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A discussão dos resultados do capítulo anterior terá de ter em conta a formulação das hipóteses de investigação evidenciadas no final do segundo capítulo. Face aos resultados e à literatura de suporte, podemos confirmar ou refutar cada uma das hipóteses, tal como sugere a Tabela 25. No final do capítulo será apresentado um novo modelo conceptual de investigação que integrará os resultados entretanto confirmados.

Hipótese Validação A.1. Confirmada A.2. Refutada A.3. Refutada B. Confirmada C.1. Refutada C.2. Refutada C.3. Parcialmente confirmada C.4. Parcialmente confirmada C.5. Refutada

Tabela 24 - Validação das hipóteses da investigação

5.1 Resultados obtidos

5.1.1 Hipótese A

A primeira hipótese de investigação (A.1.) sugeria que existem diferenças significativas entre os estilos de liderança aplicados aos alunos mais novos e mais velhos, numa alusão a uma evolução continuada e adaptada da liderança ao percurso formativo que os alunos fazem na AFA e que totaliza, de grosso modo, 6 anos.

Esta hipótese foi claramente confirmada pelas respostas dos alunos, analisadas pelos testes de diferenças de médias, primeiro comparando as duas realidades “1º Ano” e “Restantes Anos” e depois, numa análise mais detalhada, comparando todos os anos entre

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si. Os alunos do 1º Ano percecionam um comportamento, relativamente ao superior hierárquico, claramente mais transformacional e mais transacional que os restantes anos. Em complemento e em linha com esta constatação, o “1º Ano” também perceciona uma componente de “ausência de liderança” inferior aos restantes anos. A diferença é grande na componente de liderança transformacional (quase um valor de média, numa escala de 1 a 5) e um pouco mais suave na liderança transacional (0,7 aproximadamente) e no fator “ausência de liderança” (0,6 aproximadamente).

Confirmada a diferença e tendo em conta esta perceção dos alunos, a realidade da AFA contradiz a teoria, que suporta exatamente uma evolução contrária, na qual deverá ser o início da formação militar a evidenciar uma necessidade de um estilo de liderança de maior foco transacional para que, numa fase posterior, um superior hierárquico possa evoluir para uma liderança mais transformacional, num estágio mais avançado de formação (United States Army, 2015). Esta mesma teoria é também defendida por E3 na caracterização da liderança na AFA, segundo o modelo que deveria vigorar na instituição.

Neste seguimento, são refutadas as hipóteses A.2. e A.3. que espelhavam este suporte teórico em que o avanço dos alunos ao longo do seu percurso formativo sofria um efeito evolutivo no estilo de liderança aplicado pelos superiores, quer este fosse de uma vertente mais transacional ou mais transformacional. Recorrendo novamente aos testes de diferenças de médias, são os alunos que frequentam os anos mais avançados (4º Ano e 5º Ano) que evidenciam valores médios mais elevados na perceção de uma componente de “ausência de liderança”.

5.1.2 Hipótese B

Na segunda hipótese de investigação, sugeria-se que os alunos seriam influenciados pelos estilos de liderança a que estavam sujeitos, tendo uma tendência para os replicar no futuro. Esta hipótese foi claramente confirmada pelas respostas dos alunos às questões abertas do inquérito, nomeadamente a terceira questão. Quase 90% dos alunos reconheceu que será influenciado pela forma como o seu superior hierárquico exerce a liderança atualmente.

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Quanto à tendência para replicar, no futuro, um comportamento de liderança a que foram sujeitos, os alunos não evidenciam a mesma unanimidade nas respostas, já que mais de 30% dos alunos diz não querer repetir os maus exemplos de liderança, ou tem uma ideia própria de liderança, ou tentará ter um comportamento diferente no futuro. Não obstante, cerca de dois terços dos alunos admitem replicar o comportamento atual de liderança a que está sujeito, porque tentará replicar o exemplo positivo, ou porque a fase de formação que atravessa é marcante, ou pelas experiências pessoais que vive, ou ainda, em menor escala, pela tendência a imitar no futuro.

A validação desta hipótese está em linha com a teoria social de Bandura (1977) que defende que os indivíduos aprendem pela modelagem de atitudes, valores e comportamentos dos seus modelos. Numa perspetiva mais recente, Rai & Prakash (2016) também sustentam a ideia que os liderados devam desejar imitar o comportamento do seu líder, pois estes são considerados modelos credíveis.

5.1.3 Hipótese C

A hipótese que sugeria a relação das duas variáveis desta investigação foi confirmada parcialmente nas componentes C.3. e C.4. e refutada nas restantes. Recorrendo aos resultados das correlações entre os fatores de liderança e engagement, verificou-se que, no caso desta investigação, apenas os fatores IM e EI da liderança transformacional se encontravam associados a um tipo de envolvimento dos alunos: o envolvimento afetivo. Na componente de liderança transacional a GE ativa também mostrou uma significativa correlação ao envolvimento afetivo dos alunos. Num outro patamar não explorado pelas hipóteses de investigação, verificou-se que os dois fatores de “ausência de liderança” (GE passiva e LF) demonstravam uma significativa correlação com um outro tipo de envolvimento dos alunos: o envolvimento comportamental. Os dois anos que percecionaram médias mais elevadas de fatores de “ausência de liderança” (4º Ano e 5º Ano) evidenciam um envolvimento comportamental acima da média.

Este resultado das componentes C.3. e C.4. está em acordo com a revisão de literatura deste estudo que relaciona os efeitos positivos da liderança transformacional no envolvimento dos liderados. De forma mais particular, a investigação de Ghadi, Fernando,

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& Caputi (2010) também relaciona de forma positiva a liderança transformacional, e em particular o fator IM, com o envolvimento afetivo no local de trabalho.

No que respeita à relação entre os fatores de “ausência de liderança” e o envolvimento comportamental dos alunos, tendo em conta que os fatores GE passiva e LF atingiram resultados médios mais altos nos 4º e 5º Ano e estes são anos nos quais os alunos de um EESPUM contactam muito com o exterior, tal como confirmado pela investigação de Pereira (2013, p. 31), o envolvimento comportamental dos alunos também encontra explicação na expectativa entusiasta de restar pouco tempo para terminar o curso. Skogstad, Einarsen, Torsheim, Aasland, & Hetland (2007) referem, a propósito, os efeitos de um maior envolvimento comportamental despoletado por uma liderança do estilo LF.

5.2 Modelo conceptual final

Integrando os resultados que antecedem na proposta de modelo conceptual de investigação do segundo capítulo, resulta um novo modelo com as alterações confirmadas pela validação ou refutação das hipóteses de investigação. Este novo modelo final da Figura 12 perde uma dimensão de engagement (envolvimento cognitivo), que não obteve relação com nenhum fator de liderança, e sofre uma transformação num dos outputs da liderança aplicada aos alunos da AFA: a confirmação da influência do estilo de liderança percecionado pelo aluno na sua liderança futura.

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6. Conclusões, implicações práticas, limitações e estudos futuros

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