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Todas as éguas presentes neste estudo foram submedidas à indução da ovulação com hCG e em todas elas se registou a ocorrencia da ovulação entre as 24 e as 48h posteriores à administração de hCG. A hCG difere quimicamente da LH, tendo, contudo, a sua atividade biológica primária é análoga à da LH. Assim, a administração de 750-1500 IU hCG, durante o estro, a éguas com folículos superiores a 35mm desencadeia a ovulação em 48h, em mais de 92% dos casos (Davies Morel e Newcombe, 2008).

Segundo Castro (2016), a administração de hCG provoca um aumento do fluxo sanguíneo ovárico, nos minutos que se seguem à sua administração. Contudo, a hCG não exerce qualquer efeito na regulação do fluxo sanguíneo ovárico, indepentemente das doses administradas. Brito (2017), demonstrou o aumento do fluxo sanguíneo lúteo verificado em grupos de éguas tratadas com GnRH e hCG, através do aumento da percentagem de sinal color-Doppler registado em imagens ecográficas de CLs. A comparação das percentagens de fluxo sanguíneo existente em diferentes imagens é possível recorrendo a um software que permite a quantificação do sinal Doppler, como por exemplo Image Color Summarizer (software utilizado neste estudo, para quantificação do sinal Doppler, que é representado pela percentagem de píxeis).

As alterações detetáveis na vascularização local das estruturas ováricas podem ser registadas durante o crescimento folicular, a ovulação, a formação do CL e luteólise. A irrigação sanguínea dos folículos e CL aporta nutrientes, oxigénio, suporte hormonal e facilita ainda a libertação de hormonas esteróides (Brito, 2017).

1. Folículos pré ovulatórios

A avaliação do fluxo sanguíneo folicular com recurso ao color Doppler tem sido usada em éguas (Gastal et al., 2006d) como método para prever a viabilidade folicular. O fluxo sanguíneo folicular é associado com a maturidade e qualidade do oocito. (Ginther et al., 2007d).

Todas as imagens colhidas de folículos pré ovulatórios foram realizadas 24h após a administraçao de hCG. Os diâmetros dos folículos pré ovulatórios encontrados variaram entre os 38 e os 49 mm.

Segundo Gastal et al. (2006c), a vascularização folicular é máxima às 24h antes da ovulação e ocorrre uma diminuição abrupta da perfusão sanguínea folicular durante as 4h que antecedem a ovulação.

No presente estudo verificou-se que o fluxo folicular está relacionado com o diâmetro folicular em todas as éguas, indendentemente da idade, com um nível de significância de p<0,05. Este

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facto está provavelmente associado com a influência das prostaglandinas no aumento do fluxo sanguíneo folicular. Assim quanto maior o folículo pré ovulatório maior será o número de recetores de prostaglandinas no folículo e, consequentemente, maior será a percentagem de fluxo sanguíneo do folículo (Acosta et al., 2004b).

2. Corpos Lúteos maduros e ativos

No presente estudo verificou-se que o fluxo do CL está correlacionado com a área do CL de forma muito significativa (p<0,001) em todas as éguas analisadas, o que está em consonância com os dados dos autores Brogan (2016) e Miró (2015).

Através da comparação gráfica do fluxo sanguíneo registado no folículo pré ovulatório e o posterior CL formado (Figura 7), de todas as éguas incluidas neste estudo, verificou-se que não existe qualquer relação entre o fluxo sanguíneo folícular e o fluxo sanguíneo do futuro CL. Segundo um estudo de 2012 (Romano et al.), o fluxo sanguíneo dos folículos pré ovulatórios não influencia a vascularização dos CLs futuros.

