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Esta etapa final, fundamental no processo de investigação, permite expor os dados mais relevantes do estudo, confronta-los e compara-los com os resultados obtidos em estudos semelhantes. Inicia-se a discussão de resultados com os dados quantitativos, e posteriormente faz-se a discussão dos dados qualitativos

Participaram neste estudo 96 enfermeiros, na sua maioria do sexo feminino, o que vem de encontro aos resultados obtidos em outros estudos (McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; McGrath, Reid & Boore, 2003; Gomes, Cruz & Cabanelas, 2009; Cavalheiro, Junior & Lopes, 2008; Glazer & Gyurak, 2008; Rodrigues & Chaves, 2008; Rodrigues & Ferreira, 2011), e que corroboram o elevado grau de feminização da profissão de enfermagem.

No presente estudo verificou-se que os profissionais de enfermagem do sexo feminino atribuem maior potencialidade de stress aos stressores ocupacionais, do que os profissionais de enfermagem do sexo masculino. De forma similar, nos estudos de Rodrigues & Ferreira (2011) e Gomes, Cruz & Cabanelas (2009) as mulheres apresentaram níveis de stress mais elevados (contudo não se deve confundir atribuição potencial de stress e nível de stress sentido). Guerrer & Bianchi (2008) outorgam esta evidência ao facto dos profissionais de enfermagem do sexo feminino para além da actividade laboral, desenvolvem na sua vida pessoal enquanto mulheres múltiplas funções.

Constatou-se também, neste estudo a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os dois géneros, relativamente à estratégia de coping Uso de Substâncias, tendo sido esta a mais escolhida pelos profissionais de enfermagem do sexo masculino. No entanto, deve-se ter em conta que esta estratégia de coping foi identificada no presente estudo como a menos utilizada pelos inquiridos. Num estudo elaborado por Mardegan, Souza, Buaiz & Siqueira (2007) em estudantes de enfermagem, e embora a amostra, tal como no presente estudo, seja maioritariamente feminina, também os homens apresentam maiores índices de consumo de substâncias psicoactivas. O consumo de substâncias, nomeadamente álcool, tabaco e drogas, tem vindo a aumentar nos profissionais de saúde (Zeferino, Santos, Radunz, Carraro & Frello, 2006; Martins & Zeitoune, 2007; Silva & Botti, 2011). São apontados como

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factores de risco para o uso de substâncias nos profissionais de enfermagem, as condições de trabalho, a sobrecarga de trabalho e a possibilidade de auto-administração, bem como o livre acesso a diversas drogas (Zeferino, Santos, Radunz, Carraro & Frello, 2006; Martins & Zeitoune, 2007).

A média de idade da amostra é de aproximadamente 31 anos. Relativamente a esta variável não se verificaram correlações com significância estatística em relação a qualquer dos questionários utilizados. Estes resultados diferem dos encontrados por Gomes, Cruz & Cabanelas (2009), Cavalheiro, Junior & Lopes (2008) e Isikhan, Gomez & Danis (2004) que concluíram que os profissionais de enfermagem mais velhos vivenciam menores níveis de stress. Os autores relacionam este facto, principalmente, com o tempo de experiência laboral, com a identificação do profissional com o local de trabalho e com a estabilidade contratual.

Em relação ao tempo de exercício de funções, os enfermeiros inquiridos desempenham funções em oncologia em média, à cerca de 8 anos e no serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço em média, à cerca de 7 anos. Neste estudo encontrou-se correlação negativa fraca entre o tempo de exercício de funções no serviço de Cirurgia Cabeça e Pescoço e a estratégia de coping Suporte Instrumental. Assim verifica-se que quanto maior o tempo de exercício de funções no serviço de Cirurgia Cabeça e Pescoço, menor a utilização de estratégias de suporte instrumental por parte dos enfermeiros, isto é, existe um menor suporte, que poderá ser atribuído à menor procura de suporte por parte do enfermeiro ou pela falta de confiança no suporte existente. A primeira hipótese é sustentada pelo estudo de Cavalheiro, Junior & Lopes (2008), no qual os autores reconhecem que o tempo de trabalho influencia o crescimento profissional, seja pela maior maturidade profissional ou pelo maior número de experiências, o que contribui para a maior consciencialização das acções a executar.

