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Com a idade notam-se mudanças na cavidade bucal, as quais despertam o interesse pela pesquisa e avaliação das condições sócioeconômicas e de saúde nessa faixa etária (ROCHA et.al, 2005). Apesar dos estudo da mucosa bucal da população idosa identificarem características clínicas de normalidade, entende-se que apresenta menos resistência do que a mucosa de um indivíduo jovem, pois os tecidos da cavidade bucal, assim como outros tecidos do organismo humano, sofrem alterações significantes durante o processo de envelhecimento (FRARE, 1997). No que se refere a idade dos pacientes do presente estudo observa-se que, no grupo controle, 80% dos pacientes tinham idades entre 18 e 50 anos, enquanto que no grupo teste este percentual correspondeu a 55%. A idade foi associada a severidade da doença periodontal (p=0,039), mostrando que a maioria dos paciente que apresentavam idade > 50 anos, foram diagnosticados com doença periodontal crônica severa (77,8%).

Metade dos participantes do grupo controle apresentaram renda familiar menor ou igual a 3 salários mínimos, entre os pacientes do grupo teste, este percentual foi de 70%. Gesser et.al (2001) avaliaram a relação do nível social com a saúde periodontal de pacientes e concluíram que o estado socioeconômico está diretamente relacionado com a saúde periodontal e, afirmaram que um dos motivos para isso, é a alimentação de baixa qualidade que exerce fator determinante para saúde do periodonto, além da negligência por parte das pessoas com baixo poder aquisitivo em relação à sua saúde oral. Entretanto, neste estudo a renda não foi associada à doença periodontal.

Nesta pesquisa, apenas 10% dos pacientes saudáveis apresentaram 20 dentes ou menos, já entre os pacientes com periodontite crônica este percentual chegou a 40%. De acordo com Daly et.al (2003), indivíduos com 21 dentes ou mais, quando comparados com os que possuem menos de 20 dentes, consomem a maioria dos nutrientes e a diminuição do número de dentes contribui para o aumento do risco nutricional, já que a variedade de alimentos nas refeições diminui com essa redução. Portanto índividuos com menos de 20 dentes possuem uma dieta mais restritiva, devido a maior dificuldade mastigatória e por isso acabam consumindo menos nutrientes em sua dieta. Apesar disso, quando testada a associação entre número de dentes e severidade da doença, os resultados obtidos não apresentaram significância estatística neste estudo.

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Foi avaliado o índice de placa visível, índice de sangramento marginal e profundidade clínica de sondagem de todos os participantes da pesquisa. Como era esperado, todas estas variáveis foram mais elevadas em pacientes do grupo teste, o que retrata, segundo Alvares et.al (2002), que o início e a progressão da periodontite envolvem a colonização bacteriana da superfície dentária, penetração das bactérias e seus produtos no tecido conjuntivo e formação da placa bacteriana, gerando estímulo da resposta inflamatória e consequente sangramento. Essa resposta inflamatória, por sua vez, induz a destruição do tecido conjuntivo e osso alveolar e limita o processo de reparo tecidual.

Nota-se que, no grupo controle, alimentos ricos em açúcares e gorduras apresentaram uma frequência menor de ingestão quando comparados ao grupo teste, e uma maior ingestão de frutas, hortaliças, cereais e leguminosas, sugerindo que a alimentação de rotina pode intervir no estabelecimento da doença periodontal. Porém, não houve associação entre os grupos alimentares com o dignóstico e/ou severeidade da doença periodontal. De acordo com Gesser et al. (2001) vários outros fatores podem interferir na alimentação das pessoas, como a renda famíliar, negligência alimentar que pode ser influenciada, por exemplo, pelo número de dentes apresentado por um indivíduo.

Morita et.al (2004), em seu estudo mostraram a relação entre o nível de triglicerídeos dos participantes entre portadores de doença periodontal e indivíduos não portadores, o estudo demonstrou que a média do nível de triglicerídeos foi significativamente maior no grupo com doença periodontal, enquanto o nível médio de colesterol HDL foi maior no grupo controle. Concluíram ainda que os níveis elevados de triglicerídeos estão relacionados a periodontite mais severa. Tomofujii et.al (2005) também analisaram a relação de uma dieta farta em colesterol sobre o periodonto e concluíram que elevados níveis de colesterol podem acarretar em periodontite e elevar o estímulo inflamatório pelas bactérias na medida que aumentam os níveis de citocinas inflamatórias na corrente sanguínea. Portanto, os tecidos periodontais acabam sendo afetados à medida em que alimentos açúcarados e gorduras acabam por aumentar o nível de triglicerídeos no sangue além do colesterol, gerando um aumento da inflamação no periodonto.

