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No presente trabalho pretendeu-se avaliar o DE ao longo de 20 minutos de exercício realizado no step. Os resultados deste estudo demonstraram que o valor médio de DE total da amostra ao longo de 20 minutos de exercício realizado no step a uma altura de 20 cm e com uma cadência musical de 132 bpm foi de 9.7±1.2 kcal/min e aproximadamente um total de 195±24.2 kcal. A duração do protocolo de exercício deste estudo foi de 20 minutos pelo facto de corresponder à duração mínima de exercício para o desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória. Para os indivíduos que têm como objetivos a redução e/ou a manutenção do peso corporal, como também a melhoria da aptidão cardiorrespiratória contribuindo assim para a promoção da saúde e bem estar, a ACSM (2011) recomenda a realização de exercício aeróbio em que a sua duração deverá variar entre os 20 a 60 minutos. Atualmente as aulas de

step têm uma duração que podem variar entre os 45 a 60 minutos e normalmente o exercício

cardiorrespiratório é realizado ao longo de 30 a 50 minutos levando assim a um maior DE total. De acordo com a bibliografia disponível verificou-se que existem apenas estudos que avaliaram o DE no step em durações bastante inferiores aos 20 minutos de exercício recomendado. Como exemplo, o protocolo do estudo de Grier et al. (2002) foi analisado em apenas 8 minutos para cada altura do step e para cada cadência musical utilizada. No estudo de Lucca et al. (2008) foi analisado o DE numa duração de 16 minutos, e ainda os estudos de Vianna et al. (2005, 2006) avaliaram apenas em 6 minutos. Estas durações de exercício para o cálculo do DE total em aulas de step não apresentam uma validade ecológica elevada, ou seja, não apresentam durações de exercício que correspondem ao formato de uma aula cardiovascular utilizada nos ginásios e academias, tal como não cumprem com o objetivo principal desta modalidade que consiste no desenvolvimento da capacidade e potência aeróbias. É necessário ressalvar que ao longo dos anos o formato de uma aula de step foi sofrendo modificações. As alterações ocorridas foram realizadas de modo a permitir que ocorressem alterações fisiológicas, tendo como objetivo a promoção de adaptações fisiológicas variadas onde se pode incluir o DE. As cadências musicais utilizadas atualmente nas aulas de step possuem um maior número de batimentos por minuto (bpm), sendo considerados por vezes cadências musicais muito elevadas. O aumento da cadência musical permite que sejam realizados os mesmos padrões de movimentos mas com uma frequência superior. Hoje em dia a maior parte dos instrutores da modalidade utilizam cadências

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________________________________________________________________Discussão 33 musicais muito mais elevadas, ou seja, cadências que possuem um maior número de bpm. Este estudo não teve como objetivo a comparação de diferentes cadências musicais utilizadas na promoção do DE, no entanto, existem alguns estudos que contrastaram o DE com o aumento da cadência musical. No estudo de Grier et al.(2002) não foram verificadas diferenças significativas no DE total através do aumento dos bpm. Também os gestos técnicos realizados atualmente pelos praticantes são caracterizados por conter uma maior complexidade, como também uma propulsão nos movimentos de subir e descer o step, existindo assim uma maior solicitação dos grupos musculares, e também um maior envolvimento dos membros superiores ao longo das coreografias. O presente estudo também não se debruçou no fator de alteração da altura do step para a promoção do DE, mas existem vários estudos na literatura que comprovem que este fator promove o DE total da aula. Foi observado num estudo que existiram diferenças estaticamente significativas em várias variáveis de medição utilizadas como a FC, o VO2 quando foi comparado duas alturas

distintas do step (15,2 e 20,3 cm) (Grier et al., 2002). Muitos outros estudos se debruçaram sobre o aumento do DE no step através da alteração da altura do step, no entanto, a maioria dos estudos existentes contém várias indefinições metodológicas, quanto ao tipo de duração do exercício como também no esclarecimento dos gestos técnicos utilizados durante a coreografia avaliada nos protocolos de exercício dos respetivos estudos. Apesar destes fatores não serem alvo do presente estudo é reconhecido a sua importância e a sua influência na promoção do DE no step. Com este estudo verificou-se que com a altura do step de 20 cm e com uma cadência musical de 132 bpm, a uma zona alvo de treino (%ZAT) de 69% a 96% da % FC reserva (%FCres), o DE no step ao longo de 20 minutos foi aproximadamente de

195±24.2 kcal tal como já foi referido anteriormente. Contudo, através dos resultados pressupõe-se que ao ser possível a realização do exercício aeróbio avaliado, com uma duração superior (e.g. 60 min) e com a mesma percentagem de zona de alvo de treino (%ZAT) poderá ser atingido aproximadamente um DE de 584±72.6 kcal por sessão. Assim sendo, o total do DE aconselhado para a população adulta de 1000 – 1500 kcal por semana, pode ser alcançado com uma duração de exercício aeróbio superior e com uma maior frequência semanal. E não está contemplado neste cálculo o DE do exercício de força e flexibilidade que devem complementar o exercício aeróbio.

