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Ninguém entende ninguém. Tudo é interstício e acaso, mas está tudo certo. Fernando Pessoa

Capítulo III. Discussão Global dos Resultados

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No presente capítulo, discussão global dos resultados, procura-se apresentar a síntese interpretativa dos principais resultados obtidos neste estudo, bem como uma reflexão crítica sobre as suas implicações práticas e as suas limitações, incluem-se, também, pistas para futuras investigações.

Inicia-se a presente discussão referindo que os três instrumentos utilizados no estudo se mostraram adequados, uma vez que operacionalizam o respetivo modelo teórico, medindo efetivamente os constructos a que se propõem, no caso, bem-estar, satisfação académica e participação em atividades extra-académicas. Ressalva-se, porém, que devem ser continuados estudos psicométricos de todos visando a contí- nua validação dos mesmos quando se trata da população universitária. Apesar de te- rem sido utilizados três instrumentos, nem todos/as os/as estudantes responderam aos referidos instrumentos, uma vez que se considerou a pertinência de realizar dois estudos. Assim, no que respeita ao estudo 1, todos/as os/as estudantes responderam a ambos os instrumentos, sobre bem-estar e satisfação académica, e apenas os/as estudantes que participam em atividades extra-académicas responderam ao QPAEA (Estudo 2).

Neste âmbito, salienta-se a importância do Estudo 2 em que foi utilizado um instrumento construído, propositadamente, para aferir a participação dos/as estudan- tes universitários/as em atividades extra-académicas e que, de acordo com a análise estatística elaborada, se mostra como bastante promissor.

Por outro lado, refere-se a necessidade e pertinência de os instrumentos terem sido aplicados em conjunto o que possibilitou uma visão mais completa sobre diferen- tes aspetos de um mesmo tema – atividades extra-académicas. Considerando os re- sultados agora obtidos, será, igualmente, interessante, noutro momento, a utilização de instrumentos e análises qualitativas para que se possa, mais pormenorizadamente, compreender a participação de estudantes univertários/as em atividades extra- académicas e a sua relação com o bem-estar e a satisfação académica. Esta visão contribuirá (espera-se) para a mudança de paradigma do contexto universitário, tor- nando-o mais significativo para os/as estudantes.

Espera-se, então, que este estudo traga, contribuições para as Ciências da Educação, uma vez que tem havido contribuição de diferentes áreas científicas que têm vindo a apresentar estudos no âmbito das variáveis em estudo, procurando uma melhor compreensão destes constructos.

Reportando agora os resultados obtidos, salienta-se que, dos/as 462 estudan- tes envolvidos/as no estudo, apenas 195 referem participar em atividades extra- académicas (42,2%). Destes/as, ao contrário do apresentado em estudos científicos referidos anteriormente, foi encontrada uma média do grau de envolvimento na vida

universitária destas/as estudantes entre 1 (Nada envolvido/a nos órgãos da Universi- dade de Évora), 2 (Pouco envolvidos/as em estruturas como o núcleo e associação de estudantes) e 4 (Bastante envolvidos/as nas aulas e vida social/académica).

Pela exposição desta informação se pode inferir que deve ser efetuado um tra- balho profundo para que os/as estudantes se envolvam de forma mais efetiva com a Universidade, sendo pro-ativos/as, construindo-a e sentindo-a como “sua”.

O facto de se mostrarem mais envolvidos/as nas aulas e vida social/académica poderá enquadrar-se na fase de desenvolvimento vivenciada pelo/a jovem adulto/a. No entanto, o facto de não haver envolvimento em outras estruturas da Universidade de Évora, poderá ser um fator de risco, uma não identificação com o contexto, poden- do daí advir algum afastamento do contexto universitário.

Tendo em conta a revisão teórica apresentada sabe-se que o envolvimento do/a estudante na instituição educativa é um fator protetor face a comportamentos de risco e até mesmo de abandono escolar. Relembra-se que, segundo Albuquerque (2008), a generalidade das instituições universitárias registam elevadas taxas de insu- cesso, enfrentando problemas quando se trata de captar estudantes.

