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Este estudo centra-se nas memórias de infância de mães e pais de crianças em idade escolar, relativas às práticas parentais dos seus próprios progenitores, e nos estilos parentais que são adotados, na atualidade, no desempenho do seu papel parental, de forma a melhor entender o impacto nos adultos das práticas parentais experimentadas na infância, em particular no modo como vão exercer o seu papel parental.

Em seguida é feita a discussão dos resultados, organizada segundo a ordem anteriormente utilizada para a definição dos três objetivos do estudo e para a apresentação dos resultados.

5.1 Diferenças entre Mães e Pais nas Memórias de Infância Relativas a Práticas Parentais e nos Estilos Educativos Parentais

No que diz respeito à comparação dos dois grupos (mães e pais) nas memórias de infância de práticas parentais e nos estilos educativos (Objetivo 1), salientou-se que, na primeira dimensão, as mães, comparativamente com os pais, indicaram um nível significativamente mais elevado de sobreproteção materna. Acresce que as mães tendem a identificar ainda um maior recurso a sobreproteção por parte do pai. Os resultados obtidos corroboram a hipótese colocada (Hipótese 1a), que previa que os pais e as mães se distinguiriam na perceção relativa às práticas educativas parentais dos seus próprios progenitores, pelo menos no que diz respeito à sobreproteção, referindo as mães níveis mais elevados.

Considerando a literatura no âmbito das memórias de infância referentes a práticas educativas parentais, salienta-se que os resultados se enquadram nos alcançados por Boing (2014) e Canavarro (1996), referindo as autoras que as mães (face aos pais) recordam mais sobreproteção por parte dos seus progenitores. Na linha do mencionado no estudo de Boing (2014), os resultados sugerem ainda que os pais e as mães têm perceções muito semelhantes relativamente às práticas parentais dos progenitores (neste caso no âmbito do suporte emocional e da rejeição), captando-se também, numa análise meramente descritiva, que, em ambos os grupos, os participantes reportaram níveis claramente mais elevados de suporte emocional e mais baixos de rejeição (dimensões avaliadas com um número de itens semelhante), o que é, mais uma vez, concordante com o referido por Boing (2014).

Relativamente à comparação dos dois grupos nos estilos educativos parentais, verificou-se que as mães reportaram um recurso significativamente mais frequente ao

estilo autoritativo. Este resultado corrobora a hipótese colocada (Hipótese 1b) em que se estimava que as mães e os pais se diferenciassem nos estilos educativos parentais, pelo menos no autoritativo, apresentando as mães um recurso mais frequente a este estilo.

A tendência dos resultados é consonante com a encontrada na literatura, salientando vários autores que as mães, em comparação com os pais, recorrem mais ao estilo autoritativo (e.g., Agostinho, 2009; Boing, 2014; Correia & Ribeiro, 2012; Esteves, 2010; Pedro et al., 2015 Russel et al.,1998), mencionando mesmo Agostinho (2009) que ele pode ser perspetivado como um estilo tendencialmente feminino.

Não se chegou a atingir significância estatística para a comparação mães-pais no estilo autoritário (p = .096), contudo, é pertinente considerar que, com uma amostra de maior dimensão, essa significância possa ser atingida, o que é de ter em conta em estudos futuros. O resultado é distinto do referido por Russell et al. (1998), em cujo estudo os pais recorreram mais ao estilo autoritário do que as mães. Dada a diferença de 20 anos entre os dois estudos, e as importantes mudanças sociais, parentais e nos papéis de género que têm vindo a ocorrer nas últimas décadas, será interessante que, em estudos futuros, se continue a analisar a relevância deste estilo para mães e pais, contemplando também outras formas de família (já que no presente estudo a maior parte é nuclear).

5.2 Memórias de Infância Relativas a Práticas Parentais, Estilos Educativos Parentais, e Sexo da Criança

Neste ponto aborda-se a análise das dimensões estudadas em função do sexo da criança (Objetivo 2). Face às memórias de infância relativas a práticas parentais da mãe e do pai, não se obtiveram variações significativas nesta dimensão (nos dois grupos) em função da criança ser do sexo masculino ou feminino. Desta forma, não se confirma a hipótese geral colocada (Hipótese 2a), a qual previa diferenças com base no sexo da criança.

