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Os resultados encontrados foram satisfatórios tanto do ponto de vista da

relevância estatística, quanto da perspectiva de aprofundamento das discussões de

Recuperações Judiciais sobre o prisma da economia e finanças.

O resultado é um retrato temporal das Recuperações Judiciais no estado do

Paraná, nos anos de 2012 a 2016. Porém, com uma latente necessidade de que se

inicie uma constante atualização dos dados, gerando, assim, um mecanismo vivo

atemporal de análise.

Para uma exemplificação da aplicabilidade do modelo, apresenta-se o

fluxograma a seguir:

FIGURA 3 – FLUXOGRAMA RESULTADO DA PESQUISA

FONTE: O autor (2019).

Apesar da pesquisa ser acadêmica, ela conta com um viés prático e aplicável.

Para que possa ser destinada a públicos de diferentes áreas, vislumbra-se, como

hipótese, a criação de um software, em ambiente on-line e seguro, para que se

oportunize, primeiramente aos magistrados, a elucidação – não determinística de

viabilidade ou não da recuperanda – das probabilidades estatísticas (tendências) de

convolação em falência ou de Recuperação Judicial ativa; e, posteriormente, a

liberação aos demais stakeholders do processo. Trata-se como uma hipótese, porque,

para que isso aconteça, é necessário o envolvimento de outras áreas/pessoas para o

desenvolvimento, atualização e aplicação do fluxograma.

Outra hipótese, pronta a ser executada, é a aplicação do modelo por meio de

planilhas (MS-Excel) já desenvolvidas para o desenvolvimento da pesquisa. Ela não

geraria um produto, mas sim uma espécie de consultoria para a apresentação dos

resultados que o modelo proposto possa demonstrar.

Segue um aprimoramento já planejado (apresentado no fluxograma a seguir)

para responder à clássica pergunta feita no dia a dia dos processos de Recuperação

Judicial: A empresa (recém-requerente ao processo de RJ) vai se recuperar, em

outras palavras, a recuperanda tem chances de levantar a RJ?

FIGURA 4 – FLUXOGRAMA ESPERADO DO APRIMORAMENTO DA PESQUISA

FONTE: O autor (2019).

O novo modelo, que complementaria o modelo desta pesquisa, poderá

amarrar por completo a questão iniciada, trazendo para os stakeholders do processo

de Recuperação Judicial a possibilidade de tomada de decisão a partir da

probabilidade de sucesso e fracasso do ponto de vista quantitativo.

Mas deve-se tomar cuidado porque é sabido que para uma tomada de decisão

completa é necessária a análise de outras variáveis, que esta etapa do trabalho ainda

não busca explicar, que são as variáveis qualitativas. Afinal, para seja possível chegar

a uma conclusão precisa, o contexto total deve ser levado em consideração.

Planeja-se que durante o aprimoramento dos modelos possa ser possível a

inclusão de variáveis qualitativas, fazendo com que a previsibilidade seja ainda mais

precisa, levando em consideração perspectivas de futuro, seguimento inserido,

tamanho da empresa (faturamento e passivo), entre outros pontos.

As variáveis qualitativas poderiam explicar casos, por exemplo, como de uma

empresa que está em crise, com indicadores econômico-financeiros preocupantes,

mas que se moderniza e readéqua seus processos e produtos. Ou seja, numa primeira

análise parece que a maior probabilidade é de convolação em falência, porém, quando

se analisa a capacidade de geração de caixa futuro, conclui-se que ela tem um

potencial a ser explorado. Logo, uma possível Recuperação Judicial exitosa.

Outro exemplo pode ser pensar o inverso. Uma empresa que apresenta

indicadores ótimos, levando a uma probabilidade de levantamento de RJ, porém, ela

enfrenta uma queda abrupta de caixa, porque está inserida em um mercado em

decadência. Portanto, sua capacidade de caixa futuro é ínfima, o que resultaria (na

prática) em uma possível RJ fracassada.