Neste sentido, evidencia-se, hoje, a existência de um conjunto de iniciativas que procuram captar estudantes, destas destaca-se o evento anual “Futurália” onde são apresentadas, entre outras, as instituições universitárias, sejam nacionais como internacionais, permitindo que os/as futuros/as estudantes universitários/as possam ter contacto (muitas vezes pela primeira vez) com estas instituições e que as conheçam pela voz de quem é aluno/a universitário/a. Este contacto permite esclarecer possíveis dúvidas junto dos/as próprios/as colegas, estudantes universitários/as.

Por outro lado, o facto de a aprendizagem ser significativa para os/as estudan- tes será preditivo para o envolvimento do/a estudante na Universidade. O próprio pro- cesso de transição para o contexto universitário deve ser revisto para que haja um encontro de expectativas entre instituição-estudante (por exemplo, Fernandes, 2011).

Pelo exposto, em Portugal, torna-se pertinente refletir (tal como proposto pela revisão de literatura apresentada anteriormente) sobre o contexto universitário: será que responde às necessidades dos/as jovens estudantes universitários/as atuais, mantendo o elevado nível de conhecimento técnico e científico, ou seja, mantendo a qualidade do processo ensino-aprendizagem?

Acredita-se, então, que o presente estudo possa contribuir para uma possível resposta a esta questão, pois ao refletir sobre os constructos de satisfação académica e bem-estar, bem como nas atividades extra-académicas procura-se compreender o que é relevante para o/a estudante.

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Neste estudo foram, assim, utilizados instrumentos devidamente adaptados (EMMBEP) e construídos (QSA) para a população universitária portuguesa. Estes ins- trumentos (utilizados no Estudo 1) baseiam-se nos respetivos modelos teóricos apre- sentados na parte 1 do presente trabalho.

Em complemento ao estudo 1 surge o Estudo 2, tendo sido desenvolvido um questionário baseado no modelo dos 7 vetores de Chickering. Este revelou-se ser um instrumento com qualidades psicométricas bastante aceitáveis (muito promissoras) e que para continuar a ser utilizado, deve, desde logo serem realizados mais estudos acerca deste instrumento, uma vez que, para a população universitária portuguesa, é inovador. Por outro lado, como é de fácil aplicação, de auto-preenchimento e em pou- co tempo, permite recolher informação acerca desta população, devendo ser alvo de mais estudos (validando, igualmente, o modelo teórico base utilizado). Propõe-se, igualmente, que tais estudos psicométricos incluam os propostos por outros autores como Almeida e Freire (2003) para a validação de instrumentos.

Logo, compreende-se que houve necessidade de utilizar, apenas, a população que participa em atividades extra-académicas.

Globalmente, salienta-se que foi construída no software SPSS, versão 22, uma base de dados alargada, no entanto, foram apenas analisados os dados relativos a ambos os estudos agora realizados. Assim, toda a população respondeu a um questi- onário sócio-demográfico, permitindo caracterizar a população.

Posteriormente, também toda a população respondeu aos dois questionários, EMMBEP e QSA (Estudo 1), devidamente validados para a população universitária portuguesa.

Em seguida, foi realizado o Estudo 2, ou seja, apenas os/as estudantes que participam em atividades extra-académicas responderam ao QPAEA, permitindo ca- racterizar e compreender os/as estudantes que participam nas mesmas.

O facto de ter sido construído um instrumento, tornou-se fulcral para a investi- gação, dado que em Portugal, a participação em atividades extra-académicas não é (ainda) valorizada (ao contrário do que acontece em outros países).

Aquando da apresentação e análise dos resultados, optou-se pela apresenta- ção em duas partes: Estudo 1 e Estudo 2. Desta forma, no âmbito do Estudo 1, optou- se por realizar a análise psicométrica dos instrumentos, nomeadamente, a fidelidade. Tais valores revelam-se promissores e sustentaram o seu uso nesta investigação.

Logo em seguida, é apresentada a informação relativa às respostas às ques- tões de investigação deste Estudo 1.

Considerou-se pertinente realizar a análise de comparação de médias de vari- áveis independentes, diferenças em relação ao género.