A circulação sanguínea é fundamental para que o CL mantenha as suas propriedades funcionais (Bollwein et al., 2002). Após a ovulação, a perfusão sanguínea do CL aumenta progressivamente até envolver praticamente toda a área ao quinto dia após a ovulação. O color Doppler foi descrito como um meio de avaliação rápida da função do CL, pois a área ocupada pelo fluxo sanguíneo de um CL está diretamente correlacionada com a concentração de progesterona (P4) circulante, durante a fase lútea. A vascularização apresenta uma importante relevância na fisiologia do CL (Ferreira-Dias et al., 2006). Na prática, a presença de fluxo sanguíneo verificada num CL através da ecografia Doppler, permite saber se este é ativo ou não. Através da comparação de imagens ecográficas consecutivas do mesmo CL pode-se avaliar a sua evolução, sendo que esta é cronologicamente representada por um aumento, pico e diminuição do fluxo sanguíneo detetado no CL. Assim, a US Color Doppler é uma técnica usada para avaliar o estado de luteólise de uma forma rápida, fácil e económica (Miró, 2015). Na prática, a concentração de P4 plasmática é raramente avaliada, pois implica um aumento de tempo e de custos (Brogan, 2016; Miró, 2015).

O desaparecimento do fluxo sanguíneo num CL, detetado pela US color Doppler, indica que o CL já não é funcional relativamente à secreção de progesterona. Contudo, ainda podem ser detetadas concentrações de P4 em circulação pois, numa fase final, verifica-se a diminuição mais lenta da concentração de progesterona (10-14 dias após a ovulação), do que a diminuição do aporte sanguíneo ao CL (Ginther et al., 2007b). Estes resultados sugerem que o uso do PF Doppler é uma técnica efetiva na deteção de falhas e da regressão do CL antes que qualquer diminuição de P4 seja detetada ou que sejam identificadas alterações uterinas na US modo B (Brogan, 2016). Num exame ecográfico com recurso à ecografia modo B, apesar da diminuição do fluxo sanguíneo de um CL este continua a apresentar a sua forma

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típica arredondada e hiperecogénico, comparativamente às restantes estruturas presentes num ovário. Os sinais ecográficos de involução (diminuição de tamanho e diminuição de ecogenicidade) apenas serão verificadas dias mais tarde após o início da regressão do CL.

3. Comparação de FHA com CL funcional

Inicialmente, pode-se distinguir um folículo ovulatório de um anovulatório a partir dos 25 mm de diâmetro, devido à menor irrigação detetada no folículo anovulatório. Contudo, numa fase mais avançada da onda de crescimento folicular verifica-se que os FHAs possuem uma vascularização proeminente ao longo de todo o seu perímetro durante os dias que antecedem a sua formação, contrariamente aos folículos pré ovulatórios que possuem baixa vascularização periférica momentos que antecedem a ovulação (quatro horas antes do momento da ovulação verifica-se uma diminuição do fluxo sanguíneo folicular) (Ginther et al. ,2007c).

Acosta et al. (2004), demonstraram que os folículos anovulatórios dominantes, característicos do período de transição estacional, possuem menor fluxo sanguíneo do que os folículos pré ovulatórios da estação reprodutiva. Este facto pode-se explicar devido aos folículos do período de transição possuirem menor número de recetores hormonais, como tal as prostaglandinas não têm o seu efeito sobre o folículo, o que se vai traduzir numa menor quantidade de fluxo sanguíneo folicular.

Todas as éguas incluidas neste estudo apresentaram folículos pré ovulatórios e CLs característicos da estação reprodutiva e funcionais, não se tendo verificado nenhuma anormalidade reprodutiva. Sabe-se que tanto folículos pré ovulatórios com elevada vascularização como folículos com menor vascularização dão origem a CLs funcionais e semelhantes (Romano et al., 2012). Assim, pode-se concluir que a irrigação do futuro folículo ovulatório não está relacionada com a posterior função sercretora do CL.

Os FHAs tendem a reorganizar-se e originam estruturas semelhantes a CLs maduros, podendo dar origem a imagens ecográficas (modo B) muito semelhantes. Nestes casos, é de extrema utilidade recorrer à ecografia Doppler, pois o CL maduro possui fluxo sanguíneo evidente contrariamente ao FHA (Figura 15).

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