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A intervenção propiciou uma melhoria no atendimento e permitiu a ampliação da cobertura da atenção às gestantes cadastradas na Unidade de Saúde Adauto Coutinho, em Miguel Alves, Piauí. O projeto de intervenção foi de suma importância para melhorar os indicadores do atendimento a gestante naquela localidade, atuando desde a captação das gestantes ainda no primeiro trimestre de gestação, até a realização de palestras educativas e visitas domiciliares às puérperas. Isso só foi possível a partir do engajamento de toda a equipe, que se mostrou bastante disponível desde o início do projeto, comparecendo às reuniões em equipe e programas de capacitação para implementação do projeto. A organização dos prontuários e registro dos dados e ações realizadas em ficha-espelho foi fundamental para que houvesse uma melhoria no seguimento desse grupo.

A intervenção exigiu, desde o início, que a equipe se capacitasse, a fim de seguir as recomendações exigidas pelo Ministério da Saúde relativas ao atendimento às gestantes e puérperas cadastradas no programa. Antes do início da intervenção, os agentes comunitários de saúde, a enfermeira e a auxiliar de enfermagem foram convocados para uma reunião para que eles pudessem tomar conhecimento sobre a importância do projeto e repercussões que poderia acarretar na melhoria do atendimento do pré-natal naquela localidade. Nesta ocasião cada profissional foi incumbido de uma função básica para o andamento do projeto. O pré-natal era realizado pelo médico e pela enfermeira da equipe, estes foram os profissionais responsáveis pelo registro dos dados no prontuário e na ficha-espelho, o que contribuiu para uma maior organização no controle dos dados. Estes seriam

ainda responsáveis pela solicitação dos exames e elaboração de palestras educativas na comunidade. A enfermeira recebeu orientações para a realização do exame ginecológico e exames das mamas em todas as gestantes. A auxiliar de enfermagem ficou encarregada de atualizar as cadernetas de vacinação, e fazer a entrega das medicações, como ácido fólico e sulfato ferroso. Os agentes comunitários de saúde tiveram a importante função de realizarem o cadastramento de todas as gestantes da área de cobertura e busca ativa das gestantes faltosas. A recepcionista foi a principal responsável pelo acolhimento da gestante que chegava à unidade, além da organização das filas de espera. Por fim, o odontologista foi o responsável pela avaliação da saúde bucal de todas as gestantes cadastradas no programa, e orientado a estabelecer o atendimento prioritário para este grupo. Essa atividade promoveu o trabalho integrado de toda a equipe, que se mostrou ansiosa com o início da intervenção.

Antes da intervenção as atividades do pré-natal eram concentradas em grande parte no médico. Com o projeto, as atividades foram divididas de forma balanceada, facilitando o andamento do pré-natal. Isso viabilizou a atenção a um maior número de pessoas, através da divisão das atribuições para cada membro da equipe. A melhora dos registros, através do preenchimento da ficha-espelho, foi de suma importância para o controle e programação das ações. A classificação de risco da gestante foi crucial para apoiar a priorização do atendimento dos mesmos e para referenciar aquelas de alto risco para um serviço especializado. Além disso, toda a população ganhou palestras educativas, não focando apenas nas gestantes, mas sim para todos os usuários da unidade de saúde. Após reunião com a gestão, onde foi enfatizado o problema em relação aos resultados dos exames, a comunidade foi beneficiada com uma maior agilidade no recebimento dos exames laboratoriais, evitando o deslocamento dos pacientes em busca desses exames na cidade. O impacto da intervenção ainda é pouco percebido pela comunidade no geral. As gestantes e puérperas demonstraram satisfação com a prioridade no atendimento, porém entre outros membros da comunidade houve certa insatisfação na sala de espera por desconhecerem o motivo desta ação. Com o passar das semanas as pessoas passaram a entender melhor essa estratégia e não se incomodavam mais com a priorização das gestantes, uma vez que ao final, todos eram atendidos. Apesar da ampliação da cobertura do programa, ainda temos muitas gestantes sem cobertura, pois a população é muito carente e muitas vezes demoram a procurar o

posto de saúde, ou até mesmo pela dificuldade de deslocamento até as áreas de atendimento médico. Mesmo com o atendimento prioritário, algumas gestantes não compareciam à unidade por diversos motivos e, nestes casos, os agentes realizavam a busca ativa dessas gestantes. Apesar dessa maior atenção ao grupo de gestantes, vale destacar que os demais grupos não foram prejudicados, pois a grande maioria das consultas ainda era destinada aos hipertensos e diabéticos, que é a maior demanda atual da unidade; além da programação de palestras voltadas para essa população.

Ao finalizar a intervenção notou-se que algumas coisas poderiam ser modificadas, como por exemplo, a integração da equipe, principalmente a interação entre odontólogo e agente comunitário. Além disso, a divulgação deste programa e de outras ações realizadas na UBS deve ser melhorada a fim de evitar o incomodo da comunidade quando há priorização de atendimento. É importante enfatizar a importância da coleta de dados por parte do dentista, para possibilitar a busca ativa às gestantes faltosas e manter o controle das gestantes cadastradas que tiveram acesso à saúde bucal. A intervenção poderia ter sido facilitada ainda se desde a análise situacional, tivesse havido mais discussões sobre as atividades que cada membro da ESF vinha desenvolvendo. Nas reuniões, deveria ter sido enfatizado com maior freqüência as atribuições de cada membro da equipe, pois era notório que em alguns momentos a equipe perdia o foco da intervenção, ou faltavam dados nas fichas, ou por algumas vezes o exame ginecológico das gestantes não estava em dia. Alguns agentes, inicialmente, demonstravam pouco interesse no projeto. Agora que o projeto chegou ao fim, percebe-se que a equipe está integrada, e, como as ações já foram incorporadas à rotina do serviço,com o tempo será possível superar algumas das dificuldades encontradas.

A falta de algumas informações nos registros acabou prejudicando a coleta de um indicador, referente a busca ativa das gestantes faltosas a consulta odontológica. Esse controle não foi possível por meio da ficha-espelho e a obtenção desses dados, ficou muito a desejar. O projeto poderá ser continuado e a intervenção incorporada à rotina do serviço, pois muitas ações são de fácil manejo e de grande importância no pré-natal. Para isto, o trabalho de conscientização da comunidade em relação a necessidade de priorização da atenção às gestantes deve ser ampliado, em especial as de alto risco. Todas estas questões levantadas com o projeto serão repassadas ao novo médico que substituirá a médica responsável pelo

projeto de intervenção, além de reforçar a importância das ações aos demais membros da equipe.

O próximo passo a ser seguido será a apresentação dos resultados da intervenção à equipe e a gestão. A sugestão é de reunir os médicos e enfermeiros das demais unidades de saúde do município, gestão local e secretaria de saúde para a apresentação do projeto e dos resultados obtidos em tão pouco tempo, a fim de ampliar a divulgação e motivar os demais profissionais a realizarem intervenção deste tipo no seu serviço. Além disso, aproveitaríamos a oportunidade para discutir com a gestão sobre as dificuldades encontradas durante essas semanas de intervenção e quais pontos poderiam ser prontamente resolvidos. Tomando este projeto como exemplo, também seria ideal expandir a ideia para implementar o programa de puericultura e cuidados com o recém-nascido na unidade de saúde.

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