Concluiu-se existir diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (masculino/feminino) em todas as sub-escalas da EMMBEP, à exceção da sub-escala sociabilidade, sendo as médias ligeiramente superiores no género feminino. Tal resul- tado segue os resultados de outras investigações, uma vez que, de acordo com esta informação, o grupo feminino revela indicadores de um maior bem-estar.

Aquando da resposta à questão de investigação 1 foram encontradas diferen- ças entre os grupos que participam em atividades extra-académica e os que não parti- cipam, sendo a média apresentada no grupo dos/as que participam superior, revelan- do maior bem-estar e satisfação académica. Tais diferenças são estatisticamente significativas (à exceção do fator 2 do QSA), logo percebe-se que tais resultados vão ao encontro de algumas investigações que concluem que o facto de os/as estudantes participarem em atividades extra-académicas têm maior bem-estar e satisfação aca- démica. Este é um resultado muito promissor para que possam ser realizadas algu- mas alterações no contexto universitário português, valorizando-se as atividades ex- tra-académicas (tal como o são noutros países). Todavia, ao contrário do encontrado em algumas investigações internacionais, neste estudo 1 não foram encontradas dife- renças estatisticamente significativas entre o grupo que participa em atividades extra- académicas e o que não participa em relação ao desempenho académico.

Poder-se-á inferir, em relação a este resultado, que como a participação em atividades extra-académicas não é valorizada, logo não são encontradas diferenças estatisticamente significativas, e tornou-se relevante perceber se, conforme a partici- pação em atividades extra-académicas, o grau de envolvimento na vida da Universi- dade de Évora seria ou não estatisticamente significativo. Percebeu-se, pelos resulta- dos obtidos, que há diferenças estatisticamente significativas ao nível do nú- cleo/associação de estudantes e nas atividades de estudo. Assim, o grupo que partici- pa em atividades extra-académicas revela-se mais envolvido na vida académica. Este aspeto torna-se relevante pelo facto ir ao encontro dos resultados encontrados noutras investigações. Contextualizando a importância da participação em atividades extra- académicas para a identificação com o contexto universitário e o envolvimento do/a estudante na vida académica.

Globalmente, a partir dos resultados obtidos percebe-se que o grupo de parti- cipantes em atividades extra-académicas perceciona-se como tendo uma boa rede de suporte social. Este aspecto é, igualmente, relevante pois de acordo com as investiga- ções encontradas, o facto de os/as estudantes terem amigos torna-se um fator prote- tor. Por outro lado, pode inferir-se que o facto da participação em atividades extra- académicas poderá deixar mais desperto o/a estudante para a sua rede de suporte social. Através destes resultados é possível compreender que o bem-estar e a satisfa-

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ção académica se relacionam e que a participação em atividades extra-académicas é uma variável determinante.

Relativamente, ao estudo 2, apenas com os/as participantes que participam em atividades extra-académicas, os resultados em relação aos estudos psicométricos do instrumento QPAEA são bastante promissores, o que origina a realização de um pos- sível estudo mais aprofundado e pormenorizado que permita adaptar o instrumento à população universitária portuguesa. Este aspeto é muito relevante pois é um instru- mento novo, dado que no contexto educativo português, a participação em atividades extra-académicas não é valorizado ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos da América e noutros países Europeus, onde a participação e envol- vimento em atividades extra-académicas são promovidas e compreendidas como uma mais-valia para a construção do/a estudante enquanto Pessoa e futuro/a profissional. É, por isso, importante questionar o contexto universitário acerca da possibilidade de ser apresentado um leque diversificado de atividades extra-académicas, indo ao en- contro das motivações e interesses dos/as alunos/as, promovendo e reforçando a sua participação. Mais, tendo em conta o contexto profissional (sociedade atual), bem co- mo as mudanças constantes, a participação em atividades extra-académicas poderá contribuir de forma efetiva para a aquisição e desenvolvimento de competências (pes- soais, técnicas e científicas) que sejam uma mais-valia para o/a estudante se adaptar às constantes mudanças e transições que lhe são (vão sendo) exigidas pela própria sociedade. Relativamente ao Estudo 2, a análise dos resultados iniciou pela análise psicométrica do instrumento. Para que fosse possível caracterizar a população da pre- sente investigação, foram cumpridos todos os procedimentos, anteriormente, descri- tos, tendo sido opção realizar análise exploratória, concluindo pela extração de seis factores explicativos.

