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Discussão sobre os resultados

4 GEOPROCESSAMENTO APLICADO A ANÁLISE DO MERCADO DE ETANOL

5.5 Discussão sobre os resultados

A grande quantidade de regiões analisadas e suas respectivas peculiaridades permitem uma ampla gama de discussões sobre os resultados constatados, os quais serão abordados a seguir.

Os resultados do teste de causalidade de Granger mostraram que as séries de todas as regiões têm como precedência os valores do indicador Cepea, constituídos pelos preços ao produtor em São Paulo. Vale lembrar as probabilidades obtidas para as regiões de Recife e São Luis, que apresentaram respectivamente, 5,8% e 26% de probabilidade de rejeição da hipótese nula (o indicador Cepea não causar no sentido de Granger os preços das regiões representadas por estas séries). Esse indicador demonstra que os preços ao varejo nestas regiões podem apresentar características distintas, seja pela distância de São Paulo, seja pela proximidade com a produção no nordeste do país, pois conforme demonstrado no capítulo 1, historicamente, devido à diferença entre as safras, entre os meses de maio e julho os indicadores de preços de Alagoas e Pernambuco demonstram comportamento inverso aos do indicador de São Paulo. Assim, fica comprovado que os preços da região de Recife e São Luis demonstram serem pouco explicados pelos preços do estado de São Paulo.

Os resultados do teste de cointegração de Engle Granger demonstraram que equilíbrios de longo prazo são corrigidos mais rapidamente na região de Ribeirão Preto, o que provavelmente se deve ao grande número de usinas e a proximidade com a base de distribuição que permitem uma arbitragem mais rápida e intensa entre os preços ao produtor e ao consumidor. As regiões de Curitiba, Porto Alegre e Campinas também apresentaram altas taxas de desequilíbrio transitório, assim, nesta parte do estudo inicia-se o indício de que a distância entre a principal região produtora do País não necessariamente infere no comportamento dos preços ao

varejo de regiões mais distantes, aparentemente, os mercados demonstram comportamentos singulares não diretamente relacionados à distância.

A região de Goiás demonstrou que desequilíbrios de curto prazo captam movimentos de longo prazo a uma taxa de cerca de 9%, e se comparado com a proximidade com São Paulo, esse percentual é baixo. Dado o resultado do teste de Johansen não ter apresentado vetores de cointegração para essa região quando analisada junto aos preços ao produtor de São Paulo, nota-se que os preços ao varejo tendem a se comportar de forma distinta uma vez que a região também é grande produtora de etanol. Muito provavelmente, deve ter sido o motivo pelo qual o Cepea criou um indicador de preços especificamente para essa região em 2010.

O teste de cointegração de Johansen também demonstrou que a região de Recife não possui vetores de cointegração se comparado com os preços ao produtor de São Paulo, ou seja, os preços ao varejo dessa região não demonstram possuir relação de longo prazo com os preços do indicador Cepea.

Os resultados da função de resposta ao impulso demonstraram que choques não esperados no indicador de preços ao produtor de São Paulo (Cepea) reproduzem o efeito após seis semanas nas regiões de Ribeirão Preto e Curitiba, de oito a nove semanas nas regiões de Campinas, São Paulo e Campo Grande, e cerca de dez semanas nas regiões de Belo Horizonte. Mais uma vez, Curitiba apresenta altas taxas de resposta.

Os resultados da decomposição da variância demonstraram que seis semanas após um choque não esperado em cada uma dessas regiões, nas regiões de Belo Horizonte, Porto Alegre e Ribeirão Preto demonstram entre de 70% e 65% dos preços ao varejo explicados pelo indicador Cepea, as regiões de Rio de Janeiro e Curitiba demonstram ter cerca de 60% dos preços explicados pelo indicador Cepea, já as regiões de Cuiabá, São Luis, Goiás e Recife pouco demonstram ter seus preços explicados pelo indicador, variando entre 15% e 5%, respectivamente. As regiões de Campinas e São Paulo demonstraram ter 45% dos preços explicados pelo indicador Cepea considerando seis semanas após o choque.

Ambos os resultados demonstraram que a distância do centro produtor de São Paulo não apresenta uma relação robusta de resposta às variações no indicador Cepea, observou-se que Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro demonstram possuírem em seus valores ao varejo forte parcela explicada pelo Cepea, maior até do que as regiões de Ribeirão Preto, São Paulo e Campinas.

Buscou-se agrupar alguns dados e resultados obtidos nesta pesquisa em um gráfico que demonstre o comportamento das regiões de forma mais simples, o resultado é apresentado no Gráfico 17 abaixo.

Gráfico 17 – Análise dos resultados

Fonte: Elaboração própria

Nota: (1) A porcentagem de etanol hidratado vendido pelas distribuidoras com origem em São Paulo foi obtido da seguinte forma: Volume destinado a determinado estado com origem em São Paulo dividido pelo total comercializado pelo estado referente as distribuidoras registradas na ANP. (2) O resultado da cointegração de Engle-Granger corresponde a taxa de correção de desequilíbrios transitórios resultantes da variável C(3) conforme pág. 101 desta pesquisa. (3) O volume produzido pelo estado corresponde a quantidade de etanol hidratado produzido pelo estado na Safra 2010/2011 conforme MAPA.

• A região de Belo Horizonte, pertence ao estado de Minas Gerais que tem apenas cerca de 5% do etanol vendido pelas distribuidoras originado em São Paulo e mesmo sendo um estado produtor, os resultados de decomposição da variância demonstram que após choques nos preços dessa região, grande parcela é explicada pelo indicador Cepea. O resultado do teste de cointegração de Engle Granger também demonstra que desequilíbrios transitórios são corrigidos mais rápido do que na região de São Paulo.

• A região de Porto Alegre, pertence ao estado do Rio Grande do Sul que possui cerca de 25% do etanol vendido pelas distribuidoras originado em São Paulo e mesmo distante da principal região produtora, demonstrou que desequilíbrios de longo prazo são corrigidos mais rápidos do que em Campinas. Através da decomposição da variância nota-se que a região apresentou também grande parcela explicada pelo indicador Cepea, resultados similares ao da região de Ribeirão Preto. Resultados similares, mas em menor escala são notadas para a região de Florianópolis.

• As regiões de Goiás e Cuiabá têm pouca parcela explicada pelo indicador Cepea e baixa taxa de correção de desequilíbrios transitórios, muito provavelmente se deve ao fato de serem regiões produtoras.

• A região de Campo Grande mesmo estando dentro de um estado produtor e com baixo percentual de origem em São Paulo, apresenta taxas de correção de desequilíbrios transitórios e decomposições da variância, similares as obtidas para a região de São Paulo.

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