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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Ordem de frutificação

4.1.1. Discussão geral

Segundo KINET e PEET (1997), o número de sementes em desenvolvimento no interior do fruto é um dos fatores que determinam seu tamanho final. De fato, os dados do presente trabalho revelaram que, de modo geral, os maiores frutos localizados no segundo racimo, apresentavam maior peso de sementes. No entanto, verificou-se também que o rendimento de sementes foi maior nos fruto dos racimos 5 e 6, de menores peso e diâmetro.

GUILLASPY et al. (1993) revelam que a maioria dos mecanismos

envolvidos no processo de crescimento e desenvolvimento dos frutos é regulada pelos hormônios de crescimento vegetal (auxinas, giberelinas, citocinas, entre outros), que são produzidos em grande parte pelas sementes durante seu desenvolvimento. Com base no presente trabalho, os frutos do racimo 2, além de apresentarem grande número de sementes, tinham ainda peso e diâmetro maiores que os demais. Em contrapartida, os frutos do racimo 6 não diferiram estatisticamente dos frutos do racimo 2 quanto ao número de

sementes e, no entanto, não apresentaram o mesmo peso e diâmetro dos frutos.

Neste caso, outros fatores, além do número de sementes estão envolvidos no crescimento do fruto. Fatores variáveis, durante o desenvolvimento da planta, como as condições ambientais e o suprimento diferencial de fotoassimilados regido pela relação fonte e dreno durante o desenvolvimento de um fruto (BERTIN et al., 1998), aliado ao desenvolvimento das sementes, parecem determinar o tamanho do fruto.

De modo geral, na seqüência dos racimos de 1 a 6, os frutos diminuíram de peso e diâmetro. Segundo KINET e PEET (1997), a posição do fruto, a seqüência de inserção dos cachos e as condições ambientais prevalecentes durante a fase de crescimento, dentre outros fatores, influenciam o tamanho final dos frutos de tomate. Em plantas de hábito de crescimento indeterminado, dificilmente se conseguem as mesmas condições ambientais durante todo o ciclo da cultura, o que pode justificar a variação do peso e diâmetro dos frutos entre os racimos, no presente trabalho.

A influência da posição distal em relação à posição proximal nos racimos, proporcionou maior discriminação dos racimos quanto ao peso e diâmetro dos frutos. Segundo BERTIN (1998), em condições limitadas de fotossimilados, os frutos da posição distal nos racimos e os racimos mais tardios na planta tendem a ter menor peso e diâmetro. GUILLASPY et al. (1993) relatam que os frutos da posição distal dos racimos apresentam menor número de células, o que proporciona a estes frutos menor capacidade de competição por fotossimilados na planta (menor poder dreno), provocando diminuição no tamanho dos mesmos. Os dados deste trabalho corroboram com este fato já que, de um modo geral, os frutos da posição distal apresentaram menor peso e diâmetro.

Quanto à produção de sementes, os frutos da posição distal apresentaram, em geral, menor peso de sementes por fruto, gerando sementes com menor conteúdo de matéria seca. No entanto, frutos colhidos na posição distal dos racimos apresentam igual ou maior número de sementes que os frutos colhidos na posição proximal. Provavelmente, a distribuição irregular de fotoassimilados regido pelo poder dreno dos frutos desfavoreceu os frutos da

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posição distal dos racimos, propiciando menor acúmulo de matéria seca nas sementes (SÁ, 1999; KINET e PEET, 1997; BERTIN et al., 1998).

De modo geral, as sementes de frutos colhidos nos racimos intermediários 3 e 4, são mais pesadas e apresentaram maior acúmulo de matéria seca, proporcionando frutos com maior peso de sementes. Contudo, as sementes de frutos colhidos nos racimos 5 e 6, apresentam menor peso e acúmulo de matéria seca, proporcionando menor peso de sementes por fruto. No entanto, o número de sementes por fruto nos racimos 5 e 6, foi igual ou superior ao número de sementes por fruto nos demais racimos.

A maior parte dos frutos da posição proximal dos racimos, apresentou maior peso e diâmetro. Por outro lado, apesar desta posição ter gerado sementes mais pesadas e maior peso de sementes por fruto, o número de sementes por fruto na posição distal foi estatisticamente igual ou superior ao número de sementes por fruto, na posição proximal dos racimos.

Segundo DEMIR e SAMIT (2001), por ocasião da maturidade fisiológica das sementes de tomate, o valor do acúmulo de matéria seca varia de 2,27 a 3,30 mg/sementes. Comparado estes valores com os do presente trabalho (3,08 a 3,99 mg/sementes), nota-se que mesmo o menor valor encontrado de acúmulo de matéria seca pode ser considerado razoável.

Quanto à produção de sementes, o racimo 1, de modo geral, apresentou o pior desempenho produtivo. Contudo, o racimo 2 apresentou desempenho na produção de sementes, no geral, semelhante ao observado nos racimos 5 e 6 que, apesar de apresentarem sementes com menor peso, apresentaram rendimento de sementes bem maior. O racimo 3, apesar de apresentar frutos com sementes bem pesadas, não apresentou bom rendimento na produção de sementes. O racimo 4 produziu frutos com rendimento de sementes intermediário, comparado aos demais racimos, e com sementes de peso razoável.

Quanto à produção de sementes, MELO e RIBEIRO (1990) sugerem que frutos com menos polpa apresentam maior rendimento de sementes. No presente trabalho nota-se que o maior rendimento de sementes ocorreu nos racimos 4, 5 e 6, cujos frutos, em geral, apresentaram menos polpa e mais sementes do que os frutos dos racimos 1, 2 e 3.

Os testes de germinação e vigor nem sempre foram concordantes em destacar os racimos quanto à qualidade de suas sementes. No entanto, a germinação e o vigor das sementes extraídas de frutos colhidos nos racimos 4, 5 e 6 foram, na maioria, superiores ao observado nas sementes extraídas de frutos nos racimos 1, 2 e 3.

RIBEIRO et al. (2002) observaram que o maior rendimento de

sementes ocorreu nos frutos menores que, com menos polpa, apresentaram menor proporção de massa de sementes em relação ao seu peso. O mesmo foi observado no presente trabalho, em que o rendimento de sementes nos frutos da posição distal dos racimos foi bem maior, uma vez que estes apresentaram menos polpa. De modo geral, as sementes extraídas de frutos na posição distal dos racimos revelaram maior capacidade de germinação e vigor.

Quanto à qualidade das sementes, comumente, a posição distal produziu sementes com maior capacidade de germinação e vigor que as sementes da posição proximal dos racimos.

O fato de as sementes na posição distal serem, na maioria dos testes, superiores às sementes da posição proximal, mostra que mesmo existindo decréscimo do tamanho do fruto ao longo do racimo, não se observou redução na qualidade das sementes. Por outro lado, pode-se inferir que a qualidade da semente é mais favorecida que o crescimento do fruto. Provavelmente, a competição entre os diversos frutos no mesmo cacho pode favorecer o aumento no rendimento de sementes de qualidade.

Contrariando as expectativas de que os primeiros racimos na planta seriam responsáveis pela produção de sementes de melhor qualidade, a qualidade das sementes foi, de modo geral, melhor nos racimos mais tardios na planta, onde os frutos apresentaram menor tamanho. Provavelmente, o desenvolvimento excessivo do pericarpo compete mais com a formação das sementes que a competição dos órgãos na planta por fotoassimilados.

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