O segundo e principal objetivo do estudo consistiu em comparar o cálculo do DE obtido de forma direta através do analisador de gases e o cálculo do DE efetuado de forma indireta, ou

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________________________________________________________________Discussão 34 seja estimado através de uma equação preditiva validada para o exercício realizado no step. O valor médio do DE estimado ao longo dos 20 minutos de exercício no step foi de 176.0±22.2 kcal. Na equação preditiva utilizada foram inseridas apenas as variáveis altura do step e a cadência musical (i.e. número de passos efetuados num minuto). Ao comparar as duas formas de avaliação do DE é possível verificar nos resultados obtidos que houve diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis estudadas (VO2 relativo, VO2 absoluto,

DE por minuto e DE em 20 minutos). O DE estimado através da equação subestimou o DE obtido de forma direta em quase todos os elementos da amostra. Poucos são os estudos existentes na literatura que se debruçaram sobre esta temática. A maior parte dos estudos que existem na literatura sobre este tema consiste na comparação dos dois tipos de cálculo de DE, no entanto aplicados na caminhada e/ou na corrida. São escassos os que existem ao nível da modalidade de step, no entanto, da pesquisa realizada verificou-se que a maioria das equações utilizadas foram alvo de investigação sobretudo quanto ao tipo de variáveis inseridas de modo a entender qual a melhor equação para estimar o DE no step. O estudo de Grier et al. (2002) debruçou-se sobre algumas variáveis inseridas na equação sendo elas o peso corporal (kg), cadência musical (bpm), altura do step (cm), estatura (cm), idade (anos) e percentagem de massa gorda estimada (%), e verificaram que todas as variáveis estudadas continham uma ligação direta com o DE no step, excepto a variável cadência musical que foi posteriormente eliminada da equação. Quanto à variável peso corporal (kg) alguns autores verificaram que este fator está diretamente relacionado com o DE (Grier et al., 2002; Volp et al., 2011).

Os resultados do presente estudo demonstram que o valor estimado do DE através da equação da ACSM de algumas participantes com mais peso corporal foi sobrestimado em comparação com o DE obtido de forma direta, no entanto não foi objetivo do estudo nem os resultados permitem tirar conclusões. No entanto, este facto leva-nos a alimentar alguma especulação quanto à ligação do peso corporal com o DE pois através dos resultados do estudo e com a literatura já existente é possível verificar que o fator peso poderá influenciar diretamente o DE, contudo são necessários mais estudos de modo a comprovar exatamente esta relação. Alguns estudos revelam que o peso corporal utilizado numa equação preditiva, reduz o risco de sobrestimação mas aumenta o erro máximo de subestimação, tendo sido já proposto por Volp

et al. (2011) equações preditivas planeadas para indivíduos com peso corporal normal, para

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________________________________________________________________Discussão 35 Compreende-se através da pesquisa realizada e com os resultados do presente estudo que existem outras variáveis que estão diretamente relacionadas com o DE no step, tais como a estatura do indivíduo, como ainda a percentagem de massa gorda estimada que quando inseridas numa equação preditiva podem alterar o valor do DE estimado podendo esse valor ser subestimado ou sobrestimado quando comparado com o DE obtido de forma direta. Segundo Vianna et al. (2006) o peso corporal consiste no melhor preditor do DE, contudo, ao serem inseridas as variáveis percentagem de massa gorda estimada e a estatura do indivíduo levará a uma melhor estimativa do DE. Também o estudo de Latin et al. (2001) teve como objetivo avaliar a validade da mesma equação da ACSM que foi utilizada no presente estudo. Foi medido apenas o VO2 de forma direta e o VO2 estimado através da equação. Os autores

aplicaram a mesma equação preditiva da ACSM para o exercício no step em três alturas diferentes e em três cadências musicais diferentes, no entanto, as cadências musicais consistiram em cadências muito mais lentas em comparação com a cadência utilizada no protocolo de exercício deste estudo. O mesmo estudo permitiu verificar que todas as diferenças foram significativas na comparação do VO2 obtido de forma direta com o VO2

estimado, tendo sido sempre o VO2 estimado ligeiramente mais inferior do que o VO2 obtido

de forma direta, no entanto, as diferenças existentes entre os dois tipos de cálculo do VO2 de

todas as alturas do step e cadências musicais utilizadas é sempre consistente.

Neste estudo os resultados do DE estimado através da equação apesar de subestimar em quase todos os elementos da amostra o DE obtido de forma direta, e apesar das diferenças serem estatisticamente significativas entre os dois tipos de cálculos, entendemos que esta equação poderá ser considerada uma ferramenta viável. O cálculo do DE estimado através da equação preditiva utilizada no presente estudo permite obter algum conhecimento da energia que é dispendida durante uma aula de step, podendo até ser mesmo um bom recurso para a modalidade.

Sabe-se assim que o valor de DE estimado poderá não estar exatamente de acordo com o DE real, contudo, sabe-se também que o erro apresentado parece ser consistente podendo significar que a diferença entre dos dois tipos de cálculos do DE é sempre idêntica.

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______________________________________________________________Conclusões 37

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