Sabendo que o modelo teórico, 7 vetores de Chickering, se mostra viável, nes- ta análise foram encontrados seis factores, mostrando-se, contudo, bastante promis- sor (KMO=.917). O facto de os fatores encontrados não coincidirem diretamente com o modelo teórico de sete vetores, originou a necessidade de analisar, semanticamente, cada um dos itens, definindo, posteriormente, cada fator.

Após esta definição, foi realizada a analogia com os vetores de Chickering. Toda esta análise permitiu clarificar os fatores encontrados, para que, futura- mente, o instrumento agora construído possa ser validado para a população portugue- sa universitária. Será um caminho a percorrer com início nesta investigação.

Sendo um novo instrumento, além da análise da validade, foi, igualmente, rea- lizada a análise da consistência interna, cujos valores encontrados são muito promis- sores.

Pelo exposto, acredita-se ser um instrumento com características bastante promissoras para que possa ser utilizado em Portugal, uma vez que não existe na lite- ratura outro instrumento com tais características.

Posteriormente, foi realizada a análise inferencial dos resultados, não tendo si- do encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos feminino e masculino.

Em relação a este Estudo 2 houve necessidade de caracterizar a população, uma vez que nem todos/as os/as estudantes do Estudo 1 responderam ao QPAEA, dado não participarem em atividades extra-académicas. A caracterização desta popu- lação torna-se pertinente, na medida em que poderá clarificar como as atividades ex- tra-académicas poderão contribuir para o bem-estar e satisfação académica e como pode a Universidade de Évora responder às necessidades dos/as seus/suas estudan- tes (e futuros estudantes). Neste sentido, foram encontradas diferenças estatistica- mente significativas no âmbito da atividade “desporto coletivo” e das atividades “artís- ticas/expressivas” com, respetivamente, média superior no grupo masculino e grupo feminino.

Tal informação poderá enquadrar-se nos conhecidos papéis sociais entre o género feminino e masculino, cuja sociedade promove, essencialmente, para o género masculino atividades práticas, atividades estas que se caracterizam por serem ativida- des extra-académicas. Verifica-se, contudo, que há a tentativa de uma aproximação entre os géneros fazendo jus ao paradigma de igualdade de género.

Por outro lado, compreende-se que a participação em atividades extra- académias decorre fora do contexto universitário (60,5%). Neste sentido, procurou-se perceber se a escolha de tais atividades se encontrava relacionada com o curso uni- versitário frequentado, tendo os/as estudantes, na sua perspetiva, referido que nem se encontrava muito nem pouco relacionado com o curso frequentado (apenas 17,4% referiram estar muito relacionado com o curso). Esta informação poderá ser congruen- te com os resultados obtidos noutras investigações em que os/as estudantes apenas frequentam atividades extra-académicas quando esta(s) se relaciona(m) com o curso.

Foi, ainda possível, encontrar resultados que indicam que existe diferenças en- tre os grupos feminino e masculino no que respeita à participação em atividades extra- académicas, ao grau de relação da atividade extra-académica com o curso frequenta- do e o nível de satisfação com a participação em atividades extra-académicas. Desta informação salienta-se que as raparigas participam mais em atividades extra- académicas mas que em relação ao grau de participação em atividades extra- académicas é o grupo masculino que apresenta uma média superior. Relativamente, às diferenças estatisticamente significativas, estas são encontradas entre os grupos

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feminino e masculino em relação ao grau de relação entre a atividades extra- académica com o curso universitário frequentado (apresentando, o grupo masculino, uma média superior). Mediante tais resultados será, deveras, relevante poder perce- ber esta diferença encontrada.

