 2001; SILVEIRA, 2010).

A ausência de resultados positivos para Escherichia coli O157:H7 em produtos de origem animal no Brasil diverge dos resultados encontrados nos alimentos de diversos países.

Na Nova Zelândia, Wong, MacDiarmid e Cook (2009) encontraram uma prevalência de 1% em 100 amostras de carcaças suínas. Na África do Sul, Ateba e Mbewe (2011) confirmaram 130 isolados de Escherichia coli O157:H7 em 220 amostras, a prevalência foi maior em carne e produtos suínos (67,7%). Na Espanha, Mora et al. (2005) examinaram 722 amostras de STEC isoladas, todas recuperadas de humanos, gado bovino, ovino e alimentos durante os anos de 1992- 1999, sendo que 141 destas foram identificadas como Escherichia coli O157:H7. Na Irlanda, Carney et al. (2006) analisaram 1351 recortes de carne bovina, 131 carcaças e 132 carne de cabeças bovinas e destas a Escherichia coli O157:H7 foi recuperada de 2,4% (32/1351) de recortes

de carne bovina, 3,0% (4/132) de carcaças e 3,0% (3/100) de carne de cabeça.

Vernozy-Rozand et al. (2002) desenvolveu estudo com 3450 amostras de carne bovina picada, 175 deram positivas na detecção pelo método Vidas E.coli O157 (ELFA). Destas, 4 colônias foram confirmadas pelo Vidas ICE e identificadas como sorbitol negativa e produtoras de vero toxinas, confirmadas como O157-positivas, H7- positiva. No México, Varela-Hernández et al. (2007) analisaram 258 amostras de carcaças bovinas e 2,7% (7/258) foi identificada como Escherichia coli O157:H7.

Na Austrália, Fegan et al. (2005) analisou 606 amostras. Deste total 100 eram swabs de carcaças com 6 % de resultados positivos para Escherichia coli O157:H7. Na Tunísia, Al-Gallas et al. (2002) pesquisou 204 amostras de produtos cárneos e lácteos e isolou 3 Escherichia coli do grupo STEC. Na Nigéria, Ojo et al. (2010) encontrou 7,3% (154/2133) de cepas de Escherichia coli pertencentes ao grupo STEC, destas, 4% foi detectada em carne suína, 3,8% em carne bovina e 1,7% em carne de carneiro. A taxa de detecção de Escherichia coli O157:H7 foi de 5% nas 2.133 amostras.

Lee et al. (2009), na Koréia, analisou 3 mil amostras de carne bovina, suína e frango e encontraram 273 amostram positivas para Escherichia coli, sendo 35,9% classificadas como do grupo EHEC. Na Áustria, Halabi et al. (2008) pesquisou 2633 amostras de água, 280 foram positivas para Escherichia coli, e destas 3,9% (11/280) apresentaram os fatores de virulência presentes no grupo EHEC. Nos EUA, Hussein e Bollinger (2005) publicaram uma revisão de artigos sobre carne bovina contaminada. Nesta revisão foram avaliadas as taxas de prevalência e os riscos a saúde pública com a contaminação por Escherichia coli pertencente ao grupo STEC. Foram encontradas taxas de prevalência de O157 que variaram de 0,01 a 54,2%.

Na Turquia, Sarimehmetoglu et al. (2009) analisou 251 amostras de carne moída fresca bovina e 7,6% (19/251) foram positivas para Escherichia coli O157:H7. Çadirci et al. (2010) realizou um trabalho com 200 amostras de carne bovina fresca, sendo detectada Escherichia coli O157 em 2,5% (5/200) delas.

Na Itália, Conedera et al. (2007) analisou 3879 amostras de alimentos para presença de Escherichia coli O157 (VETC), sendo 931 carne bovina picada e 2948 produtos lácteos (leite pasteurizado, sem pasteurização e queijos). Foram isoladas Escherichia coli O157 em 0,43% (4/931) da carne bovina picada e uma cepa O157 em queijo. Esta cepa não possuía os genes stx1 e stx2 e sim o gene eae, indicando

patogenicidade. Na Argentina, Oteiza et al. (2006) analisou 100 salsichas pré cozidas (morcilla), em 2% das amostras se identificou a Escherichia coli O157:H7.

Na Grécia, Dontorou et al. (2003) realizou uma pesquisa com 600 amostras de leite não pasteurizado, carne picada crua, hambúrguer bovino, sanduíches, salada, salsicha grega tradicional e intestino suíno preparado com objetivo de constatar a presença da Escherichia coli O157:H7. O patógeno foi detectado em 1% (1/100) das amostras de leite e 1,3% (1/ 75) das salsichas frescas e 2% (1/50) dos intestinos suínos preparados. Chye, Abdullah e Ayob (2004) também realizaram um estudo com 930 amostras de leite cru coletado em tanques de 360 fazendas leiteiras da Malásia, a Escherichia coli O157:H7 foi detectada em 33,5% (312/930) das 930 amostras.

Huang et al. (2005) realizou um trabalho de pesquisa em vegetais cortados frescos, inoculados artificialmente com Escherichia coli O157 e analisados pela metodologia do sistema Vidas®, e os resultados mostraram que 40% das amostras controle foram positivas para Escherichia coli O157, no sistema Vidas®, enquanto que nenhum resultado positivo foi encontrado por PCR multiplex, concluindo, dessa forma, que os resultados falso-positivos encontrados no sistema Vidas® foram afetados por Morganela morganii e Enterobacter cloacae devido a similaridade antigênica.

Resultado semelhante foi encontrado neste estudo, nas amostras das carcaças suínas, nas quais três resultados foram positivos no sistema Vidas®, porém tratava-se de um resultado falso-positivo. Isso se dá porque alguns sorotipos de Salmonella podem interferir na metodologia da técnica ELFA gerando resultados falso-positivos, já que possuem capsula antigênica (antígeno O) semelhante à encontrada na Escherichia coli O157 (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 2001; HUANG et al., 2005).

Os resultados negativos para a Escherichia coli O157:H7 encontrados nesta pesquisa são conclusivos para indicar a ausência do patógeno nas carcaças suínas amostradas no Estado de Santa Catarina. A comparação dos dados deste estudo com dados dos demais estudos realizados no Brasil não pode ser realizada em virtude da variabilidade de amostras e técnicas metodológicas utilizadas nos ensaios. No Brasil não foi possível, até o momento, estabelecer a incidência e prevalência de Escherichia coli O157:H7 em produtos de origem animal, diferentemente do que ocorre nos outros países.

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