Os resultados não são consonantes com os do único estudo neste âmbito a que foi possível aceder (Almeida, 2013) indicativos de que quer os pais, quer as mães das raparigas tendem a percecionar o recurso a mais práticas de suporte emocional por parte dos seus próprios pais (mãe e pai) durante a infância. Segundo a autora, tal poderá estar relacionado com o facto de algumas caraterísticas, que frequentemente tendem a ser associadas ao feminino, suscitarem, em alguns pais e mães, recordações de práticas parentais que remetem para apoio, cuidado e afeto.

Por sua vez, a análise dos estilos educativos parentais em função do sexo da criança também não conduziu a resultados significativos em qualquer dos grupos. Nesta sequência, não se confirma a hipótese que previa que as mães e os pais refeririam um maior recurso ao estilo autoritário com os rapazes e ao estilo autoritativo com as raparigas (Hipótese 2b).

A ausência de resultados significativos com base no sexo da criança é consonante com os resultados dos estudos de Albuquerque (2016) e de Roskam e Meunier (2009), mas é discordante do mencionado por outros autores que apontam para diferenças nos estilos educativos parentais em função do sexo da criança (e.g., Azkeskin et al., 2013; Conrade & Ho, 2001; Correia & Ribeiro, 2012; Russel et al., 1998), reforçando-se, assim, a já referida inconsistência de resultados neste domínio. É possível que esta inconsistência se deva a características distintas das amostras dos vários estudos, designadamente caraterísticas sociodemográficas e culturais. Por exemplo, nos estudos de Azkeskin et al. (2013), Conrade e Ho (2001) e Russel et al. (1998), os participantes são turcos ou australianos (estes integrados nos dois últimos estudos), pelo que aspetos relacionados com diversidade cultural são suscetíveis de contribuir para os resultados distintos. Assim, é possível que haja diferenças, por exemplo, nos costumes, normas, comportamentos e papéis familiares, parentais e sociais que os pais, ou as crianças, de uma cultura, adotam de forma mais frequente, ou que são mais valorizados, e que poderão explicar as diferenças de resultados. Poder-se-á argumentar que o estudo de Correia e Ribeiro (2012) obteve resultados significativos em função do sexo da criança, tal como os estudos referidos, e que, no entanto, integra participantes portugueses. Mencione-se, no entanto, que neste estudo há uma grande disparidade na idade das crianças-alvo, dos 2 aos 18 anos, integrando, portanto, várias fases do desenvolvimento, o que poderá contribuir fortemente para a diferença de resultados face ao presente estudo.

5.3 Relação entre Memórias de Infância Relativas a Práticas Parentais e Estilos Educativos Parentais

No que diz respeito à relação das memórias de infância relativas a práticas parentais com os estilos educativos, em ambos os grupos (Objetivo 3), os resultados apontaram para que, no grupo de mães, a perceção de mais práticas de suporte emocional por parte da mãe, na infância e adolescência, se associou com o maior recurso, na atualidade, a um estilo autoritativo na relação com os filhos. Este resultado é consonante com o obtido no estudo de Boing (2014), que encontra idêntica tendência. O resultado

poderá ter subjacente um fenómeno de modelagem (ver Beaton & Doherty, 2007) em que o comportamento parental das mães reproduzirá características do comportamento da sua própria mãe na infância, que, em diversos casos, até poderia ser, por hipótese, a cuidadora principal.

Ainda no grupo de mães, verificou-se uma associação positiva entre a sobreproteção paterna e o estilo autoritário, o que, aliás, também aconteceu no grupo de pais, denotando, assim, que as mães e os pais que percecionam mais sobreproteção por parte do pai na infância e adolescência, adotam mais um estilo autoritário na relação com os filhos na atualidade. Tendo em conta que as práticas parentais de sobreproteção são caracterizadas por atitudes de controlo e intrusão excessivos dos pais na vida dos filhos, então a sobreproteção paterna poderá estar associada com consequências negativas para o clima emocional que se irá estabelecer mais tarde na relação entre os pais (mãe e pai) e os filhos, já que o estilo autoritário se carateriza por controlo, punição, restrição da vontade, do comportamento e da autonomia da criança, e não encorajamento do diálogo (Baumrind, 1966), o que, por sua vez, tem consequências nefastas no desenvolvimento/adaptação da criança (Baumrind, 1967, ver também Cardoso & Veríssimo, 2013). Desta forma, será viável considerar a sobreproteção paterna na infância/adolescência como um potencial fator de risco para a parentalidade do adulto (de mães e pais).