A partir da generalidade das respostas obtidas para as questões efetuadas re- vela-se ainda o pouco investimento que tem sido feito no âmbito da promoção e de- senvolvimento das atividades extra-académicas, nomeadamente, no contexto universi- tário. Assim, considera-se fundamental continuar a desenvolver estudos que permitam compreender a população universitária portuguesa no que respeita ao seu comporta- mento de participação em atividades extra-académicas. Esta reflexão pode, igualmen- te, passar pelo contexto universitário, ou seja, como o tornar mais apelativo para que seja promovido o bem-estar do/a estudante.

Os resultados encontrados podem ser reflexo do facto de que em Portugal as atividades extra-académicas não são compreendidas como uma dimensão importante e pertinente do desenvolvimento pessoal e profissional do/a estudante do ensino su- perior. A própria universidade, enquanto instituição de ensino superior, não apresenta um leque diversificado de atividades extra-académicas que os/as jovens possam fre- quentar, sendo que a procura deste tipo de atividades está dependente do interesse e motivação do/a próprio/a aluno/a, sabendo-se que se torna difícil para este/a continuar a desenvolver qualquer atividade quando a instituição que frequenta se encontra num distrito/localidade diferente da que habita e onde desenvolve/participa na atividade extra-académica.

Pelo exposto, o presente estudo revela-se muito pertinente e justifica-se a sua continuação com toda a população da Universidade de Évora para que o próprio con- texto universitário possa refletir sobre o seu papel e contributo, bem como para se tor- nar (continuar a ser) atrativa para os/as alunos/as que procuram a Universidade (no- meadamente, a de Évora) para ingressar e concluir o seu curso universitário e pos- sam, posteriormente, integrar o mercado de trabalho. Mas também para aqueles/as estudantes que queiram prosseguir na sua carreira, atualizando os seus conhecimen- tos científicos e técnicos, contribuindo para uma sociedade, que nas palavras de Durkheim, deve ser pensada a partir de factos sociais e da forma como os sujeitos se relacionam.

CONCLUSÕES

Os críticos podem dizer que determinado poema, longamente ritmado, não quer, afinal, dizer senão que o dia está bom. Mas dizer que o dia está bom é difícil, e o dia bom, ele mesmo, passa.

Conclusões

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Replication of findings is the sine qua non of research in the natural sci- ences. Findings are ultimately accepted as valid by the scientific community on- ly to the extent they are replicable. Yet replication, which provides a powerful safeguard against the acceptance of artifactual or fortuitous results from a sin- gle investigation, has failed to acquire the normative value in research on the impact of college on students as it has in the natural sciences, or even social science disciplines such as psychology. (Pascarella, 2006, p.510)

Inicia-se esta parte com esta citação uma vez que permite enquadrar as con- clusões globais agora apresentadas. Assim, nesta fase final do trabalho exibe-se o conjunto das conclusões mais significativas, salientando-se que a natureza e limitação deste tipo de trabalho (tese de doutoramento), desenvolvida em simultâneo com o exercício de uma atividade profissional a tempo inteiro, implicaram diversas opções metodológicas. De entre tais opções incluem-se a necessidade de limitar o objeto de estudo (temporal e espacialmente), quer quanto ao âmbito, quer quanto à extensão, restringindo o estudo empírico a uma única instituição de ensino superior – Universi- dade de Évora e a um único momento de recolha de dados (estudo transversal), logo, com condicionamentos na dimensão da amostra.

O presente estudo encontra eco nas reflexões de Astin (1997) no que respeita ao ensino superior, ou seja, o ensino superior tem como missão, para além da promo- ção do conhecimento, fomentar o desenvolvimento integral dos/as estudantes que o frequentam. Logo, está validada a investigação no âmbito do bem-estar, satisfação académica e participação em atividades extra-académicas por parte de estudantes universitários/as. Todavia, tal como se verificou poucos são os estudos portugueses que incluem tais constructos, nomeadamente, as atividades extra-académicas (ao contrário do que verifica noutros países). Este será compreendido, assim, como um estudo pioneiro num contexto de expansão do ensino superior, bem como do aumento do número de estudantes universitários/as e um aumento de demandas do e pelo pró- prio contexto. Acima de tudo, este estudo contextualiza-se pela necessidade (cada vez