A relação entre dieta e doença periodontal não tem sido amplamente discutida na literatura da mesma forma como se tem discutido os efeitos de doenças sistêmicas e sua relação com a doença periodontal. O conhecimento cientifico do papel dos nutrientes e sua influência sobre a periodontite ainda precisa ser melhor estudado para

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que se comprovem ou não a relação entre dieta e doença periodontal (NISHIDA et.al. 2000). Porém, por mais que as pesquisas sobre este tema sejam muito limitadas, o que se observa na literatura é que os artigos afirmam, na grande maioria, que parece existir sim uma relação entre a dieta e o estabelecimento da doença periodontal.

O cirurgião dentista pode, além de atuar removendo os agentes etiológicos locais da doença periodontal (através de raspagens e profilaxias, por exemplo), melhorar as características gerais do paciente através de parcerias com médicos e nutricionistas, auxiliando no aconselhamento nutricional e melhora da saúde geral do paciente. Alvares et.al (2002), ressalta a interferência das vitaminas A, C, D e dos minerais cálcio, fósforo, ferro e zinco na etiologia das doenças periodontais e, afirma que o processo inflamatório do periodonto é uma manifestação de injúria celular por um agente irritante e que interfere com o suprimento de nutrientes à região, sendo necessário a síntese de macromoléculas como o ácido ascórbico (vitamina C), vitamina A e D, proteínas e minerais como o ferro e o zinco para que a saúde se restabeleça.

O fluído gengival e a saliva fazem parte da interação entre nutrição e periodonto. Este fluído contém componentes como: cálcio, sódio, potássio e albumina e a alimentação pode influenciar sua composição favorável ou desfavoravelmente ao desenvolvimento bacteriano, assim como na saliva, através de alterações no pH da placa (ALVARES et.al, 2002). Neste estudo, os resultados mais expressivos quanto aos nutrientes, foram encontrados relacionados às vitaminas A e C, sendo mais presentes na alimentação de pacientes saudáveis. Entretanto, estes resultados não apresentaram diferença estatística.

Segundo Hamasaki et.al (2017), é necessário padronizar os métodos de coleta de dados sobre dieta e estabelecer um parâmetro. Devemos considerar o relatório de acordo com o país e região, ou seja, estabelecer os nutrientes presentes nos diferentes alimentos de origem de cada cultura. Portanto, é primordial considerar as características dos hábitos alimentares específicos regionais.

Ainda não está claro o papel dos nutrientes no mecanismo da doença periodontal, além de que vários trabalhos que investigaram esta relação, mostraram limitações por não exibirem um controle fiel das variáveis. Segundo Robinoff et.al (1989), os desenhos de estudos das pesquisas se apresentam mal delineados, além do mais, as metodologias são muitas vezes errôneas, apresentando resultados distintos.

Setenta por cento dos pacientes com periodontite crônica escovavam os dentes três ou mais vezes ao dia e 55% deles utilizam o

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fio dental diariamente. Entre os pacientes com periodonto saudável, 90% escovavam os dentes três ou mais vezes ao dia e 70% deles utilizam fio dental diariamente. Lingstrom (2017) afirma que uma boa higienização evita a colonização bacteriana e formação de placa bacteriana o que leva a inflamação, sendo esse o principal agente etiológico da doença periodontal. Portanto é fundamental uma boa higiene bucal para manter o periodonto saudável.

Apesar das diferenças encontradas nas frequências distribuídas entre as variáveis do estudo, associações positivas foram encontradas apenas entre idade e mobilidade dental com a severidade da doença periodontal. Este fato pode ser expliacado devido limitações do estudo, como por exemplo ter-se utilizado uma amostra pequena. Devido a limitações vistas, o modelo ideal de pesquisa seria a avaliação de um número maior e prontuários de pacientes, porém a grande maioria dos prontuários não estão devidamente preenchidos, além do que muitos deles inclusive não contém sequer os periogramas completos o que acaba por dificultar no andamento da pesquisa.

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7 CONCLUSÃO

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