• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – TRABALHO DE CONCLUSĀO DE CURSO –

4 DISCUSSÃO

4 DISCUSSÃO

4.1 DETERMINAÇÃO DIAGNÓSTICA

A paciente do presente caso tratava-se de uma cadela da raça Rottweiller, não era castrada, havia apresentado estro recentemente, apresentava corrimento vaginal mucopurulento e anorexia há cerca de 24h, polidipsia, poliúria, leve hipertermia e sensibilidade abdominal à palpação. E este perfil clínico-epidemiológico concorda com as descrições clínicas e de histórico clínico destacado por outros estudiosos (EGENVALL, 2001, 2005; OLIVEIRA, 2007; JITPEAN et al., 2014; JOSHI, 2016).

Segundo Oliveira (2005), na piometra aberta pode se fechar o diagnóstico com a anamnese, palpação abdominal e presença do corrimento genital purulento. Hagman (2012) concorda com a afirmativa do pesquisador anterior e destaca adicionalmente que o reconhecimento e diagnóstico são diretos em casos clássicos, mas que podem ser bastantes desafiadores quando não se tem corrimento genital, bem como, o histórico e quadro clínicos da paciente são desconhecidos. O diagnóstico do presente relato foi alcançado de forma relativamente tranquila, apesar de não ter feito uso de ultrassonografia e mesmo provas bioquímicas, pois a paciente apresentava o perfil clínico-epidemiológico e hemograma bastante compatíveis com o perfil clássico de uma cadela com piometra aberta.

A anemia encontrada está provavelmente relacionada a toxemia causada pela piometra que impede a hematopoiese. A leucocitose se deve ao aumento dos neutrófilos, principalmente os bastonetes que é indicativo de processo infeccioso agudo como descrito por Grunert et al. 2005. A hiperproteinemia pode ser explicada pela desidratação que o animal apresentava ou ainda estar associada a uma doença inflamatória (CAMPBELL, 2006).

Corroborando o diagnóstico presuntivo de piometra aberta há que se considerar os achados de hemograma da paciente, os quais se encaixaram com as descrições de literatura, as quais destacam leucocitose por neutrofilia com desvio a esquerda, granulações tóxicas em neutrófilos e monocitose (OLIVEIRA, 2005). A leucocitose aliada aos sinais clínicos e outros exames complementares, como avaliação ultrassonográfica, são fortes indicativos de piometra. Entretanto, a ausência de leucocitose não exclui a possibilidade de uma cadela estar manifestando esta enfermidade (SILVEIRA et al, 2007).

O diagnóstico definitivo de piometra aberta foi alcançado por meio da ováriohisterectomia no presente caso, contudo, não foi possível determinar seu tipo (I-IV de

45

DOW, 1959), pois não foram realizados o histopatológico uterino e a citologia do conteúdo da piometra.

4.2 ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA

A utilização de FLK em infusão contínua no trans-operatório como forma de controle da dor nas doses: fentanil (1 a 5 µg/kg/hora) promove sedação e analgesia no pó-cirurgico, contudo demonstra-se menos efetiva quando não realizada antes do procedimento (GREMIÃO et al, 2003); lidocaína (1 a 2 mg/kg/hora) preveni a resposta simpática no transoperatório (ASSUMPÇÃO et al., 2017); cetamina (0,6 g/kg/hora) promove analgesia quando administrado em doses menores que as preconizadas para anestesia (CARREGARO et al., 2010). Demonstrando que a doses utilizadas durante o procedimento da paciente foi eficiente.

O tratamento mais seguro para piometra é a cirurgia de ovariohisterectomia, pois é a remoção imediata da fonte de infecção. Além disso, impede a ocorrência de recidivas. O procedimento deve ser realizado tão logo a paciente esteja estabilizada. O tratamento medicamentoso torna-se uma opção quando se pretende preservar as funções reprodutivas da cadela (HAGMAN, 2012; FIENI, 2014; OLIVEIRA, 2015).