De referir que a grande maioria dos enfermeiros em estudo não tem formação específica em oncologia. Resultado semelhante foi obtido por Rodrigues & Chaves (2008) na sua investigação com enfermeiros em oncologia. A este respeito Wu, Chi, Chen, Wang & Jin (2010) consideram que a complexidade do trabalho e a instabilidade clínica típica de doentes críticos, dada a frequência de situações inesperadas e de rápida actuação, requerem constante actualização e formação profissional dos enfermeiros. Os autores concluíram, no seu estudo com enfermeiras hospitalares chinesas, que o factor formação é preponderante para lidar com as exigências do trabalho e para reduzir o stress ocupacional.

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Quanto ao estado civil, os enfermeiros são maioritariamente solteiros, o que vai de encontro aos resultados obtidos no estudo de Cavalheiro, Junior & Lopes (2008) e Rodrigues & Ferreira (2011). Na presente investigação não se estabeleceram relações estatisticamente significativas com esta variável. Do mesmo modo os autores anteriormente referidos não encontraram correlação entre os níveis de stress com o estado civil, não constituindo esta variável fonte relevante de stress. No mesmo sentido Stacciarini & Tróccoli (2001) referem que as responsabilidades associadas à vida pessoal do profissional de enfermagem, relacionadas com o lar ou filhos entre outras, podem constituir uma plataforma de suporte, em vez de fonte de stress.

Com a aplicação do Questionário de Saúde Geral-12 verificou-se que a população em estudo apresenta bons valores de saúde geral. Porém, salienta-se que uma percentagem expressiva de enfermeiros se tem sentido mais tristes ou deprimidos do que habitualmente, e também têm sentido mais pressão do que habitualmente. Estes resultados confirmam o referido por Alves, Vasconcelos, Miranda, Costa & Sobreira (2011), quando dizem que a vida dos profissionais de enfermagem não está isenta de preocupações, problemas ou outros sentimentos, tidos como negativos. Contudo se o profissional estiver bem psicologicamente, apesar das adversidades quotidianas vivenciadas no trabalho e na vida pessoal, consegue equilibrar os sentimentos negativos e positivos, com o intuito de alcançar o bem-estar emocional. Os autores identificaram um elevado índice de satisfação dos enfermeiros com a vida, sendo este um facto significativo para a qualidade de vida e saúde física.

O Questionário de Saúde Geral-12 correlacionou-se, neste estudo, com as estratégias de coping Auto-Distracção, Negação e Descomprometimento comportamental.

Depreende-se assim, que piores valores de saúde geral estão associados a estratégias de coping de rejeição e afastamento da realidade dos acontecimentos (das situações indutoras de stress) stressores e de desinvestimento mental e comportamental do enfermeiro. Estes resultados poderão estar relacionados com as características particulares do doente oncológico e das doenças oncológicas que influenciam e interferem com esfera individual do profissional de enfermagem. Num estudo levado a cabo por Coelho, Albuquerque, Martins, D’Albuquerque & Neves (2008) com jovens em início da sua actividade profissional, constatou que os indivíduos que fazem mais uso de estratégias de coping “esquivas”, isto é, cognições e comportamentos que o afastam do stressor (compreende respostas como procurar esquecer, evitar o problema, fugir da situação, ir para outro lugar, deixar o tempo passar e ocupar o tempo com outras actividades), tendem a apresentar um maior grau de indicadores de depressão e de pior

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saúde geral. Na área da saúde não foram encontrados estudos na literatura que corroborem a existência de relação entre o Questionário de Saúde Geral-12 e as estratégias de coping mencionadas.

Em relação aos factores de risco psicossociais identificados neste estudo, os inquiridos consideram como factores “Muito Stressantes”, a baixa remuneração salarial e a falta de reconhecimento social da profissão. Resultados similares foram encontrados por Gomes, Cruz & Cabanelas (2009), que identificou estes dois factores como stressantes para os enfermeiros. Também Glazer & Gyurak (2008) no seu estudo com enfermeiros de seis países, identificou em um deles, a baixa remuneração salarial com um factor predominante de stress. Por sua vez, Isikhan, Gomez & Danis (2004) no seu estudo com enfermeiros em oncologia reconheceu a baixa remuneração salarial como fonte de

stress em enfermeiros mais jovens, a desempenharem funções em oncologia. A falta de

reconhecimento social da profissão também objectivada por Stacciarini & Tróccoli (2001) relaciona-se, segundo as autoras, com aspectos depreciativos da profissão de enfermagem, que não permitem a sua valorização.