A propósito da sobreproteção, mencione-se ainda que, no grupo de pais, se obtiveram resultados sugestivos de uma tendência para o maior recurso ao estilo permissivo se associar com a perceção de mais práticas de sobreproteção na infância, por parte de ambas as figuras parentais. Este resultado reforça a hipótese antes colocada, de que práticas parentais de sobreproteção na infância poderão contribuir para estilos educativos parentais mais negativos no presente, neste caso, o estilo permissivo. Assim, as práticas de sobreproteção na infância, poderão desencadear no presente uma atitude que tem subjacente baixa exigência e controlo dos pais face ao comportamento dos filhos. Consequentemente, estes pais acabam por manifestar uma atitude contrária àquela que os seus pais tiveram com eles durante a infância (ser alvo de elevado controlo enquanto filhos, exercício de baixo controlo enquanto pais), podendo tal ser considerado como um fenómeno de compensação face às vivências da infância (ver Beaton & Doherty, 2007). No entanto, este comportamento parental não será benéfico para o desenvolvimento da criança, uma vez que, como se referiu na Introdução, o estilo permissivo associa-se com efeitos negativos no desenvolvimento académico e social da criança, e dificuldades na

autonomia e regulação das emoções, entre outras (Baumrind, 1967; Baumrind, 1971; ver também Cardoso & Veríssimo, 2013). De notar que, enquanto a associação da sobreproteção (materna e paterna) com o estilo autoritário esteve presente nos dois grupos, a associação daquele tipo de práticas com o estilo permissivo aconteceu apenas para os pais (ainda que de forma tendencial), sugerindo o potencial maior impacto neles relativamente a este estilo. Contudo, estudos futuros deverão averiguar esta tendência com outras amostras.

Os resultados que associam os estilos autoritário e permissivo com a sobreproteção na infância são discrepantes dos relatados no estudo de Boing (2014), em que as vivências de sobreproteção paterna (e também materna) na família de origem se associaram negativamente com caraterísticas do estilo autoritário e permissivo, e positivamente com caraterísticas do estilo autoritativo. Tal poderá ser explicado, pelo menos em parte, com base no reduzido número de participantes e em características específicas do estudo de Boing (2014) (e.g., estudo com uma análise qualitativa e com doze famílias), incluindo sociodemográficas como a idade das crianças-alvo (média de 6.2 anos versus 10.01 e 10.21 no presente estudo, respetivamente para o caso das mães e dos pais).

Finalmente, foi ainda observada uma tendência para as mães que percecionam um maior recurso a práticas parentais de rejeição por parte do pai, na infância/adolescência, recorrerem menos a um estilo autoritativo e mais a um estilo permissivo na atualidade. Este resultado diverge do relatado no estudo de Boing (2014), onde no grupo de mães a rejeição não se associou com os estilos parentais atuais, o que, de acordo com a autora, se poderá dever ao número reduzido de indivíduos que participaram no estudo. No presente trabalho, o resultado para as mães sugere que as práticas paternas de rejeição na infância serão suscetíveis de conduzir a um défice de práticas positivas na relação com os filhos, parecendo haver, mais uma vez, um fenómeno de compensação (ver Beaton & Doherty, 2007), já que as mães, ao se terem sentido pressionadas para se comportarem e agirem de acordo com a vontade dos seus pais e ao não se sentirem, por hipótese, aceites pela figura parental, poderão promover, no presente, que os filhos tenham a possibilidade de agir consoante a sua própria vontade, colocando-se mesmo a hipótese que o clima relacional promovido pelas mães seja próximo do estilo negligente, dado os níveis mais baixos do estilo autoritativo e mais altos do permissivo.