Como a tutora não tinha pretensões de manter o animal para fins de reprodução a mesma, juntamente com o médico veterinário, optaram por realizar a esterilização da paciente.

46

5 CONCLUSÃO

A piometra é uma doença sistêmica de caráter de emergência, que pode ser facilmente identificada por meio do corrimento vaginal, quando se trata de piometra aberta. O exame físico e a anamnese detalhada são fundamentais para se obter um diagnóstico presuntivo. A realização do hemograma foi crucial para afirmar ainda mais a suspeita, tendo em vista que seus resultados foram compatíveis com os descritos na literatura. Contudo cabe-se ressaltar a importância do exame ultrassonográfico para se ter detalhes mais específicos a respeito do útero e da cavidade abdominal, além das provas bioquímicas, para se estabelecer um perfil sistêmico, antes de submeter o animal a uma anestesia.

O tratamento mostrou-se eficiente visto que no seu retorno a cadela estava bem e ao exame físico encontrava-se com todos os seus parâmetros fisiológicos dentro da normalidade.

47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, J. M., SOUSA, A. D., SCHOCKEN-ITURRINO, R. P., BERALDO, L. G., BORGES, C. A., AVILA, F. A., MARIN. J. M. 2014. Escherichia coli strains isolated from the uteri horn, mouth, and rectum of bitches suffering from pyometra: virulence factors, antimicrobial susceptibilities, and clonal relationships among strains. Int. J. Microbiol. 2014.

ASSUMPÇÃO, A. E.; NASPOLINI, B.; SANTALUCIA, S.; HEYMANNS, A. C.; PIOVEZAN, A. P. Avaliação de dois protocolos de analgesia transoperatória em cadelas submetidas à mastectomia unilateral total. Acta Scientiae Veterinariae, 45: 1462. 2017. BATISTA, P. R., GOBELLO, C., RUBE, A., CORRADA, Y. A., TÓRTORA, M., & BLANCO, P. G. Uterine blood flow evaluation in bitches suffering from cystic endometrial

hyperplasia (CEH) and CEH-pyometra complex. Theriogenology,85, 1258–1261, 2016.

BIGLIARDI, E., PARMIGIANI, E., CAVIRANI, S., LUPPI, A., BONATI, L., & CORRADI, A. Ultrasonography and cystic endometrial hyperplasia –pyometra complex in the bitch. Reproduction in Domestic Animals, 39, 136–140, 2004.

CAMPBELL, T. W. Bioquímica clínica de répteis. In: THRALL, M. A. (ed): Hematologia

e bioquímica clínica veterinária. São Paulo: Roca. cap. 33, p. 461-466, 2007.

CARREGARO, A.B. et al. Efeitos cardiorrespiratórios e analgésicos da cetamina por via epidural, por infusão intravenosa contínua ou pela associação de ambas, em cães submetidos à osteossíntese de fêmur. Ciência Rural online, Santa Maria, 2010. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/cr/2010nahead/a662cr2932.pdf>. Acesso em 18 dez.2019.

CHEW, D.J. et al. Canine and feline nephrology and urology. 2.ed. St. Louis: Elsevier Saunders, p.526, 2011.

CONCANNON, P.W., HANSEL, W., VISEK, W.J. The ovarian cycle of the bitch: plasma estrogen, LH and progesterone. Biol Reprod, v.13, n.1, p.112-121, 1975.

CONCANNON, P.W., MCCANN, J.P., TEMPLE, M. Biology and endocrinology of

ovulation, pregnancy and parturition in the dog. Journal Reprodution Fertility

Supplement, v.39, p.3-25, 1989.

CONCANNON, P.W. Reproductive cycles of the domestic bitch. Animal Reprodution

Science, v.124, n.3-4, p.200-210, 2011.

DE BOSSCHERE, H.; DUCATELLE, R.; VERMEIRSCH, H.; VAN DEN BROECK, W. Cystic endometrial hyperplasia-pyometra complex in the bitch: should the two entities be disconnected. Theriogenology,v.55, p.1509-1519, 2001.

