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Os resultados obtidos corroboram com a afirmação de Cingolani et al. (2005), áreas com pouco ou nenhum distúrbio antrópico, geralmente apresentam um menor número de espécies mesmo tendo maior número de indivíduos. De acordo com os mesmos autores, essas áreas podem ter atingido o clímax na sucessão vegetativa, havendo dominância de espécies em sua trajetória. Já as áreas com maior diversidade de espécies vegetais mesmo com menor número de indivíduos, confirmam o que foi descrito por (Dyksterhuis apud Cingolani et al. 2005) quando desenvolveu a teoria do modelo dos efeitos da intensidade de pastagem sobre a sucessão vegetativa, afirmando que à medida que a intensidade de pastejo é reduzida, a vegetação volta para sua trajetória anterior na sucessão, sendo então reversível e contínuo o equilíbrio vegetativo de um ecossistema. Posteriormente Westoby et al. (1989) concluíram que a reversão da trajetória vegetativa de uma estrutura vegetativa, depende também do histórico de pastagem e da sua intensidade, sendo que uma estrutura vegetal submetida ao pastoreio poderá desenvolver nova dinâmica na sucessão vegetativa diferentemente da anterior ao distúrbio, podendo em alguns casos ter a diversidade das espécies aumentada. Áreas de pastagens apresentam características únicas com uma dinâmica de trajetória específica, sendo influenciadas, principalmente, pela intensidade do pastoreio (capacidade de suporte da área de pastejo para número de animais), tipo de animal que é introduzido no

pasto, espécie (s) de forrageira (s) introduzida (s) na área, espécies da vegetação nativa, além de condições abióticas como o clima, o solo, topografia etc. (WESTOBY et al. 1989). Estudos semelhantes feitos por Milchunas et al. (1988) comparando diversos ecossistemas com longo ou com curto histórico de pastejo, sob condições ambientais sub-úmidas e semi-áridas, mostraram que áreas de pastagem com curto histórico de evolução e alta produção apresentam um declínio acelerado em sua diversidade quando comparados com áreas com longo histórico de pastagem e altas intensidades. Mas Cingolani et al. (2005) quando desenvolveram um novo modelo de avaliação, oriundo dos modelos anteriormente descritos (M S L model e S-T model, desenvolvidos por Milhcunas et al.1988 e Westoby et al. 1989 e Laycock 1991), com o objetivo de utilizar um modelo mais aplicável em situações reais, observaram que as espécies nativas de uma área com curto histórico de pastagem e altas intensidades de pastoreio podem desenvolver dinâmica diferente do modelo proposto por Milchunas et al. (1988), pois as espécies vegetais desses sistemas de pastoreio ainda não desenvolveram o mecanismo de resiliência ao pastejo. Ainda Milchunas e Lauenroth (1988) dizem que mudanças na composição vegetativa com variação na intensidade de pastagem podem ser mais reversíveis em áreas com longo histórico de pastoreio. Bakker et al. (2006), dizem que pastagens naturais nos Estados Unidos e Europa para grandes herbívoros, tiveram sua diversidade aumentada nas áreas com boa produtividade e bom teor de umidade. Em uma pastagem natural nos EUA, Frank (2007) investigou a interação de grandes herbívoros na produtividade da pastagem e sua relação na diversidade vegetal, e segundo o autor, os herbívoros aumentam a diversidade local independente da produtividade da pastagem, foi observado também efeito nulo para pastagens pouco produtivas e grande aumento da riqueza de diversidade à medida que a produtividade da pastagem era maior. Ainda segundo o autor a capacidade que uma espécie tem de colonizar espaços abertos da pastagem é o fator mais positivo sobre a influência positiva de herbívoros na diversidade de espécies vegetais num dado sistema.