Os resultados decorrentes da análise da relação entre as dimensões em estudo permitem confirmar a hipótese geral colocada (H3) que previa encontrar uma associação

entre as memórias de infância relativas a práticas educativas parentais e os estilos educativos na atualidade.

No geral, das cinco hipóteses colocadas, confirmam-se três, não se confirmando duas (2a e 2b, que remetem para diferenças em função do sexo da criança).

Este estudo, ao sugerir a potencial influência que as práticas educativas parentais, percecionadas na infância por um determinado indivíduo, poderão ter, mais tarde, na forma como exercerá o seu papel parental enquanto pai ou mãe, alertam para a pertinência das dimensões estudadas serem tidas em conta no trabalho com pais. De facto, os resultados podem ter implicações para o aconselhamento e orientação parentais, incluindo um caráter preventivo (e mesmo para a intervenção com mães e pais em psicoterapia individual), com vista à adoção de práticas parentais positivas e benéficas para o desenvolvimento dos filhos, que promovam um clima emocional salutogénico na relação pais-criança. Com efeito, tal é especialmente apropriado uma vez que são conhecidas as consequências nefastas para a criança, aos níveis socio-emocional e comportamental, de estilos parentais que têm subjacente práticas educativas negativas.

6. Conclusão

Nesta secção final serão apresentadas as principais conclusões da investigação realizada, tendo em conta os objetivos estabelecidos. Serão também apontadas algumas limitações do estudo, assim como propostas para futuras investigações nesta área.

O presente estudo, com mães e pais de crianças com idades entre os 5/6 e os 12 anos, pretendeu averiguar se existe uma relação entre o modo como se foi educado na família de origem (memórias de infância relativas a práticas parentais) e a forma como se exerce o papel parental (estilos educativos parentais), considerando-se também eventuais diferenças em função do sexo parental e do sexo dos filhos.

Dos resultados obtidos sobressaiu que, da comparação dos dois grupos (objetivo 1), as mães percecionam ter experienciado na infância/adolescência mais práticas de sobreproteção (sobretudo materna) do que os pais, recorrendo também mais frequentemente, no momento atual, a um estilo autoritativo na relação com os filhos.

Neste estudo, quer as memórias de infância relativas a práticas parentais quer os estilos educativos parentais na atualidade não mostraram variar de forma significativa em função do sexo das crianças (objetivo 2), considerando a perspetiva das mães e dos pais. A análise da relação entre as memórias de infância relativas a práticas parentais e os estilos educativos (objetivo 3), aponta, no grupo de mães, para uma associação (positiva) entre as práticas de suporte emocional materno na infância e a adoção de um estilo parental autoritativo na atualidade. Acresce que se salientou uma tendência para níveis mais elevados de práticas de rejeição paterna se relacionarem com um menor recurso ao estilo autoritativo e um maior recurso ao estilo permissivo. Ainda no grupo de mães, as práticas de sobreproteção paterna na infância relacionaram-se com a adoção de um estilo autoritário, o que também aconteceu no grupo de pais. Neste grupo, sobressaiu igualmente uma relação tendencial da sobreproteção materna e paterna na infância/adolescência com o maior recurso ao estilo permissivo na relação com os filhos. No geral, os resultados enquadram-se nos de estudos que apontam para que as práticas parentais mais positivas na família de origem propiciam, na atualidade, a adoção de práticas parentais também elas mais positivas (e.g., Boing, 2014; Stover & Kahn, 2013). Eles mostram ainda que a sobreproteção paterna se associa com estilos parentais menos salutogénicos (estilo autoritário e permissivo), ao contrário do que aconteceu no estudo de Boing (2014), o único que avalia as duas dimensões consideradas e com a mesma metodologia usada neste estudo, ainda que através de um procedimento de análise de dados diferente, já que recorre a uma análise qualitativa. Para além disso, salienta-se

que os resultados apontam para a existência de fenómenos de modelagem e compensação (ver Beaton & Doherty, 2007) nas práticas parentais das mães e pais face aos filhos, com base nas práticas educativas dos seus próprios pais na infância/adolescência, apontando ainda para uma eventual intergeracionalidade das práticas parentais, que alguns autores referem existir (e.g., Boing, 2014; Lopes, 2012; Weber et al., 2006).