DOW, C. The Cystic Hyperplasia-Pyometra Complex in the Bitch. Journal of

48

DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. The Pelvis and Reproductive Organs of the Dog and Cat. Tratado de anatomia veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 779-781, 2018.

EGENVALL, A., HAGMAN, R., BONNETT, B. N., HEDHAMMAR, A., OLSON, P., LAGERSTEDT, A. S. Breed risk of pyometra in insured dogs in Sweden. Journal Veterinary Internal Medicine, 2001

EGENVALL, A., BONNETT, B. N., ÖHAGEN, P., OLSON, P., HEDHAMMAR, Å., EULER, H. VON. Incidence of and survival after mammary tumors in a population of over 80,000 insured female dogs in Sweden from 1995 to 2002. Preventive Veterinary

Medicine, n.69(1-2): 109–127, 2005.

FELDMANN, E.C., NELSON, R.W. Cystic endometrial hyperplasia/piometra complex. In:

Canine and Feline Endocrinology and Reproduction, 3ed. WB 852– Saunders Co,

Philadelphia, PA, 867, 2004.

FIENI, F., TOPIE, E.; GOGNY, A. Medical Treatment for Pyometra in Dogs.

Reproduction in Domestic Animals, 49: 28–32, 2014.

FIGUEIREDO, M S. et al. Renal injury in female dogs with pyometra. Ciência Rural, Santa Maria, v.47: 05, e20160325, 2017

FOSSUM, T.W.; DUPREY, L.P. Cirurgia De Pequenos Animais. 4.Ed. São Paulo: Roca.

p. 2208-2414, 2014.

FRANSSON, B. A. Systemic Inflammatory Response In Canine Pyometra. Doctoral

Thesis. Acta Universitatis Agriculturae Sueciae, Veterinaria 161, p. 48, 2003.

GOBELLO, C., CASTEX, G., KLIMA, L., RODRÍGUEZ, R., CORRADA, Y. A study of two protocols combining aglepristone and cloprostenol to treat open cervix piometra in the bitch. Theriogenology, 8897, 1-8, 2003.

GREMIÃO, I.D.F. et al. Redução da concentração alveolar mínima (CAM) em cães anestesiados com isoflurano associado a fentanila. Acta Scientiae Veterinariae, v.31, n.1, p. 13-19, 2003.

GRÜNERT, E.; BIRGEL, E.; VALE, M. G.; BIRGEL JÚNIOR, E. H. Patologia e clínica da reprodução dos animais mamíferos domésticos: ginecologia. Patologia e clínica da

reprodução dos animais mamíferos domésticos: ginecologia,2005.

HAGMAN, R.; KUHN, I. Escherichia coli strains isolated from the uterus and urinary bladder of bitches suffering from pyometra: comparison by restriction enzyme digestion and pulsed-field gel electrophoresis. Veterinary Microbiology, n. 84, p. 143–153, 2002.

HOFFMANN, N.; SCHULER, G. Receptor blockers - general aspects with respect to their use in domestic animal reproduction. Animal Reproduction Science 60–61, p. 295–312, 2000.

49

HORNE, A.W., STOCK, S.J., KING, A.E. Innate immunity and disorders of the female reproductive tract. Reproduction 135, p.739–749, 2008.

JEFFCOATE, I. A., LINDSAY, F.E.F. Ovulation detection and timing of insemination based on hormone concentrations, vaginal cytology and the endoscopic appearance of the vagina in domestic bitches.J Reprod Fertil Suppl, v.39, p.277-287, 1989.

JITPEAN, S., HAGMAN, R., HOLST, B.S., HOGLUND, O.V., PETTERSSON, A., EGENVALL, A.: Breed Variations in the Incidence of Pyometra and Mammary Tumours in Swedish Dogs. Reprodution Domestic Animal. n. 47, p. 347–350, 2012.

JOSHI, V. Canine pyometra. 2016. Disponível em:

https://www.slideshare.net/DrVivekJoshi2/canine-pyometra Acesso em: 05 dez 2019.