Os factores considerados como “Stressantes” para os enfermeiros, são os factores que mais correspondência encontram com os dados de outras investigações sobre fontes de pressão em profissionais de enfermagem, nomeadamente situações de morte e/ou doença com carácter emocionalmente negativo (Isikhan, Gomez & Danis, 2004; Cavalheiro, Junior & Lopes, 2008; McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; Stacciarini & Tróccoli, 2001; McGrath, Reid & Boore, 2003; Rodrigues & Chaves, 2008), sobrecarga de trabalho (McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; Stacciarini & Tróccoli, 2001; McGrath, Reid & Boore, 2003; Rodrigues & Ferreira, 2011; Gomes, Cruz & Cabanelas, 2009), e espaço físico onde se desenvolve a profissão (McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; McGrath, Reid & Boore, 2003; Guerrer & Bianchi, 2008).

As situações de morte e/ou doença com carácter emocionalmente negativo constituem um dos stressores mais relatados pelos investigadores nas mais diversas áreas da enfermagem, contudo assumem principal destaque na área da oncologia, tal como se descreveu na revisão bibliográfica. A valorização da carga de trabalho como stressor, pode prender-se com o tipo de cuidados prestados ao doente oncológico, com o número insuficiente de enfermeiros na prestação de cuidados, e com o facto dos enfermeiros desempenharem funções fora do seu âmbito de trabalho, como funções administrativas ou funções do foro social. Em relação aos espaços físicos nas instituições de saúde, estes tendem a ser pouco ergonómicos, isto é, pouco adaptados às necessidades dos

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profissionais de saúde, mas também pouco adequadas às necessidades dos utentes, o que interfere com a dinâmica de trabalho dos profissionais de enfermagem

Ainda em relação aos stressores identificados, constatou-se que a situação considerada menos stressante pelos enfermeiros se relaciona com os conflitos interpessoais com auxiliares. Resultados semelhantes foram encontrados por Santos, Barros & Carolino, (2010), mediante a aplicação do Inventário de Stressores Profissionais em profissionais de fisioterapia. As autoras identificaram stressores ocupacionais nos fisioterapeutas semelhante aos identificados no presente estudo, nomeadamente a sobrecarga de trabalho, baixa remuneração salarial e a falta de reconhecimento profissional. Nesta classe profissional, os conflitos interpessoais com superiores hierárquicos e pressões de superiores hierárquicos, também constituem fonte de stress (Santos, Barros & Carolino, 2010).

No que diz respeito ao tipo de estratégias de coping mais utilizadas pelos enfermeiros neste estudo, descritas por ordem decrescente de utilização, são o Planeamento, o

Coping Activo, a Aceitação, a Reinterpretação Positiva e a Auto-Distracção. A estratégia

menos utilizada pelos enfermeiros é o Uso de Substâncias.

O Planeamento e o Coping Activo são estratégias de coping que visam essencialmente resolver o acontecimento/situação stressor. Do mesmo modo, no estudo de Isikhan, Gomez & Danis (2004) as estratégias de coping mais utilizadas pelos enfermeiros em oncologia recaiem numa abordagem em que o profissional de enfermagem avalia o evento stressor e empreende acções na tentativa de resolver o problema. Para a resolução de problemas, é necessário antes de mais definir o problema, enumerar as alternativas e compará-las com os resultados desejados, e ainda, criar e implementar um plano de acção apropriado (Lazarus & Folkman, 1984). Os autores referem ainda que os indivíduos que utilizam estratégias focadas no problema, podem alterar as pressões ambientais, minimizar o stressor e provocar alterações significativas no processo de avaliação do stress.