Quando analisados os dois exemplos apresentados, a grande questão é a

liquidez. O que é visto nos processos é que o problema não é de patrimônio, mas sim

de liquidez. E fazendo uma analogia a momentos de crises econômicas globais, os

agentes econômicos, por uma questão de segurança, buscam liquidez, gerando um

efeito manada nos investimentos.

Enfim, este trabalho inicia uma importante discussão econômico-financeira

sobre as Recuperação Judiciais, sem perder de vista as limitações encontradas, de

falta de confiabilidade, padronização e forma de apresentação das demonstrações

financeiras encontradas nos processos recuperacionais. Tudo isso dificulta o trabalho

de geração de dados, indicadores e pesquisas econômico-financeiras na área.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escassa literatura econômico-financeira sobre o tema e a defasagem

temporal das teorias mais consolidadas aumentam a importância do debate sobre a

viabilidade econômico-financeira de Recuperações Judiciais debatida nesta pesquisa.

O objetivo proposto foi o de identificar os determinantes dos fracassos e êxitos

das empresas em Recuperação Judicial, a partir da análise da combinação de um

conjunto de indicadores, de modo a auxiliar os stakeholders: juízes, magistrados,

técnicos, mercado financeiro, entre outros, que lidam com empresas em Recuperação

Judicial. Assim, tendo em vista o resultado satisfatório encontrado, é possível afirmar

que o objetivo foi inicialmente alcançado, mas certamente há necessidade de

continuidade e aprimoramento da análise.

O teste de T² de Hotelling comprovou que a média dos grupos são diferentes,

dando suporte estatístico para a continuidade dos modelos.

Dentre os modelos apresentados, o modelo de regressão multivariada, Logit,

demonstrou melhor precisão na classificação, 94% de acerto geral, demonstrando

ótimo grau de confiabilidade. O outro modelo, Função Discriminante Linear de Fisher,

apresentou resultado também significativo, 89,15% de precisão.

Mesmo os dois modelos apresentando resultados significantes, é válido

ressaltar que as técnicas utilizadas, uma vez abordadas corretamente, podem ser

úteis como análise (termômetro) para empresas em crise financeira (insolvência),

estando ou não em processo de Recuperação Judicial. A análise pode servir para

stakeholders do mercado financeiro como um dos critérios decisórios de investimento

e para stakeholders jurídicos, não como determinante, mas como um dos indicadores

de tendência do processo recuperacional.

Destaca-se na pesquisa a observação de que poucas empresas encerraram

o processo de Recuperação Judicial. A maior parte convolou em falência, o que

corrobora com os dados do Banco Mundial (apresentados na seção 3), no que tange

à ineficiência e ineficácia do instituto da RJ no Brasil. O debate sobre o tema

certamente é uma possibilidade possível na tentativa de diminuir este hiato.

Ressalta-se a necessidade e o interesse em um aprofundamento das

pesquisas: aumentar a amostra no estado do Paraná e, futuramente, estender a

pesquisa para outros estados; visando a construção de uma base nacional para este

tipo de análise econômico-financeira. O aumento da amostragem possibilitará novos

cortes de análise e a homogeneidade dos dados, seja por segmento, porte, estado ou

outros possíveis.

Não obstante, sugere-se a criação de uma padronização das informações

contábeis que serão protocoladas nos processos de Recuperação Judicial e

Falências: que, além dos arquivos digitalizados e assinados, sejam protocolados

também arquivos para manuseio (Excel) a fim de facilitar a criação de um banco de

dados (que hoje é inexistente), para aumentar as possibilidades de pesquisas

econômico-financeiras na área, de investigação e de controle, fortalecendo o instituto

de Recuperação Judicial.

Seguramente, esta dissertação é apenas uma pequena colaboração, mas que

visa soluções para a melhoria da eficiência e eficácia do instituto da Recuperação

Judicial.

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