Segundo Cingolani (2005) a pressão do pastejo altera a trajetória de uma comunidade vegetativa, podendo esta, buscar equilíbrio alternativo, diferindo sua composição florística da composição anterior ao distúrbio (pastagem). Essas transições podem ser desencadeadas pelo tipo de regime de pastagem. Estudo realizado numa área de alta produtividade de pastagem na savana australiana, aplicando o modelo desenvolvido por Cingolani et al. (2005), apresentou uma elevada diversidade de espécies vegetais quando houve elevada intensidade de pastoreio num curto período de tempo, aproximadamente seis meses, esses resultados foram

semelhantes aos obtidos neste trabalho. Nesses sistemas, geralmente, as espécies vegetais investem seus recursos para um crescimento mais sustentado em vez de reprodução e recuperação após os distúrbios, sugerindo que são menos reversíveis aos eventos externos. A formação vegetativa pode ter sua composição florística bastante alterada proveniente do tipo e da intensidade do pastejo (MILCHUMAS 1988). Estudo semelhante ao referido trabalho, realizado por Ash e McIvor (1998), em um modelo de pastagem savânica, com curto histórico de pastoreio e alta produtividade, demonstraram que nesse modelo de pastoreio, a sucessão vegetativa é alterada devido ao pastejo, ocorrendo geralmente uma grande diversidade de espécies na busca do equilíbrio do sistema (CINGOLANI 2005) com decréscimo da diversidade de espécies se for utilizado num longo período. Segundo Ash e McIvor (1998), nesse tipo de vegetação as espécies de gramíneas fornecidas como forrageiras são em sua maioria eretas, medindo aproximadamente 1,5 m de altura e irreversíveis na composição vegetativa.

Áreas que sofrem menos distúrbios antrópicos mantêm condições vegetativas mais equilibradas, geralmente ocorrendo dominância de algumas espécies em detrimento de outras (FELFILI et al. 1998). Uma área homogênea sugere que há uma maior diversidade de espécies vegetais. Sistemas de pastagens em comunidades nativas podem ter sua diversidade vegetal aumentada devido à introdução de espécies exóticas, sendo que a propagação dessas espécies pode ser auxiliada pela dispersão decorrente do pastejo. Segundo Dias-Filho e Ferreira (2008), em ecossistemas de pastagens, alguns estudos dizem que a resistência a espécies exóticas, a produção de biomassa e a estabilidade do sistema estão estreitamente relacionadas à biodiversidade, embora a biodiversidade seja uma variável importante em sistemas agrícolas e naturais (CINGOLANI et al. 2005), não há nenhum estudo conclusivo acerca do assunto (THOMPSON E STARZOMSKI 2007). No entanto, há uma certeza da necessidade em avançar os estudos científicos sobre os serviços ambientais disponibilizados pela biodiversidade, principalmente em sistemas agropecuários (JACKSON et al. 2007).

De acordo com Eiten (1994), o que define a ocorrência de determinadas espécies numa estrutura vegetativa é sua capacidade de dispersão, equilíbrio do sistema, distúrbios antrópicos, além de características abióticas. Espécies de ocorrência apenas na área de pastoreio, como por exemplo, Acosmium dasycarpum, Norantea guianensis, Dalbergia

miscolobium, Davilla elliptica e outras, podem ter sido disseminadas pelo pastejo, pois o

aumento da matéria orgânica no solo auxilia a reprodução vegetativa (FELFILI et al. 2004). Muitas espécies apresentam diásporos com características peculiares, como sementes aladas e

frutos carnosos, que auxiliam no processo de dispersão (VIEIRA et al.. 2002). Felfili et al. (2008) afirmam que o aumento da diversidade de espécies em áreas manejadas por pastagens pode se decorrentes da introdução de espécies exóticas, e que, geralmente competem com as espécies nativas do Cerrado. Espécies ocorridas exclusivamente na área que não sofreu o distúrbio da pastagem, como Eremanthus glomerulatus, Plenckia polpunea, Symplocos

rhamnifolia e outras, sugere que há um equilíbrio vegetativo na sucessão, apresentando

espécies dominantes, pois geralmente áreas com pouco impacto antrópico são mais estáveis e menos suscetíveis a espécies invasoras (CARVALHO 1998).

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