JOHNSTON, S.D.; KUSTRITZ, M.V.R; OLSON, N.S.; Canine and Feline

Theriogenology. Philadelphia: Elsevier Brasil, p.592, 2001.

KREKELER, N., MARENDA, M.S., BROWNING, G.F., HOLDEN, K.F., CHARLES, J.A., WRIGHT, P.J., Uropathogenic virulence factor FimH facilitates binding of uteropathogenic Escherichia coli to canine endometrium. Comp Immunol Microbiol

Infect. n. 35, p. 461–467, 2012.

MARINELLIA, L., ROTAB, A., CARNIERC, P., DA DALT, L., GABAI, G. Factors affecting progesterone production in corpora lutea from pregnant and diestrous bitches.

Animal Reprodution Science, v.114, n.1-3, p.289-300, 2009

MARTINS, D. G. Complexo hiperplasia endometrial cística/piometra: fisiopatogenia,

características clínicas, laboratoriais e abordagem terapêutica. Jaboticabal. Unesp-

Jaboticabal, 2007

MELANDRI M, VERONESI MC, PISU MC, MAJOLINO G, ALONGE S; Data curation: Melandri M, Pisu MC, Majolino G, Alonge S. Fertility outcome after medically treated pyometra in dogs. Journal Veterinary Science, n. 39, 2019.

OLIVEIRA, C. M. Afecções do sistema genital da fêmea e glândulas mamárias: Piometra. In: Jericó, M. M.; Andrade Neto, J. P.; Kogika, Mery, M. Tratado de medicina interna de

cães e gatos, 1ed. Rio de Janeiro. Editora Roca. 2005, p. 2729- 2732.

OLIVEIRA, K.S. Cystic endometrial hyperplasia complex. Acta Science Veterinary, v.35, p.270-272, 2007.

PRETZER, S.D. Clinical presentation of canine pyometra and mucometra: A review.

Theriogenology,v.70, p.359-363, 2008.

POST K. Canine vaginal cytology during the estrous cycle. Practitioner Review. Can Vet J, v.26, p.101-104, 1985.

SILVEIRA, D.S.; BASSI, P.B.; OTERO, L.B.; SILVEIRA, L.W.; SOARES, N.N.; MENDES, T.C. Piometra em caninos e felinos: perfil leucocitário, prevalência nas

50

SILVA E, HENRIQUES S, BRITO S, FERREIRA-DIAS G, LOPES DA COSTA L, MATEUS L. Oestrous cycle-related changes in production of Toll-like receptors and

prostaglandins in the canine endometrium. Journal Reprodution Immunol n.96, p.45–57,

2012.

SMITH, F.O. Canine pyometra. Theriogenology, v.66, p.610–612, 2006.

WANKE, M.M., GOBELLO, C. Reproduction en Caninos y Felinos Domesticos. 1ª ed. Buenos Aires: Inter.-Medica editorial, 2006, 309p.

SUMMERS, A. Common diseases of companion animals. 2nd edition. Elsevier Mosby.

783p. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=aZ3wuCrPTQ0C&pg=PA251&lpg=PA251&dq=Clin ical+anatomy+and+physiology+for+veterinary+technicians,+St+Louis,+2002,+Mosby,+by+ permission.)&source=bl&ots=6L765R6- R4&sig=ACfU3U2nhIqm8UuolynEy9Qk3PNH8vtgaw&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwj21uDr26rmAhUfHrkGHbl8DDkQ6AEwAHoECAgQAQ#v=on epage&q=Clinical%20anatomy%20and%20physiology%20for%20veterinary%20technician s%2C%20St%20Louis%2C%202002%2C%20Mosby%2C%20by%20permission.)&f=false Acesso em: 05 dez 2019.

WANKE, M.M.; GOBELLO, C.; Reproduction en Caninos y Felinos Domesticos. ed.1, Buenos Aires: Inter.-Medica editorial, p.309, 2006.

Documentos relacionados