Com este estudo espera-se ter dado um contributo para aumentar o conhecimento referente às variáveis em estudo. Em primeiro lugar, em termos das diferenças em função do sexo parental e da criança, sendo neste último caso a literatura praticamente omissa no âmbito das memórias de infância e com resultantes discrepantes relativamente aos estilos parentais. Em segundo lugar, no que diz respeito à relação das memórias de infância com os estilos parentais, que não tem recebido atenção do ponto de vista empírico, os resultados sugerem a pertinência de se considerar a potencial influência das práticas parentais vividas na infância, na vida adulta, e especificamente no exercício da parentalidade na atualidade, ou seja, na altura em que a criança de então terá, ela própria, que educar e cuidar de um filho. Em terceiro lugar, espera-se que o estudo possa vir a ser útil para o desenvolvimento de formas de intervenção mais eficazes juntos de pais que careçam de apoio na parentalidade.

Numa outra linha, considera-se que o estudo tem duas mais-valias, designadamente o facto de incluir mães e pais, possibilitando a comparação das perspetivas de ambos de uma forma independente, e o facto de os grupos não se diferenciarem em variáveis sociodemográficas básicas, o que permite excluir a interferência deste tipo de variáveis (pelo menos das consideradas) nas diferenças entre os grupos.

Não obstante os contributos do estudo, algumas limitações deverão ser assinaladas, designadamente a assimetria na dimensão entre o grupo de mães e de pais, e a dimensão reduzida dos subgrupos constituídos com base no sexo da criança. De referir também o facto de a amostra global ser de conveniência (não possibilitando a generalização dos resultados à população geral) e de os procedimentos de análise de dados não permitirem inferir causalidade. Acresce que só houve o recurso a instrumentos de autorrelato e a recolha foi não presencial, não tendo havido, assim, controlo sobre o processo e o contexto em que ocorreu o preenchimento dos instrumentos. De referir ainda que os resultados poderão ter subjacente algum enviesamento decorrente de um certo tipo de desejabilidade social, já que é admissível considerar que alguns participantes possam ter dado respostas mais positivas relativamente ao exercício do seu papel parental do que

na realidade acontece. Uma vez que as memórias de infância remetem para uma perceção retrospetiva, é viável considerar que possa ter havido também, em alguns casos, um enviesamento (num sentido mais positivo ou mais negativo) no que se refere ao que é recordado do comportamento parental.

Para além das referências pontuais a pistas para investigação anteriormente sugeridas, futuramente seria pertinente a realização de estudos que continuem a focar a relação entre as memórias de infância relativas a práticas parentais e os estilos educativos parentais, devido à quase inexistente de literatura neste âmbito, incluindo estudos com mães e pais da mesma criança (grupos dependentes). Teria pertinência a exploração da relevância de outras variáveis sociodemográficas (e.g., nível socioeconómico, nível educacional, número de filhos) nas memórias de infância relativas a práticas parentais. Uma vez que as vivências da infância são importantes na vida futura e no funcionamento mental do indivíduo, seria relevante estudar a relação entre as memórias de infância e a sintomatologia psicopatológica, bem como proceder à comparação de grupos clínicos e não clínicos. No âmbito específico dos estilos parentais, poder-se-ia ainda analisar o par parental, considerando não só as auto-perceções mas também as hétero-perceções, para além de que seria igualmente pertinente integrar a criança como informante. Por fim, poder-se-ia estudar os efeitos indiretos (mediação) de outras variáveis na relação entre as memórias de infância (das práticas educativas parentais) e os estilos parentais atuais como variáveis relacionadas com a vinculação ou o funcionamento psicológico (e.g., ansiedade, depressão).

7. Referências

Agostinho, A. C. (2009). Filhos na escola e filhos adultos: A relação entre funcionamento familiar, parentalidade e resiliência (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade de Lisboa, Lisboa.

Albuquerque, S. D. Q. (2016) Género e estilos parentais: Um estudo sobre a relação

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