A Aceitação, a Reinterpretação Positiva e a Auto-Distracção, são estratégias de coping focadas na emoção. O indivíduo utiliza este tipo de coping, quando concentra esforços em si mesmo, com o intuito de alterar a sua compreensão sobre o stressor e reduzir o mal-estar provocado. Rodrigues & Chaves (2008) no seu estudo constataram que o

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Quanto à estratégia de coping Aceitação, esta representa um padrão de resposta essencialmente caracterizado por uma aceitação resignada da situação stressante, que não interfere com o bem-estar do indivíduo. O uso desta estratégia pelos enfermeiros, indica que estes profissionais lidam bem com situações de tenção e frustração, e consideram ter capacidades para as enfrentar. Resultado contrário foi encontrado por McIntyre, McIntyre & Silvério (1999) num estudo com enfermeiros portugueses, no qual a Aceitação constitui uma das estratégias menos utilizadas.

A Reinterpretação Positiva, que se encontra relacionada com a tentativa do indivíduo reestruturar o acontecimento stressor, tendo por objectivo encontrar aspectos mais favoráveis que permitam o seu crescimento pessoal ou profissional, foi também, identificada no estudo de Rodrigues & Chaves (2008) como a estratégia de coping focada na emoção, mais utilizada nos enfermeiros em oncologia.

O recurso à Auto-Distracção pelos enfermeiros em estudo, prende-se com o facto do profissional não pensar mais no evento stressor, isto é, desenvolve actividades, como as de lazer, com o intuito de evitar o evento stressor. Em oncologia evitar o stressor pode relacionar-se com o afastamento do enfermeiro face à doença, ao doente, e à realidade por ele vivenciada. Resultados semelhantes foram encontrados por Avellar, Iglesias & Valverde (2007) no seu estudo sobre sofrimento psíquico com enfermeiros em oncologia, comprovaram que os inquiridos referem “não se envolver” com o doente oncológico, família e/ou colega de trabalho, com o intuito de não estabelecerem laços afectivos. As autoras reconhecem neste comportamento um mecanismo de defesa perante os múltiplos sentimentos envolvidos no processo de cuidar. Hennezel (2001) realça a importância dos profissionais de saúde em oncologia desenvolverem actividades na sua vida pessoal, de forma que todas as suas implicações decorrentes das suas funções fiquem no local de trabalho.

Em relação aos resultados do estudo obtidos da análise de conteúdo dos dados qualitativos, identificaram-se duas áreas: “outras situações consideradas como stressantes para os profissionais de enfermagem” e “observações relativas às estratégias de coping utilizadas”.

No que diz respeito a outras situações stressantes para os enfermeiros em oncologia, os inquiridos referem os conflitos organizacionais - institucionais, as condições de trabalho e os conflitos na equipa.

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No que diz respeito aos conflitos organizacionais-institucionais, os enfermeiros inquiridos mencionam a pouca valorização do percurso profissional, o desempenho de funções fora do âmbito da especialização, burocracias e registos em papel. Relativamente aos dois primeiros factores de stress, estes podem estar relacionadas com o actual momento de estagnação que se vive na carreira de enfermagem, que não permite ao profissional ser reconhecido formalmente ou beneficiado pela formação específica adquirida ou pelo percurso profissional. No que concerne os registos em papel como factor de stress, este relaciona-se com a falta de informatização de todos os registos de enfermagem, o que conduz à obrigatoriedade de se registar muita informação em suporte de papel. As actividades burocracias são igualmente apontadas por Guerrer & Bianchi (2007) no seu estudo com enfermeiros da Unidade de Cuidados Intensivos, como fonte de stress.

Ainda, relativamente aos conflitos organizacionais-institucionais, os enfermeiros fazem novamente referência a stressores presentes no Inventário de Stressores Profissionais, designadamente a falta de reconhecimento profissional, já anteriormente justificada, e superiores hierárquicos pouco compreensíveis e inflexíveis. Quanto ao último stressor relatado, este foi também identificado por Gomes, Cruz & Cabanelas (2009) como factor de stress em enfermagem.

Em relação às Condições de trabalho, os enfermeiros inquiridos apontam como factor de

stress o som e frequência do toque das campainhas, e reforçam que as condições

físicas deficitárias do serviço (stressor também presente no Inventário de Stressores Profissionais) constituem fonte de stress. No estudo de Guerrer & Bianchi (2007) com enfermeiros da Unidade de Cuidados Intensivos, as condições físicas e o ruído são também identificados como fontes de stress. No mesmo sentido, Rodrigues & Ferreira (2011) no seu estudo com enfermeiros em meio hospitalar relacionam as condições físicas desadequadas com maiores níveis de stress.

Os Conflitos na equipa são igualmente referidos pelos enfermeiros como factores desencadeantes de stress, concretamente equipa jovem e com rotatividade de elementos, falta de respeito pelas áreas de competências profissionais, falha ou falta de comunicação interprofissional e pouco trabalho em equipa entre os enfermeiros. Em relação à equipa jovem Isikhan, Gomez & Danis (2004) verificou que os estes profissionais apresentam níveis de stress superiores aos níveis de stress de enfermeiros mais velhos. A rotatividade de elementos dificulta o estabelecimento de relações de confiança entre a equipa, o que se repercute na segurança dos cuidados prestados. As relações profissionais relacionados com o ambiente negativo de trabalho e com os

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problemas de relacionamento com os colegas, também são reconhecidas por Gomes, Cruz & Cabanelas (2009) como fonte de stress nos profissionais de enfermagem.

Os enfermeiros inquiridos fazem ainda, referência a algumas situações relacionadas com a sua actividade profissional que constituem fonte de desgaste físico e emocional, nomeadamente a falta de tempo para refeições equilibradas, chegar atrasado ao trabalho por motivos inesperados, impotência na resolução de algumas situações e relação com os familiares, que por vezes se torna conflituosa. O trabalho por turnos com horários rotativos e rígidos constitui segundo Rodrigues & Ferreira (2011) fonte de stress para os enfermeiros, agravado pela obrigatoriedade de se renderem os colegas atempadamente. Concluir todas as tarefas que o enfermeiro deve desempenhar num espaço de tempo instituído, pode interferir com as necessidades básicas destes profissionais. Sentimentos de impotência na resolução de algumas situações e relações com familiares potencialmente conflituosas constituem dois factores intimamente relacionados com a enfermagem oncológica, e sobejamente referidos na literatura, tal como se pode comprovar no capítulo da fundamentação teórica.

No que concerne a área observações em relação às estratégias de coping utilizadas, foram objectivadas duas categorias, as necessidades sentidas pelos enfermeiros para a diminuição/prevenção do stress, e a identificação de outras estratégias de coping.

Em relação à primeira categoria, os enfermeiros fazem referência há ausência de intervenções com o objectivo de minimizar o stress percebido, essencialmente a falta de apoio psicológico para os profissionais e doentes. Como intuito de minimizar o stress, e dada a falta de apoio psicológico proporcionado pela organização aos profissionais e aos doentes, os enfermeiros inquiridos sugerem a implantação de secções de relaxamento e de diálogo entre a equipa multidisciplinar. McVicar (2003) salienta que assegurar aos profissionais de saúde apoio emocional e social no local de trabalho, pode contribuir para uma melhor gestão do stress, e pode constituir uma medida preventiva.

Relativamente a outras estratégias de coping, os participantes mencionam algumas estratégias como a reavaliação positiva, sendo o stress entendido como um aspecto positivo para o desenvolvimento da actividade profissional, e a análise do problema, que permite ao enfermeiro reflectir sobre os acontecimentos stressantes, sobre a forma como os ultrapassou ou sobre a forma de os ultrapassar, o que poderá constituir um factor de crescimento profissional.

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Capítulo V – Conclusões

Concluída a dissertação, importa reflectir sobre o seu processo de execução, com especial atenção aos resultados encontrados. Apresentados e discutidos os resultados, expõem-se agora as principais conclusões decorrentes deste processo experimental, e suas limitações.

As organizações, como sistemas sociais que são, apresentam uma série de características globais que não se reduzem à mera soma dos seus componentes, quer sejam papéis, pessoas ou postos de trabalho. Estas características são uma parte essencial do contexto organizacional em que as pessoas trabalham e interagem, tendo em vista a satisfação das suas necessidades, obtenção de objectivos pessoais ou da própria organização. No entanto, as organizações podem ser fonte de diversos riscos para os seus membros, o que implica novos desafios em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores.

As Organizações de Saúde não fogem a esta realidade, e dada a sua complexidade apresentam inúmeros riscos para os seus profissionais. Alguns estudos indicam que os profissionais de saúde têm maiores taxas de abuso de drogas e suicídio comparativamente com outros profissionais, e as taxas mais elevadas de depressão e

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