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Aproximadamente, 75% das coleções da Epagri são monoespecíficas e mantêm pouco mais da metade dos acessos. Palácios (2002), afirma que estas coleções contribuem diretamente para os programas de melhoramento e o desenvolvimento de novos cultivares com qualidades alimentares, agronômicas, adaptação e conservação da produção. Além disso, a alta variabilidade genética dentro das coleções é desejável, pois aumenta a probabilidade da representatividade genética e captura alélica das populações (Hoekstra, 1995). Já as coleções com alta diversidade genética, a exemplo das bioativas da EE Itajaí, que para a FAO (1996b), se constituem em fonte de conservação e busca de espécies destinadas à alternativa de novos cultivos.

A procedência dos acessos pode indicar a representatividade geográfica das coleções (Guarino et al., 1995). Dos materiais procedentes do Estado de SC (Fig. 05) dois terços dos acessos resultaram das coletas, sendo o restante obtido a partir dos programas de melhoramento. O número de coletas foi menos expressivo que o número de transferências e as coleções podem representar insuficientemente a genética do germoplasma local, como enfatizado por Faiad et al. (1998). Nas coleções do CENARGEN, 19% dos acessos foram provenientes de coletas (Guedes, 1998). Nas coleções da Epagri, 29,3% dos acessos foram obtidas através de coletas, sendo superior ao percentual nacional; fator desejado em coleções que objetivam o melhoramento de materiais destinados ao cultivo regional, como recomendam Jaramilo & Baena (2002).

O número de acessos mantidos a campo equivale-se aos armazenados em câmaras secas; no entanto, ambos os métodos de controle ambiental são pouco eficientes. Pelas avaliações, no Capítulo II, baseando-se nos antecedentes, estima-se que coleções mantidas nestes ambientes apresentam longevidade de conservação de acessos por período de curto e médio prazo, como enfatizado por Machado (2002).

O elevado número de acessos melhorados (7.521) das EE da Epagri demonstra que as coleções se correlacionam com as espécies de interesse agrícola e ou cultivadas e pouco com espécies nativas e ou ameaçadas de extinção, variedades crioulas e espécies estratégicas. O enriquecimento da variabilidade genética das coleções é de importância sócio-econômica atual e potencial (Hoekstra, 1995), podendo ser realizado por meio de ações de coleta, introdução e intercâmbio (Miller & Nyberg, 1995). Quanto à diversidade de espécies, observa-se que ela esteve estreitamente ligada às coletas de materiais silvestres, como nas espécies das coleções das bioativas, madeiráveis, ornamentais e fruteiras tropicais da E.E. de Itajaí e nas coleções de espécies forrageiras das EE Lages, Cepaf-Chapecó e EE Ituporanga.

Poucos registros de caracterização foram encontrados e as informações disponíveis se referem à morfologia ou coloração das partes de interesse comercial das culturas, sendo que na maioria das vezes, foi empregado apenas um descritor. Apenas 110 acessos de goiabeira serrana e 75 de alho revelaram caracterização genética por marcadores moleculares. Para Hamilton e Chorlton (1997), marcadores morfológicos e genéticos são ferramentas imprescindíveis na avaliação de integridade genética dos acessos de uma coleção. A identificação da similaridade genética por meio de marcadores moleculares e da caracterização morfológica dos acessos permite promover a redução do número de acessos sem perder a variabilidade genética (FAO,

1996c), podendo servir de base, por exemplo, para decidir o destino dos materiais segregantes de arroz, na EE Itajaí, e de feijão no Cepaf/Chapecó.

A avaliação dos dados agronômicos foi pouco freqüente e de forma simplificada, geralmente, com apenas um ou dois descritores por acesso. Os mais freqüentes foram associados ao rendimento de biomassa, na coleção das espécies madeiráveis da EE Itajaí e de erva-mate no Cepaf/Chapecó; fenologia floral de frutíferas nas EE Estações de Caçador, São Joaquim e Videira; e qualidade de produção de batata-doce na EE Ituporanga. De acordo com Anderson (1996) em programas de melhoramento, a avaliação é prioritária para o planejamento dos cruzamentos visando o desenvolvimento de novos cultivares.

Nos últimos anos ocorreu uma sensível diminuição na distribuição e transferência de materiais genéticos para viveristas e produtores, revelando a diminuição da eficiência dos incentivos à política de uso do germoplasma vegetal (Palacios, 2002). No presente trabalho constatou-se que as transferências de material para finalidades de pesquisa, melhoramento ou conservação também foram limitadas pela burocracia imposta na legislação vigente. Os casos mais freqüentes de distribuição para produtores rurais foram da coleção das plantas bioativas e banana da EE Itajaí; de forrageiras, no Cepaf-Chapecó; e de fruteiras nas EE Videira, Caçador e São Joaquim porque se tratam de espécies diretamente aplicadas aos cultivos.

Houve acréscimo no número de inclusão de acessos nos últimos anos e conforme o “Antecedente” (Obtenção do germoplasma por coleta), a introdução de materiais deve ser amparada em aspectos sócio- culturais relacionados à pressão antrópica e ambiental e do grau de ameaça sobre a espécie alvo, como enfatizaram Guarino et al. (1995). Para Ellis et al. (1991). A ampliação das coleções da Epagri está sendo realizada sem um planejamento estratégico, o que pode comprometer a gestão e elevar os custos da manutenção. Por outro lado, é a forma de garantir e melhorar o pool gênico das coleções.

No presente trabalho, as dificuldades mais freqüentemente encontradas para a manutenção das coleções estiveram associadas aos métodos de conservação e adaptação das condições físicas de armazenagem. Solucionar problemas relacionados à multiplicação, manutenção e regeneração favorece a diminuição das perdas pela erosão genética e aumenta a longevidade do germoplasma, como recomendam Cowan e Wattson (1991).

O principal objetivo das coleções de germoplasma da Epagri está voltado ao melhoramento. O interesse pela conservação per se é pouco expressivo. Devido a esta diretriz, muitos acessos que não apresentavam ganhos genéticos imediatos foram eliminados das coleções. Atualmente, pela dificuldade e burocracia na transferência de acessos, isto pode provocar a diminuição da variabilidade e diversidade genética e comprometendo o desempenho da conservação e dos programas de melhoramento vegetal. O valor comercial de acessos contidos nas coleções é inestimável por se tratar de amostras representativas da variabilidade genética e de interesse de pesquisas atuais e futuras (Freire et al., 2002). Para as coleções da Epagri foram observadas diferenças significativas quanto à representatividade do número de acessos das culturas em relação à participação e importância na economia do Estado de SC. Esta situação se repete quando analisada a relação dos programas de melhoramento e o número de cultivares lançadas, bem como na análise da conservação da diversidade genética e do número de acessos de espécies ameaçadas.

Em relação aos recursos humanos para a conservação dos recursos genéticos vegetais, as coleções em sua maioria são carentes; os curadores assumem várias funções além desta e em muitos casos não possuem formação específica ou detêm experiência profissional suficiente para a gestão das coleções. Também são insuficientes os recursos humanos para a manutenção das coleções de campo. Quanto à regeneração, em todas as Estações Experimentais apresentam restrições na quantidade de pessoas para os trabalhos de campo e profissionais especializados.

Quanto à infraestrutura, ressalta-se que apenas três Estações Experimentais possuem câmaras secas com poucos recursos tecnológicos que promovam a segurança do germoplasma. Nas coleções de campo, é evidente a falta de espaço físico para ampliar ou manter as coleções, além de condições ambientais inadequadas de proteção do patrimônio genético, como fatores ambiental e perturbações antrópicas.

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