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Pode-se afirmar, pela pesquisa realizada, que na OSCIP estudada a gestão participativa ainda não ocorre plenamente, pois muitos voluntários, estagiários e até mesmo funcionários não participam efetivamente da tomada de decisões, sem falar da participação do público beneficiário, a comunidade mais carente do bairro, que raramente participa de alguma reunião. Portanto a de gestão social, voltada para a transformação social, conforme os ensinamentos de Sotero (2002), não está sendo implementada efetivamente. Por outro lado foi perceptível comprovar as inúmeras vantagens descritas por Motta (1995) ao quadro funcional da organização.

Apesar dos resultados aquém do esperado, constatou-se neste estudo que a gestão participativa, com base na literatura sobre o tema apresentada no referencial teórico, é a que mais se adequa ao tipo gestionário do terceiro setor, pois prioriza a participação nas discussões e decisões organizacionais e as características do terceiro setor, mencionadas nesta pesquisa. Ainda que não seja plena a gestão participativa nestas instituições é onde existe maior participação dos membros nas decisões, diferenciando sua gestão participativa acima das existentes nas organizações públicas e privadas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As práticas de administração pública, nesta pesquisa monográfica, foram analisadas de modo a possibilitar o reconhecimento de sinais legítimos de modernos padrões de gestão gerencial focados na participação da sociedade, empregando os benefícios da gestão participativa, alterando o contexto das escolhas públicas.

As novas formas de gestão pública esboçadas por fenômenos como parcerias, ouvidorias e conselhos gestores expressam a busca incansável da sociedade em participar das decisões e do controle da coisa pública. Constata-se que a governabilidade está presente no cerne da perspectiva institucional e a gestão dos interesses públicos extrapola a mera eficiência operacional, exigindo aspectos democráticos para que a sociedade possa implementar estratégias de políticas públicas favoráveis.

É fundamental que as decisões político-administrativas encorajem a participação pública como tática gerencial fornecendo ao cidadão um conhecimento mais extenso dos problemas públicos, ampliando seu sentimento de pertencimento à comunidade e despertando virtudes cívicas, enfatizando as dimensões da igualdade de direitos e responsabilidades.

Entende-se que a gestão pública participativa almejada para o Brasil, de acordo com a Constituição de Federal, pode ser compreendida como a “Gestão Pública Democrática Participativa”, pois pondera a Administração Pública regulada por critérios de legitimação democrático-participativa. A Constituição Brasileira de 1988, representa um avanço no tocante ao modelo de estrutura estatal, pois traça novos rumos à administração pública no país, reforçando o caráter fundamentalmente coletivo dos novos direitos.

Acredita o autor que os objetivos deste estudo foram alcançados, pois foi possível vivenciar “in loco” a rotina administrativa de uma OSCIP na cidade de Fortaleza, embora os resultados tenham ficado aquém das expectativas quanto à efetiva participação dos funcionários e da comunidade na tomada de decisões.

Nesse contexto, esse trabalho servirá como posterior fonte de consulta e contribuirá para a evolução do conhecimento na Gestão Pública, visando o aprimoramento dos meios ou ferramentas para a participação popular, como instrumento de constituição de uma sociedade cidadã, comprometida com as políticas públicas.

Por suas características intrínsecas a entrevista apresentou algumas obstáculos, com os quais o autor precisou lidar: pequeno grau de controle atinente à situação de coleta de dados, a falta de motivação de alguns entrevistados para responder às perguntas, pouca disposição de certos entrevistados em fornecer as informações necessárias e fornecimento de repostas infiéis ou retenção de dados por receio de que a identidade do entrevistado fosse revelada.

Por não pretender esgotar o tema o autor sugere a realização de novas pesquisas visando uma compreensão maior da atual administração pública brasileira e da gestão participativa democrática para apontar caminhos, num futuro próximo, que atenda satisfatoriamente ao interesse real do cidadão brasileiro.

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APÊNDICE – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E ANÁLISE DA GESTÃO PARTICIPATIVA

QUESTIONÁRIO

PERFIL DO ENTREVISTADO

1 Cargo:

( ) Gestor ( ) Coordenador ( ) Estagiário ( ) Voluntário ( ) Funcionário Em que trabalha:______________________________________________

2 Faixa Etária:

( ) Até 19 anos ( ) 25 – 29 anos ( ) 35 – 39 anos ( ) 45 – 49 anos ( ) 20 – 24 anos ( ) 30 – 34 anos ( ) 40 – 44 anos ( ) Acima de 50 anos

3 Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

4 Há quanto tempo trabalha na instituição?

( ) Há menos de 1 ano ( ) Entre 5 e 9 anos ( ) Entre 1 e 4 anos

5 Nível de escolaridade:

( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Técnico

( ) Graduação ( ) Graduação em andamento Curso: ___________________________ ( ) Especialização ( ) Especialização em andamento Área: _________________________ ( ) Mestrado ( ) Mestrado em andamento Área: ___________________________ ( ) Doutorado ( ) Doutorado em andamento Área: ___________________________

ANÁLISE DA GESTÃO PARTICIPATIVA

6 Você acha que a gestão da organização em que trabalha é permite a participação dos membros?

7 Como é o processo de tomada de decisões?

8 Você se sente motivado em trabalhar na instituição?

9 Quais as principais dificuldades que você encontra no